les uns et les autres

Andamos envolvidos num nevoeiro mediático que não deixa ver praticamente nada.
Não é fácil descortinar o que é manipulação daquilo que é factual.

Temos de um lado um governo eleito em 2011 a governar em coligação com o suporte maioritário da Assembleia da República.
Estas situação decorrei duma maioria de votos, tal como outras governos antes dela, e no dia a seguir à eleições ninguém ousaria duvidar ou dizer as coisas que hoje se ouvem.

A legitimidade decorrente do resultado eleitoral, a inquestionável necessidade de equilibrar as contas do país com um garantido sacrifício de todos nós eram questões claras para todos.

Então como é que dois anos depois temos gente a declarar a ilegitimidade do Governo ou a apelar constantemente a um derrube ou demissão do mesmo. Como é que chegámos ao ponto de ter um dos mais incompetentes primeiros ministros de sempre, autor de uma austeridade à data inaudita a apelar a uma rebelião popular?

A argumentação das promessas não cumpridas não colhe. O estranho da vitória do PSD de Passos foi o facto de ele dizer repetidamente que iríamos ter de fazer sacrifícios. Não o escondeu de ninguém. De tal forma o fez que uma conselheira de campanha afirmava que tinha sido a primeira vez que tinha visto alguém ganhar dizendo a verdade crua e dura.

Claro que houve coisas que o Governo não podia prever. Não só porque é hábito haver pouca transparência naquilo que os Governos fazem, como nesse particular Sócrates foi muito além de todos os outros. Muitas das suas iniciativas propagandeadas abundantemente, não eram mais nada que buracos imensos e desorçamentação desavergonhada.
A noção do estado em que se encontravam as contas do Estado não aconteceu no 1º dia. Foi acontecendo. Desde a dívida inacreditável no sector dos transportes até à loucura da Parque Escolar ou à inexist~encia de financiamento da Rede de Cuidados Continuados, de tudo Sócrates fez. E, infelizmente, em segredo.

Não era possível tomar as rédeas sem ter de incorporar estas loucuras nas contas nacionais. Nem a Troyjka deu descanso ao Governo neste aspecto. Muito do que era despesa desorçamentada e dívida teve de ser incorporado nas contas do orçamento.
Aquilo que eram deficits maus foram revistos para deficits muito piores.

No PS os que hoje invocam a queda do Governo não o fazem pela necessidade ou não de austeridade. Eles sabem que não há volta a dar. Até o seu herói bufo o percebeu. Hollande tornou-se odiado num ano. Preferem não falar nisso. Invocam antes as promessas não cumpridas. Nada querem saber das causas do problema nem do estado em que Sócrates deixou as contas do país.

Erradamente o PSD e o CDS querendo fazer uso duma espécie de superioridade moral, nunca enveredaram pelo caminho da real culpabilização dos governos anteriores. Puseram-se numa posição em que o importante era resolver a situação presente.

Mas esquecem-se que a esquerda e em particular o desavergonhado PS, não lutam com armas iguais.
Para eles os limites no discurso não existem. Mentem, manipulam, escondem e prometem utopias que são impossíveis de cumprir.

E vêm colocando este Governo numa posição em que teria de se defender todos os dias destas acusações e ataques diários através dos media. Como isso é quase impossível nada fazem. Agravando a ajudando a recrudescimento do ruído de fundo constante.

Aquilo que seria impensável passa a ser um tema de conversa diária. A demissão do Governo. Por perda de legitimidade como afirma Mário Soares e outros.

O PSD e o CDS cometeram um erro básico. Não se pode ter uma luta de cavalheiros quando um dos interlocutor é tudo menos um cavalheiro. Como dizem os americanos: "don't bring a knife to a gun fight". Nessas circunstâncias só há uma opção: ira para cima deles com mais força do que eles esperam e atacar primeiro.
Numa luta de rua a iniciativa e a surpresa são o mais importante. E no primeiro murro o combate deve acabar. E a táctica da esquerda é tão básica e tão comezinha que qualquer idiota dotado de um intelecto abaixo da média a consegue usar. Veja-se Zorrinho ou Jerónimo ou Semedo. Um discurso básico, confrontativo e mentiroso. Há alguma dificuldade nisso? Não, nenhuma.

O PSD espera travar uma luta com regras de boxe com um tipo que tem uma navalha na mão e quer esfaquear abaixo da cintura.
É um erro.

A esquerda sabe usar a agitação e a mentira a seu favor. Sempre o fez. Nunca subiu ao poder por meios pacíficos ou usando a verdade. Nunca se manteve no poder sem produzir os mesmos resultados: a miséria e a falta de liberdade.
Têm uma experiência de um século afazer isto.

A direita (e afinal nem é assim tão direita) tem de aprender a atacar primeiro. Não estamos a falar de um diálogo democrático entre gente de bem. Estamos a falar de ir à garganta de pulhas mentirosos sem dar quartel. Estamos a falar de trazer para a rua todos os escândalos e má gestão que aconteceram na gestão socialista. Com linguagem simples. Eles usam o "roubo", "manigância" "esquema" etc etc. Chegam aos tolos que vivem esperando por sangue.

Deviam usar a mesma táctica. E é de facto só uma questão de táctica. Não é um problema de falta de factos, porque esses estão aí para toda a gente ver.

Permitir que eventos como este a decorrer na Aula Magna aconteçam sem uma resposta contundente é dar o corpo ao manifesto. Permitir que gente como Pacheco Pereira ou Rui Rio sejam usados para agredir o Governo é uma infantilidade.

Nenhum dos dois quereria estar numa posição de governar. Porque não é fácil e porque estão mais preocupados com não queimar a sua imagem do que em ajudar a resolver os problemas do país. Tratem-nos como tal. 

Acabem com as filigranas, os "cházinhos" e o politicamente correcto. Estamos a precisar de uma contra ofensiva que exponha até ao limite TUDO o que é o PS e tudo o que foram personagens como Soares.

Se não houver um contra ataque com armas iguais, um que exponha aquilo que se conseguiu de bom, nunca esquecendo os efeitos colaterais que foram mitigados, não teremos qualquer hipótese como país.
É que, e já devem saber isso, os estúpidos votam em quem lhes promete facilidades. E é exactamente o que esta esquerda inútil não se cansa de fazer. E depois pode ser tarde demais. $ anos até o povo perceber nas mãos de quem caiu. Até o estúpido povo perceber que vai voltar a pagar os desmandos de uma chusma de ladrões e incompetentes.

Soares em 1976

Apesar de Soares estar caquético não acredito que a sua falta de memória seja um caso médico. Acredito sim que é apenas uma faceta da sua falta de vergonha e da sua falta de honradez.

Como primeiro ministro foi uma calamidade para o país. O princípio do fim. Como Presidente da República portou-se como um monarca. Como ex-político porta-se como um pulha. São apenas 3 gradações da sua personalidade, da sua ética republicana e da sua "sensibilidade pelos que sofrem".

Em 1976 fez tanto ou pior do que este Governo está a fazer. Desde a austeridade até à constatação de que o Estado como patrão era uma verdadeira miséria ou à constatação de que as greves (cujo ressurgimento vemos agora todos os dias) eram fortemente lesivas para o aparelho produtivo e em ultima instância para o país.

A memória é muito curta e muitos dos que já eram nascidos e grandinhos nessa altura pouco se lembram. Dos outros, daqueles que nasceram já ia alta a desbunda, formatados pelo palavreado comuno histórico que lhes meteram na cabeça ao longo dos anos nada se pode esperar.

Mas é bom que se revisite a história daqueles que são hoje considerados "senadores" e grandes políticos.
Daqueles que hoje, por meras razões de poder se atiram à garganta deste governo por causa da austeridade. Forçada pelos sucessores de Soares, gente sem vergonha nem sentido de responsabilidade.

Para ver e ler as palavras de Soares em 1976 em toda a sua glória visitem esta página:
Mário Soares, um desmemoriado a quem só interessa o poder

É verdadeiramente elucidativo de quem é Soares e da sua falta de coerência e pudor. Mostra bem a pessoa que o jornalismo tem endeusado ao longo destes anos.

Como sempre, desprezível. É este verme que quer agora "federar" a esquerda para combater a austeridade. Primeiro ministro em duas falências nacionais e mentor da 3ª.

Ana Lourenço e a senilidade

A preocupação dos dias que correm parece ser a convergência da esquerda para encontrar uma "solução" para a crise.
A crise no entender deles não é bem a mesma que muitos de nós pensam que é. A crise para eles é não estarem no poder. Tout court.

Tive hoje que gramar o palavroso Vitor Ramalho, irrelevância máxima do regime, sempre debitando um discurso redondo e cheio de trivialidades, a ser entrevistado por Mário Crespo. Gostava que um dia Ramalho me explicasse como é que a nossa "grandiosa" língua portuguesa pode ser uma solução para a crise. Mas este mundo está cheio de parvos e Vitor Ramalho não merece assim tanta atenção.

Minutos depois Ana Lourenço entrevistava Mário Soares. E que maravilha que foi.
Compreendo que ela tenha algum pejo em ser acutilante com o velhinho, mas tanta deferência é muito pouco próprio dum jornalista.

Sabendo nós o que sabemos da sua actuação e palavras em situações semelhantes, porque é que há tanto medo em confrontá-lo com as suas próprias palavras? Certamente ele diria que não era de todo a mesma coisa, mas pelo menos uma citação das suas palavras seria bem ilustrativa da hipocrisia de quem critica todos os dias um governo que apesar de não actuar de forma brilhante, ganha seguramente com a comparação do que fomos tendo com Guterres e Sócrates.

Gostei especialmente como ele deu a volta aios disparates que tinha dito dias antes sobre a chantagem a Portas. Afinal era só ele que presumia que isso era a única possibilidade e nem sequer sabia se era com os submarinos. No entanto no i não se coibiu de associar o ressurgimento do caso na imprensa a essa suposta "chantagem".

Ficámos a saber também que Pacheco Pereira representa 2/3 do PSD. O que não deixa de ser fascinante. Sendo ele um outcast do Partido em constantes querelas com todas as direcções partidárias de que tenho memória. Ora se ele representa 2/3, como raio esses 2/3 votam sempre em direcções que ele não gosta? Mistério.

Soubemos também que o PSD quis entrar para a Internacional Socialista mas o PS não deixou porque já lá estavam eles. Engraçado se pensarmos que por essa altura o PS era bem mais à esquerda e bem mais radical do que é hoje. Pensar que nessa altura o PSD era mais próximo do PS do que é hoje só pode ser motivo de riso.
A tentativa de colocar a lisonja em momentos chave (Portas é inteligente ou invocar a memória de Sá Carmeiro) parece ser para Mário Soares uma forma de conseguir apoios anti Passos quer do PSD quer do PP.

Um bocado patético tudo aquilo. A táctica tranparente, o discurso manipulador pontuado por um sem fim de vulgaridades das quais se destacam coisas como "o governo ten de se ir embora" ou "o apoio de Cavaco ao governo não é bom para ele" etc etc.

No fim de contas o que sobressai é um intelecto em fuga rápida, um discernimento muito aquém do que seria minimamente aceitável e uma jornalista que podia muito bem ser um cãozinho de colo à espera de uma guloseima.

Mas enquanto Soares puder servir a agenda editorial e pessoal de alguns jornalistas não vai faltar quem lhe ponha um microfone na frente. Nunca o confrontando com os seus próprios podres (e são muitíssimos). Isso não se pode fazer ao "senador". Instigá-lo para falar dos podres os outros, isso sim é jornalismo do mais alto quilate. Uma vergonha absoluta, é o que é.

