O sorvedouro público

Passos Coelho defendeu ontem a extinção das empresas do sector estado que dão prejuízo.

Creio que no meio desta cruzada anti desperdício pode estar a levar as coisas longe demais. Está a deitar o bebé fora com a água do banho.

Mas hoje foi daqueles dias em que li e ouvi algumas coisas sensatas.
Não sei se quem as disse o fez de forma sincera e verdadeira, mas não deixam de ser sensatas e bem mais pensadas do que Passos Coelho afirmou ontem.

Miguel Macedo do PSD exige uma clarificação do governo relativamente à fusão ou extinção de organismo governamentais que foram anunciados no PEC II e que não terão passado do papel.

É, por acaso, o que a esmagadora maioria dos portugueses exige. Estes governos do PS multiplicaram o número de instituições "empresariais" do Estado de forma absolutamente descontrolada. O poder local, sequioso de se "parecer" com estes grandes decisores juntou-lhes uma quantidade enorme de empresas municipais.
A maior parte delas não faz qualquer sentido, uma vez que esses serviços já eram assegurados por serviços das autarquias e mais não foram do que formas de criar lugares de administração para uma quantidade enorme de gestores medíocres que assim poderiam contornar as regras da contratação de funcionários do estado e evitar as limitações salariais e de benefícios a que estes estão sujeitos.
Duma penada, pioraram-se serviços e criaram-se custos absolutamente injustificados quer a nível Nacional quer a nível autárquico.

Muitas destas instituições nada fazem limitando-se a receber as verbas estatais e a adjudicar contratos fora das regras de concursos públicos de forma muitas das vezes extremamente duvidosa.
Não é raro existir uma teia de interesses à volta destas instituições que mais não fazem do que usar estes estratagemas para beneficiar empresas amigas que têm um pé na administração pública, subcontratando estas a seguir as outras que não têm um pé lá dentro mas que detêm o know how.

Isto é prática corrente há muitos anos por todo o país e não há assim tão pouca gente a beneficiar destes estratagemas. Claro que perante este tipo de interesse a cadeia de "incentivos" existe de forma absolutamente descarada debaixo do nariz de todos.

A extinção destas empresas ou a sua fusão significa em quase todos os casos que o grupo dos que beneficiam com estes esquemas se encurte de forma sensível. A quantidade de gente que vive de ser um go between entre o Estado e as empresas é enorme e com muito pouca vontade de perder esta forma de rendimento (totalmente livre de impostos).

Romper com este estado de coisas afecta muitos bolsos. Nenhum deles está disposto a aceitar isso de bom grado.

Mas o PSD peca por fundamentalista. A coisa não pode ser tão simples como extinguir as empresas estatais que dêm prejuízo. Algumas delas nem empresas se deviam chamar para não haver confusão com o objectivo último de uma empresa - o lucro.
Não faz qualquer sentido que certos serviços sejam lucrativos. A saúde é um desses casos. A educação é outro. O tratamento de àguas devia cobrir os custos, tal como a recolha de lixos ou os transportes públicos.
Uma parte desses custos deviam ser pagos com as tarifas desses serviços e outra parte com o orçamento do Estado. Se houvesse lucro num ano, as tarifas deveriam ser ajustadas de forma a reflectir isso para os utentes.
É inexplicável o nível de lucro da EDP ou da GALP por exemplo. Sabendo nós até que ponto o custo da energia e dos combustíveis está desfasado dos nossos vizinhos espanhóis. Estas empresas monopolistas apresentam lucros fabulosos anualmente. Tanto, que se permitem absorver nos seus quadros incompetentes bem pagos como o ex-presidente da Cãmara do Porto, Fernando Gomes.

As Águas de Portugal desbarataram milhões em tentativas de internacionalização nas mãos do competentíssimo Mário Lino. A "empresa" das Águas de Portugal a internacionalizar-se para o Brasil? Desde quando é que as águas são uma "empresa" e não um SERVIÇO? Os milhões que torraram nessas tentativas patéticas quanto teria significado em melhorias na rede ou em abaixamento de tarifas?

Existe ainda a questão de colocar empresas únicas no sector nas mãos de privados (ou grandes fatias das mesmas) como é o caso da Galp. Conciliar o interesse de accionistas com o interesse dos consumidores é uma quimera. Em caso de dúvida beneficiam-se os .... accionistas.

