Como juntar o inútil e o desagradável?

Nos tempos que correm isso não parece ter uma resposta difícil.

Basta juntar Sócrates e Francisco Assis. Se um se revelou um inútil ao longo de 6 anos, o outro revelou-se como uma criatura desagradável. Faz lembrar o corcunda do filme de Mel Brooks (Young Frankenstein). Com os seus olhos esbugalhados, aparecendo do nada.
Assis junta-lhe ainda mais um atributo - dizer nada.

Após a apresentