Sim, não, talvez...

As SCUTS... as belas SCUTS que ajudaram a transformar um país com zonas remotas num dos países com mais Km's de auto estrada da Europa.

Lá pelos idos anos 80, ir de Lisboa ao Porto era toda uma façanha. A A1 acabava uns quilómetros à saída de Lisboa para ser reencontrada e meros quilómetros do Porto.
Não havia muito mais auto estrada do que isto.
Aparece Cavaco Silva e uma "batelada de massa" da comunidade Europeia destinada a eliminar as carências dos países periféricos.
Esses governos lançam obras de construção de auto estradas como se não houvesse amanhã.

Quando Cravinho aparece como Ministro das obras públicas (com Guterres) afirma no parlamento que o governo a que ele pertencia ia lançar ainda mais Km's de auto estradas do que os governos que o tinham antecedido. Ia ser de arrasar.
E elas desataram a aparecer.

Mas apareceu um conceito novo que se ia tornar perfeito quer do ponto de vista eleitoral quer para os concessionários que iriam passar a receber do Estado as chamadas indemnizações compensatórias. O modelo foi esticado até à exaustão.
Era quase perfeito porque como o Estado já não tinha fundos para obras desse calibre,  passava aos privados a responsabilidade da construção ficando depois a pagar milhões de Euros (contos na altura) todos os anos para compensar os concessionários da não cobrança de portagens. Garantindo ainda por cima níveis mínimos de tráfego.

O pessoal agradeceu. Nas zonas urbanas do litoral nomeadamente Lisboa e Porto a "coroa urbana" estendeu-se para dezenas de quilómetros que agora eram servidos por excelentes estradas sem portagem. E as pessoas habituaram-se a isso.

A dada altura lá perceberam que sem portagens a coisa iria azedar seriamente e resolveram cobrar algumas tendo sido a CREL a primeira vítima.


Mas num país falido em que as indemnizações compensatórias custam fortemente ao Estado, o modelo das SCUTS começa a cair aos bocados.
O Governo precisa de cobrar alguma coisa por essas vias. Mas decide fazê-lo duma forma completamente canhestra e com uma precipitação de bradar aos céus.

Quando a CREL começou a ser paga, foram realizadas obras para criar as portagens. Era preciso alargar a via, colocar as cabines e para isso era preciso investimento.
O mesmo deveria ser feito para todas as SCUTS que passassem a ter portagem, só que este Governo achou a forma ideal de não precisar de fazer nada disto.
"metem-se uns leitores a la Via Verde, obriga-se o pessoal todo a comprar um chip de identificação por decreto lei e nem de cabines de portagem precisamos".

E toma das decisões mais parvas e mais susceptíveis de gerar um sério problema. Maior do que já alguma vez teve -  Faz isto só para SCUT's a Norte.
É muito difícil explicar porque é que a carga incide apenas nesta zona, deixando para outras zonas do país o mesmo modelo sem custos.
Claro está que em muitos casos não há alternativas. No Algarve a N125 não é uma alternativa viável à Via do Infante ou no caso da A23 em que a própria auto estrada se sobrepôs ao traçado da nacional não deixando alternativa a muito boa gente.
Uma percentagem importante do total de Km's de SCUT's está em vias no interior, em zonas deprimidas economicamente e normalmente pobres. Mas numa altura destas todos vão dizer que são pobres e falar de equidade. Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.

Esta decisão não foi explicada de forma sensata e lógica. Nem seria possível esperar num momento como este que as populações das zonas onde passasse a haver portagens aceitassem isto de bom grado. Sobretudo quando se sentem descriminados em relação a outras zonas do país.
Em vez de ter dado ouvidos a muita gente que dizia há anos que o modelo tinha de ser repensado e tê-lo feito com tempo e com ponderação, decide agora numa situação de pânico atirar com a carga apenas para uma zona do país.
Idiotice total. Não é mais que uma demonstração do total desnorte em que este Governo se encontra.

Não me choca que quem use uma auto estrada pague por isso. O que não se pode fazer é cobrar quando as alternativas não existem ou foram deixadas ao abandono de tal forma que não podem suportar o trânsito que terá de passar por elas.
Muitas dessas estradas "alternativas" foram deixadas muito simplesmente a apodrecer.

