E o Governo demite-se. E agora?

Vamos imaginar por momentos que Passos Coelho absolutamente farto de tudo isto, atirava a toalha.

Fazia a vontade a esta extrema esquerda inapta e vociferante e dizia: Basta.

O que é que acontece amanhã?

Para já precisamos de ter eleições. É o mínimo.
Com todos os prazos necessários estaríamos a ter eleições em Abril.

Iríamos passar por uma campanha em que o PS se iria convencer e tentar convencer-nos que é um partido sério e empenhado na resolução dos problemas do país.
Iria dizer coisas como "estamos empenhados com o emprego e crescimento", "Somos a favor do Estado Social" e "somos um partido com sensibilidade para o sofrimento do povo português" (seja lá isto o que for).

O PCP e o Bloco iriam fazer uma campanha completamente convictos de que tinham sido eles os heróis do derrube do "fassismo" pela 2ª vez. Claro está, nunca houve uma primeira em que tenham estado envolvidos, mas podem sonhar.

Ouviríamos palavras como "luta", "derrota da direita", "política de direita", "trabalhadores", "dizer não à Troyka" etc etc.

Mas bem sabemos que por muito que bufem e por muito espectáculo que montem, os 3% para o Bloco e os 8% para o PCP são valores mais que adequados para aquilo que é a sua representatividade social. Nunca passarão disto. O Bloco já teve mais, sim. Mas isso foi antes da palhaçada de extrema esquerda se ter apossado do partido após um período em que andaram a fingir que até estavam menos à esquerda que o PCP. No more. Já não enganam ninguém.

O mais certo era termos o PS a ganhar em minoria. E a precisar de uma ajuda do Bloco e do PCP para governar.
Como fazer este coelho sair da cartola é que é uma chatice.

Como é que um partido que não pode "dizer não à troyka" obteria o apoio de dois partidos de esquerda que querem a troyka daqui para fora? Impossível.
O Bloco, por exemplo, nem sequer contempla essa possibilidade por uma questão de fé.
Daniel de Oliveira tem uma opinião diferente e acabou de sair.
Convenhamos que um partido que tem uma corrente chamada Ruptura/FER (Frente de Esquerda Revolucionária) não é exactamente um aliado credível para nada. A não ser possivelmente julgamentos sumários e fuzilamentos (o julgamento é só para efeitos de propaganda).

O PSD ficaria sem líder. Porque se nenhum dos cobardes se quis candidatar com a perspectiva de ter o poder mas cheio de problemas, imaginem os mesmos cobardes a fazê-lo sem perpectivas de ter sequer o poder.
Nem Capuchos, nem Pachecos, nem ninguém se conseguiria encontrar para candidato.
Como oposição seria mais incapaz em opor-se ao PS do que foi em opor-se ao Governo do seu próprio partido. Isso é seguríssimo.

O CDS iria levar um valente enxerto de porrada na votação mas ficaria efectivamente como o único capaz de dar uma ajuda ao PS a sobreviver com apoio parlamentar. Mas nem estou a a imaginar Portas a fazer uma pirueta dessas.

Em suma, ficaríamos com um governo fraquissimo, num país ingovernável e a ter de continuar a prestar contas aos credores.
Ao mesmo tempo a ter de por o dinheiro onde pôs a boca: Baixar impostos, inventar emprego sabe-se lá como e a ter de "forçar" a banca privada a fazer chegar dinheiro à economia.
Estão a imaginar o belo resultado duma coisa destas? Se este Governo nunca chegou a ter um estado de graça, um assim nem com a imprensa toda a ajudar teria qualquer hipótese.

Como é que Seguro poderia dar a cara perante tudo o que criticou antes? Como é que poderia fugir à sina de ter de cortar 4 mil milhões na despesa? Ia adiando até o país se poder financiar sózinho outra vez? E esperaria que esse incumprimento não resultasse no disparar dos juros da dívida por falta de credibilidade?

Sabem o que vos digo? Toda esta gente merecia passar por um cenário destes. Ver o sacrifício a prolongar-se ainda mais por manifesta incompetência dos sucessores em manter o rumo da recuperação.
A treta é que isso ia afectar toda a gente. Se eu pudesse ter a certeza que isso só afectava quem andou a berrar por esta "solução" quem pedia a demissão do governo amanhã era eu.
Só para ficar na plateia a vê-los amaldiçoar um grupinho novo.

Queria ver que voltas ao discurso iam dar os profissionais do comentário deste país. Pagava para ver. E pagava bem.