O bombo da festa

Cavaco tem sido o alvo favorito de toda a gente nesta última semana. Não  que não o fosse já antes, mas o tempo veio dar-lhe alguma razão.

Todos focaram aterrorizados com a demissão de Portas. Se Cavaco tivesse decidido dissolver a AR baseado nas sondagens a "olho" de Seguro e outros notáveis deste país, estaríamos metidos numa embrulhada de enormes proporções.

Bastou a possibilidade real de ruptura da coligação para tudo entrar em pânico. Até a bolsa espanhola desatou a cair com receios de descalabro na zona Euro.

A irresponsabilidade de que a oposição constantemente dá mostras não comoveu Cavaco. As exigências absurdas de um líder medíocre nunca terão eco junto de Cavaco. Quanto aos outros, a sua opinião é sempre incendiária, irresponsável e irrelevante.
Cavaco não tem de considerar sequer o que diz a oposição neste momento.
Não há razões objectivas para lançar Portugal num período de incerteza e de espera que resultaria de eleições. O PS ganharia? Com maioria? Em coligação?

O exemplo da Itália pode muito bem ser uma atevisão do que se passaria em Portugal. Para haver um novo governo a ter de seguir a mesma política para quê um hiato de 4-6 meses? Para quê esperar que um novo executivo tome as rédeas e conheça as pastas a fundo?
Não se esqueçam de que a Troyka tem as avaliações agendadas desde o início e não se compadece com os pormenores da nossa vida política.

A total mediocridade da oposição é óbvia. Seguro, coitado é o que se vê. Jerónimo, portanto, portanto, não diz nada de diferente desde 1974 e Semedo e Catarina Martins parecem passar pela vida sob o efeito de alucinogénios. Catarina Martins também lhe deve "dar bem" na cafeína...

Entraram todos em modo histérico. Querem a toda a força que se substitua uma solução maioritária por uma minoritária. E nem a reacção do país e dos mercados os sossega na sua ânsia louca pelo poder.
Os interesses do país são perfeitamente secundários para eles. O seu projecto é um projecto de poder. Mentindo quanto à sua capacidade de fazer diferente.

É consensual que Seguro é muito limitado. Intelectual, politica e profissionalmente. É na melhor das hipóteses uma má versão 2 de Passos Coelho. Não tem ideias e tenta gerir a noção de que é capaz e responsável e que nada tem a ver com o PS de há 2 anos.
E isso é uma tarefa impossível. Nas suas hostes estão os Socratistas em peso. Os Paulos Campos, Vieira da Silva, Silva Pereira etc etc. Com este tipo de lastro como se pode achar que conseguem fazer o que este Governo não fez?

Cavaco sabe isto. E seja por razões partidárias seja por mera precaução não quer esgotar todas as hipóteses de estabilidade até ao fim da legislatura.

A maior parte das criticas que lhe são feitas pelo homem da rua é por coisas que ele nem pode fazer. A outra parte é por coisas que pode fazer mas não deve.
Não estamos na era Sampaio, economicamente falando, nem Cavaco é um louco. Pode ser super cauteloso mas não é louco.
E para os que falam de Cavaco como estando a amparar esta coligação, o que fez Sampaio dando o poder de mão beijada a Sócrates? Numa situação de maioria.
Não fosse a manobra egocêntrica de Durão e seria impossível a Sampaio fazer o favor a Sócrates. Mas fê-lo por razões partidárias e com um pretexto a todos os títulos absurdo.

Apesar do seu fraco jeito para falar e da sua atitude de múmia paralitica, Cavaco é cauteloso. E mede meticulosamente todas as consequências do seus gestos. Mesmo no 2º mandato em que já não pode ser reeleito, Cavaco não quer ver o país entrar numa espiral de incerteza sem fim.
Portas podia ter-lhe poupado estes 2 ou 3 dias de desvario, mas fica mais ou menos patente para todos que é preferível segurar as coisas assim do que entrar num período de completa instabilidade e inação.