Como fazer falhar uma negociação


Pelos vistos não há acordo.  Mas fui ler o que tinham as propostas do PS de tão divergente das dos outros dois partidos a ponto de não se conseguir chegar a um entendimento comum.
E depois de ler o breve documento fiquei boquiaberto. A primeira coisa que salta à vista é que parece um programa político. Sem sustentação, sem quantificação e dependendo de coisas que nem sequer estão na nossa esfera de decisão.
Algumas delas implicam a aceitação pelos orgãos europeus de alterações que nos fossem favoráveis. O peso que Portugal pode ter para exercer pressões a este nível é nulo.
Outras significam simplesmente um aumento de despesa. Aquilo que a troika impõe que nós cortemos. Mais exactamente 4.7 mil milhões.
Finalmente outras que facilmente se poderiam conciliar. Por exemplo um acordo no abaixamento do IVA da restauração. Não vejo porque não se faz um acordo para 2014 neste aspecto. E se calhar até se conseguiu acordo neste ponto, mas é claramente uma coisa menor perante as posições diametralmente opostas das 3 forças em negociação.
Mas o que está presente em quase tudo é esta ideia peregrina de que vamos sustentar todas estas trivialidades com dinheiro dos outros. Da Europa. O desemprego, a reabilitação, a dívida. Tudo. Tózero espera, que após 6 anos de governo assasino do PS em que enterrou o país que se seguiram a anos de Cavaco e Guterres em que se atirou fora o dinheiro da Europa, mais dinheiro da Europa.
Por solidariedade. Porque estamos fartos de pagar o que os camaradas dele estafaram.
Um líder assim devia ser corrido a pontapé pela avenida da Liberdade abaixo e ser afogado no Tejo. No meio das águas fétidas que tanto se assemelham com a porcaria que tem dentro da cabeça. Com clara vantagem para a água, claro está.
É indescritível o nível de burrice e de desfasamento da vida real que este parasita partidário demonstra.

Alguns dos pontos do documento do PS são um completo delírio. Ou talvez não. Talvez estivessem lá para que o acordo nunca se realizasse.
1.1.1. Parar com as políticas de austeridade
Parar com os cortes de 4,7 mil milhões de euros acordados entre o Governo e a troica na sétima avaliação, nomeadamente, parar com os despedimentos na função pública,com mais cortes nas pensões atuais, com a “contribuição de sustentabilidade do sistema de pensões” e com a redução de vencimentos.
Não deixa de ser interessante que se leve como proposta de acordo que a outra parte volte atrás num ponto conseguido noutro acordo. Mas isto não é o mais grave. Já esperávamos esta. O que vem a seguir é MUITO pior.
1.3. Sustentabilidade da dívida pública
O PS defende uma solução global e europeia para o problema das dívidas soberanas dos países da zona euro.
A parte da dívida soberana superior a 60% do PIB deve ser gerida ao nível europeu, assumindo cada país a responsabilidade pelo pagamento dos juros correspondentes. Esta solução baixava os juros a pagar e o défice orçamental.Sem prejuízo dessa solução mais global, em torno da constituição do denominado “Fundo de Redenção”, o nosso país deve defender a intervenção do Mecanismo Europeu de Estabilidade na proteção das emissões de dívida dos países da Zona do Euro com maiores dificuldades, em particular aqueles sob maior pressão dos mercados.
Por outro lado, afigura-se essencial a renegociação das maturidades dos empréstimos concedidos por credores oficiais, o diferimento do pagamento dos juros e a redução das taxas de juro, para garantir a sustentabilidade da dívida pública.
O nosso país deve solicitar o reembolso dos lucros do sistema de Bancos Centrais com SMP (Securities Market ́s Program), como já aconteceu com a Grécia. Calcula-se que o montante seja de cerca de 6 000 milhões de euros.
Aqui o PS espera conseguir com os outros dois partidos um acordo num ponto que não depende deles. Será que já acertou as agulhas com a Europa neste ponto? Ou será que isto não é mais do que má fé negocial? Ou será que está consciente da baixíssima probabilidade de isto ser aceite, agora que a Irlanda está prestes a terminar o seu plano de ajuda, restando só a Grécia e Portugal para convencer a "Europa"?
Isto nem é um ponto negocial. É um desejo semelhante ao que nós expressamos quando dizemos "quem me dera ganhar o Euro Milhões".
1.4.1. Investimento público e privado
Os fundos comunitários devem ser prioritariamente dirigidos para incentivo reembolsável.
A componente nacional dos fundos comunitários destinados ao investimento não deve contar para o défice.
Uma "alteraçãozinha" às regras de contabilização de despesa pública. Mais uma vez é caso para perguntar se tem o acordo prévio do Eurostat para fazer estas propostas delirantes. Isto parece como as brincadeiras dos putos "vá, esta agora não vale..."
1.4.7. Reabilitação urbana
Desenvolver programa de reabilitação urbana como prioridade para a eficiência energética, como forma de combater o desemprego e um défice estrutural da balança de bens. Tal passa, nomeadamente, pela otimização do fundo Jessica e outros recursos comunitários.
Quem é que explica a este atrasado mental que a reabilitação urbana não é uma iniciativa maioritariamente governamental? E que os privados não o vão fazer por excesso de oferta de habitação. E que combate é esse ao desemprego? Não sabendo a adesão à "reabilitação" é simplesmente impossível quantificar o impacto no emprego que isso pode ter. Como é previsível que o impacto na reabilitação seja marginal o mais provável é que o impacto no emprego seja marginal também. Esta é daquelas que toda a gente concorda porque é apenas para enchar chouriços e empurrar com a barriga.
1.4.10. Apoio à criação de um fundo de coesão da zona euro, através do Instrumento de Convergência e Competitividade.
Este instrumento deve funcionar como um fundo para os países da zona euro fazerem face a choques assimétricos e funcionará como um estabilizador automático, podendo também permitir dar apoio à competitividade.
Isto existe ou é mais uma daquelas coisas que Seguro pensa que consegue OBRIGAR a Europa a fazer? 

O documento com as propostas do PS é das piores coisas que pude ler até hoje. Parece um documento escrito por estagiários em estado de alienação.
Mostra bem a craveira profissional e intelectual das gentes que pululam nestes partidos. Alguém com um mínimo de brio profissional teria vergonha em aparecer numa negociação com este pedaço de papel que nem digno é de limpar aos fundilhos.

As propostas são tão fora da realidade e tão pouco sustentadas que sou levado a pensar que foi pensado para não ser aceite. E se não foi assim, então estamos perante gente com sérios problemas do domínio neurológico.
Seguro consegue transportar para o papel todo o vazio e toda a superficialidade que o caracteriza.

Eu vou guardar este PDF porque daqui a uns anos iremos ler isto e achar inacreditável o ponto em que chegamos. O tipo de pessoas que lidera os partidos e tem a ambição de Governar um país de 10 milhões de habitantes!!