O folhetim RTP ou como culpar alguém de uma coisa e do seu contrário
Nuno Santos apresentou nesta quarta-feira a demissão de director de Informação da RTP. O ex-responsável e a administração contradizem-se sobre imagens da manifestação de dia 14, frente ao Parlamento.Por esta altura andava tudo num corropio a gritar contra o Estado policial que tinha alegadamente deixado usar as imagens da RTP (em bruto) para ajudar a identificar, acusar e punir os "jovens trabalhadores revolucionários" especialistas em pedrada.
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“A meu pedido renunciei hoje [quarta-feira] ao cargo de director de Informação da RTP, tendo apresentado a minha demissão ao Conselho de Administração. Esta decisão é irreversível”, escreve Nuno Santos numa nota à redacção a que o PÚBLICO teve acesso.
A cabala Relvas/administração contra o povo trabalhador estava em marcha.
Nuno Santos apresenta a demissão e diz que ela é irreversível.
22 de Novembro - Comissão de Trabalhadores da RTP acusa MAI
Num comunicado muito crítico para com a actuação do Governo, o órgão representativo dos trabalhadores afirma que “não pode tolerar-se que homens de mão do ministro [Miguel Macedo] entrem na televisão pública como numa quinta sua, sem mandado judicial, para visionar e requerer cópias de imagens destinadas exclusivamente ao trabalho jornalístico”.A Comissão de Trabalhadores provavelmente composta de alguma escumalha comunista do pós 25 de Abril vem a terreiro proferir declarações em tom acusatório muito a la Stalin. Aparentemente a conluio entre o Min da Administração interna e os homens de mão dentro da RTP violaria todas as regras deontológicas possíveis e imaginárias. Entre outras coisas, estes imbecis qualificam a autorização de visionamento de crime e acusam os responsáveis das pedradas de ser infiltrados do Governo. Quem é que afinal está a fazer propaganda? O Governo ou estes dinossauros Estalinistas nos métodos e nas ideias?
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“Não pode tolerar-se que Miguel Macedo, para efeitos da propaganda do Governo, induza ao crime – seja com as pedradas dos seus infiltrados, seja com pedidos de imagens que pressupõem uma violação da legalidade pela RTP”, lê-se ainda no documento.
4 de Dezembro - Luís Castro nega ter autorizado visionamento das imagens na RTP
O ex-subdirector de Informação da RTP garantiu que cedeu o gabinete para visionamento das imagens “mediante uma decisão que fora tomada por um director de informação”.Aqui já se ouvia dizer que afinal quem tinha dado a autorização teria sido um director de informação. Estará Luís Castro apostado em fazer favores à administração? Talvez.
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A Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) ouviu, nesta terça-feira, o ex-subdirector de Informação da RTP, Luís Castro, sobre o visionamento nas instalações do canal público de televisão das imagens relativas à carga policial de 14 de Novembro, em frente à Assembleia da República.
Após uma reunião de cerca de duas horas, Luís Castro deixou uma garantia: “Não dei autorização para a polícia entrar nas instalações da RTP, não assisti ao visionamento e a única coisa que fiz foi ceder o meu gabinete, uma vez que ia ficar livre, e fi-lo mediante uma decisão que fora tomada por um director de Informação.”
5 de Dezembro - Nuno Santos diz ter sido alvo de “saneamento político”
Ex-director de Informação da RTP diz ter sido alvo de um caso de “saneamento político travestido de uma decisão de gestão” no caso das imagens da carga policial.Nuno Santos que afinal diz que não autorizou nada começa a dizer que o queriam remover porque era incómodo. Porque deixava passar notícias de contestação ao Governo. Concordo que se não o fizesse soaria muito estranho. Não há um dia que passe que não haja contestação. O que eu estranho é o silêncio à contestação a Sócrates num passado recente...
