Sem futuro nem presente

O Partido Socialista apresentou a moção de censura. E que moção. O documento é digno de ser lido. De verdade, leiam e meditem por instantes que tipo de cabeças pode estar por detrás da redação de tal peça.
O PS sempre se opôs à política de austeridade do Governo, alertando para as consequências na destruição da economia e do emprego. O PS sempre foi claro na rejeição da política de empobrecimento e de emigração como instrumentos para a melhoria da competitividade, mostrando a sua completa incompatibilidade com o mundo desenvolvido em que nos integramos e com o país moderno que ambicionamos ser. O PS sempre se bateu pelo diálogo político e social, afirmando em todos os momentos o seu carácter absolutamente central na resposta à crise.
Por último, o PS sempre se bateu por uma participação forte e ativa de Portugal na negociação europeia, com vista à superação da gravíssima crise que a Europa atravessa, mas também à melhoria constante e sistemática do nosso processo de ajustamento.
Os portugueses não aguentam mais. Ao contrário do que diz o Governo, Portugal não está na direção certa. Chegou a altura de dizer: Basta! Chegou o momento de parar com a política de austeridade que está a empobrecer o nosso país e a exigir pesados sacrifícios aos portugueses sem que se vejam resultados. Os portugueses cumpriram, mas o Governo
 A primeira frase é de facto verdade. O que torna tudo muito mais estranho. O PS deixou o Governo com o país arruinado. E fê-lo de forma tacticista sabendo que a austeridade era inevitável.
Se ganhasse as eleições, Sócrates continuaria a mentir. A propor PEC atrás de PEC até já não poder mais. Acabaria a ter de aceitar a ajuda. Se perdesse era excelente. Deixava a batata quente para outros e poderia ele, ou o seu sucessor, bradar contra a austeridade sem qualquer autoridade moral para o fazer.
A táctica foi de tal forma despudorada que aí está ele 2 anos depois a voltar para colher os frutos do esquecimento.

O único problema do PS é que ao mesmo tempo que apresenta esta moção, tem o seu líder a escrever uma carta ao FEEF a comprometer-se a cumprir o MoU. E, obviamente, todas as suas revisões, incluindo o corte de despesa que está preconizado desde a 1ª versão. O que resulta nos tais 4.000 milhões de cortes adicionais na despesa do Estado.

O PS não tem de facto alternativas. Para ele a única coisa que interessa é o poder. E agora que lhe começou a sentir o cheiro com as sondagens pretende subverter a palavra dos portugueses.
Se o Governo continua, cada vez mais isolado, a violar as suas promessas eleitorais, sem autoridade política, incapaz de escutar e de mobilizar os portugueses, a falhar nos resultados, a não acertar nas previsões, a negar a realidade, a não admitir a necessidade de alterar a sua política de austeridade, a não defender os interesses de Portugal na Europa, a conduzir o país para o empobrecimento, então só resta uma saída democrática para solucionar a crise: a queda do Governo e a devolução da palavra aos portugueses.
Pouco importa que grande parte das dificuldades que atravessamos sejam a consequência directa da sua própria actuação. Como não havia a dívida de subir se pedimos 78 mil milhões emprestados para resolver uma emergência? Como não havia de subir se o último acto do PS foi pedir mais este dinheiro?

Dois anos não é assim tanto tempo que nos esqueçamos (alguns) do estado miserável em que este Governo encontrou as coisas. As PPP's ruinosas, a Parque Escolar, a dívida monstra no sector dos transportes, as rendas abusivas para a banca e grandes empresas, a despesa não orçamentada. O relaxe generalizado. Que todo somado é uma fortuna imensa.
Mas o PS acha que tem hipóteses de cumprir as suas promessas. Que serão tão quebradas como todas as outras feitas antes deles. Como as promessas de Sócrates, ou como as de Passos.
Se um Governo caísse por promessas não cumpridas mais valia por na constituição que uma legislatura tem só 1 ano. Basta isso para as promessas começarem a ser quebradas.

O PS é um partido sem vergonha e sem memória. Transformou-se numa aglomerado de larápios, incompetentes e mentirosos. Não admira. Olhem para o líder anterior. Olhem para este. Como não poderiam estar apenas rodeados de escumalha? Quem decente estaria com eles?

Esta moção terá o destino que já se antecipa. O chumbo. Tal como terá qualquer Governo que pudesse sair de eleições antecipadas. Caso o CDS apoiasse um Governo PS perderia a maioria dos seus votantes. Voltaria a ser um partido irrelevante no espectro político.
Portas sabe-o e Seguro sabe-o também.
Seguro sabe também que o PCP não é um parceiro possível para um Governo e o Bloco tal como está nem quer ouvir falar de Seguro. A não ser que ele rasgue o "pacto de agressão". Coisa que ele nao pode fazer.

O PS preferirá esperar que uma maioria absoluta lhe caia no colo. Mas creio que desde ontem não pode contar com Cavaco. Sócrates tirou qualquer hipótese a Seguro de ser primeiro ministro. Quando a legislatura acabar, Seguro levará um pontapé nos fundilhos e será substituído por um qualquer sôfrego por poder. Um António Costa, ou mesmo Sócrates. O idiota útil cumpriu a sua função. Aguentou entre o disparate e a irrelevância. Nunca fez o mea culpa do PS.
Agora já não é preciso. Em política a memória desvanece-se ao fim de 1 ano. A herança perde a validade ao fim de 3 meses.

Estamos tramados. Mesmo bem tramados.

Esquizofrenia e memória curta

Veja-se bem o ponto a que isto chegou que o próprio PS através de Isabel Oneto quer saber em que é que a lei falhou no caso da reintegração de Silva Carvalho.

A parte divertida está aqui

A deputada aludiu à Lei 9/2007, para dizer que ela é clara sobre esta matéria. No seu artigo 50, nº 1, a lei refere: “Quando completar seis anos de serviço ininterruptos, o agente provido por contrato administrativo ou o dirigente em comissão de serviço no SIED, no SIS [Serviço de Informação e Segurança] ou nas estrututuras comuns adquire automaticamente vínculo definitivo ao Estado”. E alude de novo à lei, mencionando o ponto 4 do artigo 50: “Se o pessoal que tiver adquirido vínculo definitivo ao Estado, nos termos do nº 1, vier a ser afastado das funções pelo motivo indicado no n.º 1 do artigo anterior [49] ou pretender cessar funções, é integrado no quadro de pessoal da Secretaria-Geral da Presidência de Conselho de Ministros, em categoria equivalente à que possuir no serviço e no escalão em que se encontrar posicionado”.
O ponto n.º 1 do artigo 49 refere expressamente: “O secretário-geral pode, mediante proposta dos directores do SIED ou do SIS, em qualquer momento, e por mera conveniência de serviço, fazer cessar a comissão de serviço de qualquer funcionário mediante solicitação do director respectivo, rescindir ou alterar o contrato administrativo de qualquer agente do SIED ou do SIS”.
Ou seja, Caso o secretário geral decidir afastar um funcionário que tenha adquirido o vínculo ele será integrado no quadro de pessoal da Secretaria Geral da Presidência do Conselho de Ministros.

Aparentemente a lei não refere nada que diga que se ele sair para o sector privado, perde o vinculo que adquiriu passados 6 anos. Vá ele dar as voltas que quiser, pode sempre requerer a integração.

Nada mau. Uma lei primorosamente feita que garante sempre um porto de abrigo.
A coisa pode estar de tal forma mal feita que mesmo que ele seja condenado no caso em julgamento tenha de ser integrado na mesma.

Ele é acusado de abuso de poder, violação de segredo de Estado e de acesso indevido a dados pessoais. Coisas das quais ainda não há sentença. Pelo que até ver ele cumpre todas as condições de reintegração.

O PS acusa o PSD de não ter querido avançar com um projecto de lei de incompatibilidades. Ou seja, casa roubada trancas à porta.
Depois de o homem ter ido para a Ongoing é que o PS se lembrou de legislar acerca destas coisas. Legislou fazendo esta lei 9 de 2007 na qual se esqueceu desses detalhes, mas depois do caso Silva Carvalho queria alterar a lei para que regulasse isso (período de nojo de 3 anos). Depois de o homem ter saído para o sector privado.

Isto é o que se chama correr atrás do prejuízo. Já não resolvia o caso dele, mas ficava para outros casos futuros. Típico. Mas mesmo típico da forma de legislar em Portugal.

A parte realmente divertida é que o projecto lei de alteração apenas definia um período de 3 anos antes da passagem ao sector privado. Continuavam intocada a aquisição do vínculo. Precisamente a norma que determinou o despacho positivo. Em suma, o projecto de alteração do PS não mudaria em nada o que se passou. A lei não poderia ser aplicada de forma retro activa sendo possíel Silva Carvalho sair para o privado e poderia voltar porque o vínculo já tinha sido aquirido.

O problema é que uma lei com buracos monumentais é usada agora para readmitir o homem. A lei não definia sequer excepções ou exclusões à regra dos 6 anos ininterruptos. O que é brilhante.

E a deputada quer saber agora onde é que a lei falhou. Esta é de chorar a rir. Porque a lei falhou nas incompatibilidades por exemplo. Tanto que falhou que o PS queria fazer aprovar uma alteração à lei que tapasse o buraco. E que no caso presente não tapava.

A prova de como estes legisladores são maus está aqui. Nem com uma alteração conseguem prever os cenários possíveis. Seria tão simples colocar um artigo que dissesse:
"Se o pessoal que tiver adquirido o vínculo, exercer actividade fora da função pública por um período superior a << período >> , não se aplica o ponto 1º do artigo 50, perdendo automaticamente o vinculo ao Estado."

Este é o perfeito exemplo da péssima qualidade dos nossos legisladores. Que não satisfeitos por fazerem o que fazem ainda saltam para a ribalta a apontar o dedo aos outros.

Lamentável a todos os títulos.

El comentador

Tem havido por aí muita indignação com o facto de Sócrates poder vir a fazer comentário político na RTP.

Não sou certamente suspeito de o defender e basta ler este blog para saberem o que acho do personagem, mas há uma coisa que me está a fazer uma certa confusão.

Ao abrigo de que princípio querem barrar Sócrates de aparecer na RTP?
Qual é a lei, regulamento, código de ética é que vai ser violado com a sua aparição?

Não há. Nenhum. Não há nada que limite ex-políticos com diversos graus de culpa na nossa situação de aparecer a fazer comentário político.

Querem exemplos?
Marques Mendes, Marcelo Rebelo de Sousa, António Vitorino. Só para falar de "regulares"

Querem mais?
Há uma multidão de ex-políticos e futuros regressados que faz uma perninha nas rádios e TV's todos os dias.

São menos bandidos que Sócrates? Quase aposto que sim. Mas aparecem.

Nesse contexto não existe nenhuma forma de evitar que o homem apareça.
Acho repugnante? Acho. Mas não o deixar aparecer seria uma limitação à liberdade de expressão que muito dificilmente se poderia aceitar.
Hoje Sócrates e amanhã quem? Por que razões?

