Patologicamente desavergonhado

Soube-se há poucos dias aquilo a que se chama o "buraco dos swaps"

Com os Governos de Sócrates tornou-se prática reiterada nas empresas públicas e que se soubesse a dívida das mesmas tinha duplicado durante os seus mandatos com Sócrates ao leme.

As dívidas iam sendo incorporadas em novos contratos, mascarando o problema e atirando para o futuro a sua solução. Que cada vez se tornava mais grave e mais volumosa.

Acontece que a juntar a isto a forma como alguns desses contratos de swap foram feitos denota uma total incompetência. De tal forma grande que é caso para pensar que possa existir dolo.

A verdade é que a juntar ao já monstruoso buraco de dívida das empresas públicas se soma agora mais um buraco de 3.000 milhões resultantes destas práticas reiteradas.

Numa audição parlamentar, Vitor Gaspar referiu que era prática corrente com os governos de José Sócrates fazer este tipo de "engenharias" para esconder desorçamentação e prejuízos. Nas palavras de uma famoso nabo em economia "gerir a dívida".

Com a troyka a chegar a Portugal teve de se acabar com esta ocultação de despesa do estado não inscrita no orçamento. E surpresa das surpresas, ela era muito maior do que se poderia supor. O PS fez desta trapaça a sua forma de funcionar.
Só que agora a "gestão da dívida" chegou ao fim. Como era de esperar e como infelizmente descobrimos.

Gaspar referiu que o PS tem uma "incapacidade patológica de assumir responsabilidades" em resposta ao que um deputado do PS chamou "ofensas gratuitas" da parte do ministro.

Não há uma única asneirada que o PS tenha assumido perante o país.
Quase parece que não cometeu um erro. Quase parece que fez tudo bem.
A conjuntura internacional é que destruiu o país.

Mesmo perante estes casos em que a incompetência ou dolo são absolutamente óbvios, ainda há um qualquer palhaço da bancada do PS que se atreve a insultar o ministro e as nossas inteligências.

Se este fosse um país em que estas coisas são investigadas e punidas até às últimas consequências, haveria muita desta ralé a ver o sol detrás das grades. Com os seus bens confiscados e sem nunca mais poder ambicionar chegar perto do poder.
Estes indivíduos deveriam julgados e punidos pelos crimes que cometeram. De tal forma que nunca mais pudessem aspirar a ter um cargo público ou privado.

Com este tipo de casos que todos os dias vêm a lume é fácil perceber como é que o país chegou aqui. Estes indivíduos puseram-nos numa espiral de dívida sem fim, nunca abdicando de fazer grandes "negócios" com a banca e com as empresas satélites do PS.

A cada caso destes, segredado entre camaradas, ia-se buscar mais um saco de dinheiro aos "mercados". Mil milhões para cada mês que passava. E assim fizeram durante 6 anos. Não admira que a dívida tivesse disparado como disparou. Não admira que estivessem mortinhos para largar tudo depois de negociar o acordo com a troyka.
Sócrates sabia perfeitamente que muitas destas coisas viriam a lume. E por isso se encontrava no recato intelectual de Paris.

Deixou por cá um exército de palermas a defender a honra que nunca teve. Gente como este Pedro Marques que acusa o ministro de fazer "ofensas gratuitas" perante a esmagadora realidade. Perante a esmagadora evidência da incompetência, má fé e falta de honorabilidade do PS.

Não é nada que me espante. Mas na verdade até preferia que o PS fosse um partido credível e com gente de qualidade. Tinha-se evitado todo este horror que estamos a passar.

Tinha-se evitado tanta coisa. Bastou um delinquentezeco conseguir chegar à liderança do partido (aplaudido de forma Norte Coreana no Congresso) para que o país ficasse como está.

6 anos bastaram para transformar tudo num lamaçal. 6 anos bastaram para se perceber como um homem apoiado por acéfalos destrói um país.

Ofensas gratuitas? Creio que não basta. Bastaria sim um bom rolo de corda e uma trave.

Não é assim tão difícil de perceber

Este país mais parece um asilo de doidos.

Mas custa-me muito acreditar que todos os que falam saibam só aquilo que dizem.

Há uma série de premissas das quais não podemos fugir. E há uma série de constrangimentos dos quais também não podemos fugir.

Assim, tudo o que possa ser pensado para por o país nos eixos não pode ignorar nenhuma destas coisas. Mas a verdade é que o discurso dos partidos prima por ignorar olimpicamente a maior parte delas.

1. O país tem um deficit crónico que tem resolvido com endividamento
2. O endividamento tornou-se impossível pelas elevadíssimas taxas de juro que atingimos durante 2011 e 2012
3. Para suprir esta falta de crédito, o FEEF emprestou a Portugal 78 mil milhões

Quanto a isto creio que não há muitas dúvidas quanto à sua veracidade. As razões para termos chegado aqui são abundatemente conhecidas, mas isso não vem ao caso.

A consequência mais evidente deste plano de ajuda é:

1. A dívida vai aumentar em 78 mil milhões pelo menos. Quem não percebe isto não sabe fazer contas

O FEEF impôs a Portugal uma série de condições para nos emprestar o dinheiro que precisávamos para, entre outras coias, pagar salários à função pública e pagar juros e capital de dívidas a atingir o ponto de maturidade. Forem elas:

1. Redução da despesa do Estado no valor de aproximadamente 15.000 milhões de Euros
2. Reforma do Estado
3. Reforma da Lei Laboral
4. Reforma da Justiça
5. Privatização de empresas
6. Fim da desorçamentação omnipresente nas nossas contas


Um dos pontos constante do MoU era a redução das rendas pagas pelo Estado no sector da energia e rodoviário.
Mas esse ponto não passou até agora de uma leve poupança. Muito longe daquilo que poderia ser.

Para garantir que estas condiç\oes eram cumpridas, o dinheiro é entregue em tranches após avaliações trimestrais onde são avaliados objectivos passados e estabelecidos outros para o período seguinte.
Disto resultou:

1. Privatização da EDP, ANA e tentativa de privatização da TAP e RTP
2. Redução de salários na função pública
3. Redução de prestações sociais
4. Alteração de regras de pagamento de horas extraordinárias e abonos
5. Alteração das regras de indemnização por despedimento
6. Aumento da carga fiscal em sede de IRS, IMI, e IVA (mudança de taxa)
7. Redução do nº de contratados no Estado (o caso dos professores é o mais óbvio e volumoso)

O que é que se espera que aconteça numa situação destas? Vários destes pontos causam uma redução de dinheiro disponível nas mãos dos cidadãos. Não é preciso ser nenhum génio para perceber que:

1. Incumprimento cada vez mais generalizado das obrigações de crédito
2. Os bancos vão deixar de dar crédito à parva com medo do "mal parado"
3. O crédito mal parado nos bancos vai aumentar
4. As famílias vão ter menos poder de compra
5. O consumo das famílias vai reduzir-se consideravelmente
As consequências são óbvias. E as duas coisas que mais vão sofrer são aquelas que nos custam mais dinheiro durante a nossa vida. A casa e o carro.