Para se alienar parte de uma empresa pública desta forma a concorrência deve existir.
Abram a concorrência no mercado de electricidade doméstica e verão o que acontece ao valor das tarifas. Porque não o fazem?

No mínimo é preciso deixar a concorrência funcionar. O exemplo das telecomunicações e o esmagamento de preços é o perfeito exemplo disso. Lembram-se das tarifas telefónicas quando era só a PT?

Custa-me muito a perceber como certos serviços, como é o caso da RTP, podem justificar o seu deficit crónico. A RTP compete no mercado da publicidade, tem uma programação eminentemente "pimba" sem qualquer valor cultural. Perdeu completamente a vocação de serviço público e mesmo assim é um sorvedouro de dinheiro público que se dá ao luxo de pagar principescamente a gestores incompetentes ano após ano.

Vendo bem, a RTP tal como ela é não faz sentido existir. As televisões privadas não são deficitárias assim (se fossem já tinham fechado portas). Certo é que apresentam conteúdos tão miseráveis como a RTP mas eles precisam de audiências para sustentar o seu ganha pão (a publicidade). A RTP a competir com as mesmas armas e com a mesma má qualidade perde milhões por ano? Valerá a pena continuar assim? Eu acho que não faz qualquer sentido.

A TAP. Não tenho muita dúvida que os prejuízos da TAP não acontecem apenas para suportar as rotas para as regiões autónomas. A TAP tenta competir com empresas de estrutura muito mais leve e muito melhor geridas. A Easy Jet, Ryan Air, Vueling e outras não dão hipótese à TAP no preço para muitos destinos. A TAP sustenta prejuízos crónicos e uma estrutura anquilosada e desadequada às necessidades dum país da nossa dimensão. Está cronicamente no vermelho. O seu gestor de topo é dos homens mais bem pagos do país. A sua estratégia de viabilização passa quase sempre por spin offs de serviços que depois se revelam catastróficos. O handling foi um desses casos. O próprio spin off dá prejuízo, Mesmo cortando nos benefícios dos trabalhadores o planeamento e a gestão são de péssima qualidade.

Precisamos mesmo duma TAP? Com a excepção dos voos para as regiões autónomas, se ficássemos sem TAP a quantos destinos chegávamos na mesma? A todos.

Neste aspecto Paulo Portas foi muito menos radical que o PSD. As empresas que são deficitárias não são todas do mesmo tipo e da mesma importância. Não basta chegar e fechar tudo o que dá prejuízo. Se assim fosse deixaríamos de ter comboios, barcos no rio Tejo, hospitais, escolas e outros serviços fundamentais.
Talvez acabar com aquelas que nunca deveriam ter sido empresas, recolocando os seus funcionários nor organismos estatais que lutam com falta de profissionais e pondo os "administradores" a andar é provavelmente a coisa mais importante que se devia fazer. Só com esse tipo de abordagem o Estado pouparia milhões por ano.
Se começarmos com estas ideias parvas de fechar tudo o que é serviço público que dê prejuizo acabamos como o PS fez com a SCUTS. A ter ainda mais prejuízo para que os privados possam oferecer esses serviços com uma margem de lucro garantida e risco zero.

Alto lá com esta ideia peregrina de que o estado não deve estar em certos sectores da economia. Há alguns serviços que são, mais que uma obrigação, a razão de ser do Estado. E sem eles não faz qualquer sentido um Estado existir.

Bolas, eu adoro mesmo os músicos portugueses

Sobretudo quando fazem uma música assim


Comecemos pelo princípio.
Quem é este homem que foi vitima da música destes briosos autores portugueses?

Nos anos 70 era um revolucionário a atirar para o radical. Do tipo que acreditava em acção directa e fazer as coisas com armas de fogo.
No decurso desse périplo revolucionário fez em 1979 um assalto (quando pertencia aos Proletários Armados pelo Comunismo) do qual terá resultado a morte de um homem e ferimentos graves no seu filho de 13 anos que o tornaram paraplégico.
Fugido para França e para o México, depois de fugir da prisão, voltaria a França onde passou alguns anos até Chirac chegar ao poder em 2004. Fugiu então para o Brasil onde foi detido em 2007 ao abrigo dum mandato de captura internacional.

