Brother, where art thou?
Hollande, o foguete sem brilho.
Mas no capítulo dos atributos presidenciais os números são calamitosos, considera o Le Monde: apenas 27% dos inquiridos consideram Hollande competente, 18% capaz de unir os franceses, enquanto 20% acreditam que ele está ciente do caminho que escolheu. E apenas 14% consideram que Hollande tem autoridade.Só pergunto a quem é que isto pode surpreender. O homem que ia ser a salvação de Portugal, pressionando Merkel, a inimiga dos esforçados povos do Sul, parece ter uma reputação em França muito pior que a de Seguro em Portugal.
Quando entrou há um ano no Palácio do Eliseu para o seu primeiro dia como Presidente, Hollande começava com um nível de popularidade abaixo do dos seus antecessores. Chegava com 55% de opiniões favoráveis, enquanto François Mitterrand começara o seu primeiro mandato com 74%, Jacques Chirac com 64%, a mesma percentagem para Nicolas Sarkozy no seu primeiro e único mandato. Hollande continuou a descer, embora algumas decisões, como a intervenção militar no Mali, lhe tenham dado algum alento.
Cumpriu a promessa de repor a idade da reforma nos 60 anos, mas renunciou à de reformar o estatuto penal de um Presidente, o que poria fim à imunidade presidencial. Suspendeu, sem desistir, a promessa da não acumulação de mandatos, mas cumpriu o compromisso de pôr fim à regra de não substituição de um em dois funcionários públicos. Como anunciado, retirou tropas francesas do Afeganistão. Cumpriu apenas em parte a promessa de impor uma taxa de 75% sobre os rendimentos acima de um milhão de euros, com um imposto de 66%. E avançou com o compromisso de tributar em 45% os rendimentos acima dos 150 mil euros.
Não reduziu o défice aos 3% do PIB em 2013, como prometera, nem renegociou o pacto orçamental europeu, mas destacou-se pela positiva ao mostrar reservas em Bruxelas e Berlim com a opção de limitar a política económica ao reequilíbrio das finanças públicas. A lista é longa. Das 60 promessas listadas na imprensa francesa desta segunda-feira, 28 foram total ou parcialmente cumpridas neste primeiro ano.
Fonte : Público
As promessas cumpridas são poucas. De destacar a de repor a idade de reforma nos 60 anos, que provavelmente terá de voltar a ser alterada quando alguém fizer contas à sustentabilidade do sistema de Segurança Social em França.
Com o anúncio do imposto de 75% conseguiu passar a não cobrar nada a muita gente rica. Que simplesmente se "transferiu" para o país do lado.
O controle do deficit também parece ter tido resultados fraquitos. Isto para já não falar nos empecilhos ao empreendedorismo que levaram muitos franceses a preferir sair do país e iniciar os seus negócios fora de França.
Hollande tem o problema endémico dos socialistas. Têm esta ideia peregrina de que vão mudar o mundo a ser bonzinhos e acabam a mudar o mundo para pior.
A persistência em querer negar a realidade, em querer pintar um cenário em que os maus são os que têm dinheiro, acaba por resultar em verdadeiros falhanços.
Quando estão no poder são todos pró mercado. Quando estão fora tentam voltar amaldiçoando o mercado e os que o fazem mexer. Apenas porque sabem que a maioria não é rica e acicatar a "luta de classes" dá sempre dividendos eleitorais.
Não há-de tardar muito teremos a Frente Nacional a discutir as vitórias em França. Aliás, se fosse hoje Hollande nem iria a uma segunda volta. Seria Marine le Pen e Sarkozy a disputar o lugar.
Só num ano Hollande passou de esperança de muitos a desilusão de quase todos. A percentagem que acha que ele vive alienado da realidade é enorme.
Seguro sabe escolher os seus heróis sem dúvida nenhuma. Talvez devesse ser mais prudente quanto às suas apostas e quanto à suas escolhas de exemplos a seguir.
É caso para perguntar que ajudas teve Portugal de Hollande a não ser a recepção de Seguro no Eliseu e um ou dois discursos de ocasião.
Até agora nada. Nem cá, nem lá.