1. A venda de automóveis vai cair (a maior parte era feita a crédito)
2. A venda de casas vai cair
3. O consumo de combustíveis vai cair
4. O consumo de tudo o que pode ser considerado supérfluo vai cair
5. Abandono do ensino superior, sobretudo o privado, vai impactar as Universidades a ponto de serem extintos cursos.

e isto vai causar

1. Empresas fecham as portas por prejuízos acumulados ou para prevenir que isso aconteça
2. Postos de trabalho perdidos. Desemprego a aumenta. O ponto 2 anterior contrubuiu de forma muito considerável para este aumento de desemprego. Estima-se que em 30%
3. Mais gente dependente do Estado para receber o subsídio de desemprego
4. Mais gente a emigrar para fugir ao espectro do desemprego e da mera sobrevivência
5. Menos gente a contribuir com os seus rendimentos para  receita fiscal
6. Menos empresas a contribuir para a receita fiscal

É óbvio que mesmo que se aumentem as taxas de imposto, a partir daqui o efeito é o contrário do pretendido. A receita irá baixar se isso acontecer. E o Estado irá ter mais encargos para suportar a vaga de desemprego que isso iria causar. Ou então teria de dividir um bolo ainda menor por um grupo ainda maior.

A única coisa de bom que saiu de tudo isto é que as empresas que outrora apostavam só no consumo interno, passam a pensar nas exportações para garantir a sua sobrevivência. E essa subida é algo de incontestável.

As relações causa/efeito podem estar aqui expressas de forma um pouco simplista, mas são em linha geral isto.

Nenhum partido que olhe para a situação pode dizer que isto não era esperado. Debaixo de um plano de ajuda como o nosso é totalmente ridículo esperar que os problemas se resolvam em 2 anos. O mais grave é que a conjuntura económica internacional também não é brilhante e causa alguma entropia num sistema preso por fios. Esperar que o plano vá do princípio ao fim dentro das previsões é de quem pensa que as sociedades e a economia são coisas exactas, científicas e reproduzíveis. Não são.

Por isso quando ouço Seguro apontar soluções para este problema fico fascinado com o grau de inocência que demonstra. Ou de má fé. Ele, sendo naturalmente imbecil, pode até acreditar no que está a dizer, mas outros há que sabem que o que Seguro diz é impossível. É uma mentira.

Esperar que se vá para uma negociação com o BCE exigindo a devolução de mais valias feitas com a dívida portuguesa é no mínimo patético. Numa negociação há duas partes. Neste caso uma extremamente débil e outra totalmente poderosa. Acham que a parte poderosa vai dar dinheiro de mão beijada Portugal só porque Seguro o pede?

Outras propostas partem do princípio que o Estado deve fomentar a economia para a fazer sair do ciclo recessivo. Sabendo nós os fantásticos resultados que isso deu, como podemos nós esperar que dê um resultado diferente? Acresce a isso que agora não há dinheiro para "fomentos". Não há maneira de esconder desempregados em estágios pagos, ou ajudas a empresas falidas.
Falidas como o estão todas as empresas do sector público. Que a juntar aos prejuízos operacionais endémicos ainda juntaram perdas de "casino" da ordem dos 3.000 milhões (que se saiba) embarcando em contratos de swap de taxas de juro com características verdadeiramente duvidosas.

Temos depois o PCP e o Bloco.
A abordagem destes dois partidos é quase tão simplista como este pequeno post mas, ao contrário do PS, sabem perfeitamente que não há dinheiro e que a dívida é um pedregulho em cima de nós.
E por isso propõem uma coisa muito simples. Não pagar a dívida.
O que é que isto causaria no dia seguinte a uma declaração de "não pagamos"?

1. Taxas de juro da divida soberana em todas as maturidades dispararia para valores incomportáveis
2. Portugal não poderia financiar-se nos mercados de dívida
3. O FEEF cortaria a ajuda nas tranches restantes
4. Portugal seria forçado a voltar à sua moeda desvalorizando-a de forma substancial
5. O nosso poder de compra cairia a pique
6. Incapacidade de pagar as exportações, nomeadamente petróleo, e gás
7. Colapso na produção de energia. Só conseguimos ser auto suficientes com renováveis em anos de pluviosidade anormal como este. E apenas em períodos limitados. Neste momento já não produzimos o que consumimos.
8. Emigração ainda mais pronunciada. Todos os que pudessem fazer uso das suas qualificações fora do país, fá-lo-iam. 
9. Num cenário de colapso económico a receita do Estado sofreria ainda mais. As ajudas sociais não passariam de uma miragem.

Ou seja, seria como amputar uma perna por se ter uma unha encravada no pé.

E sabendo isto, ou pelo menos podendo antever isto, estes partido persistem neste discurso. Sabendo perfeitamente que o que estão a prometer às pessoas (a solução para o mal) é um mal ainda pior.

Não é por acaso que estes partidos têm uma representação marginal na sociedade. Ainda assim há quem morra por estas ideias. Que pressupõem um Estado dono de tudo e com total capacidade de viver isolado do resto do mundo.
Ainda não aprenderam nada com Cuba e com o seu modelo assente na solidariedade da USSR. Que quando acabou os tornou num país num estado de absoluta miséria. Sobreviver em vez de viver.

Mas se o que o PCP e o Bloco dizem é conversa para agradar a fanáticos, aquilo que o PS diz é muito mais grave.

E é mais grave porque o PS é um partido de poder. De tal forma que lá esteve 12 em 15 anos possíveis. De tal forma que foi o PS que causou isto na sua quase totalidade.

E apesar de o terem feito não aprenderam nada.
O que me leva a concluir que não devem conseguir fazer melhor.
E vem o Secretário Geral falar num congresso como se de uma alma pura se tratasse. Como se FINALMENTE tivéssemos alguém capaz não só de não repetir o que os outros fizeram como de resolver o que eles fizeram.
Os seus camaradas...
Aqueles que num espaço de 6 anos duplicaram a divida. E que pediram mais 78.000 milhões que faltavam quando saíram.

O que me parece é que na política existe gente demais que pouco sabe e se limita a repetir os chavões que ouve dos seus lideres.
No PS a competência não é propriamente abundante. A honestidade também não. Juntem essas duas coisas e a mistura é explosiva.

Mas a chatice é que a explosão é para o nosso lado. E depois de estarmos a tentar sobreviver à ultima explosão que provocaram, ainda têm a esperança de voltar ao poder para causar uma ainda maior.

Ejaculação precoce

Parece ser o resultado deste congresso do PS.

Precoce e com 2 anos de avanço, o que diz bem do estado de excitação do PS.

As propostas "para o país" vão do ridículo ao irreal. Mas não são mais que o "documento" que o PS já tinha tornado público com as suas 5 grandes propostas para a salvação do país.

As duas melhores são sem dúvida a da renovação urbana e a do IVA dos restaurantes. Se a primeira denota um desfasamento preocupante em relação à realidade a segunda revela delírio.

Num cenário como o nosso em que o colapso do sector da construção civil é o responsável por mau crédito na banca e um desemprego assustador, querer começar a renovar casas para salvar a "indústria" só pode querer dizer que esta gente ainda não percebeu que o "modelo" acabou.