Para os que não concordam a solução é simples. Não vejam a RTP quando ele for falar ou não a vejam de todo. Para mim é ideal já que não vejo a RTP em nenhuma circunstãncia.

Acho preferível isso a tentar barrar de alguma forma a sua aparição em antena. Seria possível porque é um canal do Estado? E se fosse na SIC já podia aparecer, tal como o fazem todos os outros cúmplices com a destruição sistemática do país?

Tenham juízo. Simplesmente mudem de canal.

A (falta de) informação que temos

A legislação nacional prevê, desde 2007, que os agentes ou dirigentes dos Serviços de Informação Estratégicas de Defesa ou do Serviço de Informações de Segurança tenham automaticamente vínculo definitivo ao Estado, depois de seis anos de serviço ininterrupto.
Esta garantia está definida na Lei n.º9/2007, que estabelece a orgânica do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), dos Serviços de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e do Serviço de Informações de Segurança (SIS).
O artigo 50 da lei é precisamente o fundamento da integração de Silva Carvalho.
Artigo 50.
Aquisição de vínculo ao Estado

1 - Quando completar seis anos de serviço ininterruptos, o agente provido por contrato administrativo ou o dirigente em comissão de serviço no SIED, no SIS ou nas estruturas comuns adquire automaticamente vínculo definitivo ao Estado.

2 - Antes de decorrido o prazo referido no número anterior, os directores do SIED, do SIS e o Secretário-Geral no caso das estruturas comuns pronunciam-se sobre a aptidão e idoneidade do agente, sendo que a omissão de tal parecer não obsta ao disposto no número anterior.

3 - Adquirido o vínculo ao Estado nos termos do número anterior, a cessação da comissão de serviço em cargo dirigente determina a integração do funcionário na carreira do serviço ou da estrutura comum em que exerceu funções e na categoria e escalão correspondentes ao tempo de serviço prestado.

4 - Se o pessoal que tiver adquirido vínculo definitivo ao Estado, nos termos do n.o1, vier a ser afastado das funções pelo motivo indicado no n.o 1 do artigo anterior ou pretender cessar funções, é integrado no quadro de pessoal da Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros, em categoria equivalente à que possuir no serviço e no escalão em que se encontrar posicionado.

5 - No quadro de pessoal da Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros são criados os lugares necessários para execução do estabelecido no número anterior, os quais são extintos à medida que vagarem.

6 - A criação dos lugares referida no número anterior é feita por despacho conjunto do Primeiro-Ministro, do membro do Governo responsável pela área das finanças e do membro do Governo que tiver a seu cargo a Administração Pública, produzindo efeitos a partir das datas em que os agentes para quem são destinados os lugares cessem funções no serviço em causa
Sendo assim como se explicam os seguintes títulos na imprensa?
 A explicação é simples: Associar o facto da reintegração de Silva Carvalho a um qualquer favor (vulgo "cunha") de Passos Coelho e Vitor Gaspar.

A imprensa parece ter perdido completamente o pudor. Já nem se rala em parecer séria. A única coisa que faz agora é ser um veículo de propaganda da oposição. O efeito que pretendem obter é a indignação. Porque sabem que a esmagadora maioria das pessoas não lê além do título.
Sem surpresa já começou a partilha destes links no Facebook. Sem surpresa já começou a série de comentários que chama bandidos aos "responsáveis", Passos e Gaspar, e nem o ocasional comentário mais factual serve para abrandar a sanha anti Passista.
O efeito está conseguido.
O Expresso e o Público são os mais militantes, claro está. O Público ainda deixa escapar a lei de 2007 mas o Expresso nem isso faz. O Notícias ao Minuto, que deveria chamar-se notícias escritas num minuto segue a mesma linha do Expresso.

O que se pedia no mínimo era uma referência è lei. Até nem seria demais colocar o artigo 50, tal como faço aqui, para os leitores poderem perceber a razão.

Mas não, nada disso. A última coisa que se pretende quando se faz um título assim é "contrariar" o efeito no corpo da notícia.

Durante algum tempo pensei que estas coisas eram fruto de relaxe. Jornalistas imberbes com a mania de que estamos ralados naquilo em que eles acreditam a escrever notícias. É mais qualquer coisa.
São as direcções destes jornais que fazem isto de forma intencional. Ou deixam passar sem nada fazer o que é o mesmo. Há uma militância que cada vez mais se aproxima dos jornais oficiais dos partidos.

A informação perde credibilidade todos os dias. A maior velocidade que o próprio Governo. E isso acreditem, é extraordinário.

Confrontados com estas omissões, meias verdades, ou despudoradas mentiras é muito difícil descortinar a realidade. É preciso alguma dedicação e algum tempo. A imprensa portuguesa está a tornar-se em algo em que não se pode mesmo confiar.

Não posso dizer que seja uma pena. Quando dizem que a imprensa é fundamental na democracia concordo. Mas ESTA imprensa não o é. Porque não defende a democracia, porque não informa e porque é absolutamente sectária.

Eu que não sou jornalista teria alguma vergonha de escrever o que estes jornais cheios de "grandes profissionais" escreveram.
Pelo menos tentaria contextualizar a notícia, coisa que nenhum deles faz de forma claramente intencional.
Se isto são os profissionais que temos nestes jornais, só lhes posso desejar a falência rápida e dolorosa.
Isto não é ser profissional. Isto é ser totalmente incompetente. Isto é ser um megafone partidário que se vende por poucas moedas...

O que eles dizem um ano depois

Não deixa de ser curioso apreciar a coerência de alguns personagens da nossa vida pública. Sobretudo daqueles a quem é posto um microfone na frente todas as semanas e que se podem permitir mudar de opinião como um cata-vento. Ou melhor, mudam de opinião em função das suas simpatias pessoais e quiçá partidárias.

Dizia Miguel Sousa Tavares há um ano o seguinte:
Pois, senhores deputados, se se atreverem a tal e se levarem tal resposta, não se intimidem: ingerências do poder judicial no poder político e governativo é o pão nosso de todos os dias. Até houve um recente congresso de magistrados onde foi dito bem alto e claro que os
tribunais aí estavam para anular os actos do Governo que lhes parecessem contrários à Constituição, tal como eles a interpretam, e abrangendo especificamente actos como o da redução salarial dos funcionários do Estado.
Veja-se, aliás, esta eloquente história da queixa-crime apresentada pela Associação Sindical de Juízes contra todos e cada um dos membros do governo Sócrates que se atreveram a reduzir-lhes os salários e a tentar reduzir-lhes as férias.

Ler mais: http://eumbloguedatreta.blogspot.com/2012/03/o-execravel-miguel-sousa-tavares.html
O contestatário Miguel Sousa Tavares achava incorrecto que a justiça se debruçasse sobre os actos dos políticos. Mais do que achar incorrecto fazia-o porque , segundo ele, era uma vendetta dos magistrados.

Pondo de parte o facto de MST pouco saber do que fala, nomeadamente na questão das férias, a posição que hoje vemos todos os opositores do Governo a defender é a utilização do poder judicial para parar as acções do executivo ou do poder legislativo

O caso mais recente é o das autarquicas. Recorreu-se aos tribunais para evitar as candidaturas de Meneses e Seara.
Temos o caso da "salvação" do nosso modo de vida com a aprovação (ou rejeição) no TC de alguns pontos do orçamento de Estado.
Temos o caso de Macário Correia e da sua perda de mandato ou o caso de Isaltino que todos bradam que se coloque atrás das grades.
Há mais uma multidão de casos em que se tenta pela via judicial a anulação ou simples adiamento de decisões executivas.

E obviamente Miguel Sousa Tavares é a favor disto. Já o afirmou e não é nada de estranhar.

O problema é que aquilo que ele achava em Março de 2012 que era uma "ingerência" do poder judicial no poder executivo, escrutinando os gastos do executivo anterior, hoje é a defesa do Estado de direito.

Enoja-me esta ideia que dia sim dia não defende o pior dos destinos a dar aos políticos (por parte da justiça) e outras vezes defende a quase imunidade dos mesmos políticos.

É obviamente obrigação do Governo revelar a forma como gasta o dinheiro público. Coisa que o Governo de Sócrates se recusava a fazer relativamente às despesas dos ministérios. Ainda por cima quando confrontado com uma ordem judicial para o fazer, não o fez na sua totalidade.

E porque é que isto tinha importância? É que na alteração do estatuto dos magistrados que teria uma equivalência com os detentores de lugares políticos, foram retiradas uma série de contrapartidas que nunca o foram nos políticos. Pior que isso, enquanto se retiravam aos magistrados aumentavam-se aos políticos. De forma tão escandalosa que depois disso beneficiavam de valores absurdos em cartão de crédito isentos de impostos (porque não eram taxados em sede de IRS).
Não estamos a falar de tostões. Estamos a falar de valores que ascendiam a 10.000 Euros por mês liquidos que excede LARGAMENTE aquilo que um magistrado com anos de carreira recebe nos dias que correm.

Sousa Tavares é um bimbo. Para muitos sem credibilidade. Para outros, com memória curta, é um tipo que diz umas bacoradas belicosas tão ao gosto do Português que gosta sempre de gente que apele aos seus instintos animais. "Vamos lá e partimos aquilo tudo", "Vou-me a ele e parto-o todo", "era encostá-los a uma parede e acabar com o problema" etc etc etc

A separação de poderes é um pilar do Estado de direito. E ninguém pode estar fora da alçada da justiça. Sousa Tavares ora defende que sim ora defende que não.

O problema dos tipos que falam muito, é que muitas vezes se contradizem. Sousa Tavares não é ponderado não é sequer coerente.

Mas não deixa de ser curioso que aquele que há um ano dizia isto da magistratura diga hoje exactamente o contrário e olhe para ela como a salvação deste país.

Curioso que nunca o vi defender o julgamento dos decisores políticos que nos puseram na ruina. Os mesmos que torravam milhares de euros por mês em cartões de crédito que Sousa Tavares achava mal que fossem sindicáveis.

Isto diz bastante do personagem. Mas asseguro-vos que irá escrever num jornal e falar numa televisão o contrário do que diz hoje. Porquê? Porque a coerência e o comedimento não são atributos que abundem nele. E porque as pessoas têm memória que vai até ao mês passado. Nada mais

Cirque de Pluie

Já há uns dias que não via nem ouvia notícias. Optei por não o fazer em casa e no carro deixei de sintonizar a TSF.

Devo dizer que a última semana foi bem menos stressante do que o normal. As minhas preocupações centraram-se nos meus problemas, longe dos "comentadores" e das suas opiniões enviesadas.

Limitei-me a ler um ou outro blog. O que sem ver ou ouvir notícias causa alguma estranheza porque na maior parte das vezes não sei exactamente do que estão a falar.