Entretanto Lula da Silva negou a sua extradição temendo que possa ser perseguido em Itália pela sua ideologia.
O Brasil já tem uma longa história de abrigar criminosos e homicidas. Um deles, Ronald Biggs que participou ao assalto do comboio Correio em 1963 do qual resultou um morto, fugiu também para o Brasil.
A policia inglesa foi atrás dele e prendeu-o. Foi impedida de o levar de volta a Inglaterra em 1974 porque a sua namorada Raimunda (era mesmo este o nome e era dançarina em casas de diversão nocturna) estava grávida e isso fazia com que fosse impossível a extradição.
E por lá ficou até que em 2001 resolveu voltar a Inglaterra de livre vontade. Há muito o dinheiro se tinha acabado e a saúde não era grande coisa. O sistema de saúde Inglês encarregou-se de o tratar de dois ataques do coração e alguns derrames aos quais se juntou uma pneumonia. Foi libertado em 2009 devido ao seu debilitado estado de saúde.
Este assalto foi imortalizado num filme em que o protagonista era nem mais nem menos que Phil Collins no papel de outro dos participantes no assalto a comboio.

E de toda esta história ressaltam dois aspectos importantes:
O Brasil tem uma certa tendência para ser o país preferido para todos os criminosos que não querem ser extraditados
Os "artistas" têm a tendência para se sentir atraídos por estes personagens.

Mas convenhamos que ser personagem num filme é de longe melhor do que ficar associado a uma música deste calibre.
Deve ser uma questão de proporção: Para um assaltante, um filme
Para um revolucionário dos PaP (Proletários Armados em Parvos pelos Comunismo) o castigo tem de ser muito maior. Já começaram por o castigar metendo nome dele nesta música abjecta.

Eles na verdade não estão solidários. estão é a tentar que o homem queira voltar de livre vontade a Itália só para que eles parem de cantar esta música. Maquiavélicos estes camaradas....

E nem o facto de ele ser ter reabilitado escrevendo 17 livros os dissuadiu.


O título da música é perturbador. Soa quase a ameaça. Hoje Battisti, amanhã tu.

É como se dissessem - Se cometeres um crime, como por exemplo matar uma pessoa e por outra numa cadeira de rodas, nós fazemos uma música com o teu nome OK?
Vê lá se atinas


Agora a sério.... Se estiverem a querer dizer que um homicida (seja por motivos políticos ou outros quaisquer) é comparável a qualquer cidadão que nunca cometeu um crime, então meus amigos, estamos conversados. A vossa solidariedade acaba (felizmente) com a vossa música.

Não me agrada que me comparem a revolucionários que lutam por uma ideologia que acha que é legítimo matar. Como tal, aquele "tu" não sou eu de certeza.

Dói-me que uma mão cheia de gente (que nesta música mostra muito pouco talento) se ponha a fazer músicas de solidariedade por gente assim e que não organizem um espectáculo de beneficência em prol e compatriotas que estão a passar necessidades no país deles.
Hipócritas sectários é coisa que não falta neste país. E este grupinho de miseráveis músicos e intérpretes parece fazer parte desse grupo de indivíduos que tudo desculpa aqueles com quem simpatiza (até homicídio) e nada tolera aos outros.

Este tipo de pessoas que vive no passado do Comunismo que acha que Hitler era um vilão e Estaline era um herói, causa-me náuseas. A sua versão revisionista da história e da realidade presente é nojenta.

Entre outros disparates, a letra, pespagada no meio duns ritmos de Bossa Nova, diz que quem manda no Brasil são os brasileiros. Estranha dualidade, se pensarmos que com Pinochet parece que quem mandava no Chile eram os espanhóis ou as instâncias internacionais. A proporção pode não ser a mesma (e não é) mas gostaria de saber a opinião deles relativamente a Lenine, Estaline, Beria, Castro, Honecker,  Kim Il Sung, Kim Jong Il, Mao e outros heróis do imaginário comunista. Assim só para balizarmos a forma de pensar deste desinteressados músicos e a sua preocupação com os direitos humanos...


E para não se porem a pensar que eu sou da mesma estirpe (mas de sinal contrário), acho muito bem que prendam todos os homicidas por motivações políticas sejam eles de esquerda, sejam eles de direita.
São homicidas e ponto final. Um homicida não tem ideologia. É alguém que violou o mais sagrado dos direitos humanos - o direito à vida.
Julguem-nos e prendam-nos. Nada mais.