No pânico de ver a medida rejeitada na AR por toda a oposição, o PS vem apelar ao bom senso e à negociação com o PSD para de alguma forma viabilizar esta medida.
Já ontem o PSD tinha desafiado o Governo a dizer se o pagamento das SCUT's ia ser alargado a todas. É que estando toda a gente habituada às aldrabices deste 1º Ministro, já sabe que o que ele diz hoje não é verdade amanhã.
O governo está de cabeça perdida. Apresenta agora uma proposta para isentar os residentes de pagar mas alargando as portagens a todas as SCUT's. Só não se percebe é como vão ser pagas. O chip desaparece? Se for com chip, vamos vendê-los a Espanha para os nuestros hermanos que dêem umas voltas por cá?

O desnorte é tanto que nada disto é firme ou concreto. Não passa de um patinhar num lamaçal que o próprio Governo criou. Espero sinceramente que se afunde de vez.

Pague, que nós controlamos

Pus-me à procura dos artigos que fui lendo ao longo do tempo para perceber como tínhamos chegado até aqui.
Obviamente chegámos porque estava tudo a olhar para o lado, mesmo aqueles que nós elegemos para zelar pelos nossos interesses.

Este é um artigo do Público datado de 28.8.2008 quando Cavaco Silva promulgou o diploma que autoriza o Governo a legislar sobre esta matéria.

O Presidente da República, Cavaco Silva, fez acompanhar a promulgação do decreto sobre o “chip” electrónico em automóveis por uma mensagem onde considera que "as dúvidas quanto à limitação à reserva de intimidade da vida privada dos cidadãos que o novo mecanismo de identificação e detecção electrónica de veículos suscita, e que não foram dissipadas durante o debate parlamentar, poderão ser resolvidas pelo Governo no decreto-lei a aprovar ao abrigo da autorização contida na lei agora promulgada".


Um deputado do CDS levanta algumas reservas acerca da obrigatoriedade do chip mas o resultado foi a aprovação do diploma "aprovado a 18 de Julho com os votos favoráveis da maioria socialista e contra de toda a oposição."

De acordo com o Governo, o chip ou dispositivo electrónico de matrículas pretende facilitar o trabalho das forças de segurança, que terão acesso à informação sobre a inspecção periódica e o seguro automóvel. O chip vai permitir, igualmente, o reconhecimento de veículos acidentados e abandonados, além de poder vir a ser utilizado de forma integrada na cobrança de portagens e outras taxas rodoviárias. Cada chip vai custar cerca de dez euros e as despesas ficam a cargo do condutor. 

Claro que o  Governo como desconhece em absoluto a existência de livrete, comprovativo do seguro e comprovativo de inspecções periódicas acha que o chip é a forma de verificar tudo isto. Não podia ser mais idiota esta explicação. O livrete tem de acompanhar o veículo, os outros dois comprovativos têm de estar afixados no pára brisas do veículo mas mesmo assim o chip é fundamental. Pergunto-me como é que os atrasados dos franceses, espanhóis, alemães e demais países da Europa conseguem viver com o facto de ninguém saber nada acerca destes "pequenos detalhes" de todos os veículos que viajam nas suas estradas.

Se isto não fosse tão triste e tão potencialmente grave era de rebentar a rir.
Obviamente que esta bela obra foi resultado da defunta maioria absoluta em que o Governo fez gato sapato de todo o povo português.

Obviamente seria criado mais um organismo empresarial para gerir isto. Mas reparem no pormenor:

O chip vai permitir, igualmente, o reconhecimento de veículos acidentados e abandonados, além de poder vir a ser utilizado de forma integrada na cobrança de portagens e outras taxas rodoviárias.


Ou seja, quando muito bem lhes apetecer instituem uma taxa qualquer e como já todos têm o belo do chip, é só cobrar.
Imaginem que amanhã a autarquia onde vocês vivem decide cobrar portagens numa área qualquer da vossa cidade.
É que nem precisam de se ralar. Avisam que a partir do dia tal passam a cobrar, "espetam" lá com os pórticos ou mesmo com umas antenas discretas e o débito em conta começa a acontecer.
Fabuloso. Etiquetada a carneirada é uma alegria sem igual.