Mas hoje não consegui evitar. A TV estava ligada e pude constatar que o PS reivindica agora um governo com a legitimidade do voto.

Fiquei espantado. Pensei que Cavaco Silva tivesse dissolvido a AR e que o caso Sampaio / Santana Lopes se repetisse.
Mas rapidamente percebi que não era assim. Ao que se seguiu a pergunta: Legitimidade do voto?

Então que raio fizemos nós em 2011 depois do criminoso Sócrates ter abandonado o país, senão votar num governo que formou uma maioria absoluta na assembleia da República?

Esta gente deve estar a delirar. Mas o delírio não vem só do PS (o que é um estado normal). Até Marques Mendes aumentou o nível de disparate ao ponto de dizer que espera que os "rumores de dentro do governo que o Primeiro Ministro se demite se o TC chumbar  o orçamento" não sejam verdade e sejam apenas resultado da "imaturidade" do Governo...

Até ouvi Pires de Lima a falar de competência. Ele, um dos que esteve no programa de Nicolau Santos em que o vigarista da ONU apareceu e não foi capaz em momento algum de rebater o que o vigarista dizia. O homem debitava números e Pires de Lima, com certeza sem certezas acerca de nada, ouvia silencioso a diatribe do vigarista sem em nenhum momento questionar ou contestar tal sapiência. Será que o dito indivíduo só dizia verdades? Ou será que a Pires de Lima falta algum conhecimento e competência (já agora) para contestar com segurança as coisas que ele dizia?
Quando se fala de competência não é má ideia ter a certeza de que a possuímos em alguma coisa.

Estes tipos passaram-se realmente. Primeiro começam a lançar ao ar o cenário de uma remodelação. Depois tentam encontrar clivagens entre os parceiros da coligação. Finalmente planeiam eleições. Porventura porque os números do PS são melhorzinhos do que há uns tempos atrás.

Se calhar fariam bem em analisar o asco que mais de 100.000 portugueses têm a Sócrates a ponto de assinarem uma petição online contra o seu regresso à televisão.

Seguro terá aparentemente escrito uma carta a alguém a comprometer-se com o cumprimento do acordo. Acordo a que Jerónimo se refere como o "chamado Pacto de agressão" . Sim, na verdade é chamado por ele e por outros fortes adeptos da cassete gravada no hotel Vitória e imposta às hostes como a nomenclatura oficial do acordo (este Jerónimo se não existisse tinha de ser inventado).

O divertido, ou talvez trágico, é que este imbecil que dá pelo nome de Seguro quer apenas que o Governo seja substituído para ele continuar a fazer exactamente a mesma coisa. Incluindo o corte de 4 mil milhões, suponho eu, já que isso é também uma imposição da Troyka.
O que Seguro parece querer dizer é que cumprirá o memorando original. Esquecendo-se que o próprio memorando definia os períodos de avaliação e a possibilidade de haver revisão de objectivos e metas. Ou seja, o que ele teria de cumprir era o acordo pós 7ª avaliação com tudo o que isso implica.

Espanta-me profundamente o grau de imbecilidade de Seguro. Como é possível que os últimos líderes do PS tenham sido um criminoso inconsciente e um imbecil ignorante?
Como é que um país pode olhar para o futuro quando os líderes dum partido como o PS alternam entre o bandido e o idiota?
E se a coisa parasse por aí ainda vá. Mas o problema é que tudo o que rodeia Seguro, desde o porta voz do PS ao inenarrável Zorrinho são dum nível de indigência intelectual de bradar aos céus.
O que seria de nós com gente desta a gerir os destinos do país. Até que ponto seria ridícula uma negociação com gente desta e os membros da Troyka?

Não sei exactamente o que farão com as cartas de Seguro. Elas deveriam ter um destino claro. Mas estou a imaginar quem as lê a abanar a cabeça em total incredulidade.

A necessidade de aparecer constantemente tem levado Seguro a ser de tal forma oco e irrelevante que até os bonecos da SIC gozam com ele. De uma forma que deveria merecer alguma análise por parte do visado relativamente à imagem que o país tem dele.

O PS parece um circo de má qualidade em que o domador está bêbado e o leão drogado. O único truque que o domador parece ser capaz de fazer é conseguir por o leão a dormir...

Mas que aridez. Que pobreza.

O caso Nuno Santos, ou como culpar o governo de tudo o que acontece

Na confusão em que vivemos é muito fácil perder o Norte. Mais ainda quando a imprensa não contribui nada para tornar as coisas claras. Pelo contrário, perece que prefere confundir, baralhar e com isso obter algum resultado.

O caso Nuno Santos é emblemático desse ponto de vista.

Nuno Santos terá alegadamente dado acesso as forças de segurança para visionarem as imagens da manifestação em frente à AR.

Quando isto veio a lume, entre desmentidos e acusações não se percebia quem afinal tinha dado essa autorização. A coisa estava nebulosa e nebulosa ficou.

De acordo com o Correio da Manhã
Alberto da Ponte informou ainda que "o conselho de administração da RTP entende que não há motivos para abertura de um processo disciplinar" a Nuno Santos, director de Informação, por ter autorizado a PSP a visionar imagens ‘não editadas' dos incidentes de 14 de Novembro frente à Assembleia da República, mas como consequência deste processo e com base no inquérito, decidiu "a exoneração de toda a direcção de informação".
Ou seja a única consequência seria a exoneração da direcção de informação. Nuno Santos ficava na RTP mas deixava de ser director de Informação.

Mas Nuno Santos foi depois convocado a prestar esclarecimentos numa comissão da AR.
E aí abriu a boca para lá do que é sensato. Entre outras coisas disse que quem não estava interessado em trabalhar com a administração da RTP era ele.

Em linhas gerais chamou-lhes pulhas refinadamente. Com razão ou não. Até acredito que tenha razão.

A administração da RTP levantou-lhe um processo disciplinar por essas declarações. Não foi pela sua opinião, foi por essas declarações que mesmo sendo a sua opinião são de alguma forma pouco aceitáveis da parte de um trabalhador para com o seu empregador.
Quantos trabalhadores poderiam dizer isto na cara do seu empregador ou declará-lo publicamente num meio de comunicação sem esperar alguma espécie de acção da outra parte?

Depois deste processo disciplinar, Nuno Santos pediu esclarecimentos à presidente da AR par saber se as suas declarações estavam abrangidas por uma qualquer imunidade. Ao que lhe foi dito que não estavam.
Ele podia ter requerido audição à porta fechada mas não resistiu ao espectáculo e quis ter os media a divulgar as suas declarações.

Resulta do processo disciplinar o seu despedimento.

E agora vai para a justiça contestar esse despedimento.

O que é curioso é que o Público tem um artigo em que chega a transcrever as declarações de Nuno Santos em que diz que foi despedido por "delito de opinião que está banido da ordem jurídica desde 1976".
O mesmo artigo tem um link para a notícia do pedido de esclarecimentos à presidente da AR mas omite um link para um artigo no mesmo jornal em que Assunção Esteves esclarece que não há imunidade aos depoentes mas que eles podem requerer audição à porta fechada (coisa que Nuno Santos não fez porque achava que os julgamentos mediáticos são a solução que lhe permitiria safar-se).

O fascinante de tudo isto é que agora se culpa o Governo deste despedimento. Em primeiro llugar culpava-se por usar meios públicos para exercer repressão policial e perseguir os "manifestantes" e agora culpa-se o mesmo Governo do despedimento do indivíduo que supostamente os ajudou a perseguir os "manifestantes".

Para já isto é o que aparece nos comentários ao artigo de jornal e não se espera que seja gente muito inteligente a fazer estas deduções. mas a verdade é que o artigo de jornal, que podia esclarecer estabelecendo uma simples cronologia, não esclarece e limita-se a veicular a opinião de Nuno Santos como se de um facto indesmentível se tratasse.

Caso o processo disciplinar esteja mal fundamentado ou pura e simplesmente mal feito (coisa que não é rara) o tribunal pronunciar-se-à em favor de Nuno Santos.

Mas até ver, uma pessoa que diz o que disse do seu empregador de forma pública e amplamente divulgada, dificilmente se safa. A fundamentação do processo disciplinar nada tem a ver com opinião, muito menos com delito de opinião.
Tem a ver sim com a quebra da confiança que resulta de um trabalhador se virar para o empregador e dizer que não quer trabalhar com ele.

Foi estúpido na sua tentativa de trazer para o mundo mediático aquilo que deveria ser tratado com algum cuidado. Foi vitima de si próprio e da sua necessidade de palco.

Boa sorte para ele.

Leitura adicional :
O folhetim RTP ou como culpar alguém de uma coisa e do seu contrário
The Stupid Has Awakened

O que vai ser de nós?

Depois de ler as "propostas" do PS e do PCP para a solução da crise fiquei deprimido.

É mais ou menos consensual que este Governo podia fazer melhor do que está a fazer. Refém de maus hábitos e de lobbies com muito poder, não consegue realmente atalhar naquilo que precisa de ser mudado.

Não sou, ao contrário de muitos, apologista de que se deixem os bancos falir e como tal não me repugna que o Estado ajude a banca a recapitalizar-se. O contrário significaria um colapso generalizado do país.
O risco de falência de um banco afecta grandemente as pessoas. A começar por aquelas que nele têm as poupanças de uma vida e que passariam subitamente a não ter nada.
Se multiplicarmos isto por 3 ou 4 bancos, os riscos de uma catástrofe social resultante do colapso do sector financeiro seriam enormes.

Acho no entanto que o regulador deve fazer o necessário para que a banca não entre em loucura como o fez durante o boom imobiliário e não tenha de ser necessário "safar" repetidamente bancos gulosos e mal e porcamente geridos.

Mas apesar de tudo isto o Governo poderia facilmente atalhar nas coisas que são injustificáveis. O financiamento às fundações devia ser liminarmente terminado. Tudo o que fosse fundação a viver de fundos do Estado, com objectivos difusos ou não declarados deveria ter as suas verbas cortadas pura e simplesmente.

A simplificação de serviços e organismos do Estado com a fusão em organismos eficientes e desburocratizados seria muito bem vinda.
A concentração da multidão de empresas públicas e municipais fantoches criadas apenas para assegurar poleiro a amigos dos partidos deveria ser uma prioridade máxima.

Este sector é responsável por um desbarato de dinheiro sem fim. Os seus quadros, pagos bem acima daquilo que são os valores normais no Estado e contratados ao arrepio de qualquer escrutínio público deveriam simplesmente ser dispensados. As suas carreiras contributivas deveriam ser contadas como as de outro trabalhador qualquer.
Há enormes barreiras legais e informais para que isto não se faça. Mas devia ser feito. São centenas de milhão por ano que temos de sustentar sem qualquer justificação prática que não seja o sustento de um grupo severamente incompetente que roda de lugar em lugar desde há dezenas de anos.

Há mais que podia ser feito. E houve muita coisa que já foi feita que se aplaude. Mas não chega.