SNAFU (Situation Normal. All Fu***d Up)

Dalila Araújo disse hoje no forum TSF que não sabe o que se passou e que causou a falha generalizada dos sistemas em dia de eleições.
Vão pedir à Universidade do Minho que faça uma auditoria para terem a certeza do que falhou.

Isto é realmente fascinante. Não sabem.

Mas aparentemente eu não falho nas minhas assumpções. Tinha escrito que devia haver fornecedores externos envolvidos e de facto havia - A Critical. A empresa que faz software para a NASA e que vai fazer a nova aplicação para os tribunais (migração para .NET) do Citius. Ganhou o contrato por ajuste directo e por um valhor que foi noticiado como sendo de 1 milhão de Euros.

Eu disse também que não acreditava que tivesse havido qualquer teste de stress aos sistemas.
Uma notícia do Público revela que chegou a haver 22 mil pedidos num minuto.

Ora acontece que o mais certo é este número ser manipulado.
E porquê manipulado?
Na verdade, quando se entra na página em que se pode saber a informação de eleitor, pedir a página significa pedir 49 elementos ao server (página, imagens, css e scripts contidos na mesma). É transferido um volume de 800K para o PC de quem consulta pela primeira vez. Em vezes seguintes haverá algumas coisas em cache mas mesmo assim o pedido e a resposta (304 Not Modified) são enviadas na mesma (só que a carga no servidor é muito menor).

É nesta página em que se coloca a identificação do cartão  e a data de nascimento e se recebe a informação de eleitor.

Se tivessem sido pedidos num minuto 22 mil informações destas daria 366 por segundo. Ora eu tenho muita dificuldade em acreditar neste número. Acredito mais que tenham olhado para os pedidos de cada IP à pagina de entrada e tenham visto nos logs os 49 elementos por página que são enviados para o browser de quem pede.
Sendo assim o número de pedidos será mais ou menos de 49 pedidos/respostas por cada visita à página.
Se for este o caso a carga é absolutamente marginal. Rondaria os 7 pedidos por segundo em situação de pico.
Acontece que independentemente do número de elementos na página só será gerado um pedido do nº à base de dados (a menos que alguém peça muitas vezes).
Acredito que tenham dado um valor de "requests" ao server e não de "requests" à bd que são certamente muito menos.

A minha opinião é que a estatística é verdadeira, mas manipulada pura e simplesmente para se adaptar ao cenário da carga catastrófica impossível de prever. Provavelmente se revelassem a verdadeira carga por segundo as pessoas mesmo não sabendo o que é normal encolheriam os ombros e diriam : Não parece nada de extraordinário...

Deu também para ver usando o Page Speed da Google que a página em causa tem muito por onde optimizar. Desde compressão até erros cometidos na estrutura da mesma que têm impacto na performance (e obviamente na carga dos servidores).

Mas o que acredito que tenha falhado foi a parte em que é feita a interrogação à BD. Se este for o estrangulamento (a BD) isso pode explicar porque é que todas os canais ficaram em baixo - Internet e SMS.
Isso é claramente o tipo de falha que se pode antecipar e para a qual tem mesmo de haver testes de stress.

Seja como for, este tipo de situação só revela a que ponto estes sistemas estão vulneráveis a ataques de Denial of Service. Basta afogar o(s) server(s) com pedidos. Não existe nenhum mecanismo que evite uma enxurrada de pedidos que cause o rebentar do sistema. Os meus parabéns aos implementadores.

Quer saber o que se passou Sra. Secretária de Estado?

O cliente não sabe o que comprou
O fornecedor sabendo isso fez o que quis com enorme liberdade
O cliente não deve ter exigido testes minimamente credíveis
O fornecedor terá feito os testes necessários para ter a certeza que a coisa funcionava e ia buscar a massa do contrato
O cliente todo ufano aceitou. Não acautelou o que devia, informando os cidadãos nos dias antes das eleições.

Já ouvi gente, com considerável despudor, culpar os portugueses que deixam sempre tudo para a última da hora.
A palavra SEMPRE é muito importante. Se assim for pode SEMPRE planear-se que isso vai acontecer. Só que no caso houve muito boa gente que ao tirar o cartão do cidadão viu a sua identificação eleitoral mudada sem saber. Um processo a que eram completamente alheios. Sendo assim não se pode assacar a responsabilidade a essas pessoas porque elas pensavam, e bem, que o sitio onde votavam e a sua identificação se mantinham. Não receberam qualquer aviso.