Mas há mais detalhes interessantes:

A empresa que desenvolveu o chip foi criada em Abril de 2008 (como que por milagre aparece 4 meses antes da promulgação) e vejam lá:

A DailyWork é uma 'start up' [empresa criada recentemente e de pequena dimensão] da Brisa "100 por cento portuguesa", que tem uma parceria com a empresa de Aveiro Micro IO e com um professor do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL).

Artigo completo em : Portuguesa DailyWork desenvolveu chip de matrícula e está pronta para concurso

Não é uma questão de concurso (muito menos internacional) nem nada que se pareça. A Brisa faz uma "parceria" que em vez de ser uma Via Verde para usar no limite das suas concessões é alargado por Decreto Lei a TODOS os cidadãos que possuam um veiculo, mesmo que nunca usem uma estrada concessionada à Brisa.
Isto é juntar o negócio do século em termos de mercado potencial à forma de controlo mais despudorada que se podia pensar.
Claro que isto só é possível com o beneplácito do governo e duma AR completamente acéfala com disciplina de voto e com um leque de instituições que não fazem absolutamente nada perante uma coisa destas.
BTW, os cidadãos também não fazem nada até chegar a altura de pagar.

E quem controla toda esta informação?
"O Conselho de Ministro aprovou, igualmente, o decreto-lei que constitui a sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos "SIEV, Sistema de Identificação Electrónica de Veículos, S. A.", atribuindo-lhe o exclusivo da exploração e gestão do sistema de identificação electrónica de veículos".

Quem é o SIEV?
Aqui está o decreto lei 111/2009 onde em se define quem é.

E quem são os seus membros?
Ora peguem lá... devo acrescentar que não ganham nada mal...

Divirtam-se, que eu vou rastejar para o meu canto, lavado em lágrimas e a pensar como é que chegamos a isto...

RFID ou a maneira simples de etiquetar carneiros

Os chips de matrícula...

Convenientes e avançados. Mas para quem?
Quando a Via Verde apareceu e se massificou foi talvez o exemplo mais evidente do prático que poderia ser a identificação automática de um veículo para o pagamento de portagens. O não ter de esperar na fila do portageiro com os consequentes ganhos de tempo valiam o controlo.
Claro que a adesão foi importante, sobretudo para quem todos os dias tem de fazer trajectos que envolvam portagens.

O controlo electrónico e a consequente instalação de câmaras na Via Verde (e outras portagens) levou a que além do conveniente pagamento se pudesse controlar, para o bem ou para o mal, quem passava aonde e quando.
Passou por exemplo a ser possível fazer um cálculo da média horária entre duas portagens e chegou a falar-se na possibilidade de aplicar multas por excesso de velocidade fundamentadas no controlo feito à entrada e à saída de um troço.
Esse foi talvez o momento em que muitos se aperceberam do grau de vigilância que se tinha sobre os seus movimentos.
Claro que hoje um operador de telemóvel sabe onde eu estou com um grau de precisão muito respeitável (por triangulação de antenas) ou "alguém" também pode fazer um mapa dos movimentos de uma pessoa analisando os sítios onde usa os POS ou caixas ATM. Duma forma ou doutra somos controlados.
As operadoras de telecomunicações móveis chegaram a vender o serviço de localização a contas com múltiplos serviços (sobretudo na área dos transportes e logística) para que se pudesse controlar com um elevado grau de precisão onde andavam os seus funcionários.
Não estou 100% seguro se esse serviço ainda é vendido mas garanto-vos que é muito fácil saber onde anda um telefone. E como os telefones não têm pernas.... onde anda alguém com ele. O mais provável é que seja o dono e o subscritor do serviço.

Mas o chip da matrícula é um pequeno passo além e a possibilidade de extensão deste controlo a qualquer estrada ou rua deste país.



O chip é um dispositivo passivo. Isto é, a uma interrogação de rádio com uma determinada frequência produz uma corrente eléctrica induzida no chip e envia uma resposta - com uma identificação.


