E quem desata este nó?

Agora é que Cavaco deu um nó nisto tudo.

Talvez por não apreciar o facto de o "infractor" ser beneficiado, chegou e disse que o Governo está em funções e que um governo que esteja em funções até 2014 e mesmo depois disso deverá ter o apoio dos 3 partidos (PSD, PS e CDS).

Tendo em conta as recentes declarações de Seguro e as de Alberto Martins já depois da intervenção do PR, a coisa parece estar periclitante.

O PS está "irredutível" na vontade de só alinhar num elenco governativo com eleições.

E porquê?
Porque sabe que é inevitável ter de aplicar medidas a que andou a opor-se. E fazendo-o não sendo eleito é como garantir que não o é.
Se for com eleições em que ganhe, pelo menos acha que se consegue aguentar uma legislatura.

Mais uma vez um comportamento táctico com o olho no poder. O objectivo é chegar lá mesmo que se diga o contrário do que se vai fazer. Mas desta vez o PS sabe MESMO que terá de fazer o contrário.

Vai ser extremamente difícil que o PS alinhe nesta solução. Vai deixar os partidos do governo desgastarem-se de forma irreversível.

E Cavaco ao não deixar que haja novo "fôlego" no Governo condena-o a uma condição de zombie até ao Verão de 2014

Do ponto de vista da argumentação sobre a estabilidade não deixa de ser estranho que Cavaco crie um período de quase morte de um Governo fragilizado pela decisão.

Adeus chicotada psicológica, adeus aos excelentes resultados do CDS com esta manobra.

Seguro fica ele também num impasse. Se não aceitar será visto por muitos como alguém que se recusa comprometer quando lhe é dada uma opotunidade. Se se comprometer queima-se porque terá de passar a concordar com tudo o que discordou até ontem. Vai ter de cortar no Estado (social ou não) vai ter de aceitar medidas como a privatização da RTP ou a reforma administrativa e autárquica. Vai ter de perceber que há professores a mais para os alunos que temos.
Basicamente deita todo o seu discurso pelo cano abaixo. Se não o fizer, ficar de fora também não o resguarda.

De uma assentada Cavaco deu uma chapada colectiva a todos os líderes partidários. É calculado para não agradar a nenhum deles e para não premiar a falta de responsabilidade que todos têm demonstrado nestes últimos tempos.

A minha aposta? Amanhã a bolsa cai e os juros da dívida sobem. Quando se perceber bem que a solução é demasiado intrincada e poderá ser impossível desatar este nó vamos ter sarilhos dos gordos.

Imagem de danielkarlsson.deviantart.com