PS: Seguro ficou "chocado" com os números da OCDE. Entre ficar indignado e chocado deve ter uns dias de arrasar. Junte-se a isso a "sensibilidade" e ainda temos o primeiro candidato a 1º ministro que sai do "armário" em plena campanha eleitoral para ver se conquista o voto da comunidade gay. O pobrezinho é realmente uma nulidade.

Incompetentes, mentirosos e irresponsáveis

Hoje no parlamento Vitor Gaspar teve a oportunidade de dizer que a actuação do PS nos anos que antecederam o pedido de ajuda e a forma como o mesmo foi negociado, fragilizaram a posição do país e causaram problemas que foi necessário ir resolvendo ao longo destes dois anos.

Negociar com a troyka de mão "estendida", no limite da ruptura de pagamentos de salários, levou a que fossem aceites condições e taxas de juro que foram muito  prejudiciais. A teimosia em admitir que o país ia necessitar de ajuda externa e a insistência recente de que o PEC IV resolveria todos os problemas, fez com que por exemplo a amortização da dívida incidisse de forma muito vincada em 2016 e 2012.

A renegociação destes pontos fez com que se pudesse atenuar o impacto nestes dois anos. Esta renegociação só foi possível 2 anos depois e após um período de demonstração de cumprimento por parte do Governo em funções. Ganho de confiança esse conseguido à custa de uma grilheta quase insuportável para a população do país.

O PS, sempre alijando responsabilidade de todo o mal que causou, acusa gaspar de tentar encontrar bodes expiatórios. O que não deixa de ser curioso, uma vez que é precisamente o que o PS faz desde o dia em que foi posto fora nas eleições.

Primeiro foi a crise internacional, depois foi a não aprovação do PEC IV, agora é a má gestão deste governo que causa os nossos problemas.
Nunca fez um mea culpa, sempre protegendo o seu criminoso líder de então e tenta de formas "criativas" fugir à sua mais que evidente responsabilidade.
A ajudar esta desavegonhada desculpabilização pontuam alguns que escolheram o governo como alvo, seja por razões ideológicas seja por razões bem mais mesquinhas.

Não há um dia que passe em que não ouçamos um qualquer pateta pretensioso a qualificar de péssima a gestão do Governo. A maior parte deles conseguiu fazer tão mal ou pior. Tudo o que seja passado quer por parte do PSD quer por parte do PS foi responsável pelo estado completamente insustentável deste país.

Recuperar as asneiras de 15 a 20 anos de asneiras em apenas 2 é uma tarefa impossível. E é ainda mais impossível no meio da tempestade de antagonismo que se vive.

Mas mesmo admitindo que a memória é curta e que podemos não nos lembrar de Guterres ou mesmo de cavaco, Sócrates é acima de qualquer dúvida aquele que desferiu o golpe de misericórdia no país.

Rodeou-se de tudo o que era lixo semelhante a ele. Agarrou no partido com mão de ferro e eliminou toda a contestação interna. Depois foi um ver se te avias de desbarato, más decisões e a mais puro desrespeito pela coisa pública. No entretanto criou fortunas de amigos e a sua.

A quantidade de casos estranhos em adjudicações de serviços pelo estado não tem fim. Do que se soube dá para perceber até que ponto Sócrates governava num mundo de faz de conta. Sem contestação, sem escrúpulos.

E hoje, perante todas as evidências de gestão danosa de um país, temos estes incompetentes a atribuir culpas à crise, à não existência do PEC IV e a um sem fim de razões para justificar a sua incompetente negociação (mais uma) com a Troyka. Dão mesmo um salto tentando confundir o sofrimento do ajuste causado pela sua má gestão com as consequências da sua má gestão. Chamam-lhe "narrativa", como se por acaso pudessem existir duas versões da realidade.

Agora que Seguro tem estado calado, talvez por perceber que é melhor estar calado do que dizer disparates, existem estes badamecos para ir passando a sua versão da realidade.

Deviam ser pura e simplesmente ser trucidados verbalmente por Vitor Gaspar e pelo PSD. Que necessidade há de consenso com alguém que é mentiroso, incompetente ou ladrão? A única coisa consensual é por essa gente atrás das grades. Varrê-los da administração pública do parlamento e das empresas. Congelar as suas contas bancárias e verificar ao tostão tudo aquilo que fizeram ou ganharam nos últimos 15 anos. Sem apelo nem agravo.

A chantagem

Mário Soares não está bem. Definitivamente a idade não perdoa.

Mas a demência que começa a ser mais ou menos aparente trouxe-lhe o dom de despejar da boca para fora tudo o que lhe vai na cabeça. Sem filtros e sem nenhuma noção de que ao dizer certas coisas se retrata a ele próprio.

Quando afirma no i que quando Portas começou a ponderar a sua presença no Governo foi chantageado com o caso dos submarinos e dos Pandur, o que Soares afirma implicitamente é que esse pode ser um dos modus operandi da política. Talvez o seu, não me estranharia nada.

Tenta ligar o facto ao ressurgimento mediático do caso dos submarinos.

Não há um caso de compra de material de guerra neste país que não esteja envolto em suspeitas. As contrapartidas nunca são cumpridas, a adequação do material comprado às necessidades do país é altamente discutível e os dossiers passam de governo para Governo num estado quase sempre calamitoso.

Mas até agora Portas já esteve debaixo de fogo por causa destas duas questões um sem número de vezes. É estranho que questões que já foram coladas ao nome dele e que nunca singraram em nenhuma investigação pudessem agora ser usadas como chantagem. Logo agora e pelo PSD.
É no mínimo pouco plausível.

O que é constante é uma tentativa de encontrar clivagens na coligação. Começaram com o rlato de zangas nos conselhos de ministros até à questão da aplicação de taxas nas pensões, acabando agora nesta teoria da chantagem.
A insistência em encontrar estas divergências é como se ao referi-las isso se tornasse realidade e o governo caísse.
O tom vai aumentando na medida em que a esquerda vai percebendo que Cavaco não o vai fazer cair o Governo e que de uma forma ou de outra o governo parece manter a coesão. Mesmo com divergência em questões chave.
O desespero por um novo Governo tem feito com que nos últimos meses se tente encontrar um sem fim de sinais e de motivos para uma queda iminente a partir de dentro da coligação.
À falta de explicação, Soares avança com a chantagem. O que diga-se é algo que acredito perfeitamente que ele fosse capaz de fazer. Já nos habituou à "fina política" e Às manobras de bastidores mais sujas de que há memória.

A verdade é que apesar de tudo o Governo não parece muito apostado em demitir-se e o Presidente da República não parece ser um adepto de "chicotadas psicológicas". O que no caso nem se lhe pode levar a mal se tivermos em conta que dum cenário eleitoral poderíamos ficar numa situação como a de Itália: sem qualquer definição e com um governo coxo apoiado pela esquerda que é contra a Troyka a tentar implementar medidas impostas pelo Memorando. Aos olhos de todos isso é uma situação impossível e totalmente desaconselhável no momento presente.

Claro que para o cidadão que passa a vida a pedir a demissão do Governo isso nem é algo que o preocupe. O português gosta mesmo é de mudar nem que seja para pior. Nem tem a consciência de que esse tipo de opções podem significar ainda mais sofrimento para um país em maus lençóis.

A explicação mais plausível para a permanência de Portas e o CDS na coligação do Governo talvez seja a profunda crença de que esta é a última oportunidade para evitar a implosão económica do país. Talvez seja a convicção, partilhada por muitos, de que com o PS no governo apoiado por "forças de esquerda" entraríamos de novo num caminho de ruína em troca de "sensibilidade" e "emprego e crescimento".
Um político que se preze, com ideias e com convicção e algum respeito (para não dizer amor) pelo país, não pode ver com bons olhos um grupo de incompetentes, antes responsáveis pela mais miserável banca rota que alguma vez enfrentamos, voltar a ter uma oportunidade de destruir aquilo que se conseguiu com tanto sacrifício ao longo destes 2 anos.
Essa pode ser a motivação de Portas, Cavaco e Passos. E já que falamos nisso é também a minha esperança. Que o PS não tenha hipótese de voltar tão cedo ao poder com a sua triste figurinha de Secretário Geral apoiado por grupos absolutamente utópicos e apostados em repetir ad nauseam os erros épicos do "socialismo".

Como se esta perspectiva não bastasse como "chantagem" para manter apoio ao Governo.

E uma coisa é aquilo que se ouve e lê na imprensa e outra muito diferente é o que se constata na realidade.

Ouve-se muito do sofrimento de grandes faixas da população que está a viver á beira da miséria e depois sai-se à rua e veêm-se os centros comerciais cheios, os concertos a esgotar meses antes, ou bichas de carros na estrada quando há uma oportunidade com bom tempo.
Existe de facto muito gente a passar dificuldades. O desemprego é fatal neste particular. Mas o país está muito longe de ser um espaço de maltrapilhos. A actividade económica abrandou consideravelmente mas há muito boa gente que sai à rua gritar apenas porque é arregimentada pelo partido da sua simpatia e fá-lo não por estar no limiar da sobrevivência mas porque vê a sua folga financeira diminuir um pouco ao fim do mês.
E ninguém gosta de mudar de hábitos. Depois de anos a não ter de se preocupar com contenção ou com fazer opções sensatas, mudar de comportamentos custa. Mas uma coisa é custar e outra é ser impossível.
Uma coisa é estar desempregado e em pânico e a outra é ter-se reformado aos 50 com uma pensão integral e confortável e vir para a rua berrar porque podem perder um pouco numa pensão confortável de um par de milhares. Ou como é muito usual ouvir, estar na rua a lutar "pelos filhos e pelos netos". 
Estranha forma de ver as coisas quando os filhos ou os netos não vão ter nenhuma oportunidade de ter uma pensão semelhante e muito menos poder gozar de antecipações e reformas por inteiro.
Os direitos "adquiridos" de que tanto falam podem ser a razão primeira para que outros não tenham direito a nada. E porque fizeram descontos e porque só estão a reaver o que pagaram etc etc. E os que trabalham hoje estão a fazer descontos para quê? Não é de certeza para garantir os seus próprios direitos mas sim para garantir os direitos que esta gente não se cansa de proclamar.

O que vemos de contestação não é mais nem menos do que aquilo a que se assiste sempre que se quer mudar alguma coisa. É impossível mudar o que quer que seja neste país sem ter resistência de todos os lados. O problema é que algumas das mudanças começaram a incomodar alguns poderosos que saltam prontamente para as TV's, travestidos de comentadores isentos a protestar quanto à forma e conteúdo de tudo o que o Governo faz.
Soares, Capuchos, Marques Mendes, Constanças Cunha e Sá, Pacheco Pereira, metade dos paineleiros do Jornal da Noite da SIC Notícias etc etc.
Em 24 horas de TV que uma pessoa consegue consumir, uma ENORME parte disso não é mais que um desfilar de críticas ao Governo, manifestações pela queda do Governo ou conversa de sindicalistas apocalípticos.
A cereja em cima do bolo e sempre Soares. A senilidade aliada à irresistível atracção que os media têm pelo belo horrível fazem com que a sua presença seja constante. E vai aumentando o nível. Começa por declarações trauliteiras, esquecendo-se que fez exactamente e disse exactamente o mesmo quando esteve no poder, até culminar em declarações como estas. Em que não só declara que Passos é um chantagista como insinua que Portas aceita a chantagem porque será culpado destes "crimes".
Já passa da hora desta sanguessuga do regime se calar. Já não tem nada para dar à política e francamente o país já lhe deu demais. Muito mais do que ele alguma vez mereceu.


