O sorvedouro público

Passos Coelho defendeu ontem a extinção das empresas do sector estado que dão prejuízo.

Creio que no meio desta cruzada anti desperdício pode estar a levar as coisas longe demais. Está a deitar o bebé fora com a água do banho.

Mas hoje foi daqueles dias em que li e ouvi algumas coisas sensatas.
Não sei se quem as disse o fez de forma sincera e verdadeira, mas não deixam de ser sensatas e bem mais pensadas do que Passos Coelho afirmou ontem.

Miguel Macedo do PSD exige uma clarificação do governo relativamente à fusão ou extinção de organismo governamentais que foram anunciados no PEC II e que não terão passado do papel.

É, por acaso, o que a esmagadora maioria dos portugueses exige. Estes governos do PS multiplicaram o número de instituições "empresariais" do Estado de forma absolutamente descontrolada. O poder local, sequioso de se "parecer" com estes grandes decisores juntou-lhes uma quantidade enorme de empresas municipais.
A maior parte delas não faz qualquer sentido, uma vez que esses serviços já eram assegurados por serviços das autarquias e mais não foram do que formas de criar lugares de administração para uma quantidade enorme de gestores medíocres que assim poderiam contornar as regras da contratação de funcionários do estado e evitar as limitações salariais e de benefícios a que estes estão sujeitos.
Duma penada, pioraram-se serviços e criaram-se custos absolutamente injustificados quer a nível Nacional quer a nível autárquico.

Muitas destas instituições nada fazem limitando-se a receber as verbas estatais e a adjudicar contratos fora das regras de concursos públicos de forma muitas das vezes extremamente duvidosa.
Não é raro existir uma teia de interesses à volta destas instituições que mais não fazem do que usar estes estratagemas para beneficiar empresas amigas que têm um pé na administração pública, subcontratando estas a seguir as outras que não têm um pé lá dentro mas que detêm o know how.

Isto é prática corrente há muitos anos por todo o país e não há assim tão pouca gente a beneficiar destes estratagemas. Claro que perante este tipo de interesse a cadeia de "incentivos" existe de forma absolutamente descarada debaixo do nariz de todos.

A extinção destas empresas ou a sua fusão significa em quase todos os casos que o grupo dos que beneficiam com estes esquemas se encurte de forma sensível. A quantidade de gente que vive de ser um go between entre o Estado e as empresas é enorme e com muito pouca vontade de perder esta forma de rendimento (totalmente livre de impostos).

Romper com este estado de coisas afecta muitos bolsos. Nenhum deles está disposto a aceitar isso de bom grado.

Mas o PSD peca por fundamentalista. A coisa não pode ser tão simples como extinguir as empresas estatais que dêm prejuízo. Algumas delas nem empresas se deviam chamar para não haver confusão com o objectivo último de uma empresa - o lucro.
Não faz qualquer sentido que certos serviços sejam lucrativos. A saúde é um desses casos. A educação é outro. O tratamento de àguas devia cobrir os custos, tal como a recolha de lixos ou os transportes públicos.
Uma parte desses custos deviam ser pagos com as tarifas desses serviços e outra parte com o orçamento do Estado. Se houvesse lucro num ano, as tarifas deveriam ser ajustadas de forma a reflectir isso para os utentes.
É inexplicável o nível de lucro da EDP ou da GALP por exemplo. Sabendo nós até que ponto o custo da energia e dos combustíveis está desfasado dos nossos vizinhos espanhóis. Estas empresas monopolistas apresentam lucros fabulosos anualmente. Tanto, que se permitem absorver nos seus quadros incompetentes bem pagos como o ex-presidente da Cãmara do Porto, Fernando Gomes.

As Águas de Portugal desbarataram milhões em tentativas de internacionalização nas mãos do competentíssimo Mário Lino. A "empresa" das Águas de Portugal a internacionalizar-se para o Brasil? Desde quando é que as águas são uma "empresa" e não um SERVIÇO? Os milhões que torraram nessas tentativas patéticas quanto teria significado em melhorias na rede ou em abaixamento de tarifas?

Existe ainda a questão de colocar empresas únicas no sector nas mãos de privados (ou grandes fatias das mesmas) como é o caso da Galp. Conciliar o interesse de accionistas com o interesse dos consumidores é uma quimera. Em caso de dúvida beneficiam-se os .... accionistas.

Para se alienar parte de uma empresa pública desta forma a concorrência deve existir.
Abram a concorrência no mercado de electricidade doméstica e verão o que acontece ao valor das tarifas. Porque não o fazem?

No mínimo é preciso deixar a concorrência funcionar. O exemplo das telecomunicações e o esmagamento de preços é o perfeito exemplo disso. Lembram-se das tarifas telefónicas quando era só a PT?

Custa-me muito a perceber como certos serviços, como é o caso da RTP, podem justificar o seu deficit crónico. A RTP compete no mercado da publicidade, tem uma programação eminentemente "pimba" sem qualquer valor cultural. Perdeu completamente a vocação de serviço público e mesmo assim é um sorvedouro de dinheiro público que se dá ao luxo de pagar principescamente a gestores incompetentes ano após ano.

Vendo bem, a RTP tal como ela é não faz sentido existir. As televisões privadas não são deficitárias assim (se fossem já tinham fechado portas). Certo é que apresentam conteúdos tão miseráveis como a RTP mas eles precisam de audiências para sustentar o seu ganha pão (a publicidade). A RTP a competir com as mesmas armas e com a mesma má qualidade perde milhões por ano? Valerá a pena continuar assim? Eu acho que não faz qualquer sentido.

A TAP. Não tenho muita dúvida que os prejuízos da TAP não acontecem apenas para suportar as rotas para as regiões autónomas. A TAP tenta competir com empresas de estrutura muito mais leve e muito melhor geridas. A Easy Jet, Ryan Air, Vueling e outras não dão hipótese à TAP no preço para muitos destinos. A TAP sustenta prejuízos crónicos e uma estrutura anquilosada e desadequada às necessidades dum país da nossa dimensão. Está cronicamente no vermelho. O seu gestor de topo é dos homens mais bem pagos do país. A sua estratégia de viabilização passa quase sempre por spin offs de serviços que depois se revelam catastróficos. O handling foi um desses casos. O próprio spin off dá prejuízo, Mesmo cortando nos benefícios dos trabalhadores o planeamento e a gestão são de péssima qualidade.

Precisamos mesmo duma TAP? Com a excepção dos voos para as regiões autónomas, se ficássemos sem TAP a quantos destinos chegávamos na mesma? A todos.

Neste aspecto Paulo Portas foi muito menos radical que o PSD. As empresas que são deficitárias não são todas do mesmo tipo e da mesma importância. Não basta chegar e fechar tudo o que dá prejuízo. Se assim fosse deixaríamos de ter comboios, barcos no rio Tejo, hospitais, escolas e outros serviços fundamentais.
Talvez acabar com aquelas que nunca deveriam ter sido empresas, recolocando os seus funcionários nor organismos estatais que lutam com falta de profissionais e pondo os "administradores" a andar é provavelmente a coisa mais importante que se devia fazer. Só com esse tipo de abordagem o Estado pouparia milhões por ano.
Se começarmos com estas ideias parvas de fechar tudo o que é serviço público que dê prejuizo acabamos como o PS fez com a SCUTS. A ter ainda mais prejuízo para que os privados possam oferecer esses serviços com uma margem de lucro garantida e risco zero.

Alto lá com esta ideia peregrina de que o estado não deve estar em certos sectores da economia. Há alguns serviços que são, mais que uma obrigação, a razão de ser do Estado. E sem eles não faz qualquer sentido um Estado existir.

Bolas, eu adoro mesmo os músicos portugueses

Sobretudo quando fazem uma música assim


Comecemos pelo princípio.
Quem é este homem que foi vitima da música destes briosos autores portugueses?

Nos anos 70 era um revolucionário a atirar para o radical. Do tipo que acreditava em acção directa e fazer as coisas com armas de fogo.
No decurso desse périplo revolucionário fez em 1979 um assalto (quando pertencia aos Proletários Armados pelo Comunismo) do qual terá resultado a morte de um homem e ferimentos graves no seu filho de 13 anos que o tornaram paraplégico.
Fugido para França e para o México, depois de fugir da prisão, voltaria a França onde passou alguns anos até Chirac chegar ao poder em 2004. Fugiu então para o Brasil onde foi detido em 2007 ao abrigo dum mandato de captura internacional.

Entretanto Lula da Silva negou a sua extradição temendo que possa ser perseguido em Itália pela sua ideologia.
O Brasil já tem uma longa história de abrigar criminosos e homicidas. Um deles, Ronald Biggs que participou ao assalto do comboio Correio em 1963 do qual resultou um morto, fugiu também para o Brasil.
A policia inglesa foi atrás dele e prendeu-o. Foi impedida de o levar de volta a Inglaterra em 1974 porque a sua namorada Raimunda (era mesmo este o nome e era dançarina em casas de diversão nocturna) estava grávida e isso fazia com que fosse impossível a extradição.
E por lá ficou até que em 2001 resolveu voltar a Inglaterra de livre vontade. Há muito o dinheiro se tinha acabado e a saúde não era grande coisa. O sistema de saúde Inglês encarregou-se de o tratar de dois ataques do coração e alguns derrames aos quais se juntou uma pneumonia. Foi libertado em 2009 devido ao seu debilitado estado de saúde.
Este assalto foi imortalizado num filme em que o protagonista era nem mais nem menos que Phil Collins no papel de outro dos participantes no assalto a comboio.

E de toda esta história ressaltam dois aspectos importantes:
O Brasil tem uma certa tendência para ser o país preferido para todos os criminosos que não querem ser extraditados
Os "artistas" têm a tendência para se sentir atraídos por estes personagens.

Mas convenhamos que ser personagem num filme é de longe melhor do que ficar associado a uma música deste calibre.
Deve ser uma questão de proporção: Para um assaltante, um filme
Para um revolucionário dos PaP (Proletários Armados em Parvos pelos Comunismo) o castigo tem de ser muito maior. Já começaram por o castigar metendo nome dele nesta música abjecta.

Eles na verdade não estão solidários. estão é a tentar que o homem queira voltar de livre vontade a Itália só para que eles parem de cantar esta música. Maquiavélicos estes camaradas....

E nem o facto de ele ser ter reabilitado escrevendo 17 livros os dissuadiu.


O título da música é perturbador. Soa quase a ameaça. Hoje Battisti, amanhã tu.

É como se dissessem - Se cometeres um crime, como por exemplo matar uma pessoa e por outra numa cadeira de rodas, nós fazemos uma música com o teu nome OK?
Vê lá se atinas


Agora a sério.... Se estiverem a querer dizer que um homicida (seja por motivos políticos ou outros quaisquer) é comparável a qualquer cidadão que nunca cometeu um crime, então meus amigos, estamos conversados. A vossa solidariedade acaba (felizmente) com a vossa música.

Não me agrada que me comparem a revolucionários que lutam por uma ideologia que acha que é legítimo matar. Como tal, aquele "tu" não sou eu de certeza.

Dói-me que uma mão cheia de gente (que nesta música mostra muito pouco talento) se ponha a fazer músicas de solidariedade por gente assim e que não organizem um espectáculo de beneficência em prol e compatriotas que estão a passar necessidades no país deles.
Hipócritas sectários é coisa que não falta neste país. E este grupinho de miseráveis músicos e intérpretes parece fazer parte desse grupo de indivíduos que tudo desculpa aqueles com quem simpatiza (até homicídio) e nada tolera aos outros.

Este tipo de pessoas que vive no passado do Comunismo que acha que Hitler era um vilão e Estaline era um herói, causa-me náuseas. A sua versão revisionista da história e da realidade presente é nojenta.