Durante os dias que antecederam o acto eleitoral não assisti a qualquer aviso nos media para que os portadores do cartão do cidadão fizessem esta pesquisa. Pode ter acontecido mas eu não vi. E eu consumo bastante televisão em prime time e em mais que um canal...


No meio disto tudo, a responsabilidade técnica do falhanço é apenas uma parte do problema. A falha de gestão destes processos é tão ou mais importante que a falha técnica.

Se estes processos fossem conduzidos como deve ser, nunca a administração pública aceitaria pelo preço que aceita, as aplicações que vai comprando às empresas do "regime".

Os dois responsáveis que se demitiram têm uma responsabilidade não nula no acontecido. Seja como for são os responsáveis da área e devem assumir as responsabilidades de toda a área. Afinal é para isso que ganham mais que os outros e têm regalias que os outros não têm.

Mas a iniciativa política de avançar com estes serviços (Cartão do Cidadão) para tirar dividendos imediatos sem pensar no que se vai passar a seguir, vem de cima.. Vem do Ministro e do Conselho de Ministros.

Mas esses já têm os cordeiros sacrificados para apaziguar os Deuses. Já podem descansar em paz

O mentiroso

É fascinante a duplicidade dos portugueses no que diz respeito a questões de justiça.

Já o líder da Legio V Alaudae dizia que os Lusitanos nem se governam nem se deixam governar. Após 20 e qualquer coisa séculos continuamos na mesma.

É que não há forma de agradar a esta gente. Somos um país de péssimos perdedores. Portugal é o país onde o fair play morreu a todos os níveis. No desporto, na política nas relações pessoais. Somos um povinho sem elegância nenhuma quando perde. Pior só a Albânia, caramba.

Silvino veio dizer na Focus que se fartou de mentir. Que o fez porque teve "pena dos rapazes" e que os condenados estão todos inocentes.

Que dilema.... Então mentiu antes e agora disse a verdade? Isto obviamente dum pedófilo confesso que não hesitou em violar os rapazes de quem agora tem pena. Interessante. Quando eram indefesos ele não tinha pena nenhuma. Agora que são adultos e lhe podiam pregar uns murros no focinho tem pena deles.

Duma assentada acusa a PJ de forjar tudo e mais alguma coisa. De forçar reconhecimentos e depoimentos. Nunca viu nenhum dos condenados e afinal é tudo uma cabala.

O estranho é que Jorge Ritto era bem conhecido por episódios destes dentro e fora de Portugal. No corpo diplomático o nome de Jorge Ritto estava sempre associado a "coisinhas" destas. Causou alguns embaraços ao Min dos Negócios Estrangeiros ao longo da sua vida de diplomata.

Mas, claro, neste caso é "inocente". Um Santo...
Dos outros não faço qualquer avaliação, mas acho estranho que perante tanta prova testemunhal e não só, eles tenham sido vitimas das circunstâncias.

Perante esta entrevista há já uma série de chicos espertos a pretender que Silvino seja ouvido na Relação, apesar da Relação se debruçar apenas sobre a matéria de direito e não de facto.

Aparece agora no Público uma notícia que refere que em caso de confirmação das sentenças, nenhum dos condenados, à excepção de Silvino, poderá recorrer para o supremo, uma vez que as penas são inferiores a 8 anos.
Aparecem comentários como estes no Público On Line:

A justiça é uma palhaçada...Se não podem recorrer para o supremo, então para onde? Recorrem para o Tribunal Europeu dos Direitos do Humanos? A justiça é uma palhaçada. Se mentiu deveria ser punido. Se agora falou verdade houveram condenações injustas. Então que justiça temos?

Mais um exemplo da injustica.Eu nao digo isto em defesa destes condenados. Mas que justica e essa? Digamos que um cidadao inocente recebe uma pena de dois anos, por um crime que nao cometeu. Quer essa justica injusta, dizer que ele nao pode recorrer ao supremo? Ai meu Deus! Tanto que o povo portugues tem que aprender, o que e verdadeira democracia.