Nuno Santos está a ser ouvido, esta quarta-feira, na Comissão de Ética e na sua declaração inicial realçou que este seu “saneamento político” ocorre num momento muito delicado da vida da RTP, quando se discute a privatização de parte da empresa, como ainda esta terça-feira o consultor do Governo António Borges defendeu.
“O que temos em cima da mesa é um golpe de mão”, apontou o ex-director, que depois acrescentou: “A partir de um certo momento, tornou-se evidente que eu era uma pessoa non grata para o Governo. Porque deixava fazer informação contra o Governo? Não, apenas uma informação correcta e isenta.”
Parece-me precipitada a demissão de alguém que está de consciência tranquila.
Não precisava de o fazer. E se fosse necessário um inquérito que o ilibasse, ficava até à sua conclusão e depois sim, demitia-se. Com o queixo para cima e sempre, mas sempre realçando a sua inocência.
5 de Dezembro - Nuno Santos demitiu-se porque perdeu a confiança na administração
“Quem perdeu a confiança no presidente do Conselho de Administração fui eu", disse Nuno Santos na AR.Claro que como jornalista, Nuno Santos não consegue ficar calado. Agora já tudo eé mau depois de sair. Tanto quanto se percebe não foi a administração a estar envolvida directa ou indirectamente no visionamento. O que aconteceu foi ao nível hierárquico de Nuno Santos. Porque é que uma administração se torna indingna de confiança? Porque instaurou um inquérito interno? Porque não defendeu o director? Recordem que logo no rebentar do "escândalo" era a administração acusada de estar a fazer favores ao governo.
O ex-director de Informação da RTP decidiu pedir a demissão na sequência da polémica com as imagens dos confrontos policiais porque perdeu a “confiança” na administração liderada por Alberto da Ponte.
Estas afirmações, seja em que contexto for, são razão mais que suficiente para que uma administração pense seriamente se quer ter nos seus quadros alguém que claramente não se revê na sua "administração".
Para ser coerente o que Nuno Santos devia fazer era pedir a demissão da RTP tout court.
Não apenas do cargo de director. Se estamos a falar de coerência era assim que faria.
7 de Dezembro - RTP suspende Nuno Santos e abre processo disciplinar para o despedir
A Administração da RTP suspendeu preventivamente o ex-director de Informação Nuno Santos e abriu um processo disciplinar para despedimento.Afinal a demissão foi apenas a demissão do cargo de Director de Informação e não de funcionário da RTP.
Em comunicado, Nuno Santos revela que foi informado da suspensão e do processo na manhã desta sexta-feira, pouco antes de ir à audição que tem marcada na Entidade Reguladora para a Comunicação Social.
"Consumou-se o saneamento político!", diz o jornalista, acrescentando estar "impedido, sem razão, de trabalhar".
Como é que Nuno Santos pode achar que chega a uma Comissão Parlamentar, que é pública e transmitida na TV, diz que "eu é que não quero trabalhar com essa pessoa" e espera sair de lá e fica tudo na mesma?
Como é que os idiotas dos colegas de profissão de Nuno Santos podem vir para a televisão comparar estas declarações e o contexto em que foram feitas, com uma espécie de imunidade parlamentar ou coisa que o valha? Desde quando é que as coisas que um inquirido diz numa comissão estão fora da alçada da justiça disciplinar, criminal ou outra qualquer?
Judite de Sousa diz imbecilmente, como parece ser apanágio dos jornalistas nestas questões, que assim "ninguém mais quer ir às comissões" (!!!!). Se calhar também pensa que assim ninguém quer ir a um tribunal prestar declarações. E são isto jornalistas que se arrogam de perceber o que é um estado de direito. E não se cansam de dizer que o defendem...
O mais divertido é que na pergunta Marcelo foge com o rabo à seringa e põe-se a falar do momento do processo disciplinar em vez de dizer que aquelas declarações feitas na comissão ou noutro forum público qualquer são mais que fundamento para um processo disciplinar. Ele sabe-o e não o diz.
Então se eu chegar a uma Comissão e desatar a difamar alguém ou a confessar crimes próprios, como posso esperar que não haja consequências?
