Que asco

Hoje foi o debate da moção de censura no Parlamento.
Numa das intervenções, um senhor do PEV lá trouxe o argumentário do homem da rua.
Aquele tipo de afirmações espantosas que fazem os ignorantes e os que emprenham de ouvido. O que mais me surpreende é que ninguém responde de forma a mostrar até que ponto esta gente é manipuladora dos factos.
Diz ele que em 2011 o desemprego era de 11% e que agora era o que se via: No caso do BPN o governo o tinha vendido por 40 milhões e o comprador exigia agora 100 milhões de volta.

Não me espantava que um tipo já "carregado" com uma bejecas num café proferisse este tipo de afirmações. Mas ele é um deputado que não deveria fazer outra coisa senão lidar com estes números, certificar-se dos mesmos e pelo menos conseguir construir um discurso à volta de verdades.
Mas fá-lo à volta de rumores e imprecisões.

Na verdade o desemprego em 2011 foi 12.7. Não é por nada mas 1.7% é importante. Até porque agora discutem 0.1% como se mais uma hecatombe nos fosse servida pela mão do governo.

A outra afirmação é baseada em notícias ainda não confirmadas, mas que a ser verdade não surpreendem. Como estas pessoas não estão muito habituadas ao termo "passivo", convém acrescentar que quando o banco foi comprado a "preço de saldo" tinha um passivo monstro. E que o resultado disso é que o passivo tem de ser pago. O banco foi comprado assumindo o comprador o passivo. Provavelmente no acordo não constaria a verba que agora é pedida e ou isso se confirma contratualmente ou o accionista não leva nada. De todas as formas nem sequer ainda foi confirmado, quanto mais pago. Lá está o que eu digo... conversa de café.
Mas talvez o mais importante será saber o que são os Verdes. São um partido? São uma secção do PCP com o objectivo de conseguir por exemplo duas moções por legislatura? Alguém vota na heloísa e no outro tonto sabendo que eles nem são do PCP (isso dizem eles...)?

Não. Se os verdes tivessem a infeliz ideia de alguma vez ir a votos separadamente desapareciam como partido. Não é que existam hoje, porque de ecologia não vejo rigorosamente nada vindo daquelas pessoas. O que vejo são um par de comunistas disfarçados de verde. Gostava de saber as diferenças, se existirem, no programa dos Verdes e do PCP. Gostava mesmo de saber.

A outra intervenção foi de um tipinho do PS que afirmava que o deficit tinha piorado horrivelmente desde que o governo entrou em funções. Essa deixou-me de cara à banda.

Caso não se saiba o deficit em 2010 for de 9.9% tendo descido em 2011 para 4.4% e em 2012 a terminar com 6.4%.
Dificilmente se pode dizer que  a situação esteja pior hoje que em 2010. Mas adiantar-se e dar como garantido um deficit neste ano de mais de 10% porque esses eram os números a determinada data é não só desonesto como estúpido.
Mas como já não é o primeiro socialista a dizer isto não me admiro. Já ouvi António Costa e Seguro dizer o mesmo disparate mas nem um nem outro são figuras de grande craveira intelectual. E a acutilante imprensa nunca, mas mesmo nunca, lhes faz a pergunta sacramental : "mas ainda são números antes do fecho das contas anuais. Acha que o deficit vai ser esse no fim do ano?"

E já quase no fim, depois de todos os foguetes e chavões do costume a jornalista de serviço sai-se com esta frase: "e o governo repete sempre os mesmos argumentos..."

Bolas!!! Mas então que porra é esta? E a oposição o que tem feito desde há dois anos senão repetir as mesmas coisas com gradações mais ou menos diferentes? O que tem sido o discurso do PS senão uma repetição incessante de vulgaridades e generalidades?
O mais espantoso é que estes jornalistas, se questionados, jurariam a pés juntos a sua isenção e equidistância.
Não conseguem mesmo separar o profissional do pessoal. É incrível como deixam as suas simpatias políticas inquinar tudo o que dizem.
Percebo agora o chamado "estado de Graça" de Sócrates. Nenhum destes badamecos, fosse por medo ou por simpatia, se atrevia a questionar o que fosse vindo do PS. O PS conseguiu arruinar o país, criar um buraco digno de nota e só agora é que encontram motivos de critica num governo.

Nunca mais vou olhar para a comunicação social da mesma forma. Isso é garantido.