Temos stock de casas novas até Deus sabe quando. Temos os bancos a não dar crédito a ninguém, a não ser que esse alguém não precise do crédito. E temos o sector da construção completamente descapitalizado e parado.

Talvez Seguro perceba pouco do sector. Talvez saiba que as pessoas ainda sabem menos. Mas as pessoas sabem que "os jovens" não vão ser a salvação da construção em Portugal. Não estamos na Alemanha nem num país nórdico em que os jovens têm toda a espécie de apoios para se tornarem independentes.
Essa visão romântica do "jovem" que vive na casa primorosamente recuperada numa zona típica de Lisboa não existe.

A renovação por conta dos senhorios sobrecarregados com impostos sobre o património e rendas de miséria também não existe. No dia em que a casa for renovada aparecem os senhores das Finanças a fazer uma reavaliação e o IMI dispara a níveis que as rendas não podem acompanhar. Acresce ainda o facto de as rendas serem incorporadas em IRS pelo que a sua taxa será bem mais alta que a taxa que pagam os juros de capital investido.

Um senhorio esperto vende o imóvel e faz um depósito a prazo. Deixa de pagar IMI e passa a pagar vinte e tantos por cento sobre os juros. Não há que chatear.

Para que haja um aumento efectivo da renovação urbana isso só pode ser feito pelos privados. Não pelo Estado que é proprietário e consegue ainda ser pior a manter as coisas em ordem.
Mas para os privados se meterem nessas aventuras, quiçá com recurso a crédito, é preciso que os impostos sobre o património e sobre os rendimentos prediais estejam pelo menos ao mesmo nível que os depósitos a prazo. Senão não compensa e fica apenas a renovação urbana que as câmaras vão fazendo mal e porcamente.

Seguro sabe mesmo muito pouco do assunto e fala para quem entende menos. Aqueles a quem este tipo de medida pode interessar sabem que Seguro não sabe o que está a dizer.

Mas o mais notável da ejaculação precoce do PS foi o "pedido" de maioria absoluta. Como se isso se pedisse. E está a pedir a quem? Aos que votam nos outros para a evitar?
E depois com uma maioria absoluta faria uma coligação? Com o PCP e com o Bloco?

O Bloco sem o seu "papa" desapareceu.
Semedo diz umas vulgaridades e a mocinha nem isso diz. Chavões mal aprendidos repetidos até à exaustão. É assim que viveram toda a sua vida. Se Semedo é um comunista caduco a mocinha e uma comunista idiota. É apenas idiota. Nem mais nem menos. Não tem história, não tem traquejo, tem o carisma de um paralelo da estrada. Uma perfeita nulidade.

No PCP Jerónimo nunca teve interesse em partilhar o poder. Isso do diálogo é entre os seus. E é um diálogo à PCP. Dialogamos e depois o comité Central diz qual é a versão oficial.
Nunca na vida Jerónimo se aliaria ao PS. Para o PCP o PS é um partido de direita. E o eleitorado do PS que saltita entre o PSD e o PS nunca aceitaria tal deslize.
O PS só se tornou um partido capaz de maioria absoluta por se ter encostado ao centro e ter "roubado" eleitorado ao PSD e até ao PP. Uma aliança como a que Seguro agora defende seria o início da travessia do deserto para o PS.

O PS percebeu agora que a legislatura vai até ao fim. Passam o dia a dizer que há conflitos dentro do Governo porque têm a esperança que o CDS rompa a coligação.
Portas não o fará nem o PSD insistirá em enfrentar o CDS. Irão os dois ceder cada um a sua parte para preservar o Governo até às próximas eleições.

Nessa altura pode ser que a situação melhore e que voltem a ter uma oportunidade. Fazer cair um Governo a partir de dentro seria entregar o poder de mão beijada a este grupo que está ansioso de voltar a meter a mão no saco.

Não há muita gente honrada no PS. Nunca houve. Foi sempre com eles que o país se meteu em buracos. E nessa altura as coisas estavam bem melhores.
Esperam agora que as pessoas acreditem que fariam melhor que estes?

Se calhar deviam ver as sondagens que dizem que o PS não é alternativa. Porque não é. O PS não é alternativa a nada. É apenas um grupo demasiado habituado a estar por cima e que se porta como uma corja de ladrões e filhos de puta.

Bem podem por uma musiquinha épica no Congresso. São e serão aquilo que sempre foram. Um grupo de merdas ansiosos por poder.

Finalmente temos comida e papel para diplomas

16 dias esteve em vigor. 16 dias para que o Governo pudesse pensar em maneiras de compensar o valor que ficou em causa com a decisão do TC.

Mas desde o 1º dia que a gritaria atingiu níveis ensurdecedores. Ao ponto de um reitor de uma Universidade qualquer afirmar que assim não podiam comprar papel para diplomas.

Pelo menos durante 3 dias o despacho foi tem de conversa em tudo o que era debate televisivo, artigo de jornal e declaração partidária.

O despacho deixa de estar em vigor e merece um noticia minúscula no Público. Jornal que foi um dos mais barulhentos de panfletários ao agitar a bandeira de um país "congelado" pelo despacho "fascista" de Gaspar.

16 dias em que o mundo acabou, mas em que as pessoas já não se lembram.

Não vem agora nenhum reitor aliviado a dizer que já tem papel para diplomas ou que as cantinas vão poder voltar a comprar alimentos.

Muita demagogia e muita desonestidade intelectual grassa neste país.

Passe lá diplomas à vontade sr. Reitor. Não se canse.

PS quer explicações. Toda a gente quer explicações

Uma auditoria feita às operações financeiras realizadas pelas empresas públicas já causou vitimas.

Dois secretários de Estado com funções executivas na Metro do Porto sairam do Governo.

Terão feito contratos de swap de taxas de juro para proteger a empresa da subida da Euribor. Basicamente andaram a "brincar" com produtos financeiros perigosíssimos e tramaram-se. A valer. O mais chato é que tramaram dinheiro dos contribuintes.

Mas não foi só a Metro do Porto. Desde 2008 que foi prática corrente fazer este tipo de contratos de swap. De tal forma que o potencial de perdas no sector empresarial do Estado é de 3.000 milhões. Perto daquilo que o país precisava de poupar nos gastos do Estado para que o ajustamento não precisasse de mais cortes.

Disto ressaltam imediatamente dois aspectos:
1. Estas empresas andaram realmente em roda livre. A fazer coisas que poria qualquer empresa privada na falência. Mas se os exemplos e as autorizações vêm de cima todos o fazem. E fizeram pela medida grande
2. Pela primeira vez há consequências. Que para já ficam pela perda do lugar de Secretário de Estado.

Pouco importa se eles foram ou não os cérebros destas operações. Estavam sentados na administração e tinham lugares executivos. A responsabilidade tem de chegar até eles, porque simplesmente ninguém faz isto sem o aval da administração. Assim, saiam rapidamente e sem muito barulho.

E por uma vez na vida tudo parece feito com alguma lisura. O "despedimento" digamos assim.
Ou não?

Não, claro que não.
O PS, aonde a inteligência parece não abundar, vem pedir explicações sobre este caso.
É como se se regassem de gasolina, subissem para um monte de palha e acendessem um fósforo.

