O que se pode concluir de Nicolau

Dizia Nicolau Santos que não se podia concluir do ser "erro" que ele privilegiasse opiniões anti Governo.

As suas desculpas bastariam para apagar e esquecer um erro do mais espalhafatoso que a nossa comunicação social produziu nos últimos anos.

Até Bernardino Soares dizia hoje que Nicolau com muita "integridade" já tinha posto um fim à coisa.

A esquerda, alinhada com as teses do burlão anda apostada em apagar todos os vestígios da asneira.
O burlão, por seu lado sabia bem que para conseguir o palco mediático tinha de ter uma conversa consistente com as teses catastrofistas tão do agrado da esquerda "bem pensante".
E apanhou-os a todos no novelo de números e pseudo economia que os tem encantado neste último ano.

Pode concluir-se deste episódio uma série de coisas, entre as quais a que Nicolau não quer que se conclua.
Mas infelizmente entre o que ele quer e o que acontece vai todo um mundo de diferença.

Podemos concluir que
  1. Nicolau é incompetente como profissional. Não valida minimamente a fonte, acreditando apenas pelo discurso e pelos títulos pomposos que tinha à frente um especialista
  2. É obviamente parcial. Acreditou porque a conversa do burlão estava alinhada com a sua. O facto de Nicolau acreditar que o burlão trabalhava para a ONU trazia-lhe (a Nicolau) uma credibilidade acrescida. Ele e a ONU pensavam em uníssono. E mesmo que ache que a ONU é mais ou menos uma inutilidade, neste caso a ONU é útil para validar as suas opiniões.
  3. É totalmente desprovido de bom senso. Ao pensar que um episódio como este não realça a sua mais que evidente ideologia.
  4. É ingénuo ao pensar que mais alguma vez a sua credibilidade como jornalista recupera dum episódio como este. É ingénuo ao pensar que a sua credibilidade como economista alguma vez existiu.
  5. É desonesto ao pretender fazer-nos acreditar que se o burlão da ONU tivesse uma opinião contrária à dele teria tido o mesmo "tempo de antena" e direito a algum artigo seu no Expresso.
De tudo isto o que sobra é a prova de que a comunicação social e os seus agentes agem desta forma com  demasiada frequência. Nem nos apercebemos na maior parte das vezes, mas é constante o atropelamento daquelas que deviam ser as regras mais básicas para um jornalista. A verificação das fontes e a sua confirmação por cruzamento é absolutamente vital.
Longe vai a qualidade do jornalismo de investigação que resultou num caso Watergate.  Longe vai a preocupação de por notícias a circular apenas quando se tem a certeza de estar certo.
As coisas são muito mais superficiais. Mais imediatas. E há gente que sabendo isto de aproveita da situação.
Um deles foi Sócrates. Com as suas revoadas de anúncios garantia manchetes durante semanas. Nenhum dos jornalistas "megafone" de Sócrates se preocupou em verificar do seguimento desses anúncios. Nem sequer se preocupavam de perceber que eles eram feitos várias vezes.
O outro burlão que fez o que quis da comunicação social foi Artur Santos Silva.

E a resposta a tudo isto é esperar que a justiça se encarregue de o castigar. Apanhados como uns putos numa patranha em que quiseram acreditar, esperam agora que sejam os tribunais a castigar o mentiroso.
E que tal o órgão deontológico dos jornalistas e a ERC tratarem do assunto no foro próprio? Que tal uma reprimenda à "falta de cautela" entusiástica de Nicolau?

Que Nicolau Santos é um pedaço de bosta já não é novidade para ninguém. Que é um jornalista "comprado" ansiando por um lugarzinho mais quente junto do poder que ele espera ajudar a ganhar também já não é novo. Mas espetar-se assim depois de andar há 32 anos a exercer a profissão de jornalista é algo verdadeiramente épico.
Não podia ter acontecido a melhor pessoa.