E não sou daqueles que acha que um ministro das finanças deve ser avaliado pelos seus poderes de adivinhação em vez de ser avaliado pelo seu trabalho diário na salvação dum país falido.

É absurdo pensar que num país com uma economia absolutamente fictícia, como era o nosso até 2011, se pode enfrentar uma crise desta dimensão sem haver uma retracção do consumo e do emprego.

Qualquer ajuste seria assim fosse quem fosse que estivesse no poder. O nosso problema é estrutural e não se resolve com umas formações da treta para desempregados (para fingir que estão empregados enquanto "aprendem") ou com estágios mal e porcamente pagos para jovens recém chegados ao mercado de trabalho.
Este tipo de sugestões é o que o PS propõe. Mais uma vez às custas de verbas da EU ou dos cofres do Estado, tal como foram as Novas Oportunidades ou outros programas anteriores.
Feitos e concebidos para a estatística. Sem qualquer resultado prático.

É também indiscutível que o nosso sector público precisa de uma revolução. Há muita gente boa na função pública. Muita mesmo. Mas há muito parasita que sentindo-se absolutamente seguro quanto à sua perpetuação no lugar, não sabe sequer o que é trabalhar.
Já tive de interagir com o sector público dezenas de vezes e a esmagadora maioria das pessoas com quem trabalhei eram medíocres, desinteressadas e absolutamente inúteis. Desde directores ao mais miserável técnico.
Mas também encontrei gente excelente. Desmotivada por ver á sua volta uma multidão de parasitas que vão sobrevivendo por simpatia ou amizade com superiores ou simplesmente porque ninguém se lembra deles ou ninguém sabe bem o que eles fazem.
Estes bons profissionais vão ficando no sector público e nos dias que correm não podem mesmo correr o risco de optar por sair. Percebo-os. O que eu não percebo é que no Estado não se faça uma limpeza dos maus elementos e se premeie os bons elementos. A constituição não o permite.

E esta situação permanecerá com um PS no poder. Será ainda agravada seguramente. Com o PCP pou o BE nem vale a pena falar.
Quando se houve alguém dizer que o Estado não pode tocar nos professores com horário zero porque têm direitos adquiridos pergunto-me como é que se pode gerir um país com este tipo de coisas.

Seria razoável ter médicos no SNS sem doentes para atender? Ou juízes sem trabalho para fazer na sua comarca? Não. E isso não acontece. Porque é que isto acontece com estes professores?
Se não fosse a crise e a saída de muitos alunos do ensino privado, o ensino público teria um decréscimo de alunos todos os anos. Terá para o ano outra vez. E hoje já há dezenas de professores sem nada para fazer.
Porque ao longo dos anos foram tendo redução de horário e foram sendo cada vez mais bem pagos.
è legítimo ter professores com turmas enormes a ganhar menos que professores com horário zero e com um salário bem mais elevado? Porque tem o Estado de abrir concursos para contratar professores todos os anos quando há gente que não dá uma única hora de aulas?

As esperanças de ter alguma coisa de substancial feito pelo PS (dos outros nem vale a pena falar porque o seu discurso é absurdo e desligado da realidade) são nulas.
O PS só sabe governar quando há dinheiro. E acaba sempre com ele. Agora não há. O que vai fazer?
É óbvio que com o que propõe também está a mentir. Não fará o que diz nem conseguirá fazer o que diz relativamente ao emprego e ao crescimento. Simplesmente não está ao seu alcance.

Não temos líderes à altura. Nunca tivemos desde o 25 de Abril. A mediocridade dos lideres políticos de hoje é estarrecedora. Com a excepção de Portas que considero brilhante, todos os outros são homens comuns. Nada de brilho, nada de visão, nada de liderança.
E desenganem-se aqueles que pensavam que Soares ou Cavaco eram grandes líderes. Não o eram. De Soares pouco há a dizer, de Cavaco basta ver a forma como se comporta nos dias que correm para perceber a irrelevância da sua existência.

O que é assustador é perceber que os partidos estão capturados por gente menor, por gente sem estatuto ou saber. São um atoleiro de medíocres que se foi instalando e afastando todos os que lhes pudessem fazer frente.

Temos depois os "barões" e "baronetes" que com uma aura de qualidade que nunca tiveram, falam de cátedra de cada vez que lhes metem um microfone na frente. As suas proezas passadas estamos a pagá-las hoje. A sua falta de coragem e de visão foi-se acumulando e agravando com os que vieram a seguir. Falam como se nada tivessem a ver com o descalabro que nos aconteceu pela 3ª vez.

Quanto ao nosso povo ele está adormecido e completamente alienado. E zangado o que não ajuda nada a pensar direito. Não consegue distinguir, não consegue pensar com um mínimo de lógica e a única coisa que se limita a fazer é "indignar-se". No Facebook, no Twitter e nos comentários dos jornais on line.


É completamente inconsequente e bastas vezes defende coisas que seriam a sua própria desgraça.
Afinal os políticos que temos vêm do nosso povo. Não vieram de Marte nem de Espanha. São o produto da nossa sociedade complacente com o espertismo, com a corrupção e com o fingir que se faz. Andou todo um país a fingir que fazia durante anos.
Há gente que está tão habituada a isto que nem sabe exactamente como é trabalhar. Nunca souberam.

Não me parece que vamos acabar bem. Não vai ser numa geração que se limpa toda esta porcaria. Vai ser depois de eu cá não estar, se for.

É muito evidente que o nosso maior problema somos nós e a nossa incrível falta de capacidade para encontrar soluções para os nossos problemas.

Propostas sérias...

Ao "passear" pelo site do Público fui surpreendido com uma coluna de opinião de  uma senhora que é membro da comissão Política do Comité Central do PCP.

Até me parece bem a pluralidade na informação e até me parece sério que se diga que alguém pertence a órgãos partidários para se perceber que as opiniões devem ser entendidas nesse contexto.
Infinitamente melhor do que ter gente supostamente independente que a única coisa que sabe fazer é encontrar males de um lado do espectro político negando qualquer mal do outro lado.
E infelizmente a imprensa está pejada de gente dissimulada,que não declara as suas ligações ou simpatias, fazendo-se passar por aquilo que não é.

Portanto, do ponto de vista de ter uma pessoa com estas ligações e engajamento político a escrever uma coluna de opinião num jornal parece-me bem. Parece-me ainda melhor que o declare.

O que eu acho caricato são as opiniões.

A dado ponto diz o seguinte:
O PCP tem apresentado propostas sérias e de grande alcance ao povo português:

– A imediata renegociação da dívida pública nos seus prazos, juros e montantes;

Não deixa de ser curiosa a crença de que numa renegociação se consegue tudo o que se quer. Eu acho que o mais certo é que se partissem para esta renegociação não conseguiriam nada do que querem. Partir do pressuposto que uma renegociação se sai com tudo o que se propunha à entrada ou é infantil ou é de quem não sabe o que é negociar mas sim impor. E quanto à capacidade de impor que Portugal tem ela é nula.

– O aumento dos salários, das pensões e dos apoios sociais, para corrigir as desigualdades na distribuição da riqueza e para que as pessoas tenham mais dinheiro para consumir e fazer crescer a economia;

Em primeiro lugar a capacidade de aumentar salários no privado com a excepção do salário mínimo não cabe ao governo. Por aí estamos conversados.
O aumento no privado não vai acontecer por magia. As empresas nem numa situação de mercado eufórico o fariam. Imagine-se num mercado deprimido ir propor o aumento generalizado de salários. Enlouqueceram?
E no público? Então o nosso maior problema é precisamente o que se gasta com salários e pensões (numa enorme percentagem) e que levou a contrair dívida para sustentar isto. Infelizmente reduziu-se a toda esta gente o seu rendimento para equilibrar da forma possível as contas e despesa do Estado. E agora ia subir-se tudo isto para "aumentar o consumo interno"?
Os anti sistema querem prolongar o sistema que criava riqueza fictícia à custa de consumo. Com recurso ao crédito.
O que levou ao colapso do sistema...
Nunca pensei ver o PCP a defender a continuação do consumo como motor da economia.
A consequência de todo este disparate foi o crédito desmesurado que agora resulta em insolvências familiares em barda. E com essas insolvências as casas que se perdem, os carros que se vão e as penhoras nos salários.
Estão parvos estes tipos do PCP?


- Pôr Portugal a produzir, na agricultura, na indústria e nas pescas, substituindo importações por produção nacional, controlando os custos dos factores de produção, facilitando o acesso das PME ao crédito através da Caixa Geral de Depósitos;

Nesta estou de acordo completamente.
Mas mais uma vez isso não depende de uma "vontade". Os agricultores estão descapitalizados e são-lhes impostas restrições severas um relação ao que podem fazer. A rentabilidade do pequeno produtor é marginal e muitas vezes um desaire com o clima deita tudo a perder por anos.
Nas pescas a nossa frota foi reduzida a nada por "incentivos" da EU. reavivar uma frota não custa cinco tostões nem leva um ano. E para o fazer quem investe? Quem tem a capacidade para fazer isso?
E podem dizer que alertaram para o facto. É verdade. Mas aconteceu e no ponto em que estamos hoje é perfeitamente irrelevante a oposição que o PCP fez na altura. Tal como é irrelevante a minha discordância com o abate da frota pesqueira nacional.
A realidade pura e simples (realidade, um conceito desconhecido para o PCP) é que o investimento no sector das pescas é impossível nos dias que correm. As quotas de pesca por espécie tornam inviável qualquer grande investimento em nova frota pesqueira.
O controlo dos custos dos factores de produção é mais uma utopia de uma economia planificada.
Impor preços tabelados de combustíveis, adubos, rações etc etc é completamente utópico nos dias que correm. A última vez que isto foi feito com os combustíveis foi com um senhor chamado Guterres. Que garantiu o preço dos combustíves num determinado nível para pagar por outro lado compensações às petrolíferas. Ou o caso do preço dos transportes públicos que criou a maior dívida de todos os sectores da economia de que há memória. Ao todo 18 mil milhões de dívida do Estado. Quem a paga? TODOS.
Não estamos na USSR em que estas coisas eram ditames centrais.
Esta gente que mal viveu com o regime da USSR colapsado nos anos 90 nem sequer entendeu em que mundo vive. Gostava de ver estes artistas a meter as mãos à obra e a investir na agricultura com os riscos que isso implica.
Perfeitamente incapazes de produzir o que quer que seja têm sempre grandes ideias para que outros trabalhem. Mesmo os agricultores falidos que têm de enfrentar uma concorrência de preços que os destrói. Querem proibir importações? De produtos da UE? E como?
Patetice anacronico-comunista de uma ponta à outra.