Os apoios e a quebra dos apoios

O cenário cultural em Portugal é algo que sempre me fascinou.

Ficamos parados no tempo. No período após 25 de Abril.

Da mesma forma que o regime de Stalin acarinhava os artistas que serviam os seus propósitos de propaganda, no Portugal revolucionário lançaram-se as raízes daquilo que poderia ser um modelo decalcado do modelo cultural Soviético. Havia os artistas conotados com a revolução e os conotados com o anterior regime.

Desde cedo os artistas "revolucionários" começaram a receber apoios do Estado. A existência do ministério da cultura quase se resumia e resume à gestão de subsídios. Subsidiava-se o cinema e o teatro.
Muito poucas eram as companhias de teatro e realizadores 8se houvesse algum) que não vivessem de subsídios. E isto tornou-se um modo de vida.

A coisa chegou a tal ponto que a produção teatral e cinematográfica não consegue subsistir sem a sua subvenção garantida.
Alguns como La Feria orgulham-se de conseguir sobreviver sem nunca recorrer aos dinheiros do Estado. Viviam simplesmente da bilheteira e de patrocínios de entidades privadas.
Mas a esmagadora maioria vive quase exclusivamente da subvenção estatal. Porque, pela maior diversidade de razões, não são auto sustentáveis.

Na maior parte das vezes porque aquilo que apresentam não agrada ao público. Com salas vazias, encenações no mínimo polémicas ou de má qualidade, foram vivendo durante estes anos pós revolução sem nunca terem de fazer a concessão de agradar ao público. Aquilo que noutras partes do mundo é considerado fundamental para ser bem sucedido. Por todos os parâmetros que avaliam estas coisas, o teatro em Portugal não seria mais que uma estrondosa série de fracassos.

Quanto ao cinema as coisas não são melhores. Não há memória de muitos filmes portugueses que tenham chegado ao break even com as receitas de bilheteira. Tal como no teatro muitos dos filmes são projectos muito pessoais em que os autores estão mais preocupados com a sua visão das coisas do que em agradar, nem que seja levemente, ao público.
É memorável o caso de César Monteiro e o seu Branca de Neve em que perante a polémica levantada elo filme (se lhe podemos chamar assim) disse que queria que "o público português se foda".

Pois o público português foi indirectamente quem sustentou a sua vida através das subvenções estatais. A ele e a um sem fim de realizadores menores cuja obra nunca passou duma lucubração pessoal feita para eles e mais 3 amigos.

Com todos os ministros da cultura e todos os secretários de estado a coisa sempre se resumiu a quanto havia para "dar". Com José Viegas ainda me lembro de alguém dum grupo de teatro estar a dizer que assim não podia honrar os seus compromissos. Ou seja, sem dinheiro do Estado não podia pagar aquilo que tinha contratado (sala, luzes actores etc etc). A mais leve insinuação de que deveria ser a bilheteira a pagar essas coisas é vista por estes artistas como um anátema.
Para eles a cultura é uma coisa "subsidiada" pelo regime.

E temos toda uma geração de "artistas" que nunca viram ou conheceram outra coisa que não seja viver a expensas dos dinheiros públicos. E indignam-se porque acham que aquilo que têm para dar ao país não tem preço e como tal nem deve ser discutido.
Claro que num meio assim a mediocridade grassa. É irrelevante que uma peça ou um filme sejam bons e atraiam público. É irrelevante que um actor seja minimamente competente no que está a fazer. O público é algo que é absolutamente marginal nesta equação. O que o público paga de bilhete nunca será motivo para que se adeque a oferta.

Talvez por isso se assiste a este discurso profundamente desligado da realidade em que os autores de "cultura" acham que têm um valor intrínseco, objectivo, e desligado do seu alvo - o público.

É como se houvesse um conjunto de direitos adquiridos nos quais ninguém pode tocar. Nem mesmo quando falta dinheiro para tudo. Segundo eles o Estado deveria garantir a sua subsistência em qualquer ocasião.

Há no entanto alguns que nunca precisaram de viver da mama estatal. Lembramo-nos bem de salas cheias em várias cidades do país com as Conversas da Treta.

A cultura em Portugal, especialmente na produção teatral e cinematográfica é para todos os efeitos medíocre.
A sobrevivência deste sector teria de passar por algo que para eles é inconcebível que é o de captar público. Mas passados tantos anos com produções medíocres como é que se pode esperar que o público pague o bilhete para ver um filme português da mesma forma que vê um filme inglês ou americano? Com a história lamentável de filmes portugueses de má qualidade com que fomos presenteados? Pouco provável..

Ontem Ruy de Carvalho partiu a louça. Está profundamente desiludido com este "governo" porque o fisco "anda atrás dele" para refazer o IRS de 3 anos.
Nada que o comum cidadão não sinta na pele, mas que provavelmente ele nunca terá sentido. Mas o mais aborrecido disto é que alguém que deu o apoio em campanha ao PSD nas últimas eleições, parecia esperar um tratamento de favor ou pelo menos uma mão mais leve: "para que servem as comendas e condecorações..:".
Ruy de Carvalho até pode ter razão. O fisco é cego e persecutório. Mas o que não pode esperar é ter um tratamento de favor por ter apoiado a força política A ou B. Se ele tiver razão à luz da lei, prevalecerá. Com o fisco é um ror de chatices mas não é nada que outros cidadãos não tenham já experimentado. Mesmo os que não têm comendas nem condecorações e que toda a vida foram pagando impostos para sustentar a cultura neste país.
O que me parece triste é que alguém apoie uma força política por esperar algo em troca. E que por razões materiais (que são obviamente importantes) passe a ser um dos críticos mais ferozes do mesmo poder ou do mesmo Estado que o ajudou a viver durante umas dezenas de anos.
Gosto do Ruy de Carvalho como  actor e como pessoa. Mas o que ele disse no seu desabafo deixou-me com uma sensação de verdadeiro desconforto.
Quase parece querer dizer "então apoiei este 1º ministro para quê? Para ser tratado assim?".

Um diletante

Miguel Sousa Tavares é um daqueles casos típicos portugueses.
Um belo dia alguém lhe achou muita graça, achou que ele era um personagem a quem se devia dar algum crédito e passados alguns anos converte-se numa espécie de guru de tudo e mais alguma coisa.

Sem grandes méritos profissionais conhecidos, tornou-se mais famoso pelo discurso desbragado do que por outra coisa qualquer.

Consta que foi advogado, medíocre segundo a sua própria avaliação, e depois passou a "jornalista". Mais recentemente começou a escrever "umas coisas" e considera-se um autor. Um produtor de literatura.

Li um livro dele (O Rio das Flores) e confesso que o achei duma ligeireza e dum anacronismo difícil de engolir. É daqueles livros que li duma ponta à outra e não consegui por uma cara num personagem nem uma imagem num local. As descrições de MST são de tal forma superficiais que parece que estamos a olhar para uma folha de papel com meia dúzia de rabiscos. Shallow, very very shallow
À data não sabia da crítica que Pulido Valente tinha feito ao seu primeiro livro (Equador) mas quando li não pude senão concordar com Pulido Valente. Quando li a crítica de O Rio das Flores foi como se PV estivesse dentro da minha cabeça a passar a palavras aquilo que eu não consigo. A precisão da sua crítica é notável.
A literatura de Sousa Tavares é na melhor das hipóteses, medíocre. E como acontece quase sempre nestes casos o marketing consegue sobrepor-se a qualquer outra coisa. Afinal as pessoas compram antes de saber a porcaria que estão a comprar. Foi o meu caso. É de esperar portanto que nunca mais compre um livro escrito por ele.

Mas creio que é o sucesso da sua produção que o tem levado nestes últimos 4 ou 5 anos a convencer-se que é uma pessoa relevante no grande esquema nacional e que se pode permitir dizer o que lhe vem à cabeça, por muito ridículo que seja.

O único problema de Sousa Tavares é que quando aponta o dedo fá-lo de uma forma bastante "parcial", para ser delicado.

Quando fala do pântano de corrupção e de imobilismo do país esquece-se quase sempre de um grupo que é tão ou mais responsável do que qualquer outro pelo estado do país. As sua apreciações sobre as "coisas da justiça" estão incrivelmente ao nível de Marinho Pinto. O que me leva a pensar que o seu abandono da carreira de advogado foi a melhor coisa que podia ter decidido fazer.

São normalmente muito pouco informadas com algumas passagens profundamente ignorantes, imbuídas de uma má fé e um ódio especial à magistratura. Coisa que lhe deve vir dos tempos em que exerceu e em que segundo ele terá mandado um juíz à merda.
Igual ressabiamento ao de Marinho Pinto seguramente.

Mas o problema de Sousa Tavares é o pensar que se tornou num personagem a quem tudo é permitido. Em alguém intocável pela sua exposição mediática. E isso causa ainda maior exposição mediática.
Não há nada que um jornalista goste mais do que um tipo desbocado. Aquilo a que chamam no meio de "frontalidade".

Desta vez Sousa Tavares pode ter ido longe demais. No Jornal de Negócios chamou Cavaco Silva de "palhaço". Isto em resposta a uma pergunta sobre Beppe Grillo.

O problema é que este tipo de coisas pode ser considerado crime de injúria ou difamação e punível com pena de prisão de 6 meses até 3 anos e multa não inferior a 60 dias.

Não só a produção de Sousa Tavares é duma mediocridade notável, como o seu discernimento parece ter vindo a degradar-se ao ponto de chegar a ser igualmente medíocre.

Sousa Tavares tem-se em grande conta. Disso não há dúvida. E ficamos a saber que estará num escalão de rendimentos elevado, já que afirma que "Gaspar" lhe fica com 53% do que ganha, o que me leva a pensar que a sua estratégia tem funcionado. Pelo menos do ponto de vista material.
Não é em vão que ele aparece na TV a fazer o  papel de "paineleiro" e que a sua escrita acaba por ter uma promoção maior por esse facto. Assim, proveitos de um lado e de outro.

E uma pessoa nestas condições pode bem chegar a um ponto em que atribui isto ao seu valor. À relevância do que diz ou escreve.

Na verdade MST é um diletante confortavelmente instalado na vida e com um pendor marcadamente pro PS. Isso garante-lhe que, em períodos em que o dito partido tem estado no poder, goza de uma abundância de oportunidades de "trabalho" que dificilmente teria se não o fosse.

Talvez fosse bom que alguém lhe dissesse que a instabilidade que demonstra pode ser resultado de algum distúrbio a necessitar atenção.  Ou que o abuso de álcool e de outras substâncias acaba por causar danos irreversíveis. A falta de contenção pode certamente ser um deles.

Actualização : MST admite agora que "pode ter ido longe demais". Não sei se é um rebate de consciência ou se é a consciência do embate. É que o risco de 6 meses a 3 anos (nunca ninguém lhe aplicaria prisão efectiva) e o mínimo de 60 dias de multa e o apontamento no cadastro criminal não são brincadeiras menores.
Como até hoje MST sempre chamou tudo a todos e saiu impune, talvez tivesse ficado com a noção errada que podia "ir longe demais".
A diferença entre alguém frontal e alguém simplesmente "desbragado" é que o primeiro raramente recorre ao insulto. No caso do segundo, isso é constante. Aliás o simples facto de ter MST a "classificar" as decisões e acções de outros é já de si insultuoso, uma vez que ele não estará seguramente em posição de apontar o dedo a ninguém que no que diz respeito a trabalho ou vida pessoal. Deve haver pouca gente com o grau de instabilidade e maus exemplos de MST. No entanto é a ele que convidam para "painelar". Em troca de dinheiro. Talvez porque esperem que um dos seus espalhanços se torne notícia. Desta vez coube ao Jornal de Negócios mas não tarda muito calhará a outro qualquer. MST gives and keeps  on giving. Never fails to make an ass of himself.