Esta práticas de "brincar" com produtos financeiros altamente "perigosos" começou precisamente com a gestão socialista. Convenceram-se que eram homens da grande finança e que não tinham de prestar contas a ninguém. O estado e as empresas públicas em particular actuavam "quase" como empresas privadas. E digo quase porque isso só acontecia para um dos lados. Quando havia perdas o Estado entrava com o dinheiro dos  contribuintes.
E durante anos fizeram isto sem qualquer consequência a não ser a mudança de gabinete.

Claro que agora nenhum dos artistas nomeados para estas empresas pelo PS estará num lugar de Governo. Mas estarão muitos certamente nas administrações destas empresas. E seria muito bom que a auditoria chegasse a todos eles e não se ficasse só pelo "despedimento".
Processos judiciais exigem-se em casos destes. A gestão danosa é um crime e foi praticada abundantemente durante governos passados, nomeadamente nos dois anteriores a este. E se neste acontece, que sejam investigados e accionados judicialmente os responsáveis por tropelias deste tipo.

Ter o PS a pedir explicações sobre este caso é no mínimo patético e mostra bem que o que o PS diz todos os dias já nem é determinado pela táctica política. É apenas para fazer barulho "contra" o Governo.
A maior parte das pessoas nem percebe bem o que se passa. Ao ouvir um tolo qualquer do PS a "pedir explicações" ficará com a ideia de que esta é mais uma coisa que é o resultado das asneiras deste Governo.
Aparentemente foi quem fez alguma coisa bem. Para já pôs os dois secretários de Estado fora do Governo. Vamos ver se esta auditoria pode ter consequências mais profunda de teor criminal. 

Marinho Pinto (cognome El Ressabiado)

Alguma coisa move este débil mental contra a magistratura.
Não sei o que é nem se ele terá razão ou não. O que me parece é que um Bastonário da Ordem dos Advogados não pode comportar-se como ele se comporta.

Na AR acusou magistrados de falsificação de actas. "Abertamente falsificadas" foi a expressão que usou. Afirmou também que o provaria em sede própria.

Pouco depois, quando saiu, interrogado por uma jornalista porque é que nunca tinha apresentado queixa, respondeu "porque não se pode provar". A jornalista prossegui dizendo que ele tinha afirmado "lá dentro" que o provaria em sede própria. Ao que ele retorquiu que podia provar porque "tenho as actas aí, tenho as coisas,,,"

O mínimo que se espera do representante mais alto de uma classe profissional que se quer íntegra e sobretudo ponderada quando tece acusações é precisamente ponderação.

Coisa que mArinho Pinto não tem, seja por cegueira de mediatismo seja por pura e simples estupidez.
Ele não é um advogado brilhante. Longe disso, é mesmo muito medíocre.

Talvez esse facto o leve a olhar para os magistrados como os culpados da sua mediocridade e a atacá-los de forma completamente acéfala sempre que tem oportunidade ou completamente a despropósito como acontece na maioria das situações.

A ASJP apresentou queixa no MP contra incertos por falsificação. Marinho Pinto será com toda a certeza chamado a depor. E com toda a certeza não terá nada para mostrar como ficou patente pela resposta que deu à jornalista à saída da comissão.

O que se segue será certamente uma queixa por difamação contra Marinho Pinto. Tem de ser. Não se pode permitir que este cavador de batatas passe a vida pelas televisões ou até pelos órgãos de soberania insultando tudo e todos sem nunca substanciar nenhuma das acusações.

Nunca Marinho Pinto apresentou nenhuma queixa destes delitos às autoridades. Nunca.

Limita-se a ficar pelo espaço mediático, levantando suspeitas, sujando toda uma classe profissional de cada vez que lhe metem um microfone na frente.

Não é aceitável depois do que já fez que fique impune. Foi corrido da ordem por declarações inaceitáveis antes de ser bastonário (Comissão de Direitos Humanos), armou verdadeiras peixeiradas nas aberturas dos anos judiciais, qualificou os magistrados de incompetentes diversas vezes, comporta-se como um ditadorzeco na Ordem afirmando que a democracia é o que ele decide porque foi eleito por maioria ou tentando limitar o acesso à profissão em vez de, como seria o seu dever, junto com a tutela do ensino superior resolver o problema que não se cansa de referir que é a existência de advogados "a mais" a sair das faculdades. Se não sabe como se faz pergunte ao bastonário da ordem dos Médicos.

Mais do que levar um aperto, este homúnculo devia levar uma sova. A sorte dele é que lida e ofende gente com muito mais elevação do que ele alguma vez terá.

Certamente não tem este comportamento com gente que lhe pode pregar um "soco nas ventas". Que é aliás o que ele merece desde há uns anos a esta parte.

Não consigo entender o ódio cego que este homem tem pelos magistrados a ponto de generalizar e acusar de coisas extremamente graves toda uma classe profissional, sem nunca fazer uma queixa ou sequer apontar um caso concreto.

Um verdadeiro biltre.

Ainda o chumbo...

Desde que aconteceu que não se fala noutra coisa.

Para ser franco não é nada que eu não esperasse. O que não esperava eram as reacções de Passos Coelho e do PSD à decisão do TC.

Os juizes do TC chumbaram a medida fundamentando-se num princípio básico. O da igualdade. Está consagrado na Constituição e muito dificilmente se pode dizer que não deva estar lá.

O que faz com que as críticas aos juízes do TC ou à própria constituição sejam completamente descabidas. Ninguém espera por certo retirar este princípio numa revisão constitucional. Ou espera?

O trabalho dos juízes é complicado e simples ao mesmo tempo. Eles precisam saber apenas se à face da lei (constituição) existem violações. Não têm de pensar em variações, atenuantes ou motivos de força maior. Fizeram-no no ano passado para estranheza de muitos e não iriam certamente fazê-lo este ano.

Se fossemos imputar as responsabilidades que decorrem desta decisão a um grupo de juízes que tem apenas de se pronunciar nos termos da lei fundamental, nunca mais poderíamos contar com uma lei inconstitucional que não passasse por ausência de alternativas.

Fizeram o seu trabalho, fizeram-no bem e é o que se espera deles. Não se espera nem mais nem menos.

Por isso não gostei mesmo nada da imputação de responsabilidades que Passos fez no seu discurso. O facto de o país estar em maus lençóis não significa que se cometam todas as arbitrariedades em nome de um bem maior - as finanças públicas.
Para já porque não é um bem maior e por outro lado se o fizessem abririam a porta ao esbulho completo daqueles que não se podem defender e dependem do Estado. Passos Coelho devia, como um homemzinho, respeitar a decisão e centrar o seu discurso nas alternativas e na solução em vez de usar boa parte do seu tempo a assacar culpas ao TC. Já devia saber que o TC não iria repetir a graça do ano passado. Se não sabia devia ter-se acautelado para o pior cenário.

Diziam hoje que isto legitimaria o Governo a fazer cortes no Estado de forma ainda mais profunda.
Os despedimentos de funcionários públicos não seriam constitucionais pelo que o fantasma dos despedimentos em massa da função pública é acenado para fins propagandísticos mais do que por qualquer outra razão.