Imagens de Robshakir

Assim a colocação de uma antena num ponto qualquer e a obrigatoriedade da colocação de um chip na matrícula (pago pelo vigiado ainda por cima) permitirá a "alguém" saber exactamente por onde andamos e até fazer um cálculo das velocidades médias a que nos deslocamos entre cada par de antenas. Isto como é óbvio pressupondo que sabem as coordenadas geográficas das antenas que fazem a "interrogação".
É a extensão do modelo Via Verde a tudo. Mesmo aquilo que não sabemos e que não está lá por uma questão de conveniência.
Passaremos a ser mais uma "pallete" num grande armazém (uso frequente desta tecnologia) que um qualquer sistema central controla com todo o rigor.
A tecnologia em si é extremamente útil. Desde a logística até a uma linha de montagem de automóveis, o RFID é usado hoje com enormes ganhos de eficiência e qualidade.
O problema é que esta tecnologia nas mãos erradas e ainda por cima financiada por quem está a ser controlado se pode tornar num Big Brother inaceitável a todos os títulos.
Após o "rapto" da Maddie Mcann houve uma venda destes dispositivos para os pais fazerem implantes nos seus filhos, à semelhança do que hoje se faz com um cão !!
Mas haverá sempre gente estúpida que adere as estas coisas pelas razões mais loucas.
A questão é que nós nada pedimos. É-nos imposto e ainda por cima pagamos.

Imagino que para já o negócio está só na venda dos belos chips e de algumas antenas, muito à maneira Nacional.
E porque é que eu acho isto? Porque acho toda esta gente muito preocupada com as nossas liberdades? Claro que não!!
Acho-os demasiado incompetentes para criar um sistema que integre as quantidades maciças de informação que uma coisa destas gera. Ou que tenha o dinheiro para criar as infraestruturas necessárias a suportar uma coisa destas.
Imaginem os milhões de eventos que uma coisas destas teria de registar se houvesse antenas um pouco por todo o lado. Teras e Teras de informação. Análise de dados, arquivo etc etc. Como já se provou com o Ministério da Justiça, temos um Estado demasiado incompetente para gerir isto. Caramba, eles perderam os crimes feitos com armas!!!
O exemplo mais flagrante da total incompetência destes organismos foi o da colocação dos radares em Lisboa. Colocaram-nos e passaram a responsabilidade para a polícia Municipal. Mas... esqueceram-se de reforçar o orçamento. Para quê mais orçamento? São só radares. O problema foi que as multas começaram a cair com tal cadência que a Polícia Municipal não tinha nem efectivos nem dinheiro para processar as multas ou pagar as franquias das notificações. Estou seguro que no dia em que avariarem (se não tiverem avariado já) não vai haver orçamento para os reparar. E se não vão multar ninguém, vão repará-los para quê?


Mas o facto de eles serem demasiado incompetentes hoje não significa que o serão amanhã (daqui a 10 anos, vá...) e meus amigos, eles que vão controlar a p**** da mãe deles.

Para por este plano em prática foi convenientemente criada uma entidade (SIEV) que trataria destes controlo. O mais curioso é que no decreto lei onde se define o que é o SIEV também se diz que esta entidade pode passar essa responsabilidade a terceiros. A terceiros? A uma entidade privada? Assim pelas boas?

Até me vou abster de tecer mais considerações acerca desta entidade ou da estranha coincidência de datas entre o anúncio e a criação da "empresa" que teria desenhado a solução. Mas se estiverem mesmo curiosos vejam este post onde estão alguns links interessantes acerca disto.

Agora que vão por portagens nas SCUTS isto é ouro sobre azul. Só que os cretinos esqueceram-se que a intenção da Brisa ou dos outros concessionários de não ter portageiros vai ser algo de quase impossível. Então e os estrangeiros? Não há carros de matrícula estrangeira a passar nas nossas SCUTs?
Se vão cobrar a Via do Infante quem é que paga as contas de portagem dos carros alugados aos turistas de fora de Portugal? As empresas de aluguer de automóveis?
Mais uma medida em cima do joelho, paga pelos contribuintes e absolutamente cheia de falhas.
A reacção em pânico nem os deixa pensar como deve ser. Uns estão doidos para despedir pessoas e os outros para controlar outras e dar um negócio aos amigalhaços. No meio, ninguém pensa nas consequências ou no facto de ser impraticável e correm a toda a velocidade contra uma parede.