Uma certa esquerda

Tenho muita dificuldade em expressar o meu desprezo por gente como Raquel Varela.

Não é fácil fugir ao insulto. E não é fácil porque a baixeza das atitudes e o infame das ideias que esta gente defende são más demais para resistir.

Raquel Varela é uma personagem muito típica dos meios universitários. Sobretudo na área das humanidades.
Resultado da passagem por um estabelecimento de ensino onde esta gente se acoita desde há anos, aparece esporadicamente para se fazer notar pelo piores motivos.

Apologistas duma ideologia que deu terríveis exemplos de desrespeito pelo ser humano, subjugando-o e eliminando-o, aparecem hoje a coberto dos seus currículos académicos a defender impossíveis.

Propõem um utopia. Negam a realidade.

É óbvio que qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade dirá que o salário mínimo é baixo. É óbvio que qualquer pessoa que viva por estes dias em Portugal não pode estar de acordo com a austeridade.

Mas existe uma realidade. Dura. E essa realidade é que se o salário mínimo fosse colocado em 700 Euros por exemplo, muitas empresas neste país se veriam forçadas a fechar portas. Muitas delas conseguem manter as coisas a funcionar ao limite. Um aumento dos custos de trabalho que fizesse uma diferença significativa para as pessoas que recebem o salário mínimo, seria o fim de alguns postos de trabalho que, ainda que mal pagos, significam a criação de valor e significam a sobrevivência possível.

Claro que é fácil para alguém que terá um salário que ronda os 4000 a 5000 Euros, como Raquel Varela, propor este tipo de coisas sem se preocupar minimamente com as consequências que isso poderia ter.

Para ela é irrelevante se os cenários que propõe causam mais sofrimento do que a situação presente.

Não duvido que ela seja apologista do fim da Troyka.
Como se isso não significasse um desastre ainda maior do que vivemos.

Quando ouço pessoas como Louçã, Rosas ou Varela falar, imagino o que seria o seu discurso se não estivessem confortavelmente refastelados no seu lugar de professores universitários, auferindo de salários simpáticos. Sem terem a noção de que pode chegar o dia em que o país não os pode pagar.

Para eles a sua actividade é prioritária. Como disse Varela "a cultura". Ainda que o seu eco cultural seja próximo do zero. Ou que os escritos de Louçã sejam tão válidos como os outros modelos académicos que ele critica. Ou que o trabalho de Rosas sobre a resistência ao regime saído do 28 de Maio sejam tão relevantes como outro trabalho irrelevante.

Estão acomodados, vivem da coisa pública e pretendem fazer-nos acreditar que num país sem meios se devia dar tudo a todos.

O problema é que nem isso podia ser possível nem seria para todos. Como os regimes que defendem nos mostram e mostraram, era apenas um grupo restrito a beneficiar das benesses do regime. Entre eles alguns intelectuais com os quais eles se identificam. A vanguarda da revolução como gostam de se imaginar.

Comunistas da linha dura, apologistas da eliminação e silenciamento dos adversários, apareceram reciclados pela mão do BE e gozando da simpatia dos media que sempre gostaram dos revolucionários "finos". Ninguém vai dar o mesmo tempo de antena a Jerónimo. É boçal e um bocado básico e nada mais tem do que qualificações de torneiro mecânico.
Não será convidado para o Prós e Contras para ombrear com intelectuais. Não irá para a TVI 24 debater com Rosas ou com outro qualquer.

A elite intelectual deste país encontra-se em estado de completa putrefação. Começa a perceber que numa sociedade que luta pelo básico, eles podem ser vistos como uma excrescência dispensável. E a julgar pelos exemplos presentes são de facto dispensáveis.

O salário junto destes 3 "amigos dos trabalhadores" dariam umas quantas reformas que eles afirmam defender. Os seus salários juntos dariam para contratar 3,4 ou 5 médicos para o SNS.
Não ficaríamos muito melhor com os médicos do que com eles? Indiscutivelmente sim.

No fundo o que esta gente espera é que num caso de "revolução" os seus lugares se perpetuassem e que tivessem o poder de decidir o que fazer com os outros. É o aterrador da situação. Pensar o que esta gente poderia fazer se por acaso o poder alguma vez lhes caísse nas mãos.

A sua ligação com a realidade não existe. Raquel Varela decerto compra coisas feitas na China e na Índia e Paquistão sem nunca se ter ralado minimamente com as condições de vida de quem as fabricou. Decerto não se preocupa muito em ser simpática com alguém num call center que provavelmente ganha o salário mínimo se tiver sorte.

A hipocrisia desta gente não tem par. E a exposição que lhes dão nos media é espantosa. Por isso pudemos ver ontem uma catedrática arrogante, trocista e sobranceira levar um real pontapé no cu de um jovem de 16 anos que em pouco tempo já contribuiu mais para a criação de emprego e riqueza do que ela alguma vez fará.
Ela limita-se a "gastar" os recursos ganhos pelo esforço dos outros. Por muito catedrática e pós graduada que seja.

The piece of shit does it again

Raquel Varela.
Se este nome não vos diz nada procurem no Google.

Ontem no Prós e Contras um testemunho surpreendente de um jovem de 16 anos que resolveu deitar mãos à obra. Resolveu comercializar peças de roupa a preços acessíveis mas com um "ar de roupa de marca".
Tratou de arranjar fornecedor fez a sua campanha de marketing nas redes sociais e aos 16 anos não podemos deixar de aplaudir este espírito de iniciativa.

Numa idade em que a maior parte dos jovens não sonha sequer com o que quer ser na vida, este rapaz embarca na aventura de fazer e ter qualquer coisa de seu. Muito raro e muito louvável.

A coisa não passaria de algo digno de admiração não fosse a intervenção de uma convidada no painel que resolveu confrontar o rapaz, certamente na esteira da tragédia no Bangla Desh, relativamente ao sítio onde eram feitas as peças de roupa.

Muito preocupada com a China, Bangla Desh e com as condições de trabalho miseráveis dos seus trabalhadores, acabou por ficar a saber que as peças eram feitas em Portugal.
Não desarmou e resolveu confrontar o rapaz com os salários que ganhariam os trabalhadores dessa empresa. Que seria o salário minímo e isso era indigno etc etc.

A resposta do rapaz foi lapidar: Mais vale receber o salário mínimo do que estar no desemprego.

E é este tipo de coisa que eu acho fascinante nesta esquerda extrema à qual a Raquel Varela pertence. Preferem que as pessoas não tenham nada do que sofrerem a indignidade de ter pouco. Fez exactamente o mesmo com Isabel Jonet e o Banco Alimentar.
Por oposição "dizem" que o Estado é que devia assumir essas responsabilidades. Dar de comer a quem tem fome e eventualmente OBRIGAR todas as empresas a pagar um salário digno. Não sei quanto seria, mas suspeito que alinharia por um valor decente. 1000 ou 1500, sei lá.

Nestas circunstâncias o mais provável é que quem tem fome morresse e quem ainda recebe o salário mínimo ficasse sem emprego pela falência mais que óbvia destas indústrias.

Ou seja, o remédio que gente como esta Raquel Varela tem para os males, é a morte mais rápida com o mesmo mal um bocado mais agravado.

Acho fantástico como uma pessoa que toda a vida adulta andou pela "academia", que nunca deu emprego ou criou riqueza neste país, ter o atrevimento de se atirar a um rapaz de 16 anos que contrata o fabrico das peças de roupa a um fornecedor e certamente não saberá quais os níveis salariais que essa empresa pratica.
Nem RV sabe, uma vez que se limita a dizer que é "normalmente" nas empresas texteis que os salários são mais baixos.

Obviamente que ela deverá andar vestida de serapilheira, já que praticamente tudo o que compra deve ser feito num país de terceiro mundo, seja de gama média seja de luxo. Certamente nunca se preocupou em saber onde é feito o seu telemóvel ou a sua roupa ou a televisão que deve ter em casa.

Começo realmente a ficar farto destes intelectuais de "esquerda" que, incapazes de singrar no mercado de trabalho, ficam pela academia a "investigar" e a produzir nada.
Se isto é a elite intelectual do nosso país, estamos perdidos.

Escondem-se nestes partidos de extrema esquerda (BE) e quase parece terem vergonha de se dizer comunistas. São gente que vive bem, com hábitos muito burgueses, que nunca fez um trabalho duro e que se armam em defensores dos oprimidos, marinheiros e proletários.

São objectivamente lixo. LIXO com letra grande. Incapazes de garantir o seu sustento se não fosse o Estado sustentar as suas "investigações" e dar-lhes um lugar de professor universitário.

Se dúvidas houvesse do carácter mais que rasteiro desta fulana, aqui fica mais uma para a posteridade. E vão 3

 


Da tolerância

Eu fico fascinado com a forma como os dois extremos do espectro político se comportam perante aquilo a que chamamos as questões fracturantes.

Foi ontem aprovada na AR a lei da co adopção por casais do mesmo sexo.

E o que é que isto quer dizer?

Bem quer dizer simplesmente que num casal em que um dos membros tenha uma criança ou adoptado uma criança, o outro membro pode adoptá-la também desde que tenha 25 anos e que a criança não tenha outro vinculo parental.

Isto pelo menos evita que num caso de uma mãe divorciada com filhos à guarda que viva em união de facto ou esteja casada com outra mulher possa ver, por morte, os filhos adoptados pela companheira que acabaria a repartir a guarda com o pai biológico. Ao menos a lei evita este tipo de bizarrias.

Destina-se a evitar que em casos em que por morte do membro do casal com a paternidade da criança, por adopção, a criança possa ser devolvida a uma família biológica que não conhece ou que volte a uma instituição.

O que esta lei vem evitar é que nesta situação se tenha de iniciar um novo processo de adopção por parte do cônjuge sobrevivente.

Capucho. 30 anos de "mama" deixam marcas

Se dúvidas houvesse do que move António Capucho contra Passos Coelho, ficariam todas dissipadas com esta notícia "Sintra. Capucho é candidato à assembleia contra PSD".

Desde o dia em que Passos se candidatou à presidência do PSD, Capucho começou a por-se em bicos dos pés para ser alguém com um cargo em que se tivesse algum destaque a pouco trabalho para fazer.

Tinha saído da câmara de Cascais em Janeiro de 2011 invocando "razões de saúde".

Não tinha passado muito tempo quando Capucho se começou a por em bicos de pés para ser reconduzido como conselheiro de Estado. Num gesto muito típico pôs o lugar à disposição de Passos Coelho que aceitou sem delongas a sua demissão. Mas depois quis ser presidente da AR. E não foi
Depois para presidente da Cruz Vermelha... e não foi.

E a lista deve ser interminável. O que não deixa de ser curioso para quem tinha tantos problemas de saúde que teve que deixar a Câmara de Cascais. Tanto mais que a doença de que Capucho padece não é o tipo de coisa que de repente se cure. Problemas cardíacos são daqueles que vão até à cova. E que só têm tendência para piorar.

Ou então esta conversa dos "problemas de saúde" não passa de mais uma tanga de alguém que esteve desde sempre em rota de colisão com Passos Coelho. Mesmo assim andou tempos infindos a deixar cair a sua "intenção" de ocupar certos lugares para ver se Passos lhe pegava.