Entre outros disparates, a letra, pespagada no meio duns ritmos de Bossa Nova, diz que quem manda no Brasil são os brasileiros. Estranha dualidade, se pensarmos que com Pinochet parece que quem mandava no Chile eram os espanhóis ou as instâncias internacionais. A proporção pode não ser a mesma (e não é) mas gostaria de saber a opinião deles relativamente a Lenine, Estaline, Beria, Castro, Honecker,  Kim Il Sung, Kim Jong Il, Mao e outros heróis do imaginário comunista. Assim só para balizarmos a forma de pensar deste desinteressados músicos e a sua preocupação com os direitos humanos...


E para não se porem a pensar que eu sou da mesma estirpe (mas de sinal contrário), acho muito bem que prendam todos os homicidas por motivações políticas sejam eles de esquerda, sejam eles de direita.
São homicidas e ponto final. Um homicida não tem ideologia. É alguém que violou o mais sagrado dos direitos humanos - o direito à vida.
Julguem-nos e prendam-nos. Nada mais.

SNAFU (Situation Normal. All Fu***d Up)

Dalila Araújo disse hoje no forum TSF que não sabe o que se passou e que causou a falha generalizada dos sistemas em dia de eleições.
Vão pedir à Universidade do Minho que faça uma auditoria para terem a certeza do que falhou.

Isto é realmente fascinante. Não sabem.

Mas aparentemente eu não falho nas minhas assumpções. Tinha escrito que devia haver fornecedores externos envolvidos e de facto havia - A Critical. A empresa que faz software para a NASA e que vai fazer a nova aplicação para os tribunais (migração para .NET) do Citius. Ganhou o contrato por ajuste directo e por um valhor que foi noticiado como sendo de 1 milhão de Euros.

Eu disse também que não acreditava que tivesse havido qualquer teste de stress aos sistemas.
Uma notícia do Público revela que chegou a haver 22 mil pedidos num minuto.

Ora acontece que o mais certo é este número ser manipulado.
E porquê manipulado?
Na verdade, quando se entra na página em que se pode saber a informação de eleitor, pedir a página significa pedir 49 elementos ao server (página, imagens, css e scripts contidos na mesma). É transferido um volume de 800K para o PC de quem consulta pela primeira vez. Em vezes seguintes haverá algumas coisas em cache mas mesmo assim o pedido e a resposta (304 Not Modified) são enviadas na mesma (só que a carga no servidor é muito menor).

É nesta página em que se coloca a identificação do cartão  e a data de nascimento e se recebe a informação de eleitor.

Se tivessem sido pedidos num minuto 22 mil informações destas daria 366 por segundo. Ora eu tenho muita dificuldade em acreditar neste número. Acredito mais que tenham olhado para os pedidos de cada IP à pagina de entrada e tenham visto nos logs os 49 elementos por página que são enviados para o browser de quem pede.
Sendo assim o número de pedidos será mais ou menos de 49 pedidos/respostas por cada visita à página.
Se for este o caso a carga é absolutamente marginal. Rondaria os 7 pedidos por segundo em situação de pico.
Acontece que independentemente do número de elementos na página só será gerado um pedido do nº à base de dados (a menos que alguém peça muitas vezes).
Acredito que tenham dado um valor de "requests" ao server e não de "requests" à bd que são certamente muito menos.

A minha opinião é que a estatística é verdadeira, mas manipulada pura e simplesmente para se adaptar ao cenário da carga catastrófica impossível de prever. Provavelmente se revelassem a verdadeira carga por segundo as pessoas mesmo não sabendo o que é normal encolheriam os ombros e diriam : Não parece nada de extraordinário...

Deu também para ver usando o Page Speed da Google que a página em causa tem muito por onde optimizar. Desde compressão até erros cometidos na estrutura da mesma que têm impacto na performance (e obviamente na carga dos servidores).

Mas o que acredito que tenha falhado foi a parte em que é feita a interrogação à BD. Se este for o estrangulamento (a BD) isso pode explicar porque é que todas os canais ficaram em baixo - Internet e SMS.
Isso é claramente o tipo de falha que se pode antecipar e para a qual tem mesmo de haver testes de stress.

Seja como for, este tipo de situação só revela a que ponto estes sistemas estão vulneráveis a ataques de Denial of Service. Basta afogar o(s) server(s) com pedidos. Não existe nenhum mecanismo que evite uma enxurrada de pedidos que cause o rebentar do sistema. Os meus parabéns aos implementadores.

Quer saber o que se passou Sra. Secretária de Estado?

O cliente não sabe o que comprou
O fornecedor sabendo isso fez o que quis com enorme liberdade
O cliente não deve ter exigido testes minimamente credíveis
O fornecedor terá feito os testes necessários para ter a certeza que a coisa funcionava e ia buscar a massa do contrato
O cliente todo ufano aceitou. Não acautelou o que devia, informando os cidadãos nos dias antes das eleições.

Já ouvi gente, com considerável despudor, culpar os portugueses que deixam sempre tudo para a última da hora.
A palavra SEMPRE é muito importante. Se assim for pode SEMPRE planear-se que isso vai acontecer. Só que no caso houve muito boa gente que ao tirar o cartão do cidadão viu a sua identificação eleitoral mudada sem saber. Um processo a que eram completamente alheios. Sendo assim não se pode assacar a responsabilidade a essas pessoas porque elas pensavam, e bem, que o sitio onde votavam e a sua identificação se mantinham. Não receberam qualquer aviso.

Durante os dias que antecederam o acto eleitoral não assisti a qualquer aviso nos media para que os portadores do cartão do cidadão fizessem esta pesquisa. Pode ter acontecido mas eu não vi. E eu consumo bastante televisão em prime time e em mais que um canal...


No meio disto tudo, a responsabilidade técnica do falhanço é apenas uma parte do problema. A falha de gestão destes processos é tão ou mais importante que a falha técnica.

Se estes processos fossem conduzidos como deve ser, nunca a administração pública aceitaria pelo preço que aceita, as aplicações que vai comprando às empresas do "regime".

Os dois responsáveis que se demitiram têm uma responsabilidade não nula no acontecido. Seja como for são os responsáveis da área e devem assumir as responsabilidades de toda a área. Afinal é para isso que ganham mais que os outros e têm regalias que os outros não têm.

Mas a iniciativa política de avançar com estes serviços (Cartão do Cidadão) para tirar dividendos imediatos sem pensar no que se vai passar a seguir, vem de cima.. Vem do Ministro e do Conselho de Ministros.

Mas esses já têm os cordeiros sacrificados para apaziguar os Deuses. Já podem descansar em paz

O mentiroso

É fascinante a duplicidade dos portugueses no que diz respeito a questões de justiça.

Já o líder da Legio V Alaudae dizia que os Lusitanos nem se governam nem se deixam governar. Após 20 e qualquer coisa séculos continuamos na mesma.

É que não há forma de agradar a esta gente. Somos um país de péssimos perdedores. Portugal é o país onde o fair play morreu a todos os níveis. No desporto, na política nas relações pessoais. Somos um povinho sem elegância nenhuma quando perde. Pior só a Albânia, caramba.

Silvino veio dizer na Focus que se fartou de mentir. Que o fez porque teve "pena dos rapazes" e que os condenados estão todos inocentes.

Que dilema.... Então mentiu antes e agora disse a verdade? Isto obviamente dum pedófilo confesso que não hesitou em violar os rapazes de quem agora tem pena. Interessante. Quando eram indefesos ele não tinha pena nenhuma. Agora que são adultos e lhe podiam pregar uns murros no focinho tem pena deles.

Duma assentada acusa a PJ de forjar tudo e mais alguma coisa. De forçar reconhecimentos e depoimentos. Nunca viu nenhum dos condenados e afinal é tudo uma cabala.

O estranho é que Jorge Ritto era bem conhecido por episódios destes dentro e fora de Portugal. No corpo diplomático o nome de Jorge Ritto estava sempre associado a "coisinhas" destas. Causou alguns embaraços ao Min dos Negócios Estrangeiros ao longo da sua vida de diplomata.

Mas, claro, neste caso é "inocente". Um Santo...
Dos outros não faço qualquer avaliação, mas acho estranho que perante tanta prova testemunhal e não só, eles tenham sido vitimas das circunstâncias.

Perante esta entrevista há já uma série de chicos espertos a pretender que Silvino seja ouvido na Relação, apesar da Relação se debruçar apenas sobre a matéria de direito e não de facto.

Aparece agora no Público uma notícia que refere que em caso de confirmação das sentenças, nenhum dos condenados, à excepção de Silvino, poderá recorrer para o supremo, uma vez que as penas são inferiores a 8 anos.
Aparecem comentários como estes no Público On Line:

A justiça é uma palhaçada...Se não podem recorrer para o supremo, então para onde? Recorrem para o Tribunal Europeu dos Direitos do Humanos? A justiça é uma palhaçada. Se mentiu deveria ser punido. Se agora falou verdade houveram condenações injustas. Então que justiça temos?

Mais um exemplo da injustica.Eu nao digo isto em defesa destes condenados. Mas que justica e essa? Digamos que um cidadao inocente recebe uma pena de dois anos, por um crime que nao cometeu. Quer essa justica injusta, dizer que ele nao pode recorrer ao supremo? Ai meu Deus! Tanto que o povo portugues tem que aprender, o que e verdadeira democracia.

Se há um par de meses atrás se defendia a castração com uma faca ferrugenta destes condenados, agora brada-se porque apesar de todos os recursos que fizeram de todos os despachos e mais um, de levantarem incidentes de recusa de juíz, de terem evitado depoimentos para memória futura etc etc, em suma, terem ajudado o processo a demorar o tempo que demorou e recorrerem para a relação depois da condenação, ainda há alminhas que ficam chocadas por eles não poderem recorrer ao Supremo!!!

Se calhar os mesmos que bradam pelo excesso de garantias dos arguidos bradam agora por esta falta de direito à defesa!!
Não chega já? Quem é que tem a capacidade económica para sustentar o chorrilho de recursos que estes arguidos fizeram ao longo do processo? Quantas pessoas têm condições para recorrer sequer à Relação?

Então depois disto tudo ainda se brada por falta de garantias de defesa? Oh meus amigos, vão para o raio que os parta.
Depois de tudo o que se passou, basta um pedófilo confesso, (sem tirar nem por, um ser desprezível) vir fazer umas declarações dizendo que mentiu em tribunal para que todos embarquem na conversa?
É como se o Sócrates aparecesse amanhã na televisão a prometer que ia criar 250.000 empregos.

E para aqueles que confundem democracia com a aplicação da justiça: São duas coisas distintas. Não se condenam ou absolvem pessoas por voto popular, ao contrário do que parecem pensar os políticos corruptos deste país. A Justiça tem regras, estabelece garantias, o Estado até paga as defesas oficiosas a quem não pode pagar (de má qualidade é certo, mas paga), e não pode ser transformada num plebiscito entre os que não percebem um co**** de direito e da lei em geral. Não pode ser o domínio daqueles que a única coisa que sabem fazer em relação à lei é desrespeitá-la sempre que podem.

Tenham ao menos consciência da incapacidade que a maior parte dos cidadãos tem para comentar questões de justiça e de leis.
Controlem-se. Este ruído de fundo de cada vez que há questões relacionadas com a justiça é profundamente irritante e só põe a descoberto o ignorantes que são a maior parte dos comentadores nos jornais on line.

Será que o PSD tem razão?

Aparentemente sim. Mas só aparentemente.

A verdade é que com a demissão do Ministro Rui Pereira nada se resolveria.
A incompetência não está neste caso ao nível do ministro mas sim do Director que se desresponsabiliza completamente com este falhanço patético dos sistemas de apoio ao acto eleitoral em dia de eleições.