A simples revogação desta parvoíce vai ser proposta na assembleia da República pela oposição e espero bem que esta lei seja deitada no caixote do lixo, queimada e espezinhada até não restar nada dela.
Um disparate destes além de ser extremamente duvidoso do ponto de vista da liberdade individual, não parece mais do que uma forma de dar um negócio a alguém, com um financiamento por parte dos automobilistas (uma vez mais).

Posso sugerir que façam implantes nos membros do governo e directores gerais para sabermos onde eles andam. E nem precisam de ser implantes muito miniaturizados, porque o sitio que eu estou a pensar para colocar o dito implante ainda tem algum espaço.


Afinal o homem mentiu ou não?

Num mundo normal em que coisas destas se resolvem com uma frase rápida e mortal não haveria muitas dúvidas.
"És um mentiroso do caraças, pá!"

Mas na política não é bem assim. Há muita coisa em jogo, sobretudo quando se está entre amigos. Não se pode reconhecer que se tem no grupo, muito menos quando é o líder do grupo, um mentiroso compulsivo.

Mas até os adversários políticos têm receio das consequências.
"Se dissermos que o tipo é um mentiroso, depois temos de fazer qualquer coisa... E isso mete-nos a nós debaixo das luzes e nós ainda não estamos preparados"

E fazendo slalom pelo meio destas considerações os mentirosos perpetuam-se. Mais grave ainda, ficam com uma noção de que vão poder fazer o mesmo tantas vezes quantas quiserem. E é Vê-los a fazer isso dia após dia e ano após ano.

A melhor maneira de comprometer todos no mesmo voto de silêncio (ou deveria dizer cobardia), é fazer uma comissão.
"Vamos fazer uma comissão para apurar para apurar se o nosso 1º mentiu e se tentou usar dinheiros públicos e influências para calar vozes incómodas"

Garantia de sucesso!!!

Pedem-se as transcrições das intercepções telefónicas. Já estripadas daquelas em que o nosso 1º abria a boca, ficando apenas aquelas em que os correlegionários se espalhavam ao comprido.
São enviadas para a comissão, assumindo-se obviamente que podiam ser.

Mas eis senão quando o presidente da comissão, o clerical Mota Amaral, resolve que isso era uma interferência do poder político no poder judicial. (????)
Quanto a isto tenho uma teoria mas não digo.

Então espera lá... O poder judicial que mandou as transcrições não reparou nisso e teve de ser um dos representantes do poder político a reparar em tão grave erro?

Graças a Deus que ainda temos gente competente e com a noção do que são os pilares do Estado de Direito para "apanhar o copo de cristal" quando ele estava mesmo a bater no chão.

Claro que aos meus olhos e aos olhos de muita gente, isto é uma patacoada. É a demonstração de uma cobardia sem paralelo.
Mas que se propagou pela comissão e pelo seu relator.

Pacheco Pereira ficou furioso. E consultou as transcrições. Os partidos de esquerda a navegar na onda providencial criada pelo presidente da comissão, preferiram não saber de nada.

"Olha lá, ainda ficamos a saber que o tipo é um aldrabão diplomado e um manipulador. Depois as pessoas dizem que ele é de esquerda e nós também somos e acabamos por nos prejudicar!" É melhor não ver nada (See no evil)

Na verdade a comissão só teria de confirmar aquilo que todos já sabemos, mas os políticos acham que se pode fazer um reset à realidade e convencionar uma outra qualquer através das suas decisões.

O relator, um bravo bloquista sempre pronto a desancar os abusos da direita, os devaneios dos poderosos e as maquinações do grande capital, produz um relatório pífio em que não se diz que sim nem que não e em que não tem TOMATES para dizer o que quer que seja.

Tal como eu pensava estes deputados bloquistas não passam duns tribunos vazios que quando lhes pedem para meter as mãos na massa se acobardam e se sentam como um cãozinho bem ensinado à espera de uma recompensa do dono.
É sabido que eles não gostam de sujar as mãos. Preferem que outros o façam por eles.
Foi assim em todos os regimes com que tanto simpatizaram, desde a Albânia à Coreia do Norte.
Há-de haver sempre um polícia ou um militar bem doutrinado que faz o trabalho porco por eles. Eles são apenas os ideólogos.

