Uma certa forma de pensar

Acabo de ler no Público uma notícia sobre o julgamento do Maestro Graça Moura.
Fundador da Orquestra Metropolitana de Lisboa, financiada por instituições públicas, Graça Moura usou dinheiros da Orquestra em proveito próprio nas coisas mais despropositadas entre 1992 e 2003.

Apesar da sua remuneração que rondava 15 mil Euros mensais, apurou-se que Graça Moura conseguiu gastar mais de 700K da fundação em despesas para proveito próprio.

Até ao ponto de mandar construir uma piscina em sua casa com dinheiro público (i.e. retirado dos bolsos dos cidadãos através de impostos).

Está agora condenado a pagar 210 mil Euros no prazo de 1 ano ou a cumprir 5 anos de cadeia.
Se por um lado era bem melhor que devolvesse o dinheiro, por outro a cadeia é o que uma pessoa assim merece. Aliás, merece as duas coisas, porque o facto de devolver um parte do dinheiro não desculpa nem limpa a sua atitude completamente desrespeitadora do esforço dos contribuintes.

Mas o mais chocante é que testemunhas abonatórias do personagem (maestros Rui Massena e Pedro Burmester) acharam perfeitamente normal que ele fizesse uma piscina com dinheiros públicos.
"Rui Massena chegou a afirmar ser compreensível que o maestro tivesse uma piscina (mesmo se construída à custa de dinheiros públicos?), por ser normal que este tenha direito a momentos pessoais de relaxamento face à exigência das suas funções"
Acresce a isto o facto de Manuela Ferreira Leite ter sido testemunha abonatória de um indivíduo de ROUBOU 700 mil Euros aos contribuintes.

Infelizmente as nossas elites estão recheadas de gente assim.
Não admira que muitos dos intervenientes culturais deste país achem que podem fazer o que lhes apetece com o dinheiro alheio. Acham que têm direito a ele e que não têm sequer que ser questionados como o gastam.


Que português pode ver com bons olhos este tipo de atitude? Quem está disposto a pagar impostos para sustentar gente como esta?

E admiram-se a forma como os portugueses encaram os agentes culturais? Só podem estar a brincar.