After Shock
Como é que é possível alguém ficar surpreendido com os resultados das eleições Europeias?
O PS tentou desesperadamente descolar este acto eleitoral da sua acção governativa. A mistura das duas coisas seria devastadora para eles, como aliás foi.
Em 4 anos este partido Pseudo Stalinista Liberal (se é que o conceito é imaginável) desdobrou-se em esforços e medidas no sentido de sacar o mais possível ao cidadão comum para dar a si próprio e aos empresários amigos. A colocação de gente ligada ao partido nos lugares mais variados e o lançamento de medidas de duvidosa ética beneficiando empresas "amigas" foram a imagem de marca deste PS.
Usaram e abusaram dos sentimentos mais mesquinhos de uma população inculta e estupidificada para conseguir atacar classes profissionais ou sectores inteiros da sociedade, para legitimar a destruição de direitos e benefícios ou para, pura e simplesmente, controlar o poder em todas as suas vertentes.
Aconteceu isto com as Magistraturas, com os professores (à excepção dos Universitários obviamente) com os Militares, forças de segurança, funcionários públicos e toda e qualquer classe profissional em que se pudessem poupar 5 tostões para a classe politica ficar com um bolo um pouco maior.
Esta estratégia que em várias ocasiões pôs mesmo em causa o estado de direito e a separação de poderes, resultou até um certo ponto. O ponto de viragem foi o achincalhamento dos professores.
E só aconteceu porque os professores com um admirável sentido de união se revoltaram contra este estado de coisas e saíram à rua.
Nem os professores no payroll do PS conseguiram evitar o descalabro.
Os portugueses maio aparvalhados e convencidos que nada mais restava que aceitar a carga, viram surpreendidos enormes manifestações de repúdio em Lisboa.
Claro que a comunicação social só deu algum relevo a isto porque era inevitável. Antes, com as magistraturas e com outros episódios parecidos deram meia dúzia de notícias, tempo de antena ao PS e fizeram com que passasse ao lado de todos o pequenino problema da subordinação do Ministério Público ao poder politico (com a funcionalização dos Magistrados no Ministério Público)
O que é notável em tudo isto, e talvez a minha maior surpresa, é como todos fingiam que este tipo de acções não tinham consequências (??). Como se os espezinhados não votassem, ou como se os invejosos, brutificados ou a soldo fossem suficientes para garantir uma vitória eleitoral confortável.
Obviamente que este país precisa de reformas, mas de reformas ESTRUTURAIS. Não é esta patetice de cilindrar todos a bem do deficit esquecendo que no essencial a indústria está destruída, os serviços por si só não mantêm o país a flutuar e que a falta de oportunidades neste país miserável é uma realidade.
As acções casuísticas para amealhar uns tostões a mais (pagar a água retirada dos poços, ou aplicar coimas aos reformados que não entregaram declarações de IRS) não passam de assaltos à população já empobrecida e incapaz de aguentar a enorme pressão do Estado.
Um dos pontos altos destes terríveis 4 anos foi a alteração do Código Penal (à medida para os amigos do caso Casa Pia) que pôs na rua centenas ou milhares de criminosos que tornaram o Verão numa novela de assaltos a bombas de gasolina, bancos e pontuado por homicídios.
Existe uma relação entre estas duas coisas por muito que custe a este governo e ao seu patético Ministro da Administração Interna.
E a resposta deste papa livros de óculos foi nem mais nem menos que a alteração da Lei das armas para tentar voltar a meter estes criminosos atrás das grades.
Não se esqueçam do período pós ocupação Nazi em França. Não se esqueçam do que aconteceu aos colaboracionistas. Pode muito bem chegar o dia em que estes indivíduos tenham de enfrentar a ira das populações fartas de uma classe política cleptómana e sem escrúpulos. E nesse dia não há retórica que os salve ou estatística para virar do avesso.