O espalhafato e o conhecimento

Ouvindo a audição da ministra das finanças na comissão parlamentar não posso senão fazer a minha vénia.

Em primeiro lugar pela contenção demonstrada perante as perguntas e os apartes cretinos de Ana Drago. Manter a compostura numa situação destas é algo que só pode estar ao alcance de alguém com boa formação intelectual e cívica.

Em segundo lugar pelo conhecimento demonstrado na matéria. Não precisa de recorrer a cábulas e fala com um enorme à vontade sobre os temas o que apenas está ao alcance de quem sabe muito bem o que faz.

Ana Drago por outro lado não desaponta. Uma pateta panfletária, levando ao extremo aquilo que os portugueses fazem normalmente - falar sem saber minimamente o assunto sobre o qual se estão a pronunciar.
As conclusões são completamente abusivas "não fizeram nada durante um ano", ou simplesmente erradas.
É um pouco assustador ter uma especialista em economia e contas públicas a discutir com borgessos. E é assustador porque são deputados como Ana Drago que podem um dia estar num qualquer cargo governativo. Já é bastante assustador perceber até que ponto os seus conhecimentos são completamente insuficientes para falar com um especialista em qualquer matéria.

O curioso da interpelação de Ana Drago é a forma como ela se foi encurralando num canto. O sorriso trocista, tão característico deste grupinho que se acha possuidor da verdade, foi desaparecendo à medida que tomava consciência de que nunca poderia discutir de igual para igual com a ministra.
O sorriso passou de trocista a forçado para um esgar mais raivoso até se silenciar por completo.
Começou por alegar que a ministra não tinha feito nada. À medida que a sua argumentação foi sendo destruída encurralou-se na questão dos custos para os contribuintes.
Chegada aí teve mesmo que assumir a sua "iliteracia" (para quê usar palavras finas Ana Drago? Diga apenas que não percebe um "corno" do que está a falar) sobre o assunto.
Teria sido bom que tivesse percebido isso desde o início. Era mais ou menos óbvio que não tem a capacidade de debater estas questões com profissionais a sério.
Acabam sempre a refugiar-se em coisas supostamente "ditas" por outros especialistas. Ainda por cima mal compreendidas porque estão claramente acima das suas capacidades de compreensão.

Ana Drago foi completamente destruída. Cavou até bater em pedra sólida. Poderia ter continuado a escavar se tivesse algum conhecimento sobre a matéria. Mas mesmo assim não basta ser economista para se poder discutir estes temas com uma pessoa como a ministra.
E assim será por parte de qualquer deputadozeco medíocre (existe de outro tipo?) que tenha como única motivação a chicana política.
Veja-se o caso de Galamba, supostamente economista mas comprovadamente medíocre. Enfrentar um governador do BdP ou um ministro da Economia está bem para lá das suas capacidades.
E não admira. Se eles fossem realmente bons naquilo que fazem estariam a auferir de bons salários no sector privado em vez de dependerem de favores políticos para figurar numa lista em lugar elegível. Não é por acaso que a mediocridade grassa no parlamento.
Ana Drago é socióloga. Pouco mais. Talvez nem isso seja de forma competente.
Como quase todos frequentou qualquer coisa mais que nunca acabou. Nunca acabam nada. Mas têm a distinta lata de dizer que frequenetaram qualquer coisa.
O seu camarada Daniel Oliveira também frequentou uma licenciatura. Que não acabou. Mas espantem-se oh almas, está a fazer um mestrado na Lusófona. Teremos por estes dias um mestre sem licenciatura. Uma novidade a la Bolonha seguramente.

Da carreira profissional de Ana Drago não há nada digno de realce. Mas fico a saber que agora há teses de licenciatura e é considerado um título académico e/ou científico.
Arre porra que esta gente gosta de injectar esteroides no CV...
Isto deve ser uma coisa do Bloco. Por este andar teremos teses no ensino secundário.
Habilitações Literárias
Frequência de Mestrado em Sociologia

Profissão
Socióloga

Cargos que desempenha
Deputado na XI Legislatura;
Membro da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda
Membro da Comissão Política do Bloco de Esquerda

Cargos exercidos
Deputada nas IX e X Legislaturas

Obras Publicadas
"Agitar antes de ousar: o movimento estudantil anti-propinas", 2003, Edições Afrontamento, Porto

Títulos académicos e científicos
"Agitar antes de ousar: o movimento estudantil anti-propinas" - tese de licenciatura em sociologia polítca (2001)
Como currículo estamos conversados. Quantos licenciados em Sociologia estão hoje desempregados ou a trabalhar em profissões  nada adequadas à sua formação?
E é esta pobre amostra de profissional que se põe a tentar encostar à parede uma pessoa como a ministra?

Maria Luís Albuquerque nasceu em Braga em 1967.
Licenciou-se em Economia na Universidade Lusíada de Lisboa em 1991 e é mestre em Economia Monetária e Financeira pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa desde 1997.
Foi técnica superior na Direcção-Geral do Tesouro e Finanças entre 1996 e 1999, técnica superior do Gabinete de Estudos e Prospectiva Económica do Ministério da Economia entre 1999 e 2001, desempenhou funções de assessora do Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças em 2001, foi Diretora do Departamento de Gestão Financeira da Refer entre 2001 e 2007 e coordenou o Núcleo de Emissões e Mercados do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público entre 2007 e 2011.
Foi docente na Universidade Lusíada de Lisboa, no Instituto Superior de Economia e Gestão e no polo de Setúbal da Universidade Moderna entre 1991 e 2006.
Maria Luís Albuquerque foi Secretária de Estado do Tesouro e Finanças entre junho de 2011 e Outubro de 2012 e Secretária de Estado do Tesouro entre outubro de 2012 e junho de 2013. Nestas funções, seguiu os assuntos do Eurogrupo e do Ecofin substituindo o então Ministro de Estado e das Finanças. Tomou posse como Ministra de Estado e das Finanças em 2 de julho de 2013.
O que é que pode resultar de um debate entre uma oportunista política que se vê eleita para o parlamento e alguém com este tipo de CV?
Um massacre completo, como aconteceu.

O que é mais revelador ao ouvir uma audição assim é o fosso de conhecimento e capacidade que existe entre gente como Ana Drago e uma pessoa que toda a vida trabalhou na área. São espertos até um certo ponto, não entrando em detalhes que possam revelar o seu desconhecimento total das questões técnicas em discussão, mas não conseguem sustentar o discurso durante muito tempo. À medida que a sua argumentação superficial é desmontada não conseguem sequer ter o conhecimento para fazer um seguimento pertinente. Limitam-se a ficar pelo ruído mediático.