– O fim das privatizações e a recuperação da propriedade social dos sectores básicos e estratégicos da economia, a começar pela banca;

O fim das privatizações como?
Confisco sem compensação da banca? Mas em que planeta é que estes estúpidos vivem?
O estado terá porventura o dinheiro que seria necessário para isto? E a EU alguma vez deixava que um confisco desses acontecesse? Com as participações de bancos estrangeiros na nossa banca?
Bêbados. Estão bêbados e devem pensar que temos um arsenal de misseis estratégicos escondido com que podemos ameaçar as grandes potências.
Ou estão bêbados ou andam nos fuminhos. Chamar a isto uma proposta séria só se for a gozar. Isto é um insulto à inteligência do mais básico e estúpido português. Que eu começo a pensar que deve ser filiado no PCP a julgar por estes disparates.


– A alteração radical da política fiscal, rompendo com o escandaloso favorecimento da banca, da especulação financeira, dos lucros dos grupos económicos nacionais e transnacionais e aliviando a carga fiscal sobre os trabalhadores e os pequenos empresários;

A velha receita de por os ricos a pagar a crise.
Para cada ponto percentual de imposto que reduzissem aos trabalhadores dependentes ou pequenos empresários teriam de aumentar de tal forma a carga fiscal destas "grandes" empresas que se tornaria completamente desinteressante investir em Portugal com as cargas fiscais absurdas que teriam de ser impostas a estas empresas.
Mas como o que dizem nunca se tem de comprovar, podem continuar a dizer que é uma proposta "séria".
Estes por acaso não falam de investimento estrangeiro.
Isso seria absolutamente contrário à sua crença de que o país se deve fechar, nacionalizar tudo e ser auto suficiente. Isto deu resultados belíssimos em tudo o que foi país "socialista".
Ainda hoje a ex DDR tem assimetrias colossais para a Alemanha ocidental. O mundinho fechado que estes papagaios incoerentes tanto gostam causa mais miséria do que qualquer outra coisa no mundo além da guerra.


– A valorização das funções sociais do Estado como condição para o desenvolvimento das condições de vida;

Esta proposta é basicamente merda nenhuma. Sério? Isto? E o que é exactamente isto? Pois é o que eu disse no princípio - merda nenhuma.

– O efectivo cumprimento da Constituição da República e a intransigente defesa da soberania nacional face às imposições e condicionalismos impostos pelas grandes potências e pela União Europeia.

Já agora a parte do prólogo "do caminho para o socialismo".
A única coisa que parece com que se importam na constituição são os direitos. Os deveres não existem. Eu também sou a favor do cumprimento da constituição.
Mas uma que não proteja exageradamente certos sectores da sociedade em detrimento de outros. Estou a lembrar-me do caso dos despedimentos na função pública que criaram toda uma multidão de calões que pulula na nossa função pública.
E que desagrada profundamente aqueles na função pública que trabalham como escravos para sustentar os "colegas" que passam anos sem fazer nada. Mas que no fim levavam os mesmo benefícios, as mesmas promoções automáticas e as mesmas avaliações.
Se numa empresa um trabalhador tem de dar provas de ter capacidade para manter o seu emprego, porque é que um tipo que passa anos a fio sem fazer nenhum não pode ser despedido? Porque é que é uma chatice de todo o tamanho por na rua um tipo que claramente não cumpre com as suas obrigações na função pública? Porquê?
É esta a constituição que querem ver cumprida ou uma em que aos direitos correspondam deveres?
Já vi as propostas sérias do PS e agora as do PCP. As do BE não andam muito longe deste estado de alienação e podiam ser perfeitamente decalcadas destas.
São estas a alternativas à governação que temos?
Isto não passa de conversa para mentes simples. São sound bytes para repetir entre duas minis no balcão de uma tasca qualquer.
Isto é conversa de espertos para enrolar estúpidos. Merece tanto crédito como o folheto dum astrólogo ou de uma cartomante.
Parece-me cada vez mais que o problema desta gente se centra em duas grandes áreas:
Necessidade despudorada de conseguir apoio através de mentira (nada que não seja normal em política)
Limitação intelectual óbvia.
Gente como esta é absolutamente medíocre quer do ponto de vista científico quer do ponto de vista intelectual. Recitam uma cartilha que não entendem nem nunca se sentam para fazer "contas" e perceber como tudo isto não funciona.
Patético

A construção civil é a cura para todos os males

Já dizia Cavaco pelos idos 90 que a indústria mais importante do país era a construção civil.
De uma certa forma até tinha razão. O país tinha destruído em tempo recorde todos os sectores produtivos da economia.

Rebentou com a mineração, com as pescas e com a agricultura. Não deixou quase nada de pé. Sobraram durante alguns anos os texteis até aos acordos entre a UE e a India, Paquistão e China. Sobrou o calçado. Sobrevivendo do segmento mais alto, uma vez que o calçado barato não conseguiu resistir à investida dos países onde se paga o trabalho com uma malga de arroz.

A nossa maior indústria foi, como em muitos outros países a razão da nossa morte como economia. E foi também para os Estados Unidos e para a Espanha.

3 países que por razões diferentes se espetaram pelo chão adentro com a aposta mais insana que se podia fazer.

O colapso da indústria financeira acontece pelo crédito à construção e à habitação. Financiou-se a valores super inflaccionados habitação para todos. Que hoje não podem pagar e percebem que se venderem não conseguem sequer pagar ao banco o que lhes falta de empréstimo.

Causou corrupção sem fim. Alterações de PDM's para transformar terrenos agrícolas em urbanos. Isto convinha também às autarquias que iam buscar em licenças, IMI e taxas municipais aquilo que nunca poderiam ter de outra forma.

Corrompeu-se, inflaccionou-se e vendeu-se a ideia ao incauto que agora podia ser feliz a viver numa selva de betão, na sua própria casa. Sua ao fim de 35 anos. Num prédio onde há dezenas de proprietários que não têm dinheiro para sustentar as obras que os prédios precisam. Que não têm dinheiro para o IMI e para o condomínio.

Mesmo assim o crescimento do PIB foi uma desgraça. Negligenciável. De tal forma que a dívida disparou para poder sustentar as obras de regime e o tão falado Estado Social.

Quando o sector colapsou tornou-se responsável por um volume de desempregados sem paralelo com qualquer outro sector. Foi ele também responsável pela emigração em massa, legal e ilegal, que assolou este país durante o boom.

Destruiu-se a paisagem, produziu-se um património edificado de nível terceiro mundista. Que está agora vazio.

Mas o que Seguro propõe é reavivar o sector com recuperação do património urbano.

Para quê? Para vender casas recuperadas? A quem? Com que dinheiro?

Esta gente não entendeu que o paradigma tem de mudar. Radicalmente. A construção terá de ser uma actividade que como qualquer outra sirva para fazer face às necessidades. Não se pode construir casas de habitação até partir, mantendo os preços altos quando não há procura. Ninguém as vai comprar. Acabou
A renovação ocorrerá nos casos em que as casas de habitação forem precisando de obras. Acabou a festa de comprar em ruínas para recuperar e vender com ganhos enormes.
Acabou.
Será uma sorte se for possível fazer obras nas casas arrendadas para poder incrementar as rendas. Isto porque o bloqueio à actualização das rendas continua a ser a maior razão para a escassez no mercado de arrendamento. Porque a maior parte dos senhorios não pode sequer sonhar em fazer obras com o que ganha ou pode vir a ganhar com as rendas.
Acabou.

Metam numa vez nessas tristes cabeças que a construção civil nunca mais poderá voltar a ser o que foi nos 2000. Foi a vaca leiteira que deitou as vedações todas abaixo e espezinhou tudo.

Qualquer fenómeno levado ao limite como aconteceu com a construção civil, destrói um país. Foi o subprime nos EUA e o boom imobiliário, foi o nosso e foi o de Espanha. Um país de gatas e dois na ruína pela cegueira do lucro fácil e imediato.

Mas é isto que Seguro defende. Não me espanta. Ele é um estúpido sem soluções. Só podia pensar nestas aberrações como saída para a crise.
A crise do país é estrutural. Não é um azar da crise "internacional". Os nossos governantes criaram esta situação.

Criaram os BPN's suportados por um sector imobiliário mafioso. Criaram o crédito mal parado aos bancos por facilitar ao extremo a aquisição de casa própria. Banco que na cegueira do bónus imediato foram tão estúpidos que se meteram a eles próprios em buracos sem fundo.

Na construção civil nada será como dantes. Acabou.
Repensem a coisa, ajustem a dimensão do mercado e controlem o stock de habitação como se controla o stock no armazém de uma fábrica.
Esse é o papel regulador do Estado. Não é mais nenhum.


Comissão avalia cancro

O Presidente interino da Venezuela anunciou que uma comissão, suponho que seja de sábios, vai avaliar se o cancro que matou Chavez foi provocado pelos inimigos históricos da Venezuela.

Lá, tal como cá, quando querem ocultar alguma coisa ou inventar uma qualquer explicação criam uma comissão.

Convenhamos que esta tem um trabalho complicado pela frente. Tentar perceber as origens de um tumor não é brincadeira.
Tentar perceber se o dito foi provocado por alguém é algo digno de figurar numa revista médica de renome.

A burrice de tudo isto é mais do que óbvia. O homem não pode ter sido ceifado no auge da vida (do disparate dirão alguns) a não ser por influência externa. Deve até ter sido o único caso de morte de um político por uma doença grave.

Poderá ter sido a mesma origem que provocou a morte de Kim Jong Il ou Khrushchev.

O que mais me espanta é a forma como esta gente se serve da estupidez de um povo para o tentar acicatar contra alguém ou para servir os seus desígnios políticos. Nunca até agora se tinham lembrado desta possibilidade e o homem já tinha o tal "tumor pélvico" há bastante tempo. Os avanços da medicina cubana até o tinham curado de uma vez.

Têm servido disparate atrás de disparate a um povo que tem bebido as palavras destes demagogos como se de néctar se tratasse. No entretanto usam os recursos da PDVSA para desbaratar através duma gestão ruinosa na aplicação de medidas puramente casuísticas. Criaram uma nova classe de ricos, de podres de ricos, entre os quais pontuam obviamente Chavez e a sua família e mais uns quantos da nomenklatura "revolucionária" Chavista.

Usaram uma parte dos recursos provenientes do petróleo para reduzir a terceiro mundista taxa de pobreza e reduzido a taxa de analfabetismo para valores notáveis.
Mas no entretanto muito mais parece ter sido perdido para uma teia de ineficiência e corrupção que acabou aos milhões nos bolsos da nova "classe dominante" venezuelana. Vestem de vermelho, usam chavões pseudo revolucionários mas parecem ser tão bandidos e tão corruptos como qualquer outro.

O Chavismo precisa de endeusar Chavez. Precisa de o endeusar a ponto de descobrir que ele não morreria se não fosse uma acção externa. A conclusão desta comissão já se sabe qual é.
Quando aquele idiota moustachou anunciou aquele disparate na televisão já se sabia que isto iria acontecer. E já se sabe que a população irá beber esta teoria da conspiração com sofreguidão.