A incompetência do ministro só existe na medida em que aceita as explicações totalmente infantis ao responsável da área e não o convida a demitir-se.

Aliás, um responsável com algum brio, apuraria a razão dos serviços ficarem indisponíveis numa situação destas, assumia as suas responsabilidades e punha o seu lugar à disposição.
Ainda posso compreender que o site da CNN tenha ido abaixo num dia como o 11 de Setembro. O site foi bombardeado de todo o mundo para obter notícias.
Mas estes serviços?

Estes serviços nunca teriam uma carga sequer semelhante a uma situação dessas. Se cada português com cartão de cidadão fizesse um pedido durante o dia seriam 4.4 milhões de pedidos. Divididos pelas horas do acto eleitoral seriam 440.000 por hora o que dá qualquer coisa como 122 pedidos por segundo.

Destes 4.4 milhões com cartão do cidadão, muitos ainda têm o seu nº de eleitor e não precisaram. Outros já tinham sabido antecipadamente e não esqueçamos que houve 53% de abstenção.

Façamos um pequeno exercicio:
Assumimos que houve abstencionistas com e sem cartão de eleitor. Rachamos ao meio.
2.2 milhões  de portadores de cartão do cidadão votaram.
Assumamos que 20% não sabia o número de eleitor e precisou de saber - 440.000.
Estes 20% precisaram de saber ao longo das 10 horas de abertura de urnas.
44.000 por hora, o que dá 12.2 pedidos por segundo.

Quanta abstenção significou esta falha? Não sabemos e nunca saberemos.

Não acredito que tenha havido esse numero de pedidos nem de perto nem de longe. Claro que no contexto de um pedido há uma série de hits por página, e query a base de dados, mas mesmo assim o sistema arreou completamente.

A pergunta que fica é até que ponto a redundância do sistema funciona (se é que existe) e que espécie de testes de carga foram feitos nestes sites e BD's de suporte.

Aposto que não deve ter sido feita muita coisa nesse particular. Não acredito que tenha sido feito qualquer teste de stress nestes sites.
Na maior parte das vezes o sistema é feito por entidades externas que não estão muito preocupadas com a qualidade do que entregam. Estão mais preocupadas com o prazo (quando estão).

Cabe ao cliente definir quais os critérios para a aceitação e, em casos como estes, definir valores de carga a suportar pelo sistema. Também não acredito que estes responsáveis saibam sequer estimar estes valores ou que coloquem esse tipo de requisito no caderno de encargos.

Com esta "vaga" das tecnologias da informação o estado tem deitado milhões pela janela fora sem se assegurar que o que está a comprar tem qualidade. Ao mesmo tempo descontinuam-se processos manuais o que faz com que não havendo o processo "high tech" não haja nada.

Este tipo de coisa é absolutamente inadmissível. Se a consulta era feita por alguém nas juntas de freguesia quantos pedidos em simultâneo poderiam acontecer?

Imaginem o que seria se as operadoras de telemóveis não planeassem para os SMS da véspera de Natal e de Ano Novo.
Nestes dias passam dezenas de milhões de SMS nas suas redes. Um número que é muitas vezes superior à média diária. Na maior parte das vezes num pico horário muito mais curto.
Se estes sistemas falhassem em dias assim? O que acham que aconteceria aos responsáveis desses sistemas? Uma palmadinha nas costas e um "deixa lá"?

Não houve de facto qualquer cuidado em pensar no pior cenário. Deixar os canais públicos (Internet) e os usados pela juntas de freguesia sem isolamento (aparentemente todos acedem ao mesmo sistema público e quando está em baixo está para todos) é duma falta de visão atroz.

Há-de haver um fornecedor envolvido certamente. Mas o responsável pela àrea deveria ser demitido pura e simplesmente. O MAI deveria perceber o que tem andado a comprar e a adjudicar a entidades externas com as assinaturas destes (ir)responsáveis.

Não vale a pena pedir a demissão do ministro se todos os "altos" funcionários forem da estirpe destes. A porcaria irá continuar e metem lá um tolo qualquer a substituir o tolo que já lá está. Deixem o homem em paz que ele volta à Universidade quando o PS perder as eleições.

Actualização 26-01-2011: O director-geral da Administração Interna e o director da Administração Eleitoral pediram a demissão na sequência dos problemas registados no passado domingo durante as eleições devido às dificuldades que milhares de eleitores tiveram em votar. 
Vá lá... uma atitude de alguma qualidade. De facto, perante um estrondoso fracasso dos dois, a única consequência possível era a de pedir a demissão assumindo as responsabilidades pelo ocorrido.
A inexistência de leitores de cartões nos mais diversos organismos e nas mesas de voto (neste caso particular) são uma falha organizativa indesculpável. Se não há orçamento para isso não se lançam programas como este do cartão do cidadão sem acautelar todas as consequências que isso pode vir a ter.
Planeia-se em antecipação, criam-se planos de contingência e evitam-se coisas como as que aconteceram.
Resta agora saber qual a quota parte de responsabilidade de funcionários mais acima (Ministro, Conselho de Ministros etc etc) relativamente à forma como deram condições a estes organismos para o acto eleitoral.

Sei que este governo é useiro e vezeiro em lançar coisas pela metade tentando depois tirar dividendos políticos das "extraordinárias" medidas que implementa. Muitas delas coxas de nascença como se revela em alturas de crise.
Não espero que este Ministro tire daqui algumas conclusões. Espero sim que se agarre ao lugar como o fez várias vezes em que esteve metido em broncas que levariam qualquer responsável político a pedir a demissão. Pode ser um excelente professor de direito, mas devia estar no seu gabinete de catedrático a pensar naquilo que os professores catedráticos pensam. E na maior parte das vezes pensam na forma de satisfazer o seu ego aceitando lugares de ministro, uma vez que ser catedrático apenas dá algum reconhecimento no meio académico.
Quando saiu para o mundo real, o mundo das decisões e da capacidade de realização revelou-se desfasado, incongruente e completamente incapaz.
Está bem para este governo em que provavelmente até se pode destacar pela positiva. Tal como o ministro do Ambiente (temos um não temos?)

E mais uma vez...

Se comprova a excelência das planeadores nacionais.

Fiquei fascinado ao ouvir a explicação do MAI acerca da falha de serviço nos sistemas de apoio às eleições.

Cidadãos que aderiram ao Cartão do Cidadão viram-se impossibilitados de descobrir em que mesa de voto deviam exercer o seu direito de votar.

Chegados à mesas descobriam que o sítio de sempre afinal tinha mudado e que agora tinham de dirigir-se à Junta de Freguesia para saber o novo local.
Em cada assembleia poderia (aliás, deveria) existir um PC com um Smart Card Reader e uma forma de poder pelo menos informar esses cidadãos.
Pode ter acontecido que eles até votassem nessa assembleia, mas não havia forma de os procurar nas listas na falta do nº de eleitor.

Mas não. À boa maneira Nacional Burocrática tinham de ir à junta de Freguesia.

Ao tentarem fazer isto deparavam-se não só com filas de espera mas também com a impossibilidade de o saber, porque os pedidos em massa puseram os sites em baixo.

O director geral afirmou que isto se devia a um número anormal de pedidos.
Duh!  Um prémio para este génio por favor.
É como aparecer alguém da SIBS a dizer que a rede foi abaixo no Natal porque houve muita gente a fazer pagamentos. Como se não pudessem antecipar esse tipo de comportamento.

A explicação poderemos encontrá-la em mais uma enorme falta de planeamento. Como se pode dizer que a responsabilidade é só dos cidadãos quando sabemos e podemos planear antecipadamente a forma como eles se vão comportar?
Como é possível que perante uma eleição em que é expectável que muita gente fique sem saber onde vota e não se reforce a capacidade de resposta dos sistemas?

Há coisas que são previsíveis: Filas nas estradas do Algarve e para o Algarve em período de férias, uso da rede Multibanco no Natal, uso das redes de telecomunicações no Natal e Ano Novo devido aos SMS enviados, sistemas das finanças nos últimos dias dos prazos.
Sites ligados ao processo eleitoral em dia de eleições...

Não prever isto e não planear para isto é um atestado à incompetência total dos responsáveis por estes organismos. Não às equipas, que não raro lutam com a incompreensão das chefias e com o seu total alheamento da realidade. Mas um responsável de serviço que fizesse uma cagada destas numa empresa com sistemas criticos iria ter muita dificuldade em manter o lugar.
Imaginem um responsável se IT do Continente a ter de enfrentar a ira do Belmiro de Azevedo por ter deixado em baixo o sistema das caixas...

Ainda me lembro há uns anos (ainda nos tempos de Guterres) que se lançou um site (alojado nos Serviços de Informática do Min da Justiça) que iria ter em tempo quase real os resultados das eleições (não me quero enganar mas acho que foi das autárquicas que "levaram" Guterres a demitir-se). Claro que os génios não se "lembraram" que ao ter um site assim, que ele iria ser bombardeado pelas televisões e pelos portugueses com acesso, que apesar de não serem muitos já eram uns bom milhares.
Adivinhem o que aconteceu... O site aterrou na primeira hora. "Levantou-se" no outro dia de manhã.
Sabem o que aconteceu ao responsável? Nada.

Deve andar por aí num organismo estatal qualquer a bater no peito cheio de orgulho e a dizer que ele foi o 1º que fez isso em Portugal. E é verdade. E foi também o primeiro a mostrar a nível nacional o quão básico e negligente se pode ser. Apesar de todos os avisos espetou-se em cheio no chão.



De cada vez que as tecnologias de informação estão envolvidas o estrondo é enorme: Eleições, Portagens, Impostos, Concursos etc etc.

Não será um caso flagrante de ter as pessoas erradas nesses lugares? Não será um caso flagrante de torrar milhões em consultorias que pura e simplesmente não fazem aquilo que deviam? Pelos exemplos que eu conheço, esse é exactamente o problema....

Quer-me parecer que é. Ao fim de tanto tempo e de tantas asneiras nesta área, quer-me parece que é.

Este Cartão do Cidadão que levou tantos portugueses a esperar em filas para o poderem obter, não é mais que uma tolice no seus aspectos práticos. Não haver um plano B é totalmente idiota. Se com um número apenas eu pudesse ser identificado este belo cartão ainda faria sentido (BI, Carta, NIF, Passaporte, Eleitor etc etc). Mas para que quero eu um cartão que tem um número e que depois no chip tem todos os outros números? E para que o quero se quem precisa de saber essa relação não tem um simples leitor de Smart Cards? Passo a levar um portátil com um leitor de cada vez que vou a algum lado?

Dantes, com os meus documentos, poderiam saber toda a informação. Agora, só com um cartão, poderiam saber ainda mais... partindo do principio que haja um PC com ligação à Internet.

Os meus parabéns para as cabeças pensantes deste país. Ficámos atrás dum país do 3º mundo no que diz respeito à condução logística dum processo eleitoral.

Isto é bem mais do que idiótico. Isto é o exemplo acabado da incompetência, negligência e total desresponsabilização das entidades que gastam milhões em ideias como estas para se ter resultados assim.
Desta vez tornou impossível a muitos portugueses votar. Nem que fosse apenas um já seria grave, mas aparentemente foram muitos mais que manifestaram a intenção de votar e não o puderam fazer.

Parece haver falta de tudo neste "estado". Inteligência, competência, vergonha e responsabilidade.
Algo está mal, muito mal.

PS. Uma pequena sugestão... Imprimam no cartão os números que podem ser lidos do chip. À falta de leitor há um Plano B.
Mas pergunto eu... Se o chip (que não sei quantos Kb leva) não tem o número de eleitor, BI, NIF, SS, para que serve verdadeiramente? Já é um bocado estranha a sua utilidade se não existe uma consolidação de números.
Porque não podemos votar com o nº do BI? Para que serve o número de eleitor? Porque não posso ter um nº de identificação fiscal que é o mesmo do BI? Tantas perguntas que se calhar só têm uma resposta: è muito complicado e os diversos organismos nunca aceitariam...