Se há um par de meses atrás se defendia a castração com uma faca ferrugenta destes condenados, agora brada-se porque apesar de todos os recursos que fizeram de todos os despachos e mais um, de levantarem incidentes de recusa de juíz, de terem evitado depoimentos para memória futura etc etc, em suma, terem ajudado o processo a demorar o tempo que demorou e recorrerem para a relação depois da condenação, ainda há alminhas que ficam chocadas por eles não poderem recorrer ao Supremo!!!

Se calhar os mesmos que bradam pelo excesso de garantias dos arguidos bradam agora por esta falta de direito à defesa!!
Não chega já? Quem é que tem a capacidade económica para sustentar o chorrilho de recursos que estes arguidos fizeram ao longo do processo? Quantas pessoas têm condições para recorrer sequer à Relação?

Então depois disto tudo ainda se brada por falta de garantias de defesa? Oh meus amigos, vão para o raio que os parta.
Depois de tudo o que se passou, basta um pedófilo confesso, (sem tirar nem por, um ser desprezível) vir fazer umas declarações dizendo que mentiu em tribunal para que todos embarquem na conversa?
É como se o Sócrates aparecesse amanhã na televisão a prometer que ia criar 250.000 empregos.

E para aqueles que confundem democracia com a aplicação da justiça: São duas coisas distintas. Não se condenam ou absolvem pessoas por voto popular, ao contrário do que parecem pensar os políticos corruptos deste país. A Justiça tem regras, estabelece garantias, o Estado até paga as defesas oficiosas a quem não pode pagar (de má qualidade é certo, mas paga), e não pode ser transformada num plebiscito entre os que não percebem um co**** de direito e da lei em geral. Não pode ser o domínio daqueles que a única coisa que sabem fazer em relação à lei é desrespeitá-la sempre que podem.

Tenham ao menos consciência da incapacidade que a maior parte dos cidadãos tem para comentar questões de justiça e de leis.
Controlem-se. Este ruído de fundo de cada vez que há questões relacionadas com a justiça é profundamente irritante e só põe a descoberto o ignorantes que são a maior parte dos comentadores nos jornais on line.

Será que o PSD tem razão?

Aparentemente sim. Mas só aparentemente.

A verdade é que com a demissão do Ministro Rui Pereira nada se resolveria.
A incompetência não está neste caso ao nível do ministro mas sim do Director que se desresponsabiliza completamente com este falhanço patético dos sistemas de apoio ao acto eleitoral em dia de eleições.

A incompetência do ministro só existe na medida em que aceita as explicações totalmente infantis ao responsável da área e não o convida a demitir-se.

Aliás, um responsável com algum brio, apuraria a razão dos serviços ficarem indisponíveis numa situação destas, assumia as suas responsabilidades e punha o seu lugar à disposição.
Ainda posso compreender que o site da CNN tenha ido abaixo num dia como o 11 de Setembro. O site foi bombardeado de todo o mundo para obter notícias.
Mas estes serviços?

Estes serviços nunca teriam uma carga sequer semelhante a uma situação dessas. Se cada português com cartão de cidadão fizesse um pedido durante o dia seriam 4.4 milhões de pedidos. Divididos pelas horas do acto eleitoral seriam 440.000 por hora o que dá qualquer coisa como 122 pedidos por segundo.

Destes 4.4 milhões com cartão do cidadão, muitos ainda têm o seu nº de eleitor e não precisaram. Outros já tinham sabido antecipadamente e não esqueçamos que houve 53% de abstenção.

Façamos um pequeno exercicio:
Assumimos que houve abstencionistas com e sem cartão de eleitor. Rachamos ao meio.
2.2 milhões  de portadores de cartão do cidadão votaram.
Assumamos que 20% não sabia o número de eleitor e precisou de saber - 440.000.
Estes 20% precisaram de saber ao longo das 10 horas de abertura de urnas.
44.000 por hora, o que dá 12.2 pedidos por segundo.

Quanta abstenção significou esta falha? Não sabemos e nunca saberemos.

Não acredito que tenha havido esse numero de pedidos nem de perto nem de longe. Claro que no contexto de um pedido há uma série de hits por página, e query a base de dados, mas mesmo assim o sistema arreou completamente.

A pergunta que fica é até que ponto a redundância do sistema funciona (se é que existe) e que espécie de testes de carga foram feitos nestes sites e BD's de suporte.