Do PS não podíamos esperar outra coisa.
Se alguém achar que lhes vai na cabeça alguma dúvida sobre a honorabilidade do líder nunca mais metem o "rabo" na assembleia e eles são manifestamente incompetentes para fazer outra coisa qualquer no mundo do trabalho. Proteja-se a carreira.
O jurista açoriano, representante de burlões e com problemas de cleptomania lá está na 1ª linha de defesa do patrão.
Ele tem vontade própria, não me interpretem mal.
Ela só muda em função da mão que o alimenta e isso neste mundo podre e distorcido chama-se "lealdade".

No PSD apercebem-se de repente que se fica provado (e escrito) que o homem é um mentiroso, vão ter que desencadear qualquer coisa. Uma moção de censura? Não duvido. Provar que somos governados há 5 anos por um aldrabão deve ser uma boa razão para o fazer.
Mas isso põe um problema.
O líder ainda não está firme. Acabou de se vender ao PS e veio pedir desculpas depois. Foi enrolado como um patinho e teme que ainda não tenha votos para uma maioria absoluta (sim, porque eles não fazem as coisas por menos)
Devem ter andado um bocado assustados ao pensar que o relator seria capaz de por no papel o que levou uma vida inútil a dizer.
Com uma proverbial sorte, o nosso Sem medo acobardou-se. E isso salvou o PSD de propor a tal moção de censura.
Ficam todos aliviados.
PS vota contra mas mesmo assim fica com o líder isento do carimbo de aldrabão por parte da comissão
PSD fica todo contente porque assim o PS e Sócrates ainda têm mais um tempinho para se enterrar. E já se sabe: As eleições não se ganham. Espera-se que quem está no poder as perca.
O PCP... oops, o PCP?
O CDS cheio de brio entra à leão e sai votando o relatório num silêncio meio bizarro
O BE sai em ombros. Semedo vai passar o resto dos seus dias a dizer "Eu fiz um excelente trabalho. O meu relatório demonstra que Sócrates e o governo disseram inverdades, omitiram factos e não terão porventura em algumas circunstâncias dito o que deviam dizer acerca da forma mais ou menos exacta de como as coisas se passaram..."
Um grande bem haja para eles.

Passem por aqui mas avisem antes para eu deixar fruta a apodrecer durante uns dias. Até lá vou afinando a pontaria.

Sai mais um recurso s.f.f.

O estado foi absolvido de pagar a indemnização a Paulo Pedroso pela sua alegada prisão "ilegal".
Em 1ª instância o Estado tinha sido condenado a pagar um indemnização de 130 mil Euros pelos 4 meses de prisão a que tinha sido sujeito na sequência do seu alegado envolvimento no caso Casa Pia.
Na altura da decisão (a do pagamento) houve um pouco de tudo. Gente que dizia "ah, afinal o tipo tinha razão. Lixaram-lhe a vida e agora vão ter de pagar" ou outros que diziam exactamente o contrário.
Aparentemente a Relação acha agora que ele não tem que receber nada do Estado, decidindo de forma contrária ao tribunal que julgou o caso em 1ª instância.

Claro que, ele vai recorrer. Ao Supremo. E o mais certo é que se perder recorre ao Constitucional e se calhar não fica por aí. Isto ainda acaba num tribunal internacional qualquer.

Temos de reconhecer que é lixado estar preso (deve ser, porque não tenho qualquer experiência nisso).
Só que à data em que a decisão foi tomada por um juiz verdadeiramente corajoso e baseado em testemunhos dos abusados deve ter sido a única decisão possível.

E Rui Teixeira pagou caro o atrevimento. Todo o sistema de justiça pagou caro o atrevimento de Rui Teixeira. Ele viu a sua carreira cheia de pequenos "escolhos" dos quais o mais recente foi a suspensão da sua classificação de Muito Bom.
Suspensão essa que foi um recurso de última hora, porque na verdade os responsáveis pelo episódio queriam mesmo dar-lhe outra classificação argumentado que ele tinha custado ao Estado 130 mil Euros desta indemnização que agora a Relação diz que não deve ser paga.