O que irá acontecer certamente é a dispensa de muitos que não têm o vínculo à função pública e estão a trabalhar para o Estado. Isso é claro e se pensarmos numa redução de despesa vai ser mesmo uma das componentes essenciais.

Mas há mais. Há muito mais onde o Estado pode ir buscar o que resultou deste chumbo e ninguém parece estar interessado em mexer.

As rendas abusivas pagas pelo Estado a um sem fim de entidades que conseguiram contratos completamente desproporcionais.
As coisas vão desde as rendas do sector eléctrico às absurdas medidas de aluguer de edifícios para serviços do Estado que deviam ser pura e simplesmente património seu passando pelas estradas que atravessam os país em todas as direcções.

Não é incomum uma empresa obter financiamento para a construção de um edifício e ir pagando "em prestações" sob a forma de renda. Mas no fim o edifício é seu.
No caso do Estado alienou-se património por meia dúzia de vinténs e arrendaram-se equipamentos sem qualquer opção final de compra. Pura e simplesmente aluguer. Que vistas as coisas sairá muito mais caro do que se o Estado financiasse obras suas (novas ou de recuperação) recorrendo a financiamento bancário.

Claro que nestas condições existe um cenário excelente para corrupção e troca de favores. Noutro cenário não seria fácil. E a julgar pela forma como certos contratos foram celebrados é caso para pensar quem é que terá recebido as comissões para assinar os ditos contratos ou para dar a ordem de assinatura. Creio que numa situação destas a suspeita é legítima e uma investigação judicial aos envolvidos seria fortemente aconselhável.

Num estado de emergência como nos encontramos será especialmente simples para o Estado unilateralmente declarar reduções de pagamentos com os seus "credores" de "rendas". Uma redução flat de uma determinada percentagem conseguiria muito facilmente poupar os 1300 milhões que ficaram a faltar para 2013. Rendas rodoviárias, energéticas e outras - redução de 20% ou 25%. Simples e fácil. Foi isso que fizeram sem mais aos funcionários públicos e nenhum tribunal deixaria de lhes dar razão. Ai sim a igualdade do esforço de TODOS seria assegurado.

No caso gritante das estradas, pedia-se uma avaliação independente do seu valor sendo as rendas eram simplesmente ajustadas de acordo com essas avaliações.
Acabavam-se as cláusulas de proteção fiscal ou de tráfego que são uma vergonha absoluta em contratos celebrados com o dinheiro de todos.

Um concessionário tem de assumir o risco de não ter tráfego. Se não o tiver baixa as portagens para ser competitivo. Se os impostos subirem está por sua conta como todos os negócios deste país.

Só com medidas como estas (sector rodoviário) o Estado pouparia os 1300 milhões e ainda ficava com margem de manobra.

Diria mesmo que só com este tipo de revisões o Estado consegue fazer as famigeradas poupanças de 4000 milhões sem ter de voltar de novo a comprometer as nossas reformas ou os nossos salários.

Se a situação é de emergência as medidas têm de ser excepcionais. Não se pode ter um sector de empresas do Estado cronicamente deficitárias e um desbarato de dinheiro sem justificação para o sector privado que negociou contratos absurdos e alguns deles ilegais (porque lhes faltou o visto prévio do Tribunal de Contas). Neste último caso a coisa é simples. Revogação e e contrato novo.

Quanto aos despedimentos na função pública, ou rescisões amigáveis, comecem pelos organismos que não se sabe para que servem que têm corpos dirigentes nomeados à pressão. Cada um desses vale em termos de salário por 2 ou 3 professores e os professores fazem-nos falta.

Existe tanto onde cortar que é quase patético ouvir os membros do Governo falar de cortes apenas para uma população que até agora pagou TODO o ajustamento. Haja alguma vergonha e haja alguma IGUALDADE.

Tendências Primavera-Verão 2013

Tó Zero Seguro vai-se estrear como bombo da festa.

A coisa começou timidamente. Alguns blogs, entre os quais este, apontaram bastas vezes a infantilidade e inconsequência do discurso de Tó Zero. Mas parecia que a tendência se ia ficar apenas pele blogosfera.

Eis senão quando os "bonecos" da SIC Notícias começaram a desancar Tó Zero da mesma maneira que desancam Jorge Jasus.

E eu comecei a achar que afinal não eram só os bloggers que viam um vácuo imenso em Tó Zero.

A cereja em cima do bolo foi mesmo quando ele disse "esse é um problema do Goverbo e que o resolvam eles".

Hoje numa entrevista num programa na SIC Notícias à hora de almoço ele foi confrontado com esta afirmação. E como se esperava, em vez de uma resposta pronta e directa, Tó Zero começou a frase por "temos de entender essa afirmação no contexto..." que é mais ou menos o prelúdio para "vou dizer o contrário do que disse no outro dia".

A explicação não convenceu ninguém, Nem o entrevistador, admirador confesso de Mário Soares e todas as coisas Soares e PS.

À noite, na RTP, 3 jornalistas davam "notas" a Passos, Seguro e Cavaco. E a desanda que Seguro levou foi verdadeiramente épica. Tirando esta mania de qualquer parvo dar notas à maneira do presunçoso Marcelo que se acha no direito de avaliar toda a gente de 0 a 20, o que Seguro levou de todos foi uma redonda negativa.

Ainda que os motivos pelos quais levou andarem mais pela percepção do que pela substância. A sra. joanalista presente até deu importância ao facto "relevante" e ele ter dito que tinha escrito uma carta à Troyka que afinas só foi escrita 15 dias depois. Estranhamente não realçou a incoerência entre as duas mensagens (desacordo com a política do governo e acordo com a política da Troyka) e realçou sim a única coisa perfeitamente lateral e irrelevante de todo o episódio.

A verdade é que Tó Zero começou a apanhar. E muito à maneira Nacional, quando o homem começar a vergar os joelhos vão-se juntar mais uns quantos para a matança.

De repente todos vão ver que as boçalidades de Seguro são afinal mais que muitas. Desde Hollande como salvação, até ao emprego e crescimento por artes mágicas passando pelo IVA dos restaurantes, repararão que o que Tó Zero tem dito não é mais do que qualquer parvito diria. E perceberão também que mais vale um "parvo" no Governo do que um mega parvo que quer ir para lá mas se calhar não consegue.

Pena é que tenham andado a navegar no discurso de Tó Zero enquanto ele serviu para por Passos em cheque. Como afinal Tó Zero não consegue sair deste registo básico e pouco credível irão começar a fazer campanha por um António Costa. Sim, porque poucos poderão chegar à pouca vergonha de fazer campanha por Sócrates que tem audiências que são 1/4 das de Marcelo.

Não auguro nada de bom para Tó Zero. Como dizia num outro post, pode ser sério mas isso não é condição necessária e suficiente para ser chefe de um Governo num país na nossa situação. É condição necessária mas não chega.

E a bem dizer, um tipo sério não se presta ao papel mais que ingrato de branquear o passado recente do partido mais cleptómano da história política portuguesa. Uma pessoa séria não pode fazer isso e pensar que sai do outro lado com a sua seriedade intocada.