Um certo desassossego

Desde há muitos anos que me sinto  deslocado em relação ao que se passa neste país.

Os portugueses têm uma forma especial de transformar qualquer força construtiva em algo de profundamente pernicioso e que acaba por os destruir.

Desde o tempo em que este país se pôs direito (depois da entrada para a CEE) que sinto que se começou a construir aquilo que somos hoje. E não construimos grande coisa.

Assistimos ao desbaratar de dinheiro da CEE em esquemas apenas destinados a sacar o máximo possível sem pensar minimamente nas consequências.

O lucro fácil, a redução de tudo a uma questão de ganhos ou perdas começou a minar a nossa forma de pensar a um ponto em que deixou de ser perceptível.

Tornámo-nos individualistas, imediatistas e muitíssimo cegos em relação a tudo o que nos rodeia. Enquanto eu estiver bem, tudo está bem.

E assim nos enfiámos no buraco.

As ideologias foram-se. A ponto de ser quase um insulto dizer a alguém que ele é um idealista.
O querer melhores condições de trabalho transformou-se numa questão de "esquerdistas". As empresas tornaram-se implacáveis na forma como tratam alguns trabalhadores e aceitam tudo a outros. A forma como se cobrem de luxos e regalias alguns dos gestores por oposição às condições miseráveis a que se  reduz outros são vistas apenas de uma forma : Ainda bem que não é comigo.

O estado transformou-se num feudo parecido a uma empresa privada onde gestores incompetentes contornam as regras sempre que querem. O próprio Estado usa e abusa do recibo verde nas suas contratações. As empresas claro está lançaram o mote com o beneplácito do Estado e das instituições que deviam controlar este estado de coisas.

Desde o tempo das entradas de dinheiro da CEE que alguém com dois dedos de testa poderia perceber que assim não tínhamos futuro. Viver num país que tem um deficit em relação ao que produz ano após ano tornava isto inevitável.
O país transformou-se numa enorme actividade especulativa que apenas consiste em acrescentar margem de lucro a qualquer coisa.

Destruiu-se o pequeno comércio e subordinou-se o que sobrou à mão de ferro das administrações dos centros comerciais. Só no governo de Guterres as licenças emitidas para grandes superfícies foram da ordem das centenas.
Proletarizou-se o empregado do comércio. Hoje, em nome da comodidade dos portugueses que "trabalham", também estão abertos ao Domingo.
A suposta de criação de alguns postos de trabalho com esta medida não parece ter tido qualquer reflexo nos números do desemprego. Mas agora os portugueses estão mais cómodos e isso é bom para eles individualmente e isso é tudo o que interessa a cada um deles. Que se lixem os outros.

A explosão do sector financeiro com os seus mega ganhos levou a que o lucro fácil se tornasse extremamente apelativo. À semelhança do que se passou com a bolha tecnológica dos anos 90, houve gente a ganhar milhões com "negócios" que não valiam nada. Conseguiram financiamentos de bancos usando gente influente para dar alguma respeitabilidade à coisa. Passearam-se em automóveis de luxo em ALD para de uma penada acabarem, deixando os bancos com a dívida, os investidores com o prejuízo e os "gestores" com uns trocos guardados em qualquer lado. Para os portugueses parecia estar tudo bem. Para os bancos não havia azar. Entrava tanto dinheiro que bem podiam assumir as perdas. Concediam-se perdões a dívidas de milhões.

Acenou-se a todos com o crédito fácil e a casa dos sonhos. O Imobiliário singrou. Todos os dias os apartamentos ficavam mais caros. "mais vale comprar já porque para o mês que vem está mais caro" diziam os vendedores.

As pessoas passaram a comprar um telemóvel, não porque pode fazer falta ligar para alguém, mas sim por causa dos "negócios" a julgar pela forma como as operadoras concebem a sua publicidade.
Deixou de se beber um sumo porque e agradável. Passou a beber-se por causa do lifestyle que isso representa.


Criou-se um ensino privado de qualidade mais do que duvidosa para empolar os números de licenciados e fazer entrar nos bolsos das "universidades" milhões em propinas.
À saída os licenciados percebiam o que valia o seu curso.... um lugar num call center a vender a ultima maravilha da tecnologia.
Algumas dessas universidades pura e simplesmente fecharam. Os casos Moderna e Independente foram os dois maiores estrondos.
Inventaram-se MBA de conclusão garantida em troca de um valor simpático de "propinas".
Hoje temos uma extraordinária quantidade de Masters em Business Administration que gerem as mais variadas coisas. Na maior parte das vezes sem capacidade, sem estofo moral e sem tomates.

Transformou-se um país numa faixa no litoral (Cravinho dizia que tínhamos de ter uma megalópole junto à costa). Destruiu-se o interior e reduziu-se a economia a pó.
As pessoas foram reduzidas a números em estatísticas manipuladas pela conveniência de políticos medíocres.

Passou a ser mais importante parecer do que ser. Parecer rico, parecer que se tem berço ou classe, parecer que se é inteligente. Nas empresas gente muito limitada adoptou um discurso meio aparvalhado com o qual não diz nada. Imparidades, balizar, assesment, task force.... Em suma, nada. Sem substância, sem qualidade sem significado.
Os portugueses passaram a querer o LCD, o LED TV , o iPhone e o GPS. Deixaram de saber para onde vão e nem querem saber. Em qualquer período eleitoral um político vende-lhes a seriedade ou a revolução e prontamente eles tomam partido. Aqueles com que simpatizam nunca são capazes de ser desonestos e aqueles com que antipatizam são SEMPRE desonestos.
Perderam completamente a noção do que está certo ou está errado. As coisas resumem-se a quem ganha mais ou quem ganha menos do que eles. Quem ganha mais nunca o merece e quem ganha menos não faz por merecer. Tornámo-nos um país de fdp insensíveis, egoístas e invejosos.

Quanto mais vazio e desprovido de substância melhor. A superficialidade total. O que aliado ao proverbial alheamento da realidade dos portugueses criou uma bomba relógio de enormes proporções (o português quando tem um problema finge que ele não existe e, como que por magia, ele deixa de existir)

Tudo isto não começou agora. Começou nos 90. Nos gloriosos 90 em que o dinheiro vinha a rodos para Portugal. Hoje estamos metidos num sarilho.

Pessoas como Cavaco Silva, Manuel Alegre e até Louçã (se bem que por razões diferentes e opostas) são um produto dessa época. Louçã era um tonto do PSR, cheio de si, que capitalizou com o descontentamento crescente duma camada da sociedade vitima desta mentalidade e com uma juventude totalmente ignorante do ponto de vista ideológico e político.
Acenem-lhes com a despenalização dos charrinhos e eles votam em qualquer coisa. A argumentação adolescente e radical do BE atraiu 12% de jovens de desiludidos e de revivalistas da extrema esquerda habituados a recitar Marx e a acreditar que a utopia é possível.
Os anacrónicos comunistas por cá se vão mantendo. Metendo uma mão à frente dos olhos e negando a Glaznost e a Perestroika. Expulsando os dissidentes. Que prontamente foram parar ao PS.

Vital Moreira, Pina Moura, José de Magalhães e outros que tais abandonaram a linha do partido e nunca viveram tão bem. Até esses meteram os ideais no saco e se fartaram de lutar pelo "povo" trabalhador. Seja como for eram intelectuais e esses, já se sabe, olham para o povo como se fosse uma massa amorfa, manipulável e muito pouco digna de respeito. Invoca-se apenas quando é preciso legitimar uma tropelia qualquer ou quando é preciso um lugarzinho ao sol numas eleições.

Apareceu uma nova geração de políticos vazios e incompetentes apenas preocupados em gerir a sua imagem mediática.
Aparecerem jornalistas vazios e incompetentes que tornaram estes políticos possíveis.
Apareceram comentadores incompetentes mais determinados em "fazer" opinião do que em dar opinião. Nem a que fazem nem a que dão é grande coisa na maior parte dos casos. Desde fala baratos imberbes a iconoclastas de meia idade de tudo se passeia pelas televisões.

A informação imediatista e superficial de uma TSF ou de uma SIC Notícias sobrepuseram-se à qualidade de investigação e profundidade da análise. Tornámo-nos "Americanos".

Até já estamos a ficar gordos como eles e estúpidos e consumistas como eles. Só não adoptámos a sua capacidade de inovação e empreendedorismo. Só copiamos o pior.

Não é na minha vida que isto vai mudar. Uma alteração social que abarque gerações tem de ter na sua génese algo de muito radical e renovador. Os políticos que chegam conseguem ser piores que os anteriores. Os gestores novos são ainda piores que os anteriores. Afinal toda esta gente perdeu o sentido do que está certo e viveu num pântano ético toda a sua vida adulta. O mérito e o esforço não faziam parte dela.

E esses irão lutar sempre por manter a mediocridade. Alguém de qualidade será sempre torpedeado pelos medíocres. Eles não querem que seja evidente o quão medíocres são.

Vamos para umas eleições em que os representantes desta era são os mais bem colocados para ganhar. Não admira. A presidência é o prémio para aqueles que já "serviram" a nação (e aparentemente se serviram dela) e que precisam de 10 anos descansados.

Vai chegar o dia em que veremos Guterres e Durão Barroso como candidatos. Ainda falta mais um ciclo de porcaria. As coisas vão piorar antes de ficarem melhores.
Temo bem que eu já não veja a parte ascendente da curva.
Temo bem que o fundo da curva seja um sacudir da porcaria por parte duma sociedade farta e cansada deste estado de coisas. E isso demora até acontecer.
Da última vez foram 48 anos. Ainda faltam 12.

O exemplo da virtude

Hoje o Público anunciou que a casa que Cavaco Silva comprou na urbanização da praia da Coelha passou por episódios mais ou menos confusos com o pedido da licença de habitação antes da aprovação da licença de construção.

Mas de tudo isto a parte mais preocupante a meu ver é o próprio jornal Público.
Quando li este artigo de manhã ele falava também de uma bizarra permuta entre a casa antiga de Cavaco Silva (a famosa vivenda Mariani) e a nova casa na praia da Coelha.
A avaliação da casa anterior tinha rondado os 135 mil Euros e na permuta tinha sido atribuído um valor semelhante à casa nova.

Ora acontece que no artigo agora publicado no jornal de nada disto se fala. Fala-se apenas dos pormenores do licenciamento.
E se as questões do licenciamento podem até ser explicadas pela desordem e anarquia que reina em muitos serviços camarários do país, um negócio de valor simulado para fuga ao fisco é uma coisa muito mais grave.

É que estamos a falar de um lote de 1891 metros quadrados a 600 metros da praia e de uma casa com uma área bruta de construção de 620 metros quadrados. A tipologia também não está nada mal:

A obra licenciada, com cave, rés-do-chão e primeiro andar, incluía cinco quartos duplos e um simples, todos com casa de banho, e totalizava uma “área bruta de construção” de 620m2, sendo a chamada “área útil” de 388m2 e a “área habitável” de 242m2. O projecto previa também uma piscina de 90m2.