Passos não o fez e fez ele muito bem. Se dúvidas houvesse em relação ao que move Capucho na vida, bastaria ler as suas entrevistas ou ver as suas intervenções na TV para perceber de que material é feito.
Acaba por ser óbvio que as suas opiniões são mais determinadas por revanchismo do que por convicções. Tem tudo o que faz falta a um pulha refinado.

E como pulha refinado que é só poderia, após vãs tentativas de ganhar um "tacho" pela mão do PSD, tentar arranjar um tacho por via eleitoral.
Excluído que está de qualquer hipótese de aparecer numa lista do PSD para as autárquicas "mete-se" numa lista independente que concorre contra a candidatura do PSD em Sintra.

A falta de vergonha destes nossos senadores não tem paralelo. Anda esta criatura desde 1974 a viver da política. Exactamente, desde a "revolução".
Nunca esta criatura fez outra coisa na sua vida adulta (38 em 68 anos) que não fosse viver do Estado. De uma forma ou de outra.
Passou toda a vida adulta a gerir a sua "carreira". Não é de admirar que tenha uma enorme mala pata para com Passos para quem ele representa precisamente muito do que é preciso varrer no PSD. E varreu-o e fez muito bem.

Talvez fosse bom as pessoas saberem a história desta gente que hoje aparece na televisão a cada oportunidade que tem a falar das medidas do governo como sendo fruto de impreparação e falta de competência. Talvez fosse bom que as pessoas soubessem que são precisamente aqueles que foram os arquitectos da desgraça de um país que até tinha potencial, que vêm hoje falar das "coisas erradas" que este governo não se cansa de fazer.

Foram eles que lançaram as bases do Estado glutão, da quase "privatização" das funções do Estado, das negociatas intermináveis que as empresas privadas foram fazendo ao longo dos anos.

Capucho é, por detrás da sua pose de Estado e falinhas mansas, um enorme farsante. Que nunca se coibiu de viver regaladamente com aquilo que o povo que diz hoje defender, pagou.

Ele na verdade não tem ideias ou opiniões. Ele tem apenas uma agenda pessoal que quer levar a cabo, mesmo que para isso branqueie completamente a sua passagem pelos lugares que ocupou ou a actuação criminosa dos governos de Sócrates de que raramente fala.
Prefere colocar as coisas como se Passos tivesse chegado ao governo numa época de vacas gordas estando a desbaratar todas as "excelentes oportunidades" que se lhe apresentam.

De facto as primeiras impressões dizem-me muito. Por algum motivo que não sei explicar pareceu-me que desde o dia em que Passos foi eleito para presidente do partido, Capucho tinha qualquer "coisa pessoal" com ele.

Não foi preciso muito para todo o país perceber isso. Finalmente a atitude mais despudorada que podia ter. Candidatar-se contra o partido a que diz pertencer apenas porque não lhe oferecem um lugar de mão beijada.

Isto é o quê? Espírito de serviço? Vontade de mais "mama" aos 68 anos de idade? Falta de vergonha?
Vocês dirão.

Se querem perceber como se começou a criar o grupo dos ressabiados do PSD basta ver este pequeno artigo do DN em 2011 para ver como são os mesmos que hoje não se cansam de desancar Passos Coelho em cada oportunidade que se lhes apresenta: António Capucho recusa inclusão nas listas do partido.
O que é fascinante é que esta gente recusa os lugares par depois passar o tempo a voltar à ribalta. Se isto não é o exemplo perfeito de "putos birrentos", por muito brilhantes e competentes que sejam, não sei o que será. Esta é uma daquelas coisas que levam o comum cidadão a identificar a política como uma coisa realmente suja. 

Quem diria? Uma coisa que era invocada pela oposição como sendo um fracasso do Governo

Encargos financeiros com as PPP caíram 41% no ano passado
Os encargos financeiros líquidos do Estado com a parcerias público-privadas (PPP) caíram, no ano passado, 41% face a 2011, revela um relatório da Unidade Técnica de Acompanhamento de Projectos (UTAP), que funciona na órbita do Ministério das Finanças.
O documento mostra que, em 2011, os encargos do Estado com as PPP ultrapassaram os 1800 milhões de euros, recuando, no ano passado, para 1067 milhões de euros. Este ano, o desembolso do Estado deverá ser de 884 milhões de euros, já contando com a poupança de 300 milhões que o Estado terá na área rodoviária através da renegociação com os concessionários.
Dentro do pacote de projectos que os privados avançaram e sobre os quais recebem, actualmente, prestações financeiras do Estado, são muito díspares os resultados sectorialmente. Assim, apenas o sector das empreitadas rodoviárias teve uma redução dos encargos líquidos do Estado, enquanto os restantes (saúde, ferrovia e segurança) viram os montantes despendidos pelo Tesouro aumentarem.
No ano passado, o Estado pagou aos concessionários rodoviários 675,5 milhões de euros, menos de metade do que tinha acontecido no ano anterior (1520 milhões de euros, ou seja, -56%).
Afinal sempre aconteceu alguma coisa em 2012 no que diz respeito às PPP´s. E não é uma coisa menor pelos vistos.
A não ser que alguém considere uma redução de 56% um detalhe.

O "incapaz" "remodelável" "sem capacidades mediáticas" ministro Alvaro Santos Pereira parece apostar mais em resultados do que em espalhafato. Se todos fossem assim talvez pudéssemos dar início a uma era em que a competência técnica e profissional fosse mais considerada do que o "mediatismo".

O Álvaro , como uma vez pediu que lhe chamassem conseguiu cortar uma desgraça a metade. Venha de lá o Sr. Seguro ou algum dos seus fantoches tentar fazer melhor.
A única coisa que os rapazitos do PS conseguiram fazer foi colocar nas mãos deste ministro uma enorme batata quente.

Acresce a esta poupança uma redução de 300 milhões para o ano de 2013 o que colocará o valor em 2 anos em apenas +-1/4 do que foi pago em 2011.

Parece que agora o argumento das PPP's, pelo menos as rodoviárias, já não poderá ser usado pela esquerda inútil e panfletária. Hum... pensando melhor vãocontinuar. Eles nunca se caracterizaram por falar a verdade.

Se isto é um fracasso, quem nos dera a nós que se conseguissem resultados deste nível noutras áreas do Estado.

A austeridade e a fadiga

Anda tudo fatigado. Ser austero nos gastos, quer a título pessoal quer do país cansa-nos.

Mas é curioso que quando o Estado desbaratava dinheiro e a maior parte olhava para o lado, ninguém se cansou.

É mesmo muito interessante perceber que quando (e isto desde há uma boa vintena de anos) se assistiam a todas as loucuras com os dinheiros públicos, ninguém reclamava. Ou porque pensavam que era para sempre ou porque secretamente esperavam que fosse.

Afinal o gasto de dinheiros públicos aproveitou a muito boa gente.
Ainda me lembro que a primeira vez que Ferreira Leite disse que o TGV se criasse emprego era para os naturais de Cabo Verde, caíram-lhe em cima porque estava a ser racista.

Esta ideia de que o Governo pode "fomentar" a economia desbaratando dinheiro era algo de que muito poucos se queixaram. E os que se queixaram, como foi o caso de MFL perdiam as eleições.

O português está-se nas tintas para a contenção. Primeiro porque ele próprio acredita que o dinheiro do Estado não vem de lado nenhum. Aparece...
E em segundo lugar porque espera secretamente que "pingue" alguma coisa para o seu lado.

E assim andamos todos felizes e contentes a viver do dinheiro do Estado durante décadas. As rendas abusivas nas PPP's e no sector da energia são apenas uma variante do que o Estado fez durante anos.
Com as PPP's e os contratos feitos por débeis mentais também noutros sectores foram a forma encontrada para desorçamentar despesa e fazer uns "favores" à economia.

Chegado o ponto de ruptura os mesmos portugueses que se aproveitaram da situação deram-se conta de que no fim são eles a pagar. E não gostam. E porque têm direitos, e porque perdem a confiança e por mais um sem fim de razões.
Nunca se ralaram que o seu alheamento podia muito bem por em causa todas essas coisas.

E pedem que acabe. Como se por magia passasse a haver dinheiro no dia em que acaba a austeridade.
Habituado a viver anos a fio contando com rendimentos futuros, comprando casas e carros que já estavam velhos antes de estar pagos, o português meteu na cabeça nestes últimos dez anos que era mais vantajoso viver a crédito do que poupar para ter as coisas.
De tal forma era assim que a banca dava juros miseráveis pela poupança e até o Estado tornou os certificados de aforro numa coisa sem interesse, baixando a sua taxa de remuneração para algo de irrisório.

E o português já não tendo dinheiro para isso, empenhando-se a 5, 10 ou 30 anos.
O Estado fazia exactamente o mesmo. Chamava-lhe "engenharia financeira".

Como que por um passe de mágica muitos dos portugueses, e em particular alguma da classe política, pensa que se mudarmos de ministro ou de Governo, as coisas mudam.
A Troyka já é benevolente, ou eles já lhes podem falar grosso. Ou se calhar até deixamos de precisar deles.

Pura ilusão. Nem eles ficam mais benevolentes nem nós temos como sustentar o país sem o dinheirito que vaio caindo todos os trimestres.
Na eventualidade de um José Seguro alguma vez vir a ser primeiro ministro, entrará para uma daquelas reuniões armado em leão e vai acabar a sair de fininho. É o que acontece a um país que se pôs a jeito pela mão do seu amado camarada. Que não foi nem pouco mais ou menos o único. Mas que foi aquele que levou as coisa para lá do limite isso ninguém duvida. Talvez ninguém seja um bocado forçado, mas pelo menos ninguém com dois dedos de testa.

O que nos distingue de um alemão ou de um qualquer outro europeu do Norte e a nossa absoluta falta de controlo. Que contrasta com a sua frugalidade inata.

O Tuga gosta de dar nas vistas. Esfregar na cara do amigo ou do vizinho a sua nova máquina ou as suas férias exóticas. Sem ter onde cair morto, note-se.
Os nórdicos, mesmos os ricos ou quase ricos, são normalmente frugais e reservados. Não gostam de sobressair.
Conheço um par deles que são verdadeiramente ricos e de olhar para eles ninguém diria. A única coisa que poderia denunciar um deles é o seu relógio. Não é um Rolex não senhor... Só alguém que conhece percebe o valor do que ele traz no pulso. Fora isso, passaria por uma pessoa perfeitamente normal.
Um tipo com aqueles meios em Portugal andaria de carro de altíssima gama e faria o maior espalhafato possível para ser notado.

A eles, do norte, desagrada-lhes profundamente o nosso comportamento como país. Eles sim estão cansados de serem austeros e ver a forma como Portugal ou Espanha se têm comportado desde que entraram para a EU. Independentemente de terem exportado a valer para a Europa, o povo alemão detesta pensar na vidinha fácil que parecem achar que o nosso povo leva. E que de facto em grande medida levou.

Mesmo que mude o governo por cá, eles, os que nos emprestaram o dinheiro, não mudam. E depois de verem a forma como o país foi gerido durante este tempo, depois de verem o que fizemos com os fundos estruturais e com a dívida nos tempos do rating AAA nunca irão aceitar que voltemos à mesma vida. Muito menos com o dinheiro deles.

