Uma certa esquerda

Tenho muita dificuldade em expressar o meu desprezo por gente como Raquel Varela.

Não é fácil fugir ao insulto. E não é fácil porque a baixeza das atitudes e o infame das ideias que esta gente defende são más demais para resistir.

Raquel Varela é uma personagem muito típica dos meios universitários. Sobretudo na área das humanidades.
Resultado da passagem por um estabelecimento de ensino onde esta gente se acoita desde há anos, aparece esporadicamente para se fazer notar pelo piores motivos.

Apologistas duma ideologia que deu terríveis exemplos de desrespeito pelo ser humano, subjugando-o e eliminando-o, aparecem hoje a coberto dos seus currículos académicos a defender impossíveis.

Propõem um utopia. Negam a realidade.

É óbvio que qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade dirá que o salário mínimo é baixo. É óbvio que qualquer pessoa que viva por estes dias em Portugal não pode estar de acordo com a austeridade.

Mas existe uma realidade. Dura. E essa realidade é que se o salário mínimo fosse colocado em 700 Euros por exemplo, muitas empresas neste país se veriam forçadas a fechar portas. Muitas delas conseguem manter as coisas a funcionar ao limite. Um aumento dos custos de trabalho que fizesse uma diferença significativa para as pessoas que recebem o salário mínimo, seria o fim de alguns postos de trabalho que, ainda que mal pagos, significam a criação de valor e significam a sobrevivência possível.

Claro que é fácil para alguém que terá um salário que ronda os 4000 a 5000 Euros, como Raquel Varela, propor este tipo de coisas sem se preocupar minimamente com as consequências que isso poderia ter.

Para ela é irrelevante se os cenários que propõe causam mais sofrimento do que a situação presente.

Não duvido que ela seja apologista do fim da Troyka.
Como se isso não significasse um desastre ainda maior do que vivemos.

Quando ouço pessoas como Louçã, Rosas ou Varela falar, imagino o que seria o seu discurso se não estivessem confortavelmente refastelados no seu lugar de professores universitários, auferindo de salários simpáticos. Sem terem a noção de que pode chegar o dia em que o país não os pode pagar.

Para eles a sua actividade é prioritária. Como disse Varela "a cultura". Ainda que o seu eco cultural seja próximo do zero. Ou que os escritos de Louçã sejam tão válidos como os outros modelos académicos que ele critica. Ou que o trabalho de Rosas sobre a resistência ao regime saído do 28 de Maio sejam tão relevantes como outro trabalho irrelevante.

Estão acomodados, vivem da coisa pública e pretendem fazer-nos acreditar que num país sem meios se devia dar tudo a todos.

O problema é que nem isso podia ser possível nem seria para todos. Como os regimes que defendem nos mostram e mostraram, era apenas um grupo restrito a beneficiar das benesses do regime. Entre eles alguns intelectuais com os quais eles se identificam. A vanguarda da revolução como gostam de se imaginar.

Comunistas da linha dura, apologistas da eliminação e silenciamento dos adversários, apareceram reciclados pela mão do BE e gozando da simpatia dos media que sempre gostaram dos revolucionários "finos". Ninguém vai dar o mesmo tempo de antena a Jerónimo. É boçal e um bocado básico e nada mais tem do que qualificações de torneiro mecânico.
Não será convidado para o Prós e Contras para ombrear com intelectuais. Não irá para a TVI 24 debater com Rosas ou com outro qualquer.

A elite intelectual deste país encontra-se em estado de completa putrefação. Começa a perceber que numa sociedade que luta pelo básico, eles podem ser vistos como uma excrescência dispensável. E a julgar pelos exemplos presentes são de facto dispensáveis.

O salário junto destes 3 "amigos dos trabalhadores" dariam umas quantas reformas que eles afirmam defender. Os seus salários juntos dariam para contratar 3,4 ou 5 médicos para o SNS.
Não ficaríamos muito melhor com os médicos do que com eles? Indiscutivelmente sim.

No fundo o que esta gente espera é que num caso de "revolução" os seus lugares se perpetuassem e que tivessem o poder de decidir o que fazer com os outros. É o aterrador da situação. Pensar o que esta gente poderia fazer se por acaso o poder alguma vez lhes caísse nas mãos.

A sua ligação com a realidade não existe. Raquel Varela decerto compra coisas feitas na China e na Índia e Paquistão sem nunca se ter ralado minimamente com as condições de vida de quem as fabricou. Decerto não se preocupa muito em ser simpática com alguém num call center que provavelmente ganha o salário mínimo se tiver sorte.

A hipocrisia desta gente não tem par. E a exposição que lhes dão nos media é espantosa. Por isso pudemos ver ontem uma catedrática arrogante, trocista e sobranceira levar um real pontapé no cu de um jovem de 16 anos que em pouco tempo já contribuiu mais para a criação de emprego e riqueza do que ela alguma vez fará.
Ela limita-se a "gastar" os recursos ganhos pelo esforço dos outros. Por muito catedrática e pós graduada que seja.