Num país em que o número dos que vivem abaixo da linha de pobreza é enorme, não é difícil comprar "amor" e "lealdade" cega. Especialmente num país que está em cima de uma das maiores reservas de petróleo do mundo.
Basta para isso nacionalizar esses recursos e usar a "vaca leiteira" para os programas para o "povo".

Ninguém se ralará com as ineficiências nem com a corrupção. Muito poucos imaginam sequer que existem. Para isso controlou-se a informação ao ponto de ter Chavez horas a fio a perorar na TV. Na TV nacionalizada bem entendido. Porque Chavez usou a revogação da concessão de licenças de emissão de forma a calar os canais críticos. Em especial um deles que actuava como a "oposição" de facto ao seu regime.

Não seria muito difícil avaliar o cancro que foi o Chavismo. Que criou clivagens profundas na sociedade venezuelana, que deixou a criminalidade em Caracas subir a níveis de guerra civil sem nada conseguir fazer, que desbaratou recursos pela incompetência e corrupção enchendo obviamente os bolsos dos "novos" ricos da Venezuela.

Muito mais difícil será perceber a origem do cancro que o matou. Provavelmente impossível. O que não quer dizer que não descubram que foram os EUA a fazê-lo.
Muito mais fácil será apurar a data da morte de Chavez. Ocultada aparentemente para permitir a tomada de posse de um fantoche chamado Maduro.

Em tudo estes regimes comunistas são iguais. Absolutamente em tudo. Não sei se seguem uma cartilha pré definida ou se é apenas o mais rasca do ser humano a vir ao de cima.

Uma coisa é certa. Não têm qualquer superioridade moral. Nenhuma

O berbicacho de Passos

Estou absolutamente farto de ouvir gente que devia ter um mínimo de vergonha na cara a aproveitar de forma completamente demagógica pequenos episódios empolados ou pura e simplesmente inventados.

Marcelo Rebelo de Sousa é um jurista. Um jurista  com pretensões a ser um doa grandes juristas nacionais, daqueles que poderiam ter assento num Tribunal Constitucional.

Mas talvez por ser uma "puta" intriguista nunca lá porá os pés.

O caso do episódio de Passos é mais um daqueles casos em que uma coisa que não acontece se torna numa realidade pela exaustiva repetição de todos os entrevistados nas televisões.

O contexto em que Passos refere o salário mínimo é muito claro. Seguro acha que subi-lo iria incentivar a economia. Está obviamente por provar este efeito mas é mais do que evidente que isto poderia ainda agravar o desemprego.

Imagine-se um qualquer negócio já com a corda na garganta. Que tem de retirar da sua magra facturação o salário de um ou dois empregados. Imaginemos que tem 2 ou 3 empregados a salário mínimo.

Quem é que pode achar que num cenário destes um aumento de salário mínimo significa diminuição do desemprego? O que é que um pequeno empresário já esmagado até ao limite vai fazer se os seus encargos subirem? E por arrasto a segurança social a pagar?

É neste contexto que Passos responde ao idiota do Seguro que a subida do salário mínimo não significaria aumento do emprego. Quando muito o contrário seria verdade.

Mas o que não houve foi uma expressão de um desejo de que isso acontecesse. Em nenhum momento. Passos referiu o caso da Irlanda mas disse claramente que pelo desnível em relação à nossa realidade isso seria impossível em Portugal. Nem sequer o fez com um ar de desânimo como se fosse isso que desejasse fazer.
Limitou-se a responder à imbecilidade e oportunismo sem fundamentação de Seguro.

Borges veio depois dizer aquilo que é óbvio. Se o custo do trabalho for mais baixo (salário mínimo incluído) isso poderia significar um aumento do emprego. É tão simples e tão matematicamente verdade que não há nada que se lhe possa apontar.
Não se está a valorar o salário mínimo do ponto de vista da sua suficiência ou da justeza da medida. Está simplesmente a dizer-se que se o custo do trabalho for mais baixo é mais provável que o emprego aumente. É tudo.

Se Borges deve ou não vir dizer isto, é com ele. Eu acho que o nosso país não gosta de ser enfrentado com soluções pragmáticas e frias. Gosta de viver convencido de uma série de enganos e prefere as mentiras piedosas. Como tal, prefere manter-se iludido até a coisa explodir.
Borges, sabendo isto devia abster-se de dizer estas coisas.
O que não podemos é à falta de afirmações iguais de Passos vir dizer que Borges diz o que Passos queria dizer.

E o que não podemos é ter um eminente jurista a fazer chicana política, sabe-se lá com que motivações, a dar por consumado o facto de Passos ter dito o que não disse.

Já não é a 1ª vez que Marcelo faz isto. Acrescente-se que o acho um eterno cobarde que se refugia no "paleio" para não ter de demonstrar os seus dotes de grande político. A sua suposta sapiência maquiavélica enjoa-me profundamente.
Pode ser muito inteligente, coisa que me sinto tentado a acreditar. Mas na verdade não passa dum intriguista da pior espécie que usa o palco mediático para propósitos muito pouco claros. Gosta de ser um master puppeteer.

Já não é a primeira vez que ajuda a sedimentar uma mentira. Pode não o fazer directamente mas não é capaz de chegar a um palco como a TVI e dizer alto e bom som: Não foi assim que a coisa que passou.
Ao omitir esta abordagem ajuda de facto a sedimentar a mentira.

Já é pelo menos a terceira vez que o faz. Com Ferreira Leite fê-lo uma vez e com Passos lembro-me de pelo menos dois casos.

Não percebo se Marcelo quer agradar a alguém, ou se espera vir a ser 1º ministro. Mas com as suas insistentes mostras de falta de honorabilidade não me parece que tenha grande futuro político.

O que infelizmente temos de sobra é gente a falar demais sobre aquilo que devia ficar calado. Ou porque nem sabe o que está a dizer ou porque diz os maiores disparates com motivações da maior baixeza. Mas falam. Os Pachecos, os Capuchos, os Marcelos e toda a tropa fandanga que ajudou, e de que maneira, a enterrar este país-
Porque nunca tomaram as medidas que deviam, porque sempre estiveram confortavelmente instalados a viver da coisa pública e crise foi coisa que nunca conheceram, porque são simplesmente cúmplices da bandalheira que Sócrates levou a um ponto de glória.

O berbicacho de Passos é que está rodeado de gente com dor de cotovelo, sem coragem para assumir aquilo que ele assumiu e com receio de que as suas benesses e boa vida tenham de chegar ao fim.

Esse sim é o berbicacho. Não é esta treta do salário mínimo. Não é o facto de agora que estamos num absoluto estado de ruína alguém se lembrar que se for aumentado o salário mínimo temos a solução para todos os males.
Porque é que este asno do Seguro não se lembrou de propor ao seu camarada Sócrates que fosse cumprida a meta do salário mínimo prometida por ele com os parceiros da concertação social? Onde andava esta desgraça mumificada quando Sócrates passou por cima de todas as soluções que podiam ter evitado tudo isto? A fingir que era deputado?

E o Governo demite-se. E agora?

Vamos imaginar por momentos que Passos Coelho absolutamente farto de tudo isto, atirava a toalha.

Fazia a vontade a esta extrema esquerda inapta e vociferante e dizia: Basta.

O que é que acontece amanhã?

Para já precisamos de ter eleições. É o mínimo.
Com todos os prazos necessários estaríamos a ter eleições em Abril.

Iríamos passar por uma campanha em que o PS se iria convencer e tentar convencer-nos que é um partido sério e empenhado na resolução dos problemas do país.
Iria dizer coisas como "estamos empenhados com o emprego e crescimento", "Somos a favor do Estado Social" e "somos um partido com sensibilidade para o sofrimento do povo português" (seja lá isto o que for).

O PCP e o Bloco iriam fazer uma campanha completamente convictos de que tinham sido eles os heróis do derrube do "fassismo" pela 2ª vez. Claro está, nunca houve uma primeira em que tenham estado envolvidos, mas podem sonhar.

Ouviríamos palavras como "luta", "derrota da direita", "política de direita", "trabalhadores", "dizer não à Troyka" etc etc.

Mas bem sabemos que por muito que bufem e por muito espectáculo que montem, os 3% para o Bloco e os 8% para o PCP são valores mais que adequados para aquilo que é a sua representatividade social. Nunca passarão disto. O Bloco já teve mais, sim. Mas isso foi antes da palhaçada de extrema esquerda se ter apossado do partido após um período em que andaram a fingir que até estavam menos à esquerda que o PCP. No more. Já não enganam ninguém.

O mais certo era termos o PS a ganhar em minoria. E a precisar de uma ajuda do Bloco e do PCP para governar.
Como fazer este coelho sair da cartola é que é uma chatice.

Como é que um partido que não pode "dizer não à troyka" obteria o apoio de dois partidos de esquerda que querem a troyka daqui para fora? Impossível.
O Bloco, por exemplo, nem sequer contempla essa possibilidade por uma questão de fé.
Daniel de Oliveira tem uma opinião diferente e acabou de sair.
Convenhamos que um partido que tem uma corrente chamada Ruptura/FER (Frente de Esquerda Revolucionária) não é exactamente um aliado credível para nada. A não ser possivelmente julgamentos sumários e fuzilamentos (o julgamento é só para efeitos de propaganda).

O PSD ficaria sem líder. Porque se nenhum dos cobardes se quis candidatar com a perspectiva de ter o poder mas cheio de problemas, imaginem os mesmos cobardes a fazê-lo sem perpectivas de ter sequer o poder.
Nem Capuchos, nem Pachecos, nem ninguém se conseguiria encontrar para candidato.
Como oposição seria mais incapaz em opor-se ao PS do que foi em opor-se ao Governo do seu próprio partido. Isso é seguríssimo.

O CDS iria levar um valente enxerto de porrada na votação mas ficaria efectivamente como o único capaz de dar uma ajuda ao PS a sobreviver com apoio parlamentar. Mas nem estou a a imaginar Portas a fazer uma pirueta dessas.

Em suma, ficaríamos com um governo fraquissimo, num país ingovernável e a ter de continuar a prestar contas aos credores.
Ao mesmo tempo a ter de por o dinheiro onde pôs a boca: Baixar impostos, inventar emprego sabe-se lá como e a ter de "forçar" a banca privada a fazer chegar dinheiro à economia.
Estão a imaginar o belo resultado duma coisa destas? Se este Governo nunca chegou a ter um estado de graça, um assim nem com a imprensa toda a ajudar teria qualquer hipótese.

Como é que Seguro poderia dar a cara perante tudo o que criticou antes? Como é que poderia fugir à sina de ter de cortar 4 mil milhões na despesa? Ia adiando até o país se poder financiar sózinho outra vez? E esperaria que esse incumprimento não resultasse no disparar dos juros da dívida por falta de credibilidade?

