Ainda vamos ter saudades. Acreditem
Gaspar saiu. Imagino o que seja a frustração de alguém a quem entregam um país na ruína com a incumbência de o por a funcionar e que é retratado como a personificação do mal.Competente, sério, fugiu à regra no que diz respeito a competência e verticalidade.
Apesar do que muito se disse acerca das suas medidas, Gaspar fez mais em 2 anos pelo equilíbrio das contas públicas do que qualquer outro desde o 25 de Abril.
Não fez tudo o que queria nem tudo o que podia. Desde os episódios de chumbos no TC até à constante saraivada de comentários pouco abonatórios, Gaspar aguentou tudo.
Mas o facto de Portugal ter passado de ser visto como uma república das bananas governada por patetas vaidosos até ser visto como um país honrado e capaz, a ele o podemos atribuir.
Como qualquer técnico Gaspar sabia que o necessário para por o país direito ia causar muito transtorno a muitos. Sabia que a retracção na economia, o desemprego e as insolvências eram inevitáveis. E isso não seria mais que uma economia a ajustar-se de uma situação completamente virtual em que tudo se baseava no consumo e no endividamento.
O país montou ao longo de anos um modelo económico assente em nada. Não produzíamos, não exportávamos. Apenas se acrescentava margem. Apenas se consumia muito acima daquilo que seria normal para um país como o nosso.
Claro que o endividamento do estado e o endividamento das famílias decorriam deste desnorte e deste espalhafato. Decorriam da falta de senso de políticos e cidadãos comuns que nunca esperaram que o ciclo se quebrasse causando um colapso generalizado.
O que ele fez em dois anos num país a dias de não poder pagar salários e pensões é a todos os títulos um feito extraordinário. Apesar de muitos problemas ele poupou-nos a problemas muito maiores.
E foi essa falta de noção de onde podíamos ter chegado que leva muita gente a comportar-se como se Gaspar fez tudo por pura maldade. Como se o país estivesse bem e ele tinha uma agenda pessoal em que causar mal às pessoas era a sua única prioridade.
A oposição que tantas vezes pediu isto já encontrou uma razão para continuar a criticar. E a crítica acontece por causa de quem o sucede.
Jogando com a ignorância clássica do cidadão comum tentam meter a questão dos swaps toda no mesmo saco.
Ainda há pouco na SIC notícias o papagaio do PS tentava fazer isso mesmo. E era óbvio do seu discurso que nem sabia exactamente do que falava. Em que é que diferiam os swaps feitos na REFER de todos os outros?
Não deixa de ser extraordinário que queiram conspurcar a agora ministra por ter celebrado contratos de swap enquanto eles eram governo e ao mesmo tempo queiram assacar as responsabilidades de todos os outros contratos de swap (totalmente malévolos) a este Governo.
O argumento de que o Governo sabia desses contratos em Julho de 2011 e nessa altura as perdas eram só de 1.3 mil milhões que deixou as perdas ascender a 3 mil milhões é típico de quem sabe que o publico que o ouve não faz a miníma ideia do que se está a falar.
Não dizem por exemplo que esses contratos têm uma maturidade, ou que há penalizações previstas antes do fim do prazo, ou que a quebra de um contrtao estabelecido pelo seu Governo é uma coisa que só se consegue por negociação ou por uma sentença de tribunal.
Tudo isso porque a gestão socialista lhes legou essa linda batata quente. Como se nada fosse tentam agora sujar mais uma vez um membro do Governo com a porcaria que eles próprios fizeram.
Não sei se a ministra terá o rigor e a competência de Gaspar para levar as medidas por diante. Talvez consiga e nós bem precisamos disso. Talvez Gaspar tenha percebido que a curva descendente está a abrandar e não queira ser um peso para o Governo numa fase de recuperação.
É suficientemente sério e desprendido para perceber isso.
Quanto aos pundits de merda do PS que leem coisas nas entrelinhas da carta de demissão não há muito mais a dizer. São lixo, foram lixo e serão sempre lixo. São do mais repelente que a política nacional alguma vez gerou.
Nunca disseram uma verdade nas suas vidas. Porque é que iriam dizer agora? Logo agora.