Tó Zero não tem mesmo qualquer hipótese de sair airosamente deste dilema. Para defender o PS diz generalidades e tenta fazer-nos acreditar que o PS pode tomar as rédeas do país e resolver isto. POr outro acha que tem a estaleca para ser chefe de Governo.

Há qualquer coisa nisto que não bate certo. E os media já começaram a perder a vergonha de o dizer.

PS pronto para ser Governo, Seguro pronto para ser 1º Ministro e nós prontos para o enterro

As declarações de Seguro ontem são absolutamente aterradoras.

Alterna entre uma ambição desmedida e uma irresponsabilidade total.

Quando questionado se o PS estaria disposto a fazer um consenso com o PSD num Governo, responde que está pronto para ser governo substituindo o PSD.

O que não deixa de ser curioso porque é obviamente impossível o PS ganhar com uma maioria absoluta o que levaria a um consenso forçado com o PSD ou com o CDS.

Quando questionado como resolveria o problema deste deficit adicional decorrente da decisão do TC, responde "quem criou o problema que o resolva".

É extraordinário como esta criatura vê o mundo. O PS criou um problema monstro (não foi de mil milhões, foi de 80, 100 mil milhões) e largou-o no colo dos cidadão e do Governo. Lavou as mãos e seguiu em frente. Passa o tempo a assacar a responsabilidade na não solução do problema monstro ao Governo a ponto de querer que ele se demita.

Agora vem dizer que gostaria de ser Governo mas que o problema que o resolvam outros...

Eu não sei se isto é estratégia ou se é puro delírio. Talvez ele acredite no que diz ou saiba que esta conversa não vai dar em nada.

Mas seja como for é realmente assustador pensar que poderemos ter uma criatura deste calibre à frente de um Governo.
Passos não é nenhum génio diga-se. Não é especialmente preparado nem sabedor. Mas Seguro é de um nível totalmente novo.

Dizem que é uma pessoa séria. Acredito. Mas não basta ser sério para gerir um país na ruína. Sério sou eu e nunca me acharia capaz de fazer esse trabalho.

Achar que basta seriedade para fazer esse trabalho é reduzir muito os requisitos para o lugar. Seriedade é apenas mais um atributo. Não é a coisa mais importante.

Há por aí muita gente séria e honesta que não tem a mínima capacidade para exercer cargos de responsabilidade. E Seguro é certamente um deles. Se alguma dúvida restasse basta ouvir o tipo de disparates que ele diz acerca da solução da crise e questões associadas.

O homem é um zero completo.

A cara do empreendedorismo

Anda por aí um rapaz chamado Miguel Gonçalves que é agora o rosto do empreendedorismo jovem.
Foi uma escolha de Relvas mesmo antes de desaparecer de cena e tornou-se mediático depois de aparecer no Prós e Contras falando de uma forma pouco usual, para ser delicado.

Quando ouvi o rapaz falar pela primeira vez pareceu-me um vendedor de banha da cobra. Tout court.

Há um misto de boçalidade e espertice escondida naquele sotaque deliberadamente exagerado. A linguagem é demasiado simplória para ser credível. E foi isso que me fez impressão.

O que ele diz é absolutamente básico. Mas di-lo de uma forma que parece que todos nós só dependemos de nós. O que não é de todo verdade.

Quando ele fala que um jovem numa entrevista de emprego tem de chegar e apresentar as suas ideias para melhorar o "negócio" do potencial empregador parece-me que estará a condenar muitos jovens a sair sem qualquer emprego dessa entrevista.

Como veria um indivíduo nos seus 40 um tipo nos 20 que vai para um primeiro emprego, entrar-lhe pela porta a propor maneiras de melhorar o negócio no qual trabalha há quase 20 anos?
Neste país o que é que vocês acham? Alguém sem experiência, provavelmente com um conhecimento básico (ou nenhum) de como a empresa do potencial empregador funciona, propor ideias para dar "valor acrescentado" à coisa?

Não é muito provável, ou sequer credível, que uma pessoa que acaba de chegar ao mercado de trabalho tenha alguma coisa de palpável a acrescentar a uma empresa estabelecida há décadas. Normalmente precisam de um bom par de anos para aprender o medianamente o negócio.

Ele é como um daqueles motivational speakers que existem às carradas nos US. Funcionam como lideres de "quase seitas" e ganham milhões com os seus livros de auto ajuda e videos de instrução.

Este é a nossa versão portuguesa. E com sotaque" hillbilly". Sotaque que ele exagera ou diminui de acordo com o momento e a audiência. E que apimenta com expressões dignas de figurar na lista das expressões mais imbecis da língua portuguesa.

Quando o vi pensei que ele tinha conseguido os seus 15 minutos de fama. Mas depois ouvi-o na rádio e agora isto.
Não há dúvida que a estratégia dele funciona... para ele.

No meu caso vou ficar na minha. A primeira impressão nunca me enganou e creio que ele não passa de mais um daqueles casos que cai "em graça". É uma espécie de curiosidade que vai andar pelas bocas do mundo até desaparecer de vez.

Mas se me enganar vou ser o primeiro a dar a mão à palmatória. Para já Miguel Gonçalves não passa dum fala barato que vive num mundo das nuvens e que seguramente inventa metade do que diz. Não é nenhum guru com ideias que vão ser a solução para o desemprego jovem deste país.

Se pensarmos bem ele é apenas uma nova versão dos Relvas e dos Seguros e dos "jovens" partidários que à custa de conversa e de cair no goto de alguém acabaram a exercer cargos de demasiada responsabilidade para as suas capacidades.

Quase silêncio

Isaltino anda de novo nas notícias. São as empresas em Moçambique cm sócios do tempo da Câmara de Oeiras.

Mas o caso que fez realmente notícia não foi assim há tanto tempo.
Foi decretada a sua prisão por uma Juíza do Tribunal de Oeiras, para ser libertado 23 horas depois.

No meio sabia-se a razão dessa libertação. Não havia muitas dúvidas acerca de quem tinha feito a borrada. Mas os media aproveitaram a oportunidade para se abater sobre a sua prisão que teria sido decretada incorrectamente. E as culpas recaiam em quem? Na juíza que a tinha decretado.

O público dividiu-se entre os que apreciaram o gesto "justiceiro" e os que atribuiam toda a espécie de erros à juíza do Tribunal de Oeiras. O nome dela saltou para a ribalta mediática - Carla Cardador. Heroína para uns e incompetente para outros. Mas todos, ou quase todos não sabiam do que falavam.

Afinal a "borrada" não era originada pela juíza que decretara a prisão de Isaltino, mas sim de um juíz desembargador (da Relação) que não tinha feito aquilo que lhe competia.

Isto não evitou que a juíza fosse alvo de um inquérito em que acabaria por ser exonerada da responsabilidade do erro. O inquérito não terá sido a coisa mais suave da história. Pelo contrário foi feito presumindo que o erro teria sido da juíza.
E isso num sistema em que se presume a inocência até prova de culpabilidade soa verdadeiramente bizarro. Afinal inverter o ónus da prova não é só uma coisa dos nossos leigos concidadãos.
Acontece também com os profissionais da justiça.