Sabem o que vos digo? Toda esta gente merecia passar por um cenário destes. Ver o sacrifício a prolongar-se ainda mais por manifesta incompetência dos sucessores em manter o rumo da recuperação.
A treta é que isso ia afectar toda a gente. Se eu pudesse ter a certeza que isso só afectava quem andou a berrar por esta "solução" quem pedia a demissão do governo amanhã era eu.
Só para ficar na plateia a vê-los amaldiçoar um grupinho novo.

Queria ver que voltas ao discurso iam dar os profissionais do comentário deste país. Pagava para ver. E pagava bem.

Um par de génios

Adão e Silva e Marques Lopes.

Ouvir estas duas almas cagar sentenças como se de dogmas se tratasse é algo que requer uma reserva de paciência bem acima a média.

Se um tipo deste calibre dissesse à minha frente, com as certezas com que o faz, aquilo que vai na minha cabeça, as minhas motivações as minhas intenções, ia para casa não com um olho negro. Ia com os dois.

Levava tamanho tratamento de sopapos que nunca mais se atreveria a por na boca dos outros ou na cabeças dos outros a trampa que vai na sua.

Marques Lopes é particularmente abjecto. Gosta de Cavaco, Vê-se a cheira-se à distância. Detesta Passos Coelho. Por uma razão qualquer que só a sua cabecinha de merda saberá detesta-o. E como qualquer tipo incapaz de ser isento (e não há muitos, reconheça-se) tudo o que ele faz, diz ou pensa está mal feito. Até aquilo que ele acha que ele pensa.

Saltou para a ribalta num programa à sua medida e encheu-se (e encheram-no) de convencimento que o que diz e a forma como o faz são fantásticas e muito relevantes.

É uma espécie de oráculo anti Passos, sempre cheio de certezas e vaticínios. Que como acontece com qualquer outro comentador vão falhando. E tal como outro qualquer comentador vai adaptando a falha dos seus vaticínos à medida que o tempo passa.

Quantas vezes o ouvimos dizer que o deficit de 2011 ia falhar? E quantas vezes o vimos em extâse a dizer que o de 2012 ia falhar também?
E o mais dinheiro? e o mais tempo?
Todos os vatícinios foram falhando total ou parcialmente. Quase parece querer impor a sua própria agenda política a um governo que tem a sua. Como não lhe ligam puto amua e critica.

São tantos os treinadores de bancada sem qualificações como este Marques Lopes que quase parece que as televisões endeusam medíocres especialistas em generalidades. Têm dúvidas? Não se esqueçam do caso do falso economista do ONU e do magistral enrolanço de Nicolau. E foi ele como podia ter sido este destroço intelectual que é Marques Lopes, ou o verme que é Adão e Silva. Tivessem tido eles a oportunidade de ter aquela "caixa" com o vigarista e Nicolau teria sido salvo.

O tempo de antena dado a críticos do Governo é completamente desproporcional em todos os media.
O aproveitamento completamente desavergonhado de uma frase sobre o salário mínimo no contexto do debate é bem prova disso.

Em réplica à absurda medida de Seguro de aumentar o salário mínimo como factor de combate ao desemprego, Passos respondeu que isso só iria agravar o problema. Que na melhor das hipóteses baixá-lo é que combateria o problema.

Daí a transformar a frase numa apologia do salário mínimo ou dizer que isso é falta de preparação ao trazer o tema para o debate vai uma distância incrível.
Que estes "co-merdadores" e jornalistas de baixo calibre prontamente aproveitam.

Tinha feito uma jura de nunca mais ver estes dois parvos absolutos nem ouvi-los no rádio. Hoje escapou-me. No fim voltei a jurar que não repito mais a experiência. Tenho vontade de os esganar. Como se tem vontade de esganar aquele "cabrãozinho" que nunca faz nada mas passa a vida a criticar tudo o que os outros vão fazendo.
Sim, na verdade eles são mesmo o estereótipo do "cabrãozinho" incapaz e com mau perder que se transforma naquilo que o português chama com muita propriedade "um mete nojo".

The biggest show on Earth - DimWit Brothers Circus

É assustador pensar que a alternativa a um estado de austeridade implacável seja isto. Seja o plano em 5 pontos do Partido Socialista

Não é fácil gerir um país. Muito mais difícil é gerir um país falido, sempre no fio da navalha.
Já sabia que a capacidade técnica e seriedade intelectual é coisa que não abunda no PS, mas isto é de nível de ensino secundário.

Como é que estes génios esperam que se parta para uma política generalizada de renovação urbana num país em que a esmagadora maioria dos proprietários não consegue fazer face a despesas básicas de conservação das suas casas?
Como acham estes génios que isto vai acontecer? Com crédito para obras? Então acham que conseguem fazer o sector voltar à vida com balões de oxigénio?
O sector que foi o responsável primeiro pelo colapso económico do país?

Não nos esqueçamos do papel devastador que a construção civil teve nos últimos 10-15 anos na nossa economia. O factor multiplicador desapareceu. As indústrias locais de suporte à construção civil colapsaram e praticamente tudo é importado. A especulação de terrenos e de habitação pronta causou buracos medonhos na banca, entre os quais brilha a grande altura o do BPN.
Os bancos têm milhões e milhões em "activos" imobiliários que afinal não passam de ser um passivo monstro.
E estes génios acham que é reavivando a construção civil que se dá volta à crise.
Isto já não é idiotice. É a mais pura limitação intelectual.

Os pontos relativos as renegociações da dívida podem até ser interessantes mas precisam de ter em conta um pequeno detalhe - a aceitação do credor.
E estes pontos passam por cima disto olimpicamente. Como se por acaso pudesse ser o devedor (a viver de esmolas) que vai impor ao credor coisas como aumento de prazo, abaixamento de juros e, imagine-se, reembolso de valores ganhos com juros!!!

De todos os pontos sobra como possível o IVA dos restaurantes. E apesar de ser uma medida de fácil implementação face à queda da receita por retracção do consumo, acaba por parecer patética como solução para o problema. Um país salvo pelo IVA dos restaurantes.

Se isto não fosse assustador era de rir convulsivamente. O que torna tudo aterrador é que este é mais ou menos o "programa eleitoral" do imbecil que dá pelo nome de António José Seguro. E até acredito que o homem seja tão estúpido que acredite nisto.

Toda a gente a arranjar casas, aumentar o salário mínimo e reduzir o IVA dos restaurantes. Inventar umas formas de fazer "formação" a desempregados (é sempre tão cómodo resolver os problemas com dinheiro de alguém) com dinheiros comunitários.

Isto mostra bem até que ponto é superficial e enviesada a visão que estes idiotas têm da situação presente. Parecem não fazer a mais leve ideia da dimensão da catástrofe e propõem paliativos quase infantis.

E se no ponto 4 os nossos credores disserem não?

E o que é o ponto 5? Desculpem-me a franqueza, mas que merda é esta? Em que é que isto difere daquilo que qualquer português minimamente bem intencionado diria? É assim que se tira um país da crise?

E são estes idiotas mais toda a imprensa que têm no bolso que têm o atrevimento de chamar incompetente a Vitor Gaspar?

Isto é tão mau que quase nem há qualificativos para descrever o nível.

Manifestações épicas

Não há dúvida que devemos ser um país sem grande concorrência no que diz respeito a obras grandiosas.

Temos uma praça em Lisboa capaz de albergar toda a população do país.

Mas o mais estranho é que perguntando a diferentes pessoas em alturas diferentes no tempo, este número varia tremendamente. Mas a praça tem sempre a mesma área.

Quando a realidade é decepcionante chamam-se os "especialistas" da comunicação e faz-se uma vitória retumbante.

Segundo o DN, 1.5 milhões manifestaram-se contra a Troyka em todo o país. Afirmação suficientemente vaga para ser absolutamente incomprovável. Mais ainda, em vez de cruzar com os números da PSP, o DN limita-se a dar eco aos números da organização. Sem dúvida um critério objectivo e completamente normal para uma imprensa séria e equidistante.

A única pista de que as coisas podem estar muito longe desta "realidade" é quando se começam a comparar imagens...


Talvez pelas obras que ocorreram no Terreiro do Paço a sua capacidade tenha aumentado tanto que agora é simples colocar na praça 2 ou 3 milhões de pessoas, enquanto que há 2 anos 80 mil enchiam o espaço.

Ou melhor ainda porque não estender a manifestação à Turquia? A manif foi tão grande que transbordou para Ankara (ou Istambul).


De acordo com um pequeno artigo no Público até se foi ao ponto de colocar uma imagem a circular que foi feita na Turquia em Janeiro de 2012.

Porque é que esta questão do volume é tão importante para estes organizadores?

Porque é a única razão que podem invocar para reclamar uma demissão do governo. Seria supostamente a legitimidade das ruas a sobrepor-se à legitimidade constitucional, que a própria manifestação diz defender.
E não é com 150 mil que se muda um regime. E como não parece passar muito disso, inventa-se. Há aqueles que começam com a contabilidade imbecil de dizer que havia tantas pessoas ra rua de Ouro e tantas no Restauradores etc etc.

Podem dar-lhe as voltas que quiserem. Não houve 1.5 milhão de manifestantes. Em frente à AR meia dúzia de gatos pingados vigiados por meia dúzia de polícias a quem falta a coragem de agir a não ser que haja um bom grupo de agitadores sem nada a perder. O mesmo foguete chocho do costume.

O aproveitamento propagandístico deste tipo de acontecimentos não vem do indivíduo que acredita que os partidos são todos iguais e que é necessária uma alteração do sistema. Ele vem precisamente dos partidos mais à esquerda que capturam este tipo de manifestações querendo fazer acreditar que toda aquela gente defende uma causa sua. Eles infiltraram o movimento dos precários e todas as iniciativas não partidárias a que assistimos neste último ano. Há sempre um ranhoso do bloco ou do PCP a tentar capitalizar o descontentamento dos outros. Infelizmente não entendem que eles são tão odiados como os outros. Eles são, à semelhança dos deputados dos outros partidos, um grupo de medíocres que se viram colocados num dos cargos de mais alto prestígio de país apenas porque lamberam as botas certas.

Não esqueçamos que a representatividade destas forças políticas é marginal. E que curiosamente desce em cada acto eleitoral. No entanto querem fazer-nos acreditar que ha um milhão e meio de portugueses que estão com eles. Mais ou menos como Manuel Alegre se achava dono da consciência de um milhão de portugueses.

É um remake do período pós revolucionário de 1975 em que tudo era muito pra frentex e muito "anti fassista", mas quando se chegava às eleições o voto mostrava uma coisa diferente. O balanço de poder era sempre (e continua a ser) entre 3 forças.

A esquerda "pseudo revolucionária" é como o comic relief num momento de desespero. Sai à rua, diz umas coisas, quer destruir tudo e não tem soluções para nada. Desde os Arménios às Blandinas Vaz aos "artistas" como LM Cintra ou intelectuais como Rosas. Inconsequentes, instalados, patéticos, anacrónicos.