Nem só o lote teria esse valor. Por essa altura um lote de menos de 1000 metros quadrados a bem mais do que 600 metros da praia era impossível de comprar por menos de 150 mil euros. Acreditem em mim que eu tentei.... Nessa altura ainda era em escudos mas não encontrei nada com valores abaixo de 30 mil contos só pelo lote. E em nenhum dos casos se ficava a uma distância da praia inferior a 2-3 Km. Bati aquela zona da costa toda entre Albufeira e o Alvor. Acontece que na zona da Coelha o preço era proibitivo. Parti para outra. Acabei por decidir que com aquele valor mais valia ir comprar casa de férias em Espanha, mas mesmo assim não o fiz e estou contente por não o ter feito.
Ora pensarmos que um lote deste tamanho com uma casa desta envergadura pode custar esse valor (ainda que com as obras incompletas e pagas pelo comprador, que não sabemos se foi o caso) é no mínimo ridículo.
Acontece que o fisco andou a investigar muito boa gente por suspeita de negócios simulados com o objectivo de fugir ao fisco no que dizia respeito a sisa e do lado dos construtores com fuga ao IRC.

Seria interessante perceber se o mui sério Cavaco Silva escriturou de facto a casa por este valor. Em quanto fugiu ao fisco na sisa e em quanto tem defraudado o estado em Autárquica e em IMI.

Isto é no mínimo vergonhoso. Não é menos vergonhoso o facto de o Público ter feito desaparecer esta informação do artigo em que citava alguém ligado ao imobiliário dizendo que por esse preço só se comprava uma ruína a 15 Km do mar.

De facto a minha convicção de que Cavaco Silva é sério fica profundamente abalada com esta notícia. É que por esta altura comprei eu a minha casa de habitação e foi bem mais cara do que isto. Tem uma tipologia bem mais modesta. Ainda me lembro (e dói-me profundamente) o que paguei de Sisa. Devo acrescentar que o construtor me propôs um "negócio" que envolvia dinheiro em notas no sentido de "beneficiarmos os dois". Mandei-o dar uma volta, porque apesar de não fazer tenção de me candidatar a nada, ainda tenho algum sentido de ética e achei por bem cumprir as leis vigentes. Esses pruridos parecem não afectar pessoas como Cavaco ou como Sócrates que fazem fabulosos negócios de imobiliário no fim dos 90 e no inicio de 2000 a preços de 1980.

Os meus parabéns aos dois pela eficiência em encontrar bagatelas. Estúpido sou eu que não procurei com suficiente afinco e acabei por pagar muito mais por muito menos.

É este tipo de exemplo que leva o português a achar que é legítimo fugir ao fisco sempre que pode. Não o podemos censurar. Exemplos como estes de gente com as mais altas responsabilidades no aparelho de Estado são a prova mais que provada que os Portugueses têm razão.

Quero manifestar ao dr. Cavaco Silva o meu parecer sobre a proposta que fez de criar um imposto adicional para aqueles que têm mais rendimentos e provavelmente já estão no escalão de IRS de 42%:
Sr. Dr. vá-se f****!!
Espero bem que revejam o valor patrimonial da sua casinha modesta no Algarve de forma a ter de desembolsar uns milhares de Euros por ano de IMI. Se tiver dificuldades em pagar, sempre pode usar a modesta reforma da sua esposa. Pode meter as suas virtudes onde já sabe e vá para o raio que o parta com a sua seriedade.

Quanto ao Público, pena é que seja em formato digital. Em papel teria um destino muito pouco nobre.

Em linhas gerais, era este texto que constava do Público hoje de manhã (o excerto é da revista Visão) e que foi retirado do artigo que agora está linkado neste post


Cavaco Silva entregou a casa Mariani e recebeu a Gaivota Azul, cada uma avaliada pelo mesmo valor de 135 mil euros, em 1998. Mas só declarou, na troca, um "terreno para construção" [registado com o mesmo valor, 135 mil euros]. (...) Este tipo de permutas, entre imóveis do mesmo valor, estava isento do pagamento de sisa, o imposto que antecedeu o IMI, e vigorava à época. Mas a escritura refere, na página 3, que Cavaco Silva recebe um "lote de terreno para construção", omitindo que a vivenda Gaivota Azul, no lote 18 da Urbanização da Coelha, já se encontrava em construção há cerca de nove meses. (...) Não houve lugar a qualquer pagamento suplementar por parte de Cavaco Silva à Constralmada. A vivenda Mariani, mais pequena, e que na altura tinha mais de 20 anos, foi avaliada pelo mesmo preço da Gaivota Azul, com uma área superior (mais cerca de 500 metros quadrados), nova, e localizada em frente ao mar.

PS. Estou mesmo muito muito zangado. Não é desapontado porque esta corja já não tem forma de me desapontar. Estou mesmo furioso... Não há um tipo sério neste país? Desde o espertalhoco de bairro até ao Presidente da República é tudo farinha do mesmo saco?

O professor Martelo

e as suas análises.

Pode ser por estar mais ou menos deprimido nos dias em que o ouço, mas noto que cada vez mais me encontro a discordar do que ele diz. E não é do conteúdo, mas sim da forma como tira as conclusões.

O problema parece estar na forma como Marcelo deixa transparecer uma certa arrogância ao achar que sabe como as pessoas pensam em todo e qualquer momento.

As suas análises são muito tiradas a régua e esquadro, como se todos fossem lineares, previsíveis ou movidos pelo mesmo tipo de raciocínio.

Isso faz com que a sua forma de analisar se torne parecida com os métodos quantitativos que os pobres dos americanos gostam de aplicar a tudo. Para eles tudo se reduz a números. Se não tiverem um índice ou uma métrica qualquer para analisar um fenómeno estão perdidos.

O expoente máximo desta forma de análise era a redução de tudo a uma nota que ele dava às pessoas no fim das suas dissertações.

Mas recentemente, apesar de ter perdido essa mania, começo a ver nele a incapacidade de ver nas decisões dos outros a falta de raciocínio analítico.

Para ele uma acção só pode ter uma reacção. É como se ele fosse o master pupeteer de todas as cabeças e todas as consciências. E devo dizer-vos que acho isso profundamente irritante.

Irritante e dado a falhas estrondosas de análise. Apesar do seu brilhantismo intelectual ele parece desconhecer a forma como os menos brilhantes (ou mais sabe-se lá) funcionam. Parece achar que o facto de Cavaco bocejar pode significar a perda de 1473 votos nas presidenciais, ou o facto de Nobre não saber falar lhe vai custar a posição final para Alegre.

Como diriam os nossos grandes amigos americanos - Bullshit.

Eu diria que em vez de se por a fazer esse tipo de dissertações, seria talvez altura de realmente se empenhar em dar o seu contributo para um país no qual os governantes parecem ter perdido toda a qualidade intelectual. Os seus dotes mentais seriam muito melhor aproveitados em ajudar a retirar este país do fosso em que caiu. A elaborar estratégias a médio e longo prazo para um país que não as tem há dezenas de anos.

Em vez de visualizar o que se passa à sua volta como um jogador de xadrez antecipa lances numa enorme quantidade, use esses dotes para pensar no plano A, B C e D para um país sem planos.

Calculo que se entrasse na vida política perderia muito do rendimento que obtém com a sua actividade, mas também acho que não deve andar a contar os tostões e que uma passagem por um qualquer lugar de responsabilidade seria bom.

É daquelas situações de make or break, mas pelo menos ponha as mãos onde põe a boca. Arrisque-se a ser criticado em vez de criticar.

Claro que precisamos de quem pense, mas precisamos também de quem faça. Com Marcelo a prever as consequências de uma qualquer lei não teríamos surpresas desagradáveis. O tipo de surpresas que os imbecis que nos governam parecem nunca antecipar.
Precisamos duma mente capaz de prever o que acontece se uma borboleta bater as asas em Singapura.

Vá lá professor, dê um passo em frente. Ponha-se a jeito para ser convidado. Ou repugna-lhe a ideia de ter um 1º Ministro menos brilhante intelectualmente que você? Não há muito a fazer nesse particular pois não?


PS: Aos seus comentários mais recentes dou um 13. Não está lá mas com esforço pode lá chegar.

Estamos quase a ir votar

E eu tenho um duelo interior a decorrer.

Cavaco Silva, o homem que aceitou dinheiro da comunidade Europeia em troca da destruição do sector primário em Portugal, clama agora por um Ministério do Mar. Apela aos agricultores que nos dêem alguma auto suficiência alimentar.

Curioso como em 20 anos se defende uma coisa e o seu contrário. Como se ajuda a criar um país de terciário e se pede agora a produção de bens transaccionáveis tendo sido em grande medida o obreiro da destruição do sector primário e secundário da economia.
Criou um país que viveu de acrescentar uma margem aos que os outros faziam de forma consciente e planeada.
Disse que a construção civil era a principal indústria do país (pelo seu efeito multiplicador) quando o efeito multiplicador foi aniquilado com a concorrência de países com uma produção com muito melhor preço e design.
Adoptou uma posição de subserviência ao aceitar reduções de quotas pesqueiras e agrícolas.

Apesar de nos ter dado um forte sector financeiro, também nos deu a noção de que isso era a única coisa que interessava. Isso era importante para financiar as casas que todos os portugueses precisavam de comprar.
Essa loucura imobiliária destruiu os centros das cidades descaracterizou a paisagem e deixou as câmaras municipais (curtas de vistas) a esfregar as mãos de contentes com as contribuições. Mas agora vêm-se a braços com a desertificação dos centros, das casas devolutas e degradadas e ajudou ainda mais a destruir o mercado do arrendamento.
E depois em tom grave e sério adverte as pessoas para os problemas do sobre endividamento das famílias e do próprio país?

Será que quero um presidente com uma memória mais curta que a minha?
Será que a presidência é sequer relevante?

Poderia ser. Se não tivéssemos um presidente que se sentisse tão superior e apartidário ao ponto de ter medo de tomar decisões de acordo com a sua consciência. Ao menos Sampaio ajudou o partido pondo fora um governo que visto hoje era infinitamente menos incompetente que os de Sócrates. Ao menos Sampaio não se apoquentou com as criticas. E na verdade não as houve em grande volume.

Cavaco, imóvel, exercendo uma magistratura de influência (ou lá o raio que é aquilo que ele faz) nada faz. Nem sequer influência. Sócrates está-se literalmente nas tintas para ele. O PS com a sua maioria absoluta fez gato sapato de princípios éticos e do estado de direito como quis. Cavaco discursava. Mandava recados, diziam os comentadores. Diria eu que isso é um comportamento típico dos cobardes. E cobardia em assumir as suas responsabilidades foi o que Cavaco demonstrou até à exaustão.

Como sugestão para Cavaco deixaria uma ideia - vá com os seus recados e discursos para o raio que o parta. Actue, porra!

Alegre não se encontra.  Não sabe se é de esquerda se é um burguês diletante. Não sabe como há-de explicar o apoio entusiástico a quem o derrotou nas eleições para o partido e o seu apoio acéfalo a todas as tropelias que o PS fez com a maioria absoluta.
É este Alegre que fala do Estado Social? Só se for Social para "ele". É que os pagadores de impostos com o fruto do seu trabalho já há muito tempo que sabem que não há estado Social.
Na cabeça de polpa de Alegre alguém que ganhe mais de 1500 Euros por mês já não deve ter direito a nada que o Estado Social tenha para dar. Ele TEM de acreditar nisto. Afinal sempre votou alinhado com o conceito de "rico" que o manipulador de marionetes socialistas tem.
Agora veste a capa de protector dos desfavorecidos, enche-se de prosa de Coimbra e vai travar o combate pela democracia. A democracia que o sustentou durante 36 anos e que deixou de existir para os cidadãos que o elegem numa lista de um circulo eleitoral qualquer.
Poderia quase pensar que Alegre tem Alzheimer.  Esquece-se. De quem é, de quem foi, do que fez e até de que dinheiro recebeu e para quê.
Não passa dum mistificador com arremedos de revolucionário. Produto de uma época passada.

