Como virar tudo do avesso

Dois dias após a comunicação ao país de Cavaco Silva começa a ficar evidente o nó que ele conseguiu dar na nossa situação política.

Ao não ser claro em absolutamente nada e ter preferido castigar Portas, não beneficiando a sua perigosa jogada, castigar Seguro ao deixá-lo com o ónus de uma solução estável e ao castigar Passos condenando o seu governo a um estado de vida assistida, Cavaco condenou de facto o país a uma modorra insustentável e altamente prejudicial para a nossa saída da situação de crise.

Ontem a bolsa portuguesa (PSI 20) caiu. As taxas de juro da dívida portuguesa a 10 anos não reflectiram imediatamente o estado das coisas. Talvez porque não é fácil para quem estar de fora perceber as subtilizas da sua decisão.
Os juros já estão a subir de novo, tendo ultrapassado a barreira dos 7%. É curioso como olhando para o gráfico se nota perfeitamente que acção causa este tipo de prejuízo.

Seguro já fez as declarações do costume. Uma mão cheia de nada. "Crescimento e emprego" a que junta agora "renegociação da dívida com mais tempo e juros mais baixos" entre outras insanidades produzidas pelo seu mirrado cérebro. Mas nunca aceitará fazer parte de um governo que "corte cegamente" no Estado.

O Estado, a única coisa que interessa aos socialistas. O caldo de cultura do qual vivem há décadas e que foi saqueado em nome de elevados princípios. Tirar o Estado ao PS é como arrancar-lhe o coração. Sobretudo é como privar toda uma corja instalada do seu modo de vida.

A esquerda ainda mais à esquerda vive sob a influência de drogas verdadeiramente pesadas. Pede aumentos, fala de direitos e esquece completamente que o país não pode suportar ad eternum deficits assassinos. Acreditam piamente que a solução para este problema é o confisco puro e simples de toda a riqueza que possa ser produzida por quem quer que seja.
Este tipo de vontade redundou sempre na miséria generalizada. E apesar de todos sabermos o que isso significa em países que eles admiram, continuam a pugnar por este tipo de ideais como se fosse a nossa salvação.
Usam a estratégia de pressão com acções cirurgicamente planeadas para ser mediáticas. Dão assim uma ideia de descontentamento geral que não corresponde minimamente à realidade.

Aos dias de expectativa seguem-se agora os dias de desilusão. O que tinha sido evitado com uma coligação revisitada foi destruído com um discurso que nem é carne nem peixe. POr algo que só é uma certeza na cabeça de Cavaco. Se for...