Por cada um dos que saiu à rua haverá muitos mais que não o fizeram. E não é porque não estejam a sentir o garrote. É simplesmente porque não querem ser capturados por políticos oportunistas de baixa craveira. Eu não quero que ninguém fale em meu nome. Eu falo por mim.

Não sou adepto da máxima "o inimigo do meu inimigo é meu amigo". Não existe transitividade nesta relação. A esquerda quer fazer acreditar que sim, mas isso não é verdade.

No dia em que tivessem uma hipotética vitória, começaria o corte de gargantas entre eles. Sempre foi assim em toda a história do comunismo.

Valha-nos a consolação de que vão para casa todos contentes a pensar na sua extraordinária capacidade de mobilização, orgulhosos dos títulos dos jornais com números falsos, beberricando um capuccino muito burguês, já a pensar na próxima "luta".

Hoje nota-se que está tudo muito melhor. Não nota?

Que se lixe a Troyka (2)

15:09 - Uma jornalista da TVI24 faz um directo dos Restauradores para dizer que a praça está vazia "mas CERTAMENTE virão milhares de pessoas"!

Este foi mais ou menos o tom de todos os "directos" de todas as TV's por esta hora. A SIC notícias até mete umas imagens da outra mnifestação anti TSU para dat mais algum peso à coisa.

Já tinha sido mais ou menos óbvio o alinhamento dos jornalistas com quem protesta na manifestação anterior. Hoje, a julgar pelo nível destas intervenções atrevo-me a dizer que devem estar nas comissões organizadoras.

Tenha a manifestação uma grande adesão ou não, não cabe aos media tomar partido. Eles existem para relatar factos, recolher imagens e deixar que cada um forme a sua opinião.
Tornaram-se num mero veículo de propaganda sem objectividade e aparentemente sem qualquer pudor.

E voltando ainda à senhora que falou de manhã, toda agarrada aos "direitos constitucionais" não deixa de ser curioso que no fim passa por cima de um preceito constitucional com o à vontade de quem não faz nenhuma ideia do que está a dizer. Segundo ela, um governo que foi eleito democraticamente (palavras dela) tem de sair agora porque as pessoas mudaram de opinião.

Portanto, cenários como a perda de apoio parlamentar ou dissolução da AR estabelecidos na nossa constituição já não são de observar.
Com este tipo de abordagem da legalidade ou da realidade como é possível esta gente merecer sequer alguma credibilidade?

Bem vistas as coisas eles têm razão. A situação está péssima e pode ainda piorar. Mas em que é que um vazio de governo e a substituição por um liderado por um deficiente mental vai resolver os problemas criados em mais de 20 anos de desbarato?
Qual é a solução objectiva que permita a Portugal sair do buraco sem haver um sacrifício enorme?

Sabendo nós que a maioria do desemprego vem de sectores ligados à construção civil, com o efeito em cadeia que se espera, como acham possível reempregar toda esta gente numa economia que viveu de acrescentar margem a coisa nenhuma durante 20 anos?

Enquanto que os ideólogos da esquerda sabem isto perfeitamente, estes arregimentados do ódio e do desespero parecem passar por cima do mais básico. Vivem de sound bytes e não há uma proposta que soe a sério. Não há uma que sendo implementada não causasse ainda maior mal. Falir os bancos? Claro, o Estado depois paga do fundo de garantia a todos os depositantes. Se só paga 20 mil, quem tinha mais que isso é um fascista.
IVA da restauração? Com certeza. Só isto deve significar "metade" do desemprego. Suponho que esta virtuosa gente passe depois a ir aos restaurantes todos os dias.

Até tive o desprazer de ver uma reformada (bem jovem por sinal) a reclamar dos seus direitos, porque segundo ela descontou.
Pois minha senhora quem descontou fomos nós que ainda estamos no activo e a quem dizem que quando chegar a nossa vez não vai haver caroço. Mas com um elevado sentido de solidariedade para com os pensionistas futuros esta senhora está apenas ralada consigo. Ou outros que se ralem quando chegar a altura. Gostava de saber com que idade a enxuta senhora se reformou para saber quantos anos me calha trabalhar para sustentar a sua reforma. Aquela à qual ela tem um direito inalienável.

Aquela com que eu não vou poder contar, apesar de ter descontado pela medida grande para políticos, gestores públicos, excedentes da FP etc etc. Muitos daqueles que pouco passados os 50 estavam reformados com plenos direitos. Políticos medíocres com reforma após 8 anos, presidentes com reformas vitalícias, gestores com dezenas de milhares por mês por ter servido um ou dois anos numa empresa que ajudaram a arruinar.

Entre as propostas dignas de crianças da escola primária e outras dignas de uma ditadura maoista, os media comem, amplificam, reiteram e defendem este tipo de coisas EM TODOS os canais.

Até onde chegámos... Entre jornalistas e protestantes profissionais só me ocorre dizer uma coisa muito à maneira Nortenha: "Ora bão prá puta que os pariu"

Que se lixe a troyka?

Tal como qualquer outro português detesto ter de aceitar que as opções da nossa política económica sejam ditadas por gente que nem sequer nos representa.

Não gosto de ser informado que a minha pensão vai ser reduzida a nada ou que o subsídio de desemprego vai ser apenas simbólico através de um qualquer relatório do FEEF.

Mas as minhas apreciações não podem ficar pela mera superficialidade. Deixo esse tipo de coisas para gente intelectualmente superior como sejam António José Seguro ou membros da esquerda ululante.

O que nos trouxe aqui foi precisamente a "sensibilidade" destes asnos bem pensantes. Para pagar os direitos constitucionalmente consagrados e ao mesmo tempo evitar sobrecarregar fiscalmente a população (coisa que nem sequer conseguiram) estes criminosos contraíram dívida para poder pagar esses direitos.
Bastava fazer umas contas, que ainda por cima estavam feitas, para se perceber que o modelo ia durar uma dezena de anos. Puseram a mão à frente dos olhos e fingiram que estava tudo bem. Enterraram-nos ate ao pescoço em dívida e em impostos. Saíram pela porta grande. Deixaram aos outros a solução do problema e sentaram-se na plateia a berrar a plenos pulmões contra tudo o que eles possam fazer.

Mas o que assusta é a craveira intelectual dos críticos. Uma tal Blandina Vaz comentava há pouco na SIC Notícias a imprensa do dia. E como qualquer básico dotado de um raciocínio básico e de opiniões mais determinadas pelo sectarismo do que pela inteligência dizia coisas como:

O governo está a destruir a escola pública pondo professores no desemprego.

Como se o facto de haver professores no desemprego fosse condição suficiente para haver uma escola pública má. É como dizer que se houver engenheiros desempregados temos uma engenharia de má qualidade.

Esta gente sempre aceitou a ideia da economia de mercado desde que houvesse sectores que estivessem protegidos das suas leis. Protegidos da oferta e da procura. Se o número de alunos numa escola necessitar de 100 professores, esta gente defende que se tenham 150 porque existe um direito inalienável ao emprego.

Claro que isto só é aplicável ao sector público, porque no sector privado a oferta de emprego existe para fazer face às necessidades da procura. Mas como estes bem pensantes estão no Estado não podiam estar-se mais a cagar para o que se passsa com os trabalhadores do privado. Que até agora suportaram a 100% o desemprego neste país.

O sector privado sustenta o sector público na sua totalidade. Suporta o desemprego porque eles não podem perder o emprego e ainda passa pela humilhação de os ver sair à rua a berrar contra a Troyka que teve de vir salvar esta trampa de país que sustentou estruturas do Estado acima do que tinha capacidade para fazer.
E é o trabalhador do privado que ainda tem de gramar ser mal tratado por esta gente que acha que quando está no trabalho não tem nada que estar a aturar os chatos dos utentes, que são um incómodo.

Estes anti troyka têm os seus salários pagos pelo empréstimo do FEEF. Os maquinistas da CP, os professores do ensino público, os profissionais da saúde pública, os trabalhadores da TAP etc etc são em 1ª instância os beneficiários do empréstimo que Portugal contraiu. Tal como uma parte da dívida contraída antes. Todos os que fazem do protesto a sua principal actividade são os que mais beneficiam com a esmola internacional. Porque bem vistas as coisas tem sido o Estado recorrendo a este dinheiro e ao dinheiro sugado aos contribuintes a manter a sua pornográfica dívida durante dezenas de anos. Para que eles possam manter os "seus direitos".

Eles são os únicos que estão em posição de poder fazer uma greve dia sim dia não sem serem corridos do emprego que muitas vezes têm grande dificuldade em justificar. E como qualquer bom português querem manter a todo o custo e se possível com horas extraordinárias em abundância e aumentos acima da inflação.

O que caracteriza o discurso destes activistas anti troyka é um completo desfasamento da realidade. É em última análise uma manifestação de um incrível egoísmo relativamente aos benefícios. Claro que falam em "nome de todos", mas na verdade estão a pensar apenas em si. Alguma vez eles saíram à rua pelos outros? Antes de lhes chegar ao bolso a eles? Naaahh.
Falam da constituição como se a letra escrita numa lei pudesse suplantar a realidade.

O emprego no sector privado não é nem nunca foi garantido.

Esta senhora estava chocada por João Salgueiro dizer que existe muito trabalho para fazer e não o choca se um licenciado o fizer. Acrescentou que havia muito médico, engenheiro e quadro superior a trabalhar nos mais diversos empregos no nossos país vindos sobretudo da Europa de Leste.
Mas esta senhora acha isto indigno. E é, até um certo ponto.
Mas ela defende que alguém fique quieto anos a fio com um "subsídio" garantido pelo Estado dizendo que não a todo e qualquer emprego só porque não encaixa naquilo que é a sua expectativa de licenciado? É assim que esta débil mental acha que se vai resolver o problema do desemprego jovem?
Quantas vagas acha esta fulana que vai haver para absorver todos os licenciados de trazer por casa que se produziram ao longo dos últimos 15 anos? Em coisas como Ciência das Religiões?

O Português tal como esta gente o concebe é um calão, cheio de direitos e sem qualquer dever, que devia pagar imposto 0 e receber ajudas do estado quando espirra.
Como é óbvio o Português não é assim. E esta visão do que é ser português é profundamente insultuosa para um povo que sempre soube sair por cima de qualquer situação sem necessidade de um estado paternalista e estúpido. E que seria ainda mais estúpido com gente deste calibre a pensar no destino do país.

Esta forma de pensar, esta mania de se chocar com tudo, de andar sempre a exigir desculpas e de se fingir muito sensível é a todos os títulos um vómito. Um vómito produzido por inúteis que só berram agora porque lhes mexeram no bolso. Antes disso acontecer não podiam estar mais alheios à destruição das estruturas do país. Desde que "o deles" chegasse mensalmente o país bem podia ir pelo cano abaixo.
Pois o país foi pelo cano abaixo. E podem vir para a rua lutar e perder tempo porque a economia não muda magicamente por decreto nem com manifestações.
Vivam com isso