Então agora em que é que ficamos? A classificação fica suspensa até o Supremo decidir? A classificação deste juiz fica dependente de um acórdão final a dizer que afinal o Estado não tem de pagar nada?
Suponho que a lógica da suspensão da nota é de que ela vigora até todos os recursos possíveis estarem esgotados.
Não bastou já o arrastar do nome de Rui Teixeira pela lama, jornalistas opinativos chocados com o atrevimento de um simples magistrado, a festa repugnate na Assembleia da República aquando da libertação de Paulo Pedroso, o boicote que ele sofreu na sua comissão de serviço em Timor etc etc etc.

Um juiz corajoso e bom profissional (a julgar pela sua avaliação), vê-se enredado numa teia sem fim enquanto houver um apaniguado do PS num lugar de poder que se lembre do seu nome.
Perante isto como é possível pedir a alguém que proceda como ele? Quantos seriam capazes de o fazer olhando para este exemplo? E não duvidem que quiseram fazer dele um exemplo...

Curso de Direito -> "down the drain. And spins to the right on the Northern Hemisphere"

Estou chocado!!!

Como é que isto é possível? Então o Bastonário não era o protector dos descamisados do direito?

Estou confuso. O "nosso" Marinho Pinto, defensor das liberdades e frontal opositor dos grandes escritórios que ganhou as eleições da Ordem à custa destes pobres diabos sem trabalho (e muitas das vezes sem competência) não arranjou uma forma simpática de acabar com o "insucesso" como têm feito sucessivos governos do nosso país?
Estou mesmo chocado!!

O Mussolini de opereta que usou as hordas de licenciados em direito para se guindar ao cargo de bastonário, sempre deixou antever que devia haver limitações à "produção" de juristas pelas Universidades.
Há uns anitos (olá Sr. Cavaco) o ensino Superior privado floresceu. Abriu-se a porta e do dia para a noite em qualquer vão de escada apareciam universidades e cursos superiores por todo o lado. O direito e outros cursos em que apenas era preciso uns livros e uma mesa apareciam em todas as cidades do pais e de todas as formas e feitios.
Claro que doutas personalidades do direito davam aulas ou "emprestavam" o seu nome a universidades numa nova era de conhecimento.

Moderna (morta), Independente (mais ou menos assassinada) e outras que por aí andaram e andam levaram a oferta de cursos (alguns duma criatividade espantosa) e um ponto nunca visto.
Temos aí gente licenciada e especializada em parasitas da barata asiática (Blatta orientalis). Estou seguro que devem existir, quer os parasitas da barata quer os especialistas no tema.

De repente TODA a gente (em troca de uma módica quantia mensal) podia ser Doutor. E foram-no. Hoje até há licenciaturas em gestão imobiliária reconhecida pela CMVM (?????) para a qual nem é preciso o secundário completo!!

Agora de repente e com a enxurrada que aí vem (e ela tem vindo aos longo dos anos, pelo que não é a primeira), entra-se à mata cavalos. Não tenham ilusões, porque nos que chumbaram há gente da Católica e da Clássica e de Coimbra pois então. Olarila

Venderam-lhes as oportunidades e até facilitaram a oferta. As regras do jogo foram mudando e o mercado começou a ter muitos licenciados em cursos mais tradicionais (menos na área das ciências) e licenciados em coisa que eram dum tal grau de especialização que dava que pensar que oportunidades poderia haver para eles

Mas de repente alguém percebeu que já há incompetentes de sobra a representar gente nos nossos tribunais. Alguém percebeu que arranjar advogados que não sabem o básico, que não sabem escrever um mísero requerimento ou que se esquecem de matéria probatória que compromete a causa dos seus clientes é um tiro no pé. Esta conversa da qualidade dos conhecimentos já a ouço desde que Marinho pôs o pé na Ordem.

E que tiro é esse? O tiro "financeiro" pensei eu. De repente os outros devem ter começado a perceber que causa a causa estavam a perder honorários para os concorrentes e vai daí alguém decidiu fechar a torneira. Belíssimo!!!
Sejamos realistas, aconteceu com médicos e dentistas. Fizeram tudo para acabar com a concorrência. As ordens tiveram um papel fulcral neste processo. Desde as equivalências com notas que não faziam sombra a ninguém até outras situações menos defensáveis.

Marinho Pinto arranja este exame de acesso ao estágio. No qual os resultados não são de todo brilhantes.