Portanto, para os cansados de austeridade, talvez seja melhor começarem a interiorizar que NUNCA voltaremos ao que éramos antes. Nem com Seguro nem com Passos nem com ninguém. E se quisermos voltar, é melhor que se preparem para voltar ao Escudo e sair da EU, porque a EU não quer penduras gastadores e ainda por cima rotos de mão estendida.
Já lhes chega ter de gramar as Roménias e afins para por as fábricas de automóveis.

Não seremos um país sério sem gente séria à frente. E convenhamos que do alinhamento actual de candidatos não há um que mereça sequer ser confundido com uma pessoa séria.
Discursos de vendedor de feira ou de comuna alienado a espumar da boca.
Imaginem o FMI a entregar o dinheiro a gente assim.

Será assim tão difícil de perceber?

Continuo a ficar espantado como tanta gente, especialmente na política, ainda se recusa a abcreditar que o país está falido.

Não é que não haja dinheiro completamente, mas não há que chegue para fazer face aos gastos do país.

Podemos contrapor que há muita coisa em que se pode cortar. E haverá. Mas são as mesmas pessoas que não acreditam que o país está falido que depois recusam toda as as propostas de corte.

A esquerda em particular acha que resolve o problema do ppaís com o BPN e com as PPP. Ou pelos menos falando nisso, porque o dinheiro do BPN já se foi e no caso das PPP's as poupanças anuais podem ser importantes (300 milhões para este ano de 2013) mas não chegam nem de perto para pagar o enorme fosso financeiro do país.

Se tivermos em conta que em cortes de subsídios de Natal da função pública se pouparam 400 e tal mihões, multipliquem por 14 e verão imediatamente qual é o peso da massa salarial só no Estado.

A dívida está em 204 mil milhões. E se não a começarmos a pagar (coisa que vai levar uma dezena de anos até se reduzir a metade, teremos sempre o peso dos juros e das amortizações a esmagar o país.
Não há qualquer dúvida para quem saiba fazer contas que o nosso buraco é monumental.

A não ser que esse alguém seja do PCP ou do BE e pensa que o Governo esconde um pote de ouro e tenta fazer passar estas medidas por pura maldade.
Obviamente que estes partidos nunca porão o "dinheiro onde põem a boca" e podem permitir-se estes exercícios demagógicos negando a realidade e propondo realidades alternativas que provavelmente nos punham na miséria em tempo recorde.

Talvez tivesse sido bom que em 2011 tivéssemos ficado sem dinheiro para pagar salários e pensões. Como Teixeira dos Santos afirmou, e ontem, segundo uma tal Catarina Martins do BE, era tudo mentira porque foi desmentido por secretários de Estado do PS. Que de repente passaram a ser credíveis.

O PCP e o Bloco são especialistas em descredibilizar os adversários até que um deles sirva os seus intuitos demagógicos. É uma estratégia um pouco infantil, porventura ao mesmo nível de outras medidas patéticas que estes partidos têm bradado incessantemente.

É uma pena que esta gente não tenha a oportunidade de se revelar no poder. Só que isso traria um verdadeiro pesadelo a todos nós.
Não consigo perceber como negam todos os malefícios que a ideologia que defendem tem causado no mundo. Falem com alguém que tenha sentido isso no Leste Europeu e perceberão.
Vejam o que o regime da Coreia do Norte ou de Cuba faz aos seus cidadãos.

Tentam disfarçar-se de "esquerda moderna" mas na verdade não mudaram nada. Nem têm qualquer competência para sugerir como se pode gerir um país. Limitam-se a falar zangados e a levar uma bela vida de burgueses.

Mas começo a achar que esta gente não tem realmente noção do estado das finanças do país, Mesmo com tudo o que tem jogado a nosso favor, o caminho a percorrer ainda é muito longo.

Se tivermos o azar de ter um PS, com toda a sua corja de inúteis, a gerir o país, estes pequenos sinais animadores serão o pretexto para se começar a desbaratar.
E Deus nos valha na eventualidade de uma aliança com gente como o PCP ou o BE. Seria catastrófico em qualquer que fosse o pelouro.

O que mais se pode pensar quando se ouve esta gente há dois anos a negar que o país não tem dinheiro para honrar as suas obrigações?
Mesmo quando tivemos de ir buscar esmola porque ninguém nos emprestava um tostão.

A imprensa

Há-de chegar o dia em que esta gente vai ter vergonha do que escreveu. Da forma como se prestou a servir interesses de propaganda. Basicamente a fazer o contrário daquilo que é a sua função.

O i online tem um artigo chamado Veja como os cortes são só para Inglês ver, no dia em que foi anunciado precisamente o fim dos carros com motorista dos gestores públicos e de outros lugares da Administração pública.

O mais grave é que o artigo acaba por dar razão a Santos Pereira por ter feito o que fez. Mas para não dar o braço a torcer numa medida, que embora possa ter uma expressão financeira reduzida, tem uma expressão simbólica importante, o jornalista, ou melhor o imbecil, que escreve a peça escreve este pedaço de texto:
Assim, e para pôr em perspectiva o potencial de poupança do Estado com esta medida, falamos de qualquer coisa como 0,1% do buraco criado pelos swaps nas empresas do mesmo ministro. Aliás, o potencial de poupança é de tal forma diminuto que, mesmo que fosse todo canalizado para uma única empresa pública, não seria suficiente para pagar só o aumento recente da despesa com juros – veja-se por exemplo que o Metro de Lisboa, só no primeiro trimestre deste ano, gastou mais de 120 milhões de euros em juros, quando não tinha registado qualquer despesa com juros no mesmo período de 2012.
A frase sublinhada é de uma  baixeza sem limites. Podia estar no órgão oficial do Partido Socialista que tenta à exaustão descolar de si mais uma das calinadas monstras do governo de Sócrates. Os swaps. Quanto à questão dos juros a frase insinua que os empréstimos terão sido contraídos em 2012 dada a ausência de pagamento de juros em 2012. Se isto não é a desonestidade intelectual absoluta não sei o que será.

Não saberá o imbecil do jornalista que os contratos de swap foram feitos antes deste governo estar em funções. Que foram feitos por indicação do próprio ministério de Teixeira de Santos que empurrou estes "gestores" a jogar em "casino" com o dinheiro dos contribuintes.

Não saberá este imbecil que estes contratos têm aquilo a que se chama maturidade. Que é definida no contrato pelo qual toda a responsabilidade de perdas até à sua maturidade são de quem fez o contrato.

Não saberá também que o endividamento da Carris e das outras empresas de transportes é anterior a este governo e foi precisamente para "protecção" da subida das taxas de juro que estas empresas fizeram os contratos de swap...

Este tipo de jornalismo "militante" começa a fazer-me pensar que as redações dos jornais ou estão cheias de estagiários de má pinta ou cheios de imbecis.

Escrever uma coisa como esta, minimizando o gesto, quando todos os dias falam nas mordomias que o Governo não corta é no mínimo desonesto.

Se o governo não corta por obrigações assumidas por outros (caso das PPP's ou mais recentemente os swaps), é porque não corta. Se corta nas Fundações ou nestas regalias injustificadas é porque não tem expressão e nem dava para pagar 0.1% do buraco.

Este Filipe Paiva Cardoso é mais um dos que tem MERDA na cabeça. É mais um a quem a posição permite que escreve lixo como este num jornal sem qualquer chamada à responsabilidade. É mais um entre centenas.

O nosso jornalismo está ao nível dos nossos políticos. Por isso andaram embevecidos com o "carisma" de Sócrates enquanto ele e os seus faziam toda a espécie de loucuras com o dinheiro alheio.
Nenhum jornalistazeco destes se atreveu a escrever alguma coisa de parecido com isto. Nem em situações de grande gravidade.
Borravam-se pelas pernas abaixo se Sócrates ou um dos seus sequazes telefonasse para a redação a pedir explicações. Hoje com rédea solta, viram títeres que servem a propaganda do criminoso.
Põe-se agora do lado dos prevaricadores como se todos nós não tivéssemos vivido neste país nos últimos anos e engolíssemos a conversa inconsequente e de total falta de honra e pudor do PS e do seu séquito.

A minha maior satisfação é que nos dias que correm a circulação de jornais que estão por detrás destes sites é cada vez menor. Talvez brevemente a magra receita que permite a esta gentalha viver com o que escreve, se acabe. E aí pode ser que percebam que quando não há dinheiro não há palhaços. Literalmente. Perderam completamente o sentido de dever. O dever de informar. Não passam de megafones a soldo de interesses de quem esperam umas migalhas ou uma palmadinha nas costas. Como os merdas normalmente esperam.

Tanta gente útil para o país na fila do desemprego. E depois temos bosta desta a ser paga para escrever coisas como este artigo inominável. O mundo é injusto de facto.

Ora fiquem lá com a carinha do anormal e com o link do seu blog. Ou deveria dizer, esgoto a céu aberto
Leiam o monte de trampa que ele escreve para perceber como é que um jornal como o I pode ter como editor de Economia tamanho imbecil. Realço Economia, aquele curso onde os alunos decentes aprendem o que é um swap.
Isto é um jornalista que trabalha há 10 anos na área de Economia mas que estuda História na Faculdade de Letras...
Eu não digo que o jornalismo é o poiso dos que nunca acabaram nada?

E de repente são todos bons e necessários

Já tinha ouvido muita coisa acerca da redução de funcionários do Estado. A retórica socialista/comunista de que devemos dar emprego às pessoas porque elas precisam e não porque elas produzem alguma coisa, é algo que está sempre presente nestas discussões.

Mas nunca tinha lido ou ouvido nenhuma comparação com as purgas Estalinistas.

Viriato Soromenho Marques consegue esta proeza. O que só reforça o grau de estranheza. Ele saberá com toda a certeza que as purgas Estalinistas nada tinham a ver com as questões que enfrentamos. Tinham a ver com a sua obsessão em se livrar de todos os que lhe faziam frente ou que ele pudesse imaginar que um dia iriam fazer.

A situação foi tão alargada, que todas as chefias militares foram eliminadas pondo em causa o desempenho das forças Soviéticas na Guerra com a Finlândia.

O único que sobrou foi o que salvou a USSR da sua própria extinção - Gregory Zhukov.

Comparar a intenção de reduzir os funcionários do Estado a purgas Estalinistas só pode mesmo ser um exercício de má fé refinada. Senão vejamos.

É sabido até à exaustão que os serviços públicos enfermam de um mal clássico - falta de eficiência.
Mas porquê?

Há uma razão extremamente simples: Não há responsabilização pelos erros, falhas ou falta de cumprimento das obrigações profissionais.

É tão simples como isto.
Mas há muitos tipos diferentes de funcionários públicos e nem todos são a mesma coisa.

Falem com alguém que trabalha muito mais que as ditas 35 horas e ouvirão da sua boca os casos dos colegas que pouco ou nada fazem e para quem as 35 horas são um suplício interminável.
Eles próprios vos identificarão de entre eles quais os que claramente não fazem nada.

E isso é assim em todos os serviços. Ouvimos há bem pouco tempo da boca de um director de um hospital de referência os números incríveis de absentismo e falta de produtividade do seu staff.


Nós somos responsáveis pela nossa extinção

Vi hoje duas vezes uma fotografia daquelas que emociona. Porque apesar de ser terrivel, nos deixa imaginar o que se terá passado momentos antes do que vemos "congelado" numa imagem.

Acabei de a ver num blog que visito frequentemente (Palvrossaurus Rex) e sensação que tive de manhã repetiu-se. É daquelas coisas que nos provocam lágrimas e um aperto na garganta.

Mas não seremos nós responsáveis por coisas como esta? Por momentos, ou vidas inteiras de terror, fome e miséria?