Hoje o i noticia que o juíz que fez a borrada foi condenado em 20 dias de multa. Perdeu 20 dias do seu salário após sentença do CSM da qual não recorreu. O nome desse desembargador é Carlos Espírito Santo. Nome que não será lembrado por oposição ao de Carla Cardador que fez aquilo que lhe competia perante a informação que tinha.

Mas o que é notícia é o facto desta definitiva "absolvição" da juíza que fez o que era suposto aparece quase como nota de rodapé.

Ao menos que se faça saber até que ponto um juíz dum tribunal superior pode fazer uma asneira que coloque em maus lençóis uma colega dum tribunal inferior, certamente com menos anos de profissão, mas que seguramente faz melhor o seu trabalho do que o sr. desembargador faz o dele.

Sou daqueles que na altura aplaudiu o gesto da juíza. Não porque o tenha feito de forma não suportada pela lei, mas sim porque o fez suportado pela lei.

Isaltino devia estar atrás das grades. Pelo que fez e que se soube, mas que será a ponta do iceberg.

Também Al Capone foi preso por fraude fiscal e não pelos crimes mais graves que cometeu.
Que o mesmo aconteça a Isaltino para que ele perceba que uma temporada na prisão é o preço a pagar pelos "pequenos deslizes" que cometeu. Infelizmente a sociedade não será ressarcida daquilo que ele se apropriou. Esse está a salvo e fará dele "empresário" quando finalmente abandonar a política da qual se serviu

Quanto à notícia, aqui fica o link já que se não for nos blogs e num ou noutro canto de um jornal online ninguém saberá dela.
Desembargador responsável pela libertação de Isaltino condenado a 20 dias de multa

Entre a irrelevância e a estupidez mais refinada

Nas minhas cada vez mais raras passagens pelo site do Público encontrei um título que me chamou a atenção:
PS compara Moreira da Silva (PSD) ao antigo ministro da propaganda de Saddam
E fui ler. Não resisti. E de quem eram as declarações? De Zorrinho, claro.
Esperava eu que o texto ou as suas declarações fossem pelo menos ilustrativas do paralelo com o famoso "Comical" Ali. Mas afinal não era bem isso.
“O vice-presidente do PSD fez-nos hoje lembrar o antigo ministro da Propaganda do Iraque. O PSD diz que tudo está bem, mas os portugueses sabem que o país está mal”, disse o presidente do Grupo Parlamentar do PS.
De acordo com Carlos Zorrinho, a intervenção de Jorge Moreira da Silva, com críticas à moção de censura apresentada pelo PS, “é mais uma prova que o Governo não aprendeu nada com os seus erros e encontra-se em estado de negação”.
Só lhes interessa perpetuarem-se no poder. Se dúvidas houvesse, fica demonstrada a absoluta oportunidade da moção de censura do PS”, declarou o presidente do Grupo Parlamentar socialista.
A moção de censura do PS ao Governo é discutida e votada na quarta-feira na Assembleia da República.
Confrontado com o repto do PSD para que o PS encontre financiamento alternativo caso o Tribunal Constitucional chumbe algumas normas do Orçamento do Estado para 2013, Carlos Zorrinho voltou a criticar o Governo.
“O Governo está muito nervoso quanto ao Tribunal Constitucional e não perde uma oportunidade de pressionar o tribunal. O PS não faz isso”, contrapôs.
As duas frases sublinhadas são particularmente irónicas.
A tirada da perpetuação no poder é no mínimo curiosa. Perpetuação é o que tentam fazer democratas como Chavez alterando a constituição para levantar a limitação de mandatos.
Não me parece que um governo que cumpra uma legislatura do princípio ao fim seja um exemplo de alguém que se quer perpetuar no poder.
Talvez a comparação com o PS fosse mais adequada. Em 2009 tomou medidas completamente demagógicas e danosas para as contas públicas para conseguir uma vitória nas eleições de 2009. Não só escondeu a real situação do país, mentindo despudoradamente, como usou o dinheiro do Estado para comprar votos de forma descarada.
Dois anos depois estávamos numa situação de não poder pagar salários aos funcionários públicos aumentados em 2009.
Isso sim, é querer perpetuar-se no poder custe o que custar. Mesmo que para isso se tenha de empenhar todo um pais para o conseguir.
No caso presente é muito difícil dizer que o PSD tenta fazer isso. Certamente não está em situação de comprar votos nem tem conseguido grandes simpatias com as medidas que tem de implementar.

Aquilo que seria um cenário de normalidade na cena política (governo com apoio maioritário levar a legislatura até ao fim) é virado do avesso e visto como uma tentativa de se perpetuar no poder.

Mas mesmo assim e descontando a imbecilidade inata e inesgotável de Zorrinho, estas declarações são no mínimo uma inversão total daquilo que seria a normalidade.

E se nos lembrarmos do que se passou com os disparates de Sócrates durante o 1º mandato, nunca ninguém pediu a demissão de um Governo legitimamente eleito. O limite até onde ia Jerónimo era a "política de direita". Nunca em tempo algum defendeu a inversão da ordem constitucional.

Mas como já sabemos, democracia para o PCP e para o BE é quando eles estão no poder.
Felizmente quer pelo teor das suas ideias quer pelos tristes exemplos ditatoriais de regimes que apoiam, conseguem um apoio junto da população que nunca lhes permitirá aceder ao poder.

O PS parece andar animado com as sondagens.
Não tardará muito voltaremos ao período Guterrista em que as decisões eram tomadas tendo em conta os resultados de sondagens. Navegação à vista. O único objectivo era mesmo manter-se a flutuar agradando a uma percentagem suficiente de portugueses para ir ganhando eleições.

Seguro tem o entusiasmo de um saco de pedras e de cada vez que fala diz o mesmo. Nem poderia dizer outra coisa. O PS é refém do que acordou com a troyka e tenta agradar a Deus e ao Diabo. Tarefa impossível. "Acabe-se a austeridade", "escrevi uma carta a comprometer-me com o plano", 

Mas Zorrinho... Zorrinho é inimitável.
Ele é a prova viva de que um idiota pode fazer um doutoramento. É a prova de que o mais alto título académico não significa necessariamente inteligência e honestidade intelectual.
Aquele sorriso apalermado que ele faz quando está nervoso, o discurso titubeante enquanto pensa numa saída para um debate.
São tudo sinais de alguém que não é particularmente brilhante. Ter colocado este homem como líder parlamentar é como ter o "emplastro" a fazer exteriores para uma estação de televisão. A única pessoa que não devia estar lá, foi a escolhida.

Remodelando

As remodelações... A solução para todos os males.
De tal forma comuns que não há governo que periodicamente não as faça. Pode nem ser porque vá haver uma mudança de rumo. É apenas porque as "pessoas" o pedem. Porque os media o pedem.

Mas com este governo chegámos a um novo patamar.
A coisa começa com os comentadores de ocasião. Começam a falar numa "remodelação" apenas porque Álvaro Santos Pereira é mau comunicador ou porque Relvas tem um curso duvidoso.