Mas pelos vistos esta tentação já não é de agora. Vital Moreira pronunciou-se sobre isto em 2001 em O Império das Corporações Profissionais e referiu-se explicitamente ao programa de um dos candidatos (assumo que para as eleições de 2002).


O que vão fazer estes 90%? Repetir o exame até passarem.
Será que por causa disto alguns dos que estão a considerar esta carreira vão equacionar outras possibilidades?
Pouco provável. Neste país ter um titulo de Dr. (nem que seja da treta) toca fundo na auto estima de cada um. E convenhamos que nada os fez pensar ao longo dos anos que isto fosse uma possibilidade - Fecharam a porta quando estavam mesmo a entrar...

É chocante mas é esta a realidade. Cursos sem empregabilidade são acenados à frente de gente que passa por um secundário pouco exigente (e em que mesmo assim tem uma prestação miserável). Muitos deles quando maiorzinhos até são liberais e acreditam na economia de mercado.

Alguém se esqueceu de lhes explicar a lei básica da oferta e da procura. Bastava olharem para o negócio dos diamantes para perceberem como funciona.

O que é de rir até às lágrimas (e rio-me com a inocência quase pueril destas jovens) é a tentativa de duas recém licenciadas e tornar inconstitucional o exame de acesso à Ordem para exercer a profissão.
Pertencer a uma ordem para poder exercer acontece com os médicos (desde sempre) com os Arquitectos (desde a Sra. Dona Roseta) com os advogados (desde sempre), com os Engenheiros e com os farmacêuticos.
Este bastonário deixou bem claro (com o aplauso de muitos acéfalos que gostam do estilo caceteiro dele confundindo-o com frontalidade e vontade de enfrentar "as corporações") que havia gente demais a entrar na profissão. Desde que é bastonário, e isso foi há menos de 4 anos apanhando estes recém licenciados no meio desta situação.

Mas e então as recém licenciadas só agora é que perceberam isto? As ordens profissionais estão cá há muito tempo e este bastonário é-o desde Novembro de 2007.
Há quanto tempo está este exame anunciado? Então vão intentar uma acção agora? Depois dos chumbos e de estes 90% verem barrada a sua inscrição na ordem?

São duas das que chumbaram, ou duas das que passaram? Aceitam-se apostas.

Actualização: A OA foi obrigada por acórdão do Tribunal Administrativo de Lisboa a aceitar a inscrição destas duas jovens da Universidade do Minho no estágio sem a realização do exame.
Tribunal diz que exame para ser advogado é ilegal
. Aparentemente a notícia do Público não é inteiramente correcta. Elas nem fizeram o exame (portanto nem reprovaram nem passaram) nem vão para tribunal (já foram) nem é para o Constitucional (foi para o Administrativo).

É que se este mecanismo de filtragem (exame prévio) for posto de lado o Sr. Bastonário arranja outro. O homem é muito criativo e acha que por ter sido eleito tem legitimidade democrática para ser um ditador (estranho conceito, mas eles começam todos assim)

Seja como for estão lixados (estamos todos lixados, é mais correcto)
Pode ser que nas próximas eleições ponham o Marinho na rua.
Espera lá... se chumbaram não pertencem à Ordem e logo não votam... hum... Isto é de facto o crime perfeito.

PS: Se quiserem fazer comentários anónimos na linha daquilo que é habitual nos jornais Online, vão fazê-los nos jornais Online. Se eu quiser ler os "pissing contests" nacionais eu vou lá. Não estou de todo interessado em ter de ler e limpar lixo por aqui. Se a única argumentação acéfala que sabem usar é chamar todos de ignorantes e com isso pretendem convencer alguém do mérito das vossas causas, então ser advogados não é a carreira certa para vocês.
Isso não se pode considerar argumentação sequer. É apenas idiotice e é a arrogância típica de quem acabou de sair da incubadora e acha que já domina o mundo. Mundo esse que vai delapidar essa arrogância imbecil pedacinho a pedacinho.
As opiniões debatem-se e discutem-se. São demasiado novos e imberbes para estarem cheios de certezas. Se quiserem argumentar ou opinar decentemente estamos bem.
Não espero que todos tenham a minha opinião mas se querem chamar nomes a alguém vão à casa de banho, olhem-se ao espelho e façam favor de começar.
Obrigado