Somos. E somos porque como sociedade consumista em que nos tornamos, incentivamos as empresas a migrar para sitíos como este à procura de mão de obra miserável. à procura de gente "dispensável".

Enquanto a nossa sanha consumista quiser comprar o "novo" e o "último" pelo mais baixo preço possível, estas coisas acontecerão. Na Índia, Bangladesh, China, Vietnam ou outro país qualquer onde o respeito pelas pessoas seja inexistente.
Onde um exército de miseráveis enriquece empresários sem escrúpulos e acaba por enriquecer os accionistas de grandes empresas mundiais.

A Apple, Mango, Nike, Indetex etc etc deslocalizaram para estes países a sua produção. Sentimos um abaixamento de preço é certo. Mas a verdade é que estas empresas sentiram uma subida fenomenal no lucro. Porque se livraram de mão de obra "cara" nos seus países de origem colocando-a numa situação de miséria e a foram encontrar nestes países em que as pessoas trabalham de sol a sol em troca de um salário que para nós não daria para sobreviver um dia.

A globalização é o fenómeno das sociedades de consumo "modernas". Que têm a ilusão de que vão manter o seu poder de compra, mesmo quando a deslocalização dos seus empregos é feita para países como este. De que serve ter roupa mais barata ou gadgets fantásticos se quem os deveria comprar perdeu o emprego e não tem qualquer rendimento?

Quanto tempo levará até que a Europa e os Estados Unidos percebam que acabarão com empresas fabulosamente ricas que não vão ter ninguém a quem vender o que produzem? Quanto tempo será preciso para que estes países exijam que os produtos fabricados pelas suas empresas nestes paraísos de escravatura, observem o mesmo respeito pelo trabalhador, pelo ambiente e pelo mais básico da condição humana?

Nenhum país ocidental pode competir com este tipo de custos. Não se pode competir com o custo num país em que a morte de 800 pessoas pela derrocada da miserável fábrica onde trabalhavam é apenas um episódio num continente em grande medida miserável.

Este tipo de coisas serve apenas um restrito grupo que tem lucros fabulosos à custa de mão de obra em países onde um restritíssimo grupo vive na opulência à custa de horrores como o do Bangladesh.

Ainda não ouvi ninguém a por em causa este modelo. Ninguém. Nem nas altas instâncias europeias nem nos EUA. Obama na sua primeira campanha falou disto timidamente. Rapidamente o calaram. Os lucros fabulosos de empresas como a IBM ou a Apple são feitos à custa de trabalho na China e na Ìndia pago a uma mísera fracção do que pagaria num país desenvolvido. Onde acabam com mão de obra qualificada no desemprego. Pela ganância do lucro.

A ganância do lucro é isto. A morte de 800 pessoas porque a fábrica lhes caiu em cima.
Se isto não é exploração mais infame da miséria com a mira do lucro grande e fácil, não sei o que será. É o capitalismo no seu pior, espalhando miséria e morte.

Mas a maior parte de nós parece conviver bem com isso. Desde que quem morra o faça longe e desde que vá havendo dinheiro para a roupinha da moda ou o gadget de último modelo.

Somos nós que nos vamos extinguir pela nossa própria estupidez ou pela nossa inação. Escolham uma delas.

O poder local

Como se pode ajudar a família a livrar-se de hipotecas?
Fácil.
Alguém na família faz um crédito para comprar umas quantas casas "velhas". Dá as ditas como garantia hipotecária. No caso presente 2.7 milhões de Euros.

É estranho logo para começar como é que alguém faz um crédito nestas condições, a menos que tenha  algum negócio em vista. E convenhamos que comprar casas velhas em 2010 é dum grau de clarividência pouco comum. Sobretudo com a paragem do sector imobiliário na sua quase totalidade.

Aguenta-se o dito património durante uns tempos, até o "alguém" arranjar uma solução para o pagar com dinheiros públicos.
Quando essa oportunidade surge é preciso que a coisa tenha uma aparência de honestidade. Por isso, vende-se, em negócio simulado ou não, a um terceiro que acabará a beneficiar desses dinheiros públicos e por sua vez garantirá uma mais valia interessante ao sortudo proprietário.

Basta para isso que a autarquia tenha interesse em ficar com esse património para algo de urgente. Como uma por exemplo uma Pousada da Juventude. Melhor ainda, para a Capital Europeia da Juventude 2012...

Acontece que o evento veio e já se foi. O facto de se chamar Capital Europeia da Juventude 2012 devia fazer soar algumas campainhas, ou não?
Uma das coisas que resulta da expropriação urgente para uma Pousada para um evento que já acabou há meses, é o pagamento da hipoteca. 2.7 milhões servirão para pagar o valor assumido pela filha e genro do autarca.
Claro que o valor a ser determinado para a expropriação será superior, garantindo assim uma mais valia simpática aos sortudos proprietários. Não será difícil imaginar que em 2 anos de posse dos velhos edifícios terão uma mais valia simpática. O mais curioso de tudo é que o financiamento com dinheiros da UE não está garantido ainda. Mas num gesto de antecipação extraordinário a câmara quer já avançar com o processo de expropriação.


Proteger do fracasso?

Ouvi hoje um bocado do forum TSF sobre os exames nacionais do 4º ano.

As opiniões dividiam-se. Uns eram a favor de uma avaliação e outros, sobretudo os pais eram contra.

E porque é que eram contra? Na maior parte das vezes or argumentos são absolutamente patéticos e reveladores da sua própria incapacidade de inculcar nos filhos o sentido de responsabilidade que se exige a um pai.

Bem sei que nesta idade responsabilidade é algo de muito "pesado". Uma criança não é por definição responsável. Mas numa família com um mínimo de capacidade para educar, a criança já foi exposta a situações em que tem de fazer determinadas coisas. Porque são a sua obrigação. Uma delas é ir às aulas e estudar.

A verdade é que muitos pais largam as crianças na escola e esperam que a escola faça aquilo que era a sua obrigação. A escola ensina e os pais educam. Esses são os papéis destes dois intervenientes.

Infelizmente a maior parte dos pais não acompanha os filhos no seu ensino, nem tão pouco na sua educação. São impreparados do ponto de vista escolar e nos mais básicos princípios de educação.

Ultra protegidos acabam por ser totalmente desresponsabilizados pelos pais. E isso paga-se.

Quando ouvi alguns pais dizer que ir para outra escola fazer o exame era tirar os filhos do seu ambiente fiquei possesso. É uma desculpa completamente esfarrapada. É algo que porventura os míudos nem sequer interiorizam como sendo um problema. É-lhes inculcado por quem os devia preparar para enfrentar desafios. Nem que esse desafio fosse uma simples avaliação de conhecimento.

Gerações de portugueses fizeram o exame da 4ª classe. Nunca veio nenhum mal ao mundo por causa disso. Mas agora parece que temos de ter todos os cuidados em não traumatizar as crianças. Claro que se lhes perguntarem eles dirão que preferem brincar. Mas se um pai ou uma mãe não consegue fazer um filho perceber a importância de estudar e ser avaliado, então não está a cumprir o seu papel.

Mesmo não havendo exames obrigatórios, muitos miudos foram avaliados para entrar para estabelecimentos de ensino privados. Às vezes mais do que uma vez numa semana, para maximizar as hipóteses de conseguir um lugar num bom colégio. E muitos conseguiram. Se assim não fosse os colégios não tinham estado cheios até há um par de anos atrás.

Os pais que preferem ver os filhos passar de ano sem qualquer avaliação do seu conhecimento são eles próprios uns irresponsáveis. E por isso acham que a forma correcta de educar um filho é protegê-lo de tudo, até de si próprio.

A falta de orientação e de seguimento das suas capacidades resulta numa imaturidade absoluta aos 17 ou 18 anos. Falta de rumo, incapacidade de decidir. E muitas vezes uma marca indelével que fica para a vida toda.

O facto de não haver exames até aqui não significa de maneira nenhuma que isso era uma boa opção. Era apenas a opção dos adeptos do eduquês prontamente apoiados por pais que preferem que o fillho passe em vez de aprender.

Por isso quando me dizem que esta é a geração mais qualificada de sempre dá-me uma certa vontade de rir.
Deparo-me com jovens licenciados com um grau de "verdura" e de irrealismo que seria alvo de gozo quando eu tinha 18 anos. É algo que não se espera numa pessoa com 23 e com um grau académico. Por vezes mestrado.

Estes pais são o resultado dum laxismo que se implantou depois do 25 de Abril. Resultado da mentalidade anti avaliação.  Porque ao avaliar se estabeleciam diferenças entre os que eram bons e os que eram menos bons e isso não servia os objectivos da ideologia dominante na educação.

Estes pais que passaram por sistemas de ensino completamente subvertidos na sua base são hoje aqueles que acham que os filhos são feitos de cristal. Que acham que se a criança for a outra escola fazer um exame ficará marcado para a vida. Estão a produzir inúteis incapazes de lidar com a frustração e com a pressão. Estão a criar pessoas que à primeira contrariedade desistem ou entram em pânico.

A avaliação, coisa que pedem para tudo e todos, senão veja-se a opinião vigente de que se devem avaliar professores, juízes etc etc, é algo que não se deve aplicar a mais ninguém. Mesmo que seja uma avaliação do conhecimento que seria suposto terem adquirido ao longo do ano.

E quanto aos telemóveis. Acho completamente absurdo que crianças desta idade tenham telemóvel para começar e parece-me ridículo que os telefones não lhes sejam pura e simplesmente retirados durante o exame. Termos de respnsabilidade parace-me completamente despropositado.

Infelizmente quando uma coisa destas acontece lá aparecem a agitar o fantasma o antigamente, como se fazer exames fosse fascista.
É ridícula a forma como se chegou a esta histeria por causa de uma coisa tão simples. Or argumentos contra os exames ou contra a logística dos mesmos é duma pobreza argumentativa digna de débeis mentais. E neste particular os pais estão à cabeça deste movimento de idiotas. Esperemos que os filhos consigam ser um pouco diferentes dos progenitores. Ou então a geração seguinte vai conseguir ser ainda pior do que esta.

Brother, where art thou?

Hollande, o foguete sem brilho. 
Mas no capítulo dos atributos presidenciais os números são calamitosos, considera o Le Monde: apenas 27% dos inquiridos consideram Hollande competente, 18% capaz de unir os franceses, enquanto 20% acreditam que ele está ciente do caminho que escolheu. E apenas 14% consideram que Hollande tem autoridade.

Quando entrou há um ano no Palácio do Eliseu para o seu primeiro dia como Presidente, Hollande começava com um nível de popularidade abaixo do dos seus antecessores. Chegava com 55% de opiniões favoráveis, enquanto François Mitterrand começara o seu primeiro mandato com 74%, Jacques Chirac com 64%, a mesma percentagem para Nicolas Sarkozy no seu primeiro e único mandato. Hollande continuou a descer, embora algumas decisões, como a intervenção militar no Mali, lhe tenham dado algum alento.

Cumpriu a promessa de repor a idade da reforma nos 60 anos, mas renunciou à de reformar o estatuto penal de um Presidente, o que poria fim à imunidade presidencial. Suspendeu, sem desistir, a promessa da não acumulação de mandatos, mas cumpriu o compromisso de pôr fim à regra de não substituição de um em dois funcionários públicos. Como anunciado, retirou tropas francesas do Afeganistão. Cumpriu apenas em parte a promessa de impor uma taxa de 75% sobre os rendimentos acima de um milhão de euros, com um imposto de 66%. E avançou com o compromisso de tributar em 45% os rendimentos acima dos 150 mil euros.