Só se estiver em delírio. E isso é o que parece que acontece com Nuno Santos e com os colegas que saltam a terreiro a defendê-lo. E são os jornalistas que passam a vida a falar de corporações?
O facto de haver afirmações proferidas nestes contextos (julgamentos, comissões de inquérito, etc) não trazem nenhuma imunidade para quem as profere. Mais ainda, são testemunhadas, passadas a acta e passam a ser uma fonte credível para prosseguir com procedimentos de ordem judicial ou outros.
Nuno Santos quis fazer uma bravata como se fosse um intocável. É um imbecil se pensa que pode dizer o que lhe aprouver por trabalhar numa empresa pública.
Sabe perfeitamente que se trabalhasse na SIC e a "pessoa" com quem não pode trabalhar fosse Balsemão o resultado seria o despedimento puro e simples.
Acredito até que não tivesse tomates para o dizer.
Quando alguém diz o que ele disse naquele contexto, com aquela repercussão pública e naquelas circunstâncias, vir falar de saneamento, ou do ridículo ter um processo por ter proferido certas declarações na comissão, ou é estúpido ou então acha que vai haver um grande movimento popular para o salvar. É dos tais casos que tinha sido bastante bem aconselhado por um advogado.
Esta é mais uma daquelas baralhadas em que está tudo a gritar e não se percebe nada do que se passa. Começaram por acusar o governo de ser o responsável, via administração, do visionamento de imagens.
Depois quando as coisas começaram a apontar para outro responsável começam a acusar o governo de saneamento político.
Entretanto parece que se esqueceram do "enorme crime" que tinha sido mostrar as imagens. O "criminoso" passou a vítima. Seria "crime" se fosse a administração. Como tudo parece indicar que foi Nuno Santos deita-se o crime borda fora e começa a gritar-se pelo saneamento.
A comissão de trabalhadores está muda e ainda bem, já que de cada vez que abre a boca cobre-se de ridículo, Nuno Santos é santificado e o Governo é apontado como tendo sido responsável por várias tropelias.
No meio da confusão a ideia que vai passando é que o Governo se queria livrar de Nuno Santos. Mas a verdadeira questão, quem é que autorizou o visionamento, já está esquecida. Como tudo parece apontar para outros que não o Governo, interessa agora desviar a atenção para o "coitadinho do jornalista" que é vitima de saneamento por manipulações obscuras do Governo - Nuno Santos.
O coitadinho do jornalista é parvo e forrado do mesmo. Não sabe sequer o que não deve dizer para não ser o único prejudicado desta história.
Se de acordo com o MP não há nada de ilegal em mostrar s imagens (como já foi afirmado) então não tem nada que temer, tenha sido ele a dar a autorização ou não.
Demitir-se imediatamente e depois andar a fazer choradinho porque se percebe que afinal não era bem isso que queria é no mínimo uma garotada.
Mas ninguém disse que os jornalistas não eram isentos de falhas. Começo a pensar que são afinal os que menos razões têm para poder apontar o dedo a quem quer que seja.
Tudo isto é uma fantochada, mal contada.
Intencionalmente mal contada. Não há um jornal que consiga estabelecer uma cronologia simples e elencar os factos de maneira que se compreenda. Não lhes interessa fazê-lo porque seria simplicíssimo fazê-lo.
Desde conclusões abusivas retiradas por jornalistas / comentadores medíocres nas televisões a artigos de jornal que seriam indignos de limpar o orifício rectal, o jornalismo que temos dá-nos de tudo.
As comissões de trabalhadores dão-nos sempre do mesmo - Idiotice, sectarismo político inflamado e deslocado.
O jornalismo sério leva mais uma machadada.
E ainda se queixam de se assistir a um decréscimo de vendas de jornais pondo em causa a sustentabilidade do mundo jornalístico.
Pudera, quando se tem gente desta a informar as pessoas, quem é que está interessado em os ouvir?