les uns et les autres
Não é fácil descortinar o que é manipulação daquilo que é factual.
Temos de um lado um governo eleito em 2011 a governar em coligação com o suporte maioritário da Assembleia da República.
Estas situação decorrei duma maioria de votos, tal como outras governos antes dela, e no dia a seguir à eleições ninguém ousaria duvidar ou dizer as coisas que hoje se ouvem.
A legitimidade decorrente do resultado eleitoral, a inquestionável necessidade de equilibrar as contas do país com um garantido sacrifício de todos nós eram questões claras para todos.
Então como é que dois anos depois temos gente a declarar a ilegitimidade do Governo ou a apelar constantemente a um derrube ou demissão do mesmo. Como é que chegámos ao ponto de ter um dos mais incompetentes primeiros ministros de sempre, autor de uma austeridade à data inaudita a apelar a uma rebelião popular?
A argumentação das promessas não cumpridas não colhe. O estranho da vitória do PSD de Passos foi o facto de ele dizer repetidamente que iríamos ter de fazer sacrifícios. Não o escondeu de ninguém. De tal forma o fez que uma conselheira de campanha afirmava que tinha sido a primeira vez que tinha visto alguém ganhar dizendo a verdade crua e dura.
Claro que houve coisas que o Governo não podia prever. Não só porque é hábito haver pouca transparência naquilo que os Governos fazem, como nesse particular Sócrates foi muito além de todos os outros. Muitas das suas iniciativas propagandeadas abundantemente, não eram mais nada que buracos imensos e desorçamentação desavergonhada.
A noção do estado em que se encontravam as contas do Estado não aconteceu no 1º dia. Foi acontecendo. Desde a dívida inacreditável no sector dos transportes até à loucura da Parque Escolar ou à inexist~encia de financiamento da Rede de Cuidados Continuados, de tudo Sócrates fez. E, infelizmente, em segredo.
Não era possível tomar as rédeas sem ter de incorporar estas loucuras nas contas nacionais. Nem a Troyjka deu descanso ao Governo neste aspecto. Muito do que era despesa desorçamentada e dívida teve de ser incorporado nas contas do orçamento.
Aquilo que eram deficits maus foram revistos para deficits muito piores.
No PS os que hoje invocam a queda do Governo não o fazem pela necessidade ou não de austeridade. Eles sabem que não há volta a dar. Até o seu herói bufo o percebeu. Hollande tornou-se odiado num ano. Preferem não falar nisso. Invocam antes as promessas não cumpridas. Nada querem saber das causas do problema nem do estado em que Sócrates deixou as contas do país.
Erradamente o PSD e o CDS querendo fazer uso duma espécie de superioridade moral, nunca enveredaram pelo caminho da real culpabilização dos governos anteriores. Puseram-se numa posição em que o importante era resolver a situação presente.
Mas esquecem-se que a esquerda e em particular o desavergonhado PS, não lutam com armas iguais.
Para eles os limites no discurso não existem. Mentem, manipulam, escondem e prometem utopias que são impossíveis de cumprir.
E vêm colocando este Governo numa posição em que teria de se defender todos os dias destas acusações e ataques diários através dos media. Como isso é quase impossível nada fazem. Agravando a ajudando a recrudescimento do ruído de fundo constante.
Aquilo que seria impensável passa a ser um tema de conversa diária. A demissão do Governo. Por perda de legitimidade como afirma Mário Soares e outros.
O PSD e o CDS cometeram um erro básico. Não se pode ter uma luta de cavalheiros quando um dos interlocutor é tudo menos um cavalheiro. Como dizem os americanos: "don't bring a knife to a gun fight". Nessas circunstâncias só há uma opção: ira para cima deles com mais força do que eles esperam e atacar primeiro.
Numa luta de rua a iniciativa e a surpresa são o mais importante. E no primeiro murro o combate deve acabar. E a táctica da esquerda é tão básica e tão comezinha que qualquer idiota dotado de um intelecto abaixo da média a consegue usar. Veja-se Zorrinho ou Jerónimo ou Semedo. Um discurso básico, confrontativo e mentiroso. Há alguma dificuldade nisso? Não, nenhuma.
O PSD espera travar uma luta com regras de boxe com um tipo que tem uma navalha na mão e quer esfaquear abaixo da cintura.
É um erro.
A esquerda sabe usar a agitação e a mentira a seu favor. Sempre o fez. Nunca subiu ao poder por meios pacíficos ou usando a verdade. Nunca se manteve no poder sem produzir os mesmos resultados: a miséria e a falta de liberdade.
Têm uma experiência de um século afazer isto.
A direita (e afinal nem é assim tão direita) tem de aprender a atacar primeiro. Não estamos a falar de um diálogo democrático entre gente de bem. Estamos a falar de ir à garganta de pulhas mentirosos sem dar quartel. Estamos a falar de trazer para a rua todos os escândalos e má gestão que aconteceram na gestão socialista. Com linguagem simples. Eles usam o "roubo", "manigância" "esquema" etc etc. Chegam aos tolos que vivem esperando por sangue.
Deviam usar a mesma táctica. E é de facto só uma questão de táctica. Não é um problema de falta de factos, porque esses estão aí para toda a gente ver.
Permitir que eventos como este a decorrer na Aula Magna aconteçam sem uma resposta contundente é dar o corpo ao manifesto. Permitir que gente como Pacheco Pereira ou Rui Rio sejam usados para agredir o Governo é uma infantilidade.
Nenhum dos dois quereria estar numa posição de governar. Porque não é fácil e porque estão mais preocupados com não queimar a sua imagem do que em ajudar a resolver os problemas do país. Tratem-nos como tal.
Acabem com as filigranas, os "cházinhos" e o politicamente correcto. Estamos a precisar de uma contra ofensiva que exponha até ao limite TUDO o que é o PS e tudo o que foram personagens como Soares.
Se não houver um contra ataque com armas iguais, um que exponha aquilo que se conseguiu de bom, nunca esquecendo os efeitos colaterais que foram mitigados, não teremos qualquer hipótese como país.
É que, e já devem saber isso, os estúpidos votam em quem lhes promete facilidades. E é exactamente o que esta esquerda inútil não se cansa de fazer. E depois pode ser tarde demais. $ anos até o povo perceber nas mãos de quem caiu. Até o estúpido povo perceber que vai voltar a pagar os desmandos de uma chusma de ladrões e incompetentes.