E mesmo que não tivesse defeito nenhum, só o facto de se aliar ao inenarrável Louçã já seria razão suficiente para nem sequer o considerar. Infelizmente esse não é o único defeito que tem. Ainda há memória e gente como Alegre é especialmente repugnante. A sede de ribalta, o ego e a incapacidade de perceber a falta de coerência que mostra, são razões mais que sobradas para nunca ser uma escolha.

O Sr. do PCP ainda está algures em Estalingrado e cantar a Internacional. É a única conclusão a que posso chegar quando o ouço dizer que é o candidato em melhores condições para disputar a  segunda volta com Cavaco.... (???)
Este está tão louco como os generais que achavam que cargas de infantaria a pé nas planicies de França durante a 1ª Guerra iriam assegurar a vitória.
Em 1º lugar sr. Lopes, não vai haver segunda volta. Em 2º lugar sr. Lopes a sua candidatura decrépita vai ter uma votação que não chega aos 2 digitos. Diga não à drogas. Não lhe estão a fazer bem nenhum.

Defensor Moura nem parece ser relevante no Norte onde foi presidente de Câmara. Com a história do "dou-lhe dois dias para se explicar" parece claramente dar-se mais importância do que o povo português lhe dá. E agora pergunto eu: E se Cavaco se estiver a c**** para si como tudo parece indicar? O que faz? Vai a casa dele e bate-lhe? Tenha juizo homem! Saia da reforma e volte a exercer como médico e tente não matar ninguém. Do ponto de vista de ideais políticos até eu tenho mais coerência do que você e não sou político profissional. Nem político sou.

Tenho de confessar que Nobre é o único que me merece o reconhecimento de ser um Homem. Sempre primou pela sua entrega aos outros. Sempre foi perseverante e sempre atingiu objectivos quase impossíveis. Infelizmente não tem o dom da palavra nem está habituado às tricas palacianas e às formalidades da política. Mas ainda assim não posso deixar de lhe reconhecer aquilo que nenhum dos outros tem - Espírito de serviço e capacidade de sacrifício. É o único em quem ponderaria votar.

Claro que os comentadores têm analisado todo este processo eleitoral exaustivamente.
Desde as platinas trabalhadas das Purdeys até à gravitas de cavaco (esta é de um comentador que ouvi na TSF que em dois dias usou a mesma palavra em latim para dar mais peso à sua enorme sapiência e gravtitas comunicacional. Para ele gostaria de deixar esta frase - ne supra crepidam sutor iudicaret ) até a um Marcelo que ainda acredita que a politica é matemática com as suas relações causa efeito de um rigor estonteante e que falham quase sempre (mas se não falham é porque são verdades de La Palisse ou porque ele depois dá o spin contrário à coisa).
Não é por acaso que como líder partidário Marcelo foi uma nulidade. Talvez se pusesse com os seus excessos analíticos a tentar perceber um partido que apenas queria poder e dinheiro (e quanto mais melhor).

Toda esta campanha é fastidiosa, vazia e inútil. Todos estes comentaristas sobressaem pelo comentário bacoco, inútil e tão desviado da realidade e do fundamental como os próprios candidatos.

Com este cenário como é que eu escolho um? O menos mau?

Facebook - Praga ou benção?

Devo confessar que sinto muito pouco apelo pelo Facebook.

Criei uma conta e comecei a procurar amigos. De facto encontrei alguns que já não contactava há algum tempo. Mas na maior parte dos casos os que ficaram na lista estavam a meros metros de mim.

Aquilo pareceu-me um bocado escusado. Na verdade preciso pouco de saber do que é que eles gostam ou não gostam. Os amigos mais próximos vejo-os pessoalmente e já sei do que gostam ou não. E se não souber, no decurso duma conversa fico a saber.

A dada altura comecei a achar que estava a ser demasiado indiscreto. Não por culpa minha mas porque devido à falta de configuração de segurança da maior parte dos intervenientes eu acabava por saber aquilo que não me fazia falta nenhuma saber.

Nem todos são experts em configurar o facebook e na maior parte dos casos a "Wall" estava cheia de inutilidades e de coisas que se calhar eles não deviam ter anunciado de megafone a toda a gente.

Rapidamente me fartei. Ter uma aplicação que me diz tudo o que se passa com os meus amigos é um bocado disparatado. Na maior parte dos casos são detalhes que nada acrescentam ao meu conhecimento das pessoas e é espaço cerebral que podia muito bem ser usado em coisas bem mais úteis.

Mas a verdade é que o facebook se tornou numa doença. Há gente a cuidar das quintas virtuais quando não consegue manter uma simples planta viva. Perdem horas por dia nos seus empregos a "cuscar" a vida que os outros lhes esfregam na cara.
Combinam coisas pelo Facebook, num mundo que tem os SMS, os telemóveis e 173 variedades de chats.

Mas serve realmente para quê? Para pouco. Para pormos na mão de quem não fazemos ideia quem é, a nossa  informação pessoal a ponto de isso poder causar transtornos sérios.
A "empresa" é conhecida pela sua falta de respeito para com os dados pessoais dos membros. A mega integração com o Facebook pode permitir que um site participante tenha acesso ao telefone e morada de quem o aceite (e sabemos que a maior parte do pessoal nem lê a mensagem no écran).

O criador do Facebook não concebe a ideia de que as pessoas possam ter informação do foro privado. Como é que com este tipo de atitude se pode esperar que a informação privada dos outros seja respeitada?

Só que, por acaso, Zuckerberg não deixa de ter alguma razão. Se nós queremos que a nossa informação seja privada vamos "espetar" com ela no site mais público da história? Ficamos expostos a um ror de coisas. A primeira das quais a nossa incapacidade de configurar o que mostramos e a quem.

Alguém dizia no outro dia que temos de aceitar que a geração pre teen de hoje possa vir a estabelecer relações com pessoas que nunca vai conhecer. E isso são relações? Os rádio amadores de outrora tinham mais interacção. Pelo menos recebiam um postal a confirmar o contacto (sim, postal.... uma coisa em papel cartonado que se mandava pelo correio para qualquer parte do mundo).

Do vazio das conversas por SMS passámos ao vazio das relações no Facebook. Não estamos muito longe do filme Surrogates em que os humanos já só interagem através de robots perfeitos e sempre jovens. O problema é que por detrás do robot pode estar uma coisa bem diferente. É um bocado triste pensar que nos remetemos ao espaço privado para nos tornarmos mais públicos que nunca. Irónico.

Percebo agora porque há gente que não possa passar sem a Internet mais que umas horas por dia. Entretanto as relações pessoais desvanecem-se completamente.

Talvez seja eu que me entusiasmo com dificuldade. Que não perceba como alguém pode comprar um telemóvel e pagar por um serviço que permita saber aos amigos em que sitio do país ou da cidade estou.
Talvez seja eu que ache intolerável que perguntem porque ainda não aceitei o pedido de amizade.

Não quero fazer vaticínios acerca do Facebook. Fiz um acerca do Second Life - que era uma treta alienante e que iria desaparecer deixando os criadores cheios de massa. Acertei em cheio.
O Facebook vai chegar a um ponto em que não tem para onde ir. Perde  a vantagem do hype da massificação e a dada altura alguém vai perceber que o mais jovem milionário do mundo vale pela informação de 500 milhões de pessoas que lhe disseram tudo acerca de si. Informação essa que ele pode vender por uma pipa de massa. E quando o fizer (e vai fazendo...) o Facebook acaba num estrondo épico.

Não se preocupem sequer em desactivar a vossa conta. A informação continuará nos servidores e pronta a ser reactivada com um simples login. As coisas mais embaraçosas ou as mais irrelevantes lá ficarão em formato digital para quem as queira retirar (não o público, bem entendido).

Como diria alguém que conheci em pessoa - Knock yourselves out till you understand how stupid it is to do it.

Fiquem com este video fantástico de gozo com o Twitter (outro dos pináculos do imediatismo inconsequente)


A triste história

de Carlos Castro e Renato Seabra...

Decorrida uma semana da tempestade mediática que se seguiu à morte violenta de Carlos Castro, depois de toda a poeira assentar chegou o momento de eu escrever alguma coisa acerca do tema.

Fazer comentários a "quente" é uma péssima ideia. Traz à tona tudo de mau e preconceituoso que se possa ser a julgar pelos comentários abundantes nos vários jornais on line.
Acho cada vez mais que os jornais têm uma sarjeta on line onde todos descarregam a porcaria que trazem dentro de si. Porcaria essa que nunca se atreveriam a mostrar publicamente ligada ao seu nome. Só que a coberto do anonimato tudo é permitido.

Choca-me especialmente a intolerância com que alguns vêm a relação desigual em termos de poder e de idade entre os dois intervenientes do caso, mas achem de alguma forma natural quando isso se passa com pares heterossexuais. Salvaguardando as devidas distâncias não passa de mais um caso de um adulto "maduro" com tendências lúbricas negando (ou não) o facto de que a outra parte possa estar com ele apenas para obter aquilo que doutra forma não conseguiria. Neste caso projecção mediática.

Quer num cenário quer noutro o que se dá em troca é sexo. Sabe-se lá com que repugnância ele é dado, mas muitas das vezes é essa a moeda de troca. Neste caso não há certezas. Tenho para mim que o crime derivou precisamente da repugnância que o elemento mais jovem sentiu ou por ter dado sexo em troca ou pela perspectiva de ter de o dar. Os detalhes do crime apontam para um motivação sexual bem evidente que só pode estar relacionada com isso.

Não me espanta que RS alimentasse essa fantasia na cabeça de alguém que era manifestamente alienado no que diz respeito à percepção dos sentimentos dos outros em relação à sua pessoa. Em entrevistas de Carlos Castro foi bem patente a percepção totalmente distorcida de que todos os homens se apaixonavam por ele. Até na tropa o pobre homem partia corações por todo o lado.
Faz lembrar aqueles tolos que passam a vida a ver sinais (inexistentes) de que as miúdas estão todas desesperadas por eles (o que tu queres sei eu.... lembram-se?)
A simples ideia de que um jovem bem parecido com atributos suficientes para ser modelo se aproximasse da triste figura que era Carlos Castro por causa duma paixão é simplesmente caricata. Se ele fosse homossexual seria bem mais fácil vê-lo associado a alguém mais jovem e mais bem parecido. O problema é que se calhar uma pessoa com esse perfil não tem o peso que CC tinha na "sociedade".

Seja como for o affaire acabou muito mal. Com um crime hediondo com requintes de psicopatia.
Mas os efeitos secundários não ficaram aquém da explosão inicial.
Desde uma clivagem entre comentaristas anti homossexuais e homossexuais ao aproveitamento quase nojento de gente que o detestava, houve de tudo.
E terminou com o deitar das cinzas de Carlos Castro numa grelha de ventilação do Metro em Times Square.
É difícil pensar num fim mais indigno. Deitar as cinzas de quem adorava Nova Yorque numa grelha que dá para o "submundo" apesar das proibições.
Muito pouca dignidade em tudo isto sem dúvida nenhuma.
Comparável à forma como CC fez carreira a "comentar" a vida dos outros. Chamar a isto jornalismo é por a chancela de "qualidade" numa das actividades mais desprezíveis que se pode exercer num jornal ou numa publicação qualquer.
O jornalismo que agora o classifica de "jornalista" desceu ao nível dele. À sarjeta. Em vez que má língua acerca de quem foi a uma festa mal vestido criaram um peep show à volta da morte de um escritor de má língua. Parabéns senhores jornalistas. Se faltava alguma coisa para sabermos até que ponto o jornalismo desceu neste país, esta é a prova final.

