Nuno Santos e o ser inconsciente
O que ele disse antes e durante a Comissão de inquérito são razão mais que suficiente para qualquer empregador abrir um processo disciplinar.
Em declarações a quente, Nuno Santos foi acusando a Administração da RTP de tudo. Acusou-os de saneamento político, qualificou o Presidente da estação de pessoa sem carácter e chegou mesmo a referir-se a ele em termos muito pouco respeitosos na Comissão Parlamentar.
Vem agora pedir esclarecimentos à Presidente da AR sobre qual é o estatuto dos depoentes nas comissões. Ou seja, Nuno Santos quer saber se é imune nessas circunstâncias. Quer saber se as bacoradas que diz na comissão podem ser usadas para a abertura de um processo disciplinar.
Não deixa de ser curioso que não se tenha informado antes. Terá ido para a comissão com o objectivo de agradar a quem não gosta do Governo e percebe depois que afinal o que disse pode ser usado contra si.
Mandaria a sensatez que na dúvida se tivesse referido à situação em termos que pelo menos não tivessem soado a ataque pessoal ao Presidente da estação.
Quando alguém diz o que ele disse em qualquer contexto público só pode esperar que haja consequências.
Pretender invocar agora uma suposta imunidade é fazer sem tirar nem por o que todos os políticos têm feito ao longo destes anos - usar expedientes dilatórios para evitar as consequências dos seus actos ou das suas palavras. E isso é o que os jornalistas gostam de usar para apontar o dedo aos "criminosos" sem castigo.
Se por absurdo Nuno Santos tivesse declarado o furto das imagens não seria imputável? Ainda por absurdo se Nuno Santos tivesse declarado um homicídio não seria imputável?
Nuno Santos é completamente parvo se pensa que pode faltar ao respeito a um superior em público e na televisão e safar-se com isso. Os seus colegas que o defendem porque as declarações são feitas no contexto de uma Comissão, fariam melhor em informar-se como as coisas se passam num processo judicial. E talvez agora percebam porque é que o segredo de justiça é importante em circunstâncias destas e noutras.
Fez a cama. Deite-se nela. Se não teve a prudência necessária para se proteger então é tonto. Mas como ainda vem dizer que as palavras foram bem "pesadas", acabou de ter aquilo que procurava. Um emprego novo...