O fundo...
Fascinante!!É o que me ocorre dizer desta brilhante ideia de criar um fundo para "ajudar" os empresários a pagar as indemnizações por despedimento dos seus empregados.
E que melhor maneira de fazer isto do que por os empresários que não despedem a contribuir para um fundo que paga os que despedem?
Atenção porque nos que não despedem há um pouco de tudo
- Os que são fantásticos e recompensam os seus trabalhadores o suficiente para os manter motivados ao longo de anos. Aqueles que acham que as pessoas não se reduzem apenas ao preço que custam
- Aqueles que são tão beras que as pessoas se despedem porque já não os podem ver mais
- Aqueles que são tão incompetentes que afundam qualquer empresa e os trabalhadores, perante a catástrofe anunciada, tentam navegar para águas melhores.
Creio que esta solidariedade no despedimento não vai lá resultar muito bem...
Mas claro que já se começou a falar de plafonamento das indemnizações. Uns 3 dias por mês, o que vai dar 36 dias por ano. Pelas minhas contas isto não é muito diferente do que se tem hoje.
Só pode haver um catch... E é o facto de quem vai gerir este fundo ser o Estado. E como sabemos até que ponto os seus "gestores" são pessoas de "bem", não tarda muito veremos esse fundo ser incorporado numa qualquer caixa de pensões ou, o mais certo, é que quando esse fundo for necessário não tenha um tostão para pagar a ninguém.
E quem pode recorrer a esse fundo? Os que rescindem de mutuo acordo? os que se vêm na rua com direito a indemnização depois da empresa em que trabalham ir à falência por absoluta estupidez ou gestão danosa dos empresários?
Há dias um caso de uma empresa de "recursos humanos" que fornece mão de obra para os call centers da EDP e PT declarou falência.
Agora pergunto:
Como é possível que uma empresa com 3 ou 4 mil trabalhadores a quem fica com uma parte do que a empresa contratante paga por eles, ir à falência? Gestão primorosa sem dúvida.
Além de ser moralmente indefensável viver parasitando o trabalho mal pago dos outros e absolutamente incrível o nível de incompetência que é preciso ter para conseguir tal façanha.
Quantos trabalhadores precisavam de ter para pagar a um gestor? 500? Notável de facto. E estes 3 ou 4 mil como estavam em regime de prestação de serviços não levam nem um tostão mesmo que trabalhassem para essa empresa há anos a fio.
E ainda dizem que as nossas leis de trabalho são restritivas. Num país civilizado empresas destas eram fechadas pela inspecção do Trabalho no 1º dia. Mas cá convém a parasitas e contratantes que pagam misérias a pessoas que passam o dia sentados a fazer aquilo que nenhum "gestor" ou "director" seria capaz de fazer - gramar clientes 8 horas por dia e a ter tempos limite para o atendimento.
Recebem à chamada. Se não despacharem o cliente rapidinho começam a não ser rentáveis.
Esta medida canhestra a pedido da "Europa" (bela trampa de continente em que se converteu depois das conquistas do pós guerra. Parece que ficam contentes em transformar o Continente mais avançado em conquistas sociais numa nova China ou Índia.
Estão quase. Um dia destes só há luxo absoluto e esgoto. Nada pelo meio. A Índia é assim há séculos e a China também. O Brasil tenta deixar de ser.
Na verdade isto não se percebe. Percebe-se é que as associações patronais já estão todas contentes a pensar que se vão por na rua os trabalhadores mais antigos (e mais caros de despedir) para serem substituídos por outros mais baratos e com menos direitos.
Parece-me que os trabalhadores e os empresários vão ter uma surpresa com este belo fundo quando for preciso recorrer a ele...
Pode muito bem acabar por ser mais um imposto encapotado cuja receita vai servir para outros fins.
Mas aposto convosco que o dito plafonamento não vai afectar os "amigos" que fazem contratos com clausulas de rescisão principescas mesmo que só trabalhem uns meros 6 meses numa empresa.
Casos como o de Mira Amaral na CGD e a sua reforma obscena (18.156 euros mensais desde 2004, aos 56 anos de idade, por ter estado 18 meses na CGD) vão continuar a acontecer e provavelmente pagos por outras empresas que além de pagar os impostos vão agora sustentar mais isto.
Se regulamentarem e pensarem isto como pensaram as portagens pagas nas SCUTS vai ser um estrondoso sucesso.
Há qualquer coisa que me diz que foi ainda pensado com mais ligeireza. E esta gente quando se deita a pensar tem uma forma de ver as coisas tão distorcida e superficial (ou desonesta que é o mais provável) que saem verdadeiros abortos legais e medidas impossíveis de implementar.
Se isto não é o "fundo" não sei o que resta escavar. Já chagamos ao núcleo e ainda continuamos.
Pela vossa saúde, ponham estes tipos na rua nas legislativas de Maio ou Junho de 2011. Pela vossa rica saúde...