Aposto que não deve ter sido feita muita coisa nesse particular. Não acredito que tenha sido feito qualquer teste de stress nestes sites.
Na maior parte das vezes o sistema é feito por entidades externas que não estão muito preocupadas com a qualidade do que entregam. Estão mais preocupadas com o prazo (quando estão).

Cabe ao cliente definir quais os critérios para a aceitação e, em casos como estes, definir valores de carga a suportar pelo sistema. Também não acredito que estes responsáveis saibam sequer estimar estes valores ou que coloquem esse tipo de requisito no caderno de encargos.

Com esta "vaga" das tecnologias da informação o estado tem deitado milhões pela janela fora sem se assegurar que o que está a comprar tem qualidade. Ao mesmo tempo descontinuam-se processos manuais o que faz com que não havendo o processo "high tech" não haja nada.

Este tipo de coisa é absolutamente inadmissível. Se a consulta era feita por alguém nas juntas de freguesia quantos pedidos em simultâneo poderiam acontecer?

Imaginem o que seria se as operadoras de telemóveis não planeassem para os SMS da véspera de Natal e de Ano Novo.
Nestes dias passam dezenas de milhões de SMS nas suas redes. Um número que é muitas vezes superior à média diária. Na maior parte das vezes num pico horário muito mais curto.
Se estes sistemas falhassem em dias assim? O que acham que aconteceria aos responsáveis desses sistemas? Uma palmadinha nas costas e um "deixa lá"?

Não houve de facto qualquer cuidado em pensar no pior cenário. Deixar os canais públicos (Internet) e os usados pela juntas de freguesia sem isolamento (aparentemente todos acedem ao mesmo sistema público e quando está em baixo está para todos) é duma falta de visão atroz.

Há-de haver um fornecedor envolvido certamente. Mas o responsável pela àrea deveria ser demitido pura e simplesmente. O MAI deveria perceber o que tem andado a comprar e a adjudicar a entidades externas com as assinaturas destes (ir)responsáveis.

Não vale a pena pedir a demissão do ministro se todos os "altos" funcionários forem da estirpe destes. A porcaria irá continuar e metem lá um tolo qualquer a substituir o tolo que já lá está. Deixem o homem em paz que ele volta à Universidade quando o PS perder as eleições.

Actualização 26-01-2011: O director-geral da Administração Interna e o director da Administração Eleitoral pediram a demissão na sequência dos problemas registados no passado domingo durante as eleições devido às dificuldades que milhares de eleitores tiveram em votar. 
Vá lá... uma atitude de alguma qualidade. De facto, perante um estrondoso fracasso dos dois, a única consequência possível era a de pedir a demissão assumindo as responsabilidades pelo ocorrido.
A inexistência de leitores de cartões nos mais diversos organismos e nas mesas de voto (neste caso particular) são uma falha organizativa indesculpável. Se não há orçamento para isso não se lançam programas como este do cartão do cidadão sem acautelar todas as consequências que isso pode vir a ter.
Planeia-se em antecipação, criam-se planos de contingência e evitam-se coisas como as que aconteceram.
Resta agora saber qual a quota parte de responsabilidade de funcionários mais acima (Ministro, Conselho de Ministros etc etc) relativamente à forma como deram condições a estes organismos para o acto eleitoral.

Sei que este governo é useiro e vezeiro em lançar coisas pela metade tentando depois tirar dividendos políticos das "extraordinárias" medidas que implementa. Muitas delas coxas de nascença como se revela em alturas de crise.
Não espero que este Ministro tire daqui algumas conclusões. Espero sim que se agarre ao lugar como o fez várias vezes em que esteve metido em broncas que levariam qualquer responsável político a pedir a demissão. Pode ser um excelente professor de direito, mas devia estar no seu gabinete de catedrático a pensar naquilo que os professores catedráticos pensam. E na maior parte das vezes pensam na forma de satisfazer o seu ego aceitando lugares de ministro, uma vez que ser catedrático apenas dá algum reconhecimento no meio académico.
Quando saiu para o mundo real, o mundo das decisões e da capacidade de realização revelou-se desfasado, incongruente e completamente incapaz.
Está bem para este governo em que provavelmente até se pode destacar pela positiva. Tal como o ministro do Ambiente (temos um não temos?)