Quanto a Renato Seabra, como homicida que tudo aponta que seja, que cumpra a pena de prisão que lhe compete. Seja ela numa penitenciária ou num hospital psiquiátrico.
Quanto às gentes de Cantanhede que dão as mãos por um homicida, gostaria de saber o que pensariam se:
A vitima não fosse um homossexual
Se a vitima fosse uma pessoa de Cantanhede

Esta dualidade na solidariedade é triste. Um filho da terra que mata e mutila uma pessoa não é digno de solidariedade. É digno de defesa em julgamento, de todos os direitos que se dão a um arguido, mas nada mais.
Gentes de Cantanhede,
Se fazeis uma linha de mãos dadas por um homicida confesso, como podeis bradar contra os corruptos, os ladrões, os violadores e contra todos os outros criminosos?

Sr. Ministro da Justiça
Faça as novas prisões em Cantanhede. Este é um povo claramente apostado na reabilitação dos piores criminosos. Faça lá a prisão mais segura do país e ponha lá todos os homicidas e psicopatas que estão encarcerados. Acredito do fundo do coração que Cantanhede vai apreciar. Pelo menos há 400 tolos que vão adorar.

7 de Janeiro de 2011... à tarde

Esta foi a conversa entre Manuel Alegre e Duarte Cordeiro, o seu director de campanha, na tarde de dia 7 de Janeiro

- Manuel, estamos metidos em sarilhos!
- Porquê? O problema intestinal não é assim tão grave e não tem esse tipo de manifestações.


- Não é isso pá! è a história da publicidade do BPP e os malditos 1500 euros.
- Ah, isso não se compara aos 150 mil do Cavaco. O problema dele é 100 vezes maior.


- Oh pá, ouve-me com atenção: A malta não aprecia este tipo de "descobertas". Sobretudo quando dás um nó cego a tentar explicar-te. Ainda fizeste pior

- Ora essa. Safo-me disso como me safei de tudo até agora. Só precisamos de encontrar uma boa história. Tenho passado a vida a dizer uma coisa e a fazer outra e mesmo assim ainda conseguir passar por um exemplo de integridade nas últimas eleições


- Então arranja lá uma desculpa para esta...
- Fazemos assim: Eu continuo a dizer que não percebo nada de dinheiro. Que não lhe toco porque ele é sujo.


- Pois, mas isso não te safa. É que tu, meu estúpido, passaste recibo verde pelos 1500 Euros e declaraste esse valor em IRS!!! Ou seja, tu assumiste por inteiro que tinhas recebido o dinheiro.


- Pois, mas devolvi!. Eu passei um cheque...
- Mas passaste um cheque a quem?


- À BBDO.
- Oh burro!! Quem te pagou foi o BPP! Quem te deu a declaração foi o BPP. Tinhas era que passar o cheque ao BPP


- Pois, mas eu não percebo nada de finanças. A minha secretária é que trata disso.
- Por falar da tua secretária, acho melhor largares essa. Passas a vida a dizer que és modesto e ter uma secretária não joga com isso. Quanto é que lhe pagas?


- Pago? Que raio de conversa é essa? Então eu pago à secretária? Porquê?
- Porra! Porque ela trabalha para ti! Tens de lhe pagar não?


- Oh pá, não me lixes! O que é isso de trabalhar? E ainda por cima para mim. Sê lá mais específico.
- Pronto (suspirando). As pessoas recebem um salário por fazer um trabalho. Exercem uma actividade durante um certo número de horas por dia, para um empresa ou para uma pessoa, e essa empresa ou pessoa paga-lhes em troca do trabalho.


- (boquiaberto) Então, estás a dizer-me que era suposto eu pagar à secretária? Alguém o deve fazer. Eu não. Já te disse que não percebo nada de finanças.


(Duarte Cordeiro estarrecido e em silêncio durante alguns minutos)
- Também consta que te mandaram umas provas do anúncio para ver se concordavas com o layout a publicar.
- Eu não vi nada disso. Podemos sempre dizer que foi a secretária.


- Bolas, mas quem é a secretária? Não pode ser a culpada de tudo
- Claro que pode. Ela podia estar a fazer isso porque eu não lhe pagava (sorri apercebendo-se do potencial da ideia)


- E o IRS? Foi ela que fez também não?
- Não. Isso fui eu. Eu gosto de pagar impostos de forma solidária por rendimentos que não tenho. É a minha veia altruísta. Eu sou um poeta caneco!!! Eu faço coisas desconexas. Tenho de manter uma pose de intelectual.


- E a história de suspenderes o anúncio porque na assembleia te lembraram que não podias fazer publicidade? Disseste ontem que ninguém te tinha dito nada. Caramba!!! Quanto mais falas mais te enterras. Isso para quem acha que tem o dom da palavra é uma bela cagada, deixa-me que te diga
- Pois, essa é bera. Não estou a ver como meto a secretária nisso...


- Pois é... Foste à caça e foste caçado. Como um patinho. E ainda por cima sujas-te pelo preço de um estojo para uma Purdey, porra!!!

- Olha, fazemos assim: Dizemos que eu paguei o IRS daqueles 1500 Euros porque gosto de contribuir. Que passei o cheque e a secretária ficou com ele. Que as provas do anúncio foram aprovadas por ela e que quando me disseram da assembleia, imediatamente mandei retirar o anúncio.


- É. Mas falta a história de teres afirmado que ninguém te tinha dito nada na assembleia...
- Pois, mas eu sou poeta. A minha forma de falar é muito elaborada e as pessoas percebem-me mal. Não te esqueças que vivemos num país onde os jovens não percebem sequer o que lêem. 
Exploramos essa via. Dizemos que não entenderam nada do que eu disse.


- Pronto. Está bem. Tu és o candidato. Tu saberás como te safar. Quando a gastroenterite passar voltamos à carga.
- OK. Mas o médico disse-me que pode não ser uma gastroenterite. Parece ser um problema auto imune


- Hum???
- Aparentemente o meu sistema imunitário está "revoltado" com tudo isto e resolveu actuar.

- E isso pode acontecer? Nunca tinha ouvido falar..

- Nem eu. Mas o médico disse que às vezes acontece em situações de stress extremo. Parece que o sistema imunitário entrou em parafuso e resolveu atacar a maior doença que encontrou - Eu.


- Bolas!!! E não se pode fazer nada?
- Não muito. Aparentemente o meu sistema imunitário está de tal forma determinado a acabar comigo que é muito difícil parar o ataque. É quase poético!! O meu corpo vê-me como a maior ameaça à minha pessoa. Incrível não é?
- Nem por isso. Agora que falas nisso sou forçado a concordar com o teu sistema imunitário. O teu problema não é exterior, é interior. Estanho é só ter acordado agora.


- Estranho não é? Logo agora que estava quase a ser alguém respeitado é que eu me lembrei de acabar "comigo".

E a novela continua

A seguir à triste figura que Alegre e Louçã fizeram ontem, tivemos hoje João Soares a dar o seu pequenino contributo para a novela Acções SLN.

E se Louçã e Alegre já foram sujinhos quanto baste, Soares desceu hoje a um nível ainda mais extraordinário.

Esclarecido que ficou o assunto das mais valias, pela apresentação de exemplos de accionistas que venderam mais alto do que Cavaco Silva, e explicada a razão de ser Oliveira e Costa a despachar os pedidos de venda (direito de opção da SLN na compra das acções), já muito pouco faltaria para explorar.

Soares levou o assunto a um novo patamar.
Já não põe em causa nada disto (seria estúpido persistir...) mas questiona agora se na COMPRA as acções terão sido pagas por Cavaco Silva ou se terão sido uma oferta. E diz isto como se estivesse a descobrir o ângulo que ainda ninguém tinha visto. Seria difícil ver, porque cabecinhas suezes e desprezíveis como a de João Soares não se encontram por aí em abundância.
Já tinha visto Soares adoptar posições de uma desonestidade intelectual notável, mas agora desce a um ponto inominável.
À falta do brilhantismo intelectual do pai, do qual não passa duma mera sombra, envereda pela insinuação rasteira sob a forma de pergunta. E fica com aquele sorriso pateta de quem espera para ver se a coisa colou ou se vai enfrentar um tijolo no focinho como forma de resposta.

O problema é que à frente dele tinha Paula Teixeira da Cruz, jurista, sabedora da matéria e muito pouco disposta a engolir desaforos de ignorantes.

Sobre o código das Sociedades Comerciais dissertou um par de disparates. Atitude pouco sensata como se veio a demonstrar momentos depois ao ser cilindrado pelo saber de Paula Teixeira da Cruz que a cada afirmação patética de João Soares sorria na antecipação do massacre.
Pois João Soares não sabia do direito de opção nem sabia exactamente do que estava a falar. Como qualquer pateta especialista em generalidades esqueceu-se de que estava sentado à sua frente. Rapidamente quis desviar o assunto sem grande sucesso. Ao entrar em areias movediças o melhor é tentar a retirada.

Parece que nos últimos tempos o que o PS tem para nos dar é apenas um conjunto de personalidades incompetentes, demagógicas e absolutamente gastas.
Tentar fazer isto com Cavaco Silva é duma imprudência atroz. O homem é sério. Não arrisca nada. Segue as regras todas.
A falta de arrojo dele e de chispa são precisamente a razão pela qual ele é sério. Não lhe vão apanhar fotos com umas tipas peladas, ou vê-lo misturado em negociatas obscuras com sobas africanos, nem nada que se pareça.
Ainda por cima era um individuo respeitador e amigo dos empregados do pai. O homem é sério porra!!
É como tentar colar acusações à Madre Teresa de Calcutá!!!

Ele tem tanto de sério como de pouco interventivo. Ele prefere a estabilidade mortal à mudança regeneradora. Prefere a tradição à novidade. Prefere as regras à contestação das mesmas.
Ele foi talvez o maior aliado de Sócrates nestes anos em que o país precisava de se ver livre dos governos mais incompetentes da história de Portugal. Foi menos critico de Sócrates do que Alegre. Ele é secretamente o preferido de Sócrates porque ele sabe que com a falta de arrojo de Cavaco não vai acordar um dia e enfrentar-se com a surpresa da dissolução da AR.

Estas personagens socialistas (Soares, Alegre, Barroso e outros que tais) de cada vez que tentam explorar um filão esgotado respingam-se completamente de porcaria (como se não bastasse aquela em que chafurdam há anos).

A juntar à camisola lançada ontem pela campanha de Alegre e vista em Louçã, à saída da SIC hoje à noite  João Soares foi visto com um novo modelo.

Até agora  João Soares era apenas conhecido por outra t-shirt de enorme sucesso criada pelo PS para as eleições que lhes deram a maioria absoluta. Era, juntamente com Silva Pereira, Vital Moreira e Teixeira dos Santos um dos early adopters do modelo, que convenhamos, é muito adequado à forma como ele tem passeado pela política nacional.



As réplicas

Eu já calculava que Alegre não parasse. E que tivesse ajuda do demagogo-mor Francisco Louçã.
Depois de revelado o pedido de Cavaco Silva e da filha para a venda das acções que detinham, despachado pelo próprio Presidente do Conselho de Administração da SLN, seria de supor que a coisa ficasse por aqui.

Mas não.

Como um bom demagogo não se preocupa nada com o facto de a verdade interferir com a sua interpretação dos acontecimentos, vejo hoje Manuel Alegre dizer que o simples facto de as acções terem sido vendidas a 2.40€ é só por si um acto de favorecimento e de participação na gestão danosa do BPN.
Como se não bastasse, Louçã apresenta um contrato de venda das acções da SLN de um outro pequeno accionista em que os ganhos são de apenas 5%.
Claro que a venda foi realizada mais tarde mas, na cabeça de Louçã que como sabemos é um economista de mão cheia, isso ainda deveria significar porventura ganhos maiores. Sendo assim não era possível o ganho de 140% de Cavaco Silva e da filha.

