O que se ganha com o catastrofismo?

Desassossego. É a única coisa que se ganha com essa atitude.

Dos partidos políticos percebo a razão de estarem constantemente a acenar com desgraças do outro mundo. Fazem-no quando estão fora do poder e são optimistas quando estão no poder.

Quantas vezes não ouvimos já da oposição que vamos ficar como a Grécia? Não dá para contar. Quantas vezes já ouvimos políticos e "especialistas", e separo-os porque os políticos não são especialistas em nada a não ser na arte de mentir, dizer que vamos sair do Euro, ou que vamos precisar de outro resgate?

Impossível de contabilizar.
O problema é que esse tipo de discurso passa para as pessoas. Que à falta de dados concretos ou compreensíveis entram em pânico, desanimam. Desistem.

Na verdade as previsões de toda esta gente falharam sempre. Só acertam nos "prognósticos depois do jogo". Hoje dizem com toda a cagança "estava-se mesmo a ver que o desemprego ia subir...". No entanto não sabem até onde. Por um lado atiram-se à jugular de Gaspar pelas previsões de desemprego mas limitam-se a dizer "naaa. Vai ser mais". Quanto? Nem fazem a mínima ideia. Irão saber quando la se chegar.

Alguns até vaticinam as contrapartidas de um segundo plano de resgate. É como no Chipre, retirando dinheiro das contas bancárias das pessoas. É assim que vai ser.
Não só sabem do segundo resgate mas sabem até como o vamos pagar. Seria bom que fossem concretos na data e no limite mínimo dos depósitos para as pessoas desatarem já a correr aos bancos levantar o dinheiro.

Quem é que isto serve? O país? As pessoas? Não. Serve apenas a sua agenda pessoal e de grupo de causar tanto dano quanto seja possível a este governo para que se criem condições de voltarem os "amigos" deles ao poder.

Os mesmo que quando fizeram subir a dívida até onde ela chegou, chamavam velhos do restelo a Ferreira Leite e outros que apontaram a catástrofe iminente. Que eles por acaso não viram nem quiseram ver. Nem quando Teixeira dos Santos, outro génio das previsões, disse em voz alta que quando chegássemos aos 7% de juros da dívida soberana devíamos pedir assistência financeira ao FMI.

Nessa altura eram todos uns optimistas. Até Adão e Silva perante o estrepitoso falhanço dos 150.000 empregos se Sócrates que se veio a revelar ser de -400.000 empregos conseguia fazer um artigo optimista desculpando a política governamental e a sua mais que óbvia falta de visão para os problemas imediatos.

Assim, o catastrofismo serve apenas os interesses de um grupo que deseja ardentemente que o seus vaticínios se transformem em realidade.
O segundo resgate, a cisão da coligação, a saída do Euro, etc etc etc. Coisas que estando no poder nunca conseguiriam evitar. Como não conseguiram evitar e até agravaram as condições para um resgate que nos esmaga.

A estratégia de prometer o céu falando dos malefícios do inferno resulta há 2000 anos. Não inventaram nada de novo. O que me espanta é como ainda resulta tão bem.

Não há um dia que passe que não se leia ou ouça um profeta da desgraça. O que vem aí!!! Estamos perdidos!! Muitos deles contribuíram para a situação em que estamos. Activa e passivamente. Fazem-no por despeito, por ciúme ou por pura necessidade de dizer alguma coisa. Quase todos comeram da gamela do Estado ou são próximos de quem comeu. Não há um único que se possa dizer que não tenha estado envolvido, ao longo da sua carreira política, neste pântano fétido.


Não sou um optimista. Mas também não sou um pessimista. Sei que há coisas que não posso mudar e sei que há gente em quem não confio.
Preferia viver num país onde a política fosse uma actividade exercida por gente honesta. Mas sobretudo por gente competente.
E isso é coisa que não temos.

Quanto a todos estes profetas da desgraça só tenho pena que eles não possam mostrar aquilo  que conseguem fazer sem me afectar a mim.
Devíamos poder ter o PCP, o Bloco e o PS a governar quem votou neles. Só para ver quem é que ao fim de 1 ano os queria aturar. Isto se pudessem escolher, coisa que duvido muito que acontecesse com os comunistas e bloquistas.