Começam depois a especular quem é que deveria sair. "Gaspar" tem de ficar assegura Marcelo. E Relvas tem de sair. Porque o caso da RTP é "uma confusão" ou porque se soube que o curso dele foi feito à custa de equivalências duvidosas.
Mais estranho ainda é pedir-se a substituição de Santos Pereira porque não sabe comunicar. De nada importa a substância. A imagem é que conta. E como são os comentadores e os media a "fazer" a imagem, julga-se condena-se e substitui-se hipoteticamente um ministro. À revelia.

Os comentadores de hoje nunca se lembraram do curso de Sócrates. A não ser um ou dois jornais (mais um do que dois) todos eles trataram o caso do curo de Sócrates com luvas. Por cobardia, certamente. Porque conheciam a forma de funcionar do personagem.

Alguém que faz pressão sobre uma empresa muito ligada à esfera pública para comprar uma estação de televisão apenas para se ver livre dum jornalista é alguém que claramente não para perante nada para destruir completamente os seus "inimigos". E todos estes comentadores preferem ser "adversários" do que ser inimigos.

Nunca nenhuma destas pessoas veio a terreiro dizer que o facto de Sócrates ter um curso completamente aldrabado era motivo para a sua demissão. Refugiavam-se em eufemismos e em conversa redonda para não ter de dizer nada. Corajosos. Gente com verdadeira espinha dorsal. O que dizem de Sócrates à boca pequena nunca tiveram a coragem de o dizer às claras.

Hoje ligamos a TV e temos um Marques Mendes a pedir remodelações, António Capucho a fazer o mesmo papel, Pires de Lima, Ferreira Leite, etc etc.

Quanto a Relvas não me parece que a coisa seja mais que um ajuste de contas da ala Cavaquista. Mas quanto a Santos Pereira a coisa cheira um pouco mal.
Se alguém tem tentado atalhar no pântano das rendas e dos negócios altamente rentáveis de empresas privadas é Santos Pereira. Apesar de todos os obstáculos tem tomado medidas de alguma monta. Talvez não consiga fazer mais porque o Estado está sequestrado por interesses de toda a ordem.
Mas é "silencioso". E na AR não se coíbe de apontar o dedo à ruinosa gestão socialista. Coisa que parece ter um prazo de validade. Aparentemente as asneiras do PS tinham um prazo de validade a partir do qual já não se pode invocar o  seu peso na nossa corrente situação.
Até a imprensa alinha nisto ajudando a branquear o passado (recente) de cleptomania Socialista.

A imprensa alterna entre o "gostar" de Santos Pereira e o achar que ele deve ser substituído. Há algo que não se percebe. Ou melhor, percebe-se bem demais. Quando chega alguém despretencioso a um lugar como este, rapidamente começa o coro de vozes a dizer que ele é "inadequado" para o lugar. Lembram-se da patetice que foi quando ele pediu para o tratarem por Álvaro? Pois aí têm...

Outros ministros acabam por ser completamente afastados destes cenários criados exclusivamente no espaço mediático. Sem qualquer correspondência com declarações ou intenções do Governo.
Os media fazem a festa, largam os foguetes e apanham as canas. Verdadeiros assassinos de carácter esquecem-se (convenientemente) do papel que tiveram na degradação do nosso país.

A dívida acumulada, o modus operandi dos nossos Governos foi "inventado" há muito tempo. Eles, todos eles, fizeram parte dum sistema que potenciou a desgraça. Não consta que tenham lutado contra este estado de coisas nem consta que o tenham feito quando o maior coveiro do país esteve em funções. Limitavam-se a criar facções que lutavam entre si numa disputa fratricida pelo poder num partido desagregado num país arruinado. Quando chegou realmente o momento de avançar para a dificílima tarefa de tentar recuperar o país com condições negociadas pelo Governo anterior nenhum destes críticos se candidatou.  Apenas Rangel, Aguiar Branco e Castanheira Barroso fizeram. Nem Capuchos, nem Marcelos, nem Marques Mendes o fizeram.
Porquê? Porque sabiam perfeitamente o que significava ser primeiro Ministro nesta conjuntura. Mas ao menos tenham a decência de o dizer. Coisa que não fazem. Talvez porque decência seja para eles um conceito desconhecido ou trocado há muito pelas coisas boas que o poder traz...

Não me espanta que um partido fora do poder faça isto. Inédito é que o faça quando está no poder.
Comparado com o disparate inconsequente de Seguro, estas declarações de segunda a sexta são muito mais prejudiciais para o Governo.

Passam a vida a acusar Passos de imaturidade. E por coisas absurdas. Muito menores do que eles próprios fizeram no desempenho de cargos públicos.
O que dizer de Capucho? Da sua mala pata com Passos por ter sido sucessivamente preterido para lugares a que se "candidatou" (melhor dizendo para os quais se pôs constantemente em bicos de pés)? O que dizer de Marques Mendes, líder passageiro que nada fez para renovar o PSD e a sua credibilidade perdida? Ele que era visto como um apêndice de Cavaco (literalmente). Conhecido como o Nódoa no Contra Informação.

E Marcelo? Porque é que a opinião de Marcelo é assim tão relevante? Do homem que aconselha livros que lhe pedem que aconselhe? Sem nunca os ler, nem sequer um par de páginas?
O que fez ele como líder do PSD a não ser um desgraçado flop? E a sua veia intriguista não tem de ser descontada na sua opinião que é tudo menos desinteressada?

O dever de reserva destas personagens desapareceu. Chegamos a um ponto em que os ex políticos são uns anjos e em que os media fazem e destroem governos como se de um prerrogativa sua se tratasse.

Estivesse eu no lugar de Passos e a cada sugestão de remodelação responderia com a firmeza absoluta de não a fazer. A não ser obviamente que algum dos membros do seu Governo tenha de sair do lugar por razões de força maior ou ou vontade própria.
Foi assim que Sócrates se comportou. E todos acharam que era um sinal de firmeza e força de carácter. Até quando se livrou do Ministro da Saúde. Até quando fez de Teixeira dos Santos um capacho inominável.

Se Passos não fizer nenhuma remodelação, não é mais do que aquilo que os media gostavam em Sócrates.

Os media tornaram-se em activistas da oposição. Nem sequer se dão ao trabalho de ser sérios e isentos. Perderam completamente a vergonha. Dizem coisas como "Passos não excluiu a hipótese de se demitir se o Tribunal Constitucional chumbar normas do Orçamento". E ele admitiu essa hipótese por acaso?
O facto de não desmentir as lucubrações de um jornalista qualquer faz com que seja plausível que se demita?

O que precisa urgentemente de remodelação são os jornais, as estações de televisão e  de rádio. Precisam de uma boa vassourada e de perceber o que é o conceito de ética. Precisam de entender que existe uma diferença entre jornalismo e "fazer opinião" . Sobretudo quando a opinião vem da cabeça de uns merdas sem qualidade, sem estatuto e sem saber. A cada dia que passa a credibilidade da imprensa afunda-se mais um pouco.

Andamos nesta "onda" de deixar de ter media sérios e ter "fazedores de opinião" ou lá o que pomposamente lhe chamam.
O que são verdadeiramente são manipuladores da realidade. E isso estende-se a quase todo o sector dos media neste país.