Peçam a maioria absoluta outra vez, peçam...
Sou contra as maiorias absolutas precisamente porque acho que o risco é maior que o benefício.
O benefício da suposta estabilidade é largamente superado pelo risco de a maioria se tornar uma ditadura de interesses e de transformar a democracia num sistema vazio e inútil.
Na verdade o que temos no presente é um partido que suporta o governo que se isentou de pensar. Limita-se a seguir o primeiro ministro e os seus tiques autoritários, funcionando apenas como um grupo de defensores do indefensável.
Deixou de ter ideologia, deixou de ter história. Não é mais que um lote de admiradores convictos do Sr. Sócrates (e ponho sr. porque os títulos académicos são para quem os mereceu).
Desde as alterações na Justiça que mais não parecem que uma vingança pelas afrontas no caso Casa Pia até à aprovação da nova lei eleitoral para o circulo da emigração, este governo com o beneplácito do PS tem vindo a eliminar todo o que lhe possa fazer frente. Algumas das coisas com a concordância do PSD que bem feitas as contas também pode aproveitar da impunidade dos políticos caso se veja metido nalgum escândalo.
É absolutamente chocante a incompetência total dos ministros da Economia, Administração Interna, Agricultura, Justiça, Ambiente (existe?), Cultura, Educação etc etc.
Na verdade é muito difícil encontrar um que tenha iniciado qualquer coisa de relevante e que a tenha sequer executado.
Anúncios há em barda. Anuncia-se e inaugura-se tudo. Até uma demolição se for caso disso.
O estado de graça desta gente prolongou-se por uns bons dois anos na comunicação social, e mesmo agora é com alguma timidez que se apontam alguns dos erros. Muito diferente da sanha destruidora que caracterizou os media com o Governo de Santana Lopes (que era uma perfeita desgraça mas que duvido seriamente que fosse tão mau como este)
Com este PS e a sua maioria na Assembleia atingimos o nível mas baixo de capacidade critica desde o 25 de Abril.
Alguns dos fundamentos da democracia são abalados e destruídos com uma desfaçatez inacreditável. E culpam-se sempre os outros.
A culpa foi dos professores, dos magistrados, dos funcionários públicos e que me lembre só os médicos é que têm passado mais ou menos incólumes no meio deste pulverizar de culpas.
O que continua a parecer-me quase surreal é que ainda haja gente que defende isto.
A maior parte fá-lo-à certamente por interesse pessoal ou por pura e simples burrice.
Não existe meio termo. Não pode existir meio termo.
A burrice não é mais que a consequência de vivermos num país em que se vota num partido da mesma forma que se é simpatizante de um clube de futebol.
Perguntem a um qualquer votante se leu o programa do partido em que vota. Perguntem-lhe em que é que se distingue o PS do PSD ou do PCP. Não sabem. Não lhe sabem responder.
Vão ainda mais longe e perguntem a um bloquista porque o é. Sem ser a defesa de causas "fracturantes" (adoro este termo) como o fumar charrinhos à vontade, casar com homossexuais ou andar a deitar milho transgénico ao chão, é pouco provável que obtenham uma resposta.
A definição de como um estado deve ser, quase nenhum sabe.
Devemos ser um estado liberal com o estado a assegurar coisas como a Justiça, Segurança, Saúde e Educação, ou devemos ser um estado socialista em que os sectores estratégicos da economia são estatizados?
Ou deverá ser uma simples alegria neo revolucionária em que todos fumamos charros e o Estado faz o que nós precisarmos quando precisarmos? E que tal um primeiro ministro que achava que a Albânia era o melhor país à superfície da terra?
É assustador pensar que poderíamos ter um país a ser governado por pessoas do BE em algumas pastas ministeriais. Não passam de "intelectuais" de extrema esquerda reciclados num Bloco após a constatação de que os grupelhos a que pertenciam tinham uma abrangência ao nível do bairro.
E esta grande massa que é do Centro e que de facto faz a diferença tem feito com que grupelhos como o BE ganhem importância. Na verdade, ao ponto de porem um burguês instalado e sem qualquer actuação de vida que o defina como de esquerda, a vereador da CML. Na verdade Sá Fernandes não é exactamente de esquerda. É apenas um chato do c.... e o Bloco adora chatos do c... a começar pelo seu camarada "igual aos outros" mas que é presidente.
Quanto a cultura política, não vão encontrar muita gente que saiba. Nem a vão encontrar em MILITANTES partidários.
Com um panorama assim, é perfeitamente viável que esta gente volte a votar neste embuste que dá pelo nome de Partido Socialista.