Não reduziu o défice aos 3% do PIB em 2013, como prometera, nem renegociou o pacto orçamental europeu, mas destacou-se pela positiva ao mostrar reservas em Bruxelas e Berlim com a opção de limitar a política económica ao reequilíbrio das finanças públicas. A lista é longa. Das 60 promessas listadas na imprensa francesa desta segunda-feira, 28 foram total ou parcialmente cumpridas neste primeiro ano.

Fonte : Público
 Só pergunto a quem é que isto pode surpreender. O homem que ia ser a salvação de Portugal, pressionando Merkel, a inimiga dos esforçados povos do Sul, parece ter uma reputação em França muito pior que a de Seguro em Portugal.

As promessas cumpridas são poucas. De destacar a de repor a idade de reforma nos 60 anos, que provavelmente terá de voltar a ser alterada quando alguém fizer contas à sustentabilidade do sistema de Segurança Social em França.
Com o anúncio do imposto de 75% conseguiu passar a não cobrar nada a muita gente rica. Que simplesmente se "transferiu" para o país do lado.
O controle do deficit também parece ter tido resultados fraquitos. Isto para já não falar nos empecilhos ao empreendedorismo que levaram muitos franceses a preferir sair do país e iniciar os seus negócios fora de França.

Hollande tem o problema endémico dos socialistas. Têm esta ideia peregrina de que vão mudar o mundo a ser bonzinhos e acabam a mudar o mundo para pior.
A persistência em querer negar a realidade, em querer pintar um cenário em que os maus são os que têm dinheiro, acaba por resultar em verdadeiros falhanços.
Quando estão no poder são todos pró mercado. Quando estão fora tentam voltar amaldiçoando o mercado e os que o fazem mexer. Apenas porque sabem que a maioria não é rica e acicatar a "luta de classes" dá sempre dividendos eleitorais.

Não há-de tardar muito teremos a Frente Nacional a discutir as vitórias em França. Aliás, se fosse hoje Hollande nem iria a uma segunda volta. Seria Marine le Pen e Sarkozy a disputar o lugar.

Só num ano Hollande passou de esperança de muitos a desilusão de quase todos. A percentagem que acha que ele vive alienado da realidade é enorme.

Seguro sabe escolher os seus heróis sem dúvida nenhuma. Talvez devesse ser mais prudente quanto às suas apostas e quanto à suas escolhas de exemplos a seguir.
É caso para perguntar que ajudas teve Portugal de Hollande a não ser a recepção de Seguro no Eliseu e um ou dois discursos de ocasião.

Até agora nada. Nem cá, nem lá.

Black noise

O país anda inquieto.
Não há um dia que passe sem mais um caso ou mais uma acusação.

À falta de notícias positivas, muito por causa da omissão das mesmas nos media, todos os dias nos servem uma nova versão da desgraça.

E o efeito que isso acaba por ter nas pessoas é o pretendido. As pessoas ficam inquietas. Muitas das vezes sem saber porquê, mas o constante martelar de casos e casinhos leva a que as pessoas andem nervosas.

A cada episódio as replicas sucedem-se. Um pequeno tremor de terra tem réplicas maiores que o fenómeno que o causou. E esta amplificação é medida e pensada para que tenha o efeito pretendido.

Os dois caos mais recentes são os de Marques Mendes e o discurso de Paulo Portas.

Imediatamente começaram as acusações de clivagem no seio da coligação. Marques Mendes defende que a clivagem se deve ao facto de Passos se estar a marimbar para as eleições, pondo a sua posição e a de outros do aparelho do partido em causa, e que Portas só olha para as eleições. Esta acabaria por ser a razão da destruição do Governo. A partir de dentro.

Só o simples facto de se manifestar tanta estranheza por posições diferentes na coligação é logo em si razão para estranhar.

Numa coligação coexistem vários partidos. As opiniões do PP e do PSD são bem conhecidas e nem sempre coincidentes. O que resulta do acordo entre os dois é aquilo que o Governo nos serve sob a forma de decisão política. Obviamente que o partido minoritário, ainda que sendo o suporte do governo, nem sempre pode levar avante as suas intenções pondo o partido maioritário sob chantagem constante. Por isso nem sempre estão de acordo e por isso nem sempre a opinião do partido minoritário prevalece. Aí sim seria uma boa base para o rompimento da coligação.

Nenhum dos partidos da coligação pode ter esperança de grandes resultados eleitorais com o cenário presente. As medidas gravosas que têm aplicado não deixam nenhum dos dois sair incólume. A não ser que haja uma sensação nítida de recuperação antes do fim do mandato, os dois irão sair a perder nas eleições.

Mas o simples facto de Portas dizer que preferia medidas alternativas ao corte nas pensões foi tomado como uma grave falta de alinhamento com as posições do Governo. E, pela enésima vez, a razão pela qual a coligação irá cair.

Quando apresentou as medidas ao país, Passos Coelho deixou bem claro que estaria aberto a sugestões alternativas que conduzissem a um resultado igual. Abriu essa possibilidade a todas as forças políticas.

Rapidamente os partidos de esquerda qualificaram o apelo de farsa. A menos que Passos Coelho faça o impossível (rasgar o pacto de "agressão") não há acordo. Nem sequer propostas alternativas.

Restou o PS. O partido que se tem arrogado de ter toda a espécie de soluções para a crise não tem propostas alternativas para apresentar. Vê esse gesto como o seu assentimento de que o caminho está certo, apenas com algumas variações de pormenor.
Parte de pressupostos completamente contraditórios aos do Governo. De acordo com o PS a solução estaria em renegociar as condições da ajuda. Pedindo devolução de mais valias com os juros da dívida ao BCE e baixando os juros a pagar.

Claro que não é preciso ser nenhum génio para perceber a futilidade destas pretensões. Portugal não conta. Nem para o melhor nem para o pior. Não tem peso negocial. Qualquer tentativa de conseguir este tipo de resultados numa negociação é tempo gasto inutilmente.

Resta-lhe portanto insistir que as medidas existem sem nunca ser chamado a pô-las em prática. Enquanto não se provar que as medidas basilares do plano não são uma quimera, todo o plano se pode manter como sendo a melhor coisa de sempre.

O PS não tem outro remédio que dizer não. As suas propostas não podem ser postas à prova nem o PS quer que elas o sejam. Assim mantém-se a presunção de que seriam as medidas salvadoras.

O facto de o CDS ter tornado público que está em desacordo com uma parte das medidas pode ser um gesto eleitoralista. Pode ser uma afirmação para o seu eleitorado de que está a tentar tudo para que as medidas não sejam levadas avante. Não passa pela cabeça de ninguém que Paulo Portas não tenha discutido primeiro essas opções no seio do conselho de ministros. O discurso de Portas pode muito bem ser um gesto para fora sem consequências para dentro do Governo.

Obviamente que o discurso teve logo repercussões nos media. Há já quem anuncie o fim do governo a meses de distância. Mas a verdade é que nem Passos nem Portas são estúpidos ao ponto de fazer hara kiri dias após terem acordado as medidas. Algumas delas ainda abertas a discussão como disse Passos Coelho.

Em suma, podemos estar perante uma mão cheia de nada. Já não era a primeira vez. Notícias de Paulo Macedo e Teixeira da Cruz a querer sair do Governo já andaram por aí. Notícias de Gaspar a dizer que sai também. Nenhum dessas coisas se materializou. Provavelmente agora acontece o mesmo.

Mas enquanto há assunto para uns dias de notícias todos andarão de volta disto. Até haver mais uma coisa qualquer que leve a que o "governo "caia outra vez.

O facto é que esta instabilidade "injectada" na cabeça das pessoas as põe inquietas. Desorientadas e sem saber como distinguir o que tem importância daquilo que não tem.

A informação passou de ser uma forma de que as pessoas façam os seus juízos para ser uma forma de condicionar a forma de pensar. Se todos os dias houver notícias alarmistas mantém-se uma sensação de instabilidade e descontentamento generalizado que serve perfeitamente à ala esquerda partidária.

O problema é que isto já cansa. E não deve cansar apenas quem ouve. Deve cansar o Governo que tem de certeza outras coisas bem mais importantes para resolver do que dar atenção a gente como Marques Mendes ou outros comentadores de serviço que de imparciais e isentos nada têm.

Vamos ver se pelo menos não entramos num estado de social unrest que muitos desejam que aconteça e para o qual contribuem todos os dias.

Pequenos homens, grandes façanhas

Marques Mendes. O nódoa, para aqueles que se lembra.

Uns dos tais críticos sistémicos do governo de Passos Coelho foi mais longe ontem do que qualquer político tinha conseguido ir.

Numa crónica inenarrável não só referiu algo que não devia como se revelou na sua totalidade.

Começou por revelar em primeira mão que ia ter lugar um Conselho de Estado. Ora, sendo conselheiro, não me parece que seja muito correcto comportar-se como alguém a quem não se pode fazer nenhuma confidência. Não cabe de certeza a um conselheiro vir revelar que vai ter lugar um conselho de Estado.

Mas comparado com o que veio depois, esta inconfidência é uma coisa menor.
"Passos Coelho, com este conjunto de medidas apresentadas nesta altura deu um sinal político aqui. É de que já não acredita em ganhar eleições. É uma espécie de deitar a toalha ao chão, o que lhe pode vir, de resto, a criar problemas amanhã, dentro do partido, quando deputados, autarcas e gente perceberem que vão perder tudo. Agora, Paulo Portas não desistiu de ganhar eleições pelo que pode haver aqui uma clivagem".
A única coisa na mente destes indivíduos é o seu tacho futuro. A única coisa que os preocupa, e por isso o país está como está, é a perpetuação num lugar qualquer pago pelo Estado.

Na verdade eles não estão minimamente preocupados com o facto de o país se poder tornar em qualquer coisa de aproveitável.  Eles estão preocupados com o resultado das eleições seguintes que pode determinar o tacho a que podem ter acesso.

"perder tudo"... Porque não têm mais nada. Porque gente como Marques Mendes nunca foi nada sem o partido. E isso deve ser aterrador para quem sempre teve um nível de vida simpático e a bajulação de muitos pelo facto de ter poder ou de estar perto de quem o tem.

Até o facto de estar a comentar numa TV, certamente pago, só acontece pelo que foi na política.

É vergonhosa a forma como esta gente vê a política. Não se importariam nada de queimar o país desde que isso significasse que eles não perdiam nada.

Eu sabia que os comentários aparentemente "desinteressados" de toda esta gente tinha de ter alguma coisa por trás. Marques Mendes, certamente sob a influência de qualquer substância não mediu as palavras. Saiu-lhe. Foi o primeiro a deixar cair a máscara do interesse público e a focar-se exclusivamente nos "pequenos" interesses particulares. Nos quais certamente se encaixará o dele.

Pela revelação do Conselho de Estado que aparentemente não vai existir, a única coisa que o Presidente podia fazer era convidá-lo a deixar de ser conselheiro. Mas sabemos que um conselheiro não é demitido e sabemos que o facto de Marques Mendes ter sido o lambe botas de Cavaco também fará com que Cavaco não fala nada. Aos amigos perdoa-se tudo.

Mas quanto ao que ele disse do partido, é vergonhoso que isso não tenha consequências.

Pela primeira vez tinha ficado impressionado com um político que disse que punha o país à frente do partido. Se salvar o país implicasse perder as eleições, pois que as perdesse.

Infelizmente a corja que tem no partido não vê as coisas assim. Que se lixe o país. As eleições e os tachos estão primeiro.