Isto é típico de quem tem uma mão cheia de nada. Primeiro atira-se com o simples facto de ele ter tido acções. Depois de sabidas as datas de aquisição e venda e esgotado o potencial de associação a 2008 e à descoberta da falcatruas, parte-se para os ganhos. Agora o facto de o assunto ter sido tratado por Oliveira e Costa associa-se automaticamente com um acto de gestão danosa e a colaboração com a mesma.

Isto tem reminiscências dos processos estalinistas e das purgas da revolução cultural. Não há defesa possível. A cada explicação cava-se mais fundo nas assumpções de culpa e nas especulações de envolvimento.
Da ala extrema esquerda o "papa" virtuoso que nomeia a mãe para assessora do grupo parlamentar do BE (é verdade, também existe nepotismo na extrema esquerda e não é pouco) avança com uma tese bastante inconsistente de que o valor a que foram vendidas as acções teria sido inflacionado artificialmente por Oliveira e Costa.

Mas ao que parece houve acções re-compradas pela SLN a valores mais altos em 2003 (2.61). Vejam lá de quem eram as acções para saber quem mais beneficiou de favorecimento e participou na gestão danosa do BPN.
Em suma, uma trapalhada. Já escrevia ontem que tinha sido boa ideia a campanha de Alegre ter verificado uns factos antes de partir para a insinuação e acusação difamatória. Mas não o fez e agora ele e Louçã fazem aquilo que sabem fazer melhor - figura de parvos.
Na verdade há novas t-shirts na campanha de Alegre. A primeira foi vista em Louçã


A campanha de Alegre anda à volta disto. A cada dia que passa tenta cobrir com mais lama o candidato que lhe faz mais frente e esquece-se do fundamental. A cada dia que passa demonstra mais a falta de superioridade e de sentido de estado que um Presidente deve ter. Coadjuvado pela criatura mais pomposa e assertiva que a extrema esquerda alguma vez pariu o retrato é de fazer cair a cal das paredes. O incapaz ajudado pelo cego. Só que o incapaz e o cego são manipuladores e mentirosos compulsivos.
Mas melhor ainda, Alegre vê-se enredado na sua própria teia. Um textozito de duvidosa qualidade literária sobre armas de caça de luxo (Purdey) é usado pelo BPP numa campanha publicitária e paga com um cheque de 1500 Euros que ele mandou devolver. Isto foi de manhã.

À tarde sabe-se que afinal foi feito um depósito em conta nesse valor e que Alegre passou um cheque pela sua própria mão que mandou a secretária devolver à BBDO.

Duas coisas estranhas:
Não é normal mandar entregar cheques em mão. Estas coisas fazem-se pelo correio. É no mínimo bizarro transformar a secretária num moço de recados e fazê-la ir entregar o cheque em mão.
Ah é verdade... não é normal um modesto deputado ter uma secretária... Ou é?
Não é normal não saber se o cheque foi descontado. A saída de 1500 euros duma conta bancária para um cidadão que vive do seu magro salário de deputado deve fazer uma mossa que se note. A julgar pelo desnorte no controle da sua conta bancária, aposto que Alegre também não sabe quanto paga à secretária ou sequer se lhe paga.

Resta saber se a declaração que o banco passou para efeitos de IRS terá sido entregue com a declaração desse ano.

Ora raciocinem comigo.
Se ele não incluiu essa declaração porque não teve esse rendimento (ele pensava à data que o tinha devolvido, logo não ia entregar um declaração de um rendimento que não teve) e de facto o cheque não foi descontado, Alegre mentiu ao fisco ocultando 1500 Euros de rendimentos.

Mas o mais curioso é que ao participar numa campanha publicitária violou o estatuto de incompatibilidades dos deputados que não podem fazer publicidade paga ou gratuita. Aqui ele diz que a assembleia nunca lhe disse nada. E eu respondo que a assembleia é talvez o maior antro de parasitas do país e está certamente bem fornecida de vigaristas. Ou já ninguém se lembra da recepção a Paulo Pedroso por parte dos mui nobres deputados que até mobilia partiram?
O facto de eles não terem dito nada pode significar que são completamente incompetentes em fazer a aplicação das normas que aprovam ou, muito pior, sabem e não fazem nada. Hoje coço-te as costas amanhã coças-me tu as minhas...

Mas o que eu realmente gostei de saber é o desejo francamente burguês de ter não uma, mas duas Purdeys.
A arma de caça feita à mão e à medida que pode custar tanto como um automóvel. Um par? Não lhe chegava uma?
Como é que Louçã reagirá a isto?
Saber que o seu candidato anseia por armas de caça (que matam os bichinhos que de certeza Louçã ama) e logo as armas escolhidas pela realeza (que Louçã abomina).
E se no texto Alegre diz que o salário de deputado não chega para uma Purdey, como é que não dá pela diferença de 1500 Euros na sua conta bancária? E que salário paga ele à pobre secretária que manda ir entregar cheques em mão à BBDO? Terá sido para poupar na franquia da carta?
Pois é... o poço da virtude não é mais que um poço de outra coisa. Um poço daquilo que ele tenta atirar para cima dos outros...

As acções da SLN

Cavaco teve 105.378 acções da SLN

Cavaco Silva obteve em 2003 mais-valias de 147 500 euros com a venda de acções da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), que tinha comprado em 2001.
A sua filha, que também era accionista, vendeu as acções na mesma altura, obtendo ganhos de 209 400 euros.
O Presidente da República, questionado uma vez mais pelo Expresso, recusou confirmar esta sua antiga ligação accionista ao grupo SLN. Cavaco Silva foi um entre os 400 pequenos accionistas com que o grupo SLN contava em 2003.

O chefe do Estado remeteu o Expresso para um comunicado que fez sair em Novembro do ano passado, em que rejeitava quaisquer ligações ao BPN (controlado pela SLN). 


Esta era  a notícia de capa do Expresso em 30 de Maio de 2009.
Ou seja, numa altura em que Cavaco Silva não tinha qualquer cargo político (só foi presidente a partir de 22 de Janeiro de 2006) um dos seus investimentos deu um rendimento de 140% num espaço de dois anos.
Quanto ao rendimento não me parece nada de extraordinário, na medida em que este tipo de ganhos num altura de folia bolsista eram relativamente normais. Mesmo o facto de o capital da SLN não estar ainda cotado em bolsa não causa grande estranheza. Na verdade o artigo refere que havia mais 400 pequenos accionistas que suponho terão tido ganhos similares.
À data, presumo que algumas das trapaças levadas a cabo por aqueles que conhecemos bem, já deveriam estar a acontecer no banco, mas é um bocado forçado assumir que os 400 pequenos accionistas teriam conhecimento disso. Cavaco Silva estaria numa melhor posição de o saber, dada a sua proximidade com alguns dos membros de topo da SLN e do BPN, mas não se pode tirar a conclusão de que se poderia saber o sabia de facto.
Não me estranha que ele tenha tido acesso à aquisição das acções pela proximidade com essas pessoas (é mais fácil sendo amigos do que sendo desconhecidos) nem me estranha o nível de ganho que obteve. A titulo de exemplo as acções da Google subiram de 199 USD no principio de 2005 e estavam a 505 no principio de 2007. Hoje estão a 608 USD.

Na minha opinião ele teve acesso à compra pela proximidade com o top management e vendeu 2 anos depois realizando os ganhos simpáticos que tinha conseguido. Eu faria o mesmo se as tivesse.

O que é bizarro é que se faça agora uma campanha à volta do facto de uma pessoa, que não tinha responsabilidades políticas à data, ter tido ganhos com acções de uma empresa que detinha o BPN que se veio a comprovar em 2008 que estava encharcado de má divida e tinha sido um antro de gestão danosa. Como se sentirão os accionistas dos Lehman Brothers ao saber que pactuaram com um executivo ganancioso e cleptómano que levou o banco à falência?
Mas eu esperava que ao menos pessoas como Manual Alegre fossem bem aconselhadas e assessoradas e não falassem de "ouvido". Pelo menos houvesse alguém que fosse à Net para saber que os ganhos eram da ordem dos 140% (se comprou a 1€ e vendeu a 2.40€, isso dá na minha matemática 140% e não 40% como disse Manuel Alegre). Seria também honesto que Alegre dissesse que as acções tinham sido transaccionadas 3 anos antes de Cavaco ser Presidente e que não as vendeu quando se aproximava o fim iminente do BPN.

Não sou um simpatizante de CS e acho que do ponto de vista da sua actuação ele tem muito mais por onde se lhe pegue. Acredito que ele seja honesto mas também sei que ele não se "move". Fica-se pelos discursos e pela tentativa de mobilização do "povo" em que falha redondamente porque ele próprio não parece nada mobilizado. É estático é inerte e sanciona as maiores tropelias deste governo em nome da suposta estabilidade que nos vai matando.

Dito isto não o defendo por ser um simpatizante ou um votante. Digo isto porque me enoja ver candidatos conscientes de que o lugar quase não tem poderes a prometer coisas que não podem cumprir. Porque vejo candidatos a deitar abaixo em vez de dizerem claramente o que fariam. Votariam contra o estatuto dos Açores? Votariam no casamento Gay? Na lei do divórcio? O que fariam de diferente? Nestes três casos sei que todos eles fariam o mesmo.

Alegre tem demonstrado um grau de demagogia e desonestidade nesta campanha muito acima da anterior. Pavoneou-se durante uns tempos como o "dono" de 1 milhão de votos. Usou isso para "fingir" que era um espírito livre e independente aproximando-se do BE enquanto estava na AR com um assento dado pelas listas do PS. Quanto a ética e moralidade estamos conversados. Quanto a armar-se em pavão idem.
Zangadinho pelo apoio do PS ao geriátrico Mário Soares resolveu que era um livre pensador... mas votando alinhado com as tropelias do 1º governo de Sócrates. E viva a coerência.

Afirma-se agora pela negativa. Joga com o lançamento de suspeitas e insinuações (ainda por cima mal informado) sabendo como o povão adora juntar uns pontinhos na história para a tornar ainda mais escabrosa.
Joga realmente com a baixa politica. Por outro lado proclama a politica como uma actividade nobre. Talvez fosse se ele não estivesse envolvido. São pessoas como ele desesperadas por poder que são capazes de pedir apoio a dois partidos que não poderiam estar mais distantes que fazem com que as pessoas olhem para os políticos como uma corja de "vendidos" em troca de um lugar ao sol. São atitudes destas de mercenário político (vulgo vira-casacas) que fazem com que os votantes generalizem estes comportamentos a todos os que servem o Estado.

A carreira de Alegre nunca foi brilhante. Sempre viveu do Estado nos últimos 30 e tal anos. Nunca fez nada de substancial pelo país ou pela democracia a não ser dizer que gosta dela. Tenta viver do que lhe sobra de combate ao antigo regime.
Os outros dois candidatos (O sr. de Viana e o sr. do PCP) embarcam timidamente nesta onda das acções da SLN mas sem o entusiasmo quase alienado de Alegre. Não tarda estará a pedir as contas de electricidade de Belém para provar que Cavaco contribuiu com umas quantas toneladas de CO2 na atmosfera.

Alegre parece não passar de mais um pateta. E um pateta perigoso, porque não hesita recorrer à difamação e à insinuação para destruir os adversários à falta de argumentos políticos para o fazer (e tinha tantos). Com isto, representa quase tudo o que de sujo a política tem.

Está a fazer  uma incrível figura de parvo, mal informado e a jogar com as armas mais baixas possíveis.
Ele é o seu maior inimigo. A isto se chama perder sem qualquer classe. Vou gostar de ver se ele chega ao milhão de votos de há 5 anos. Pode ser que lhe esvaziem o balão e ele apareça nas listas do BE nas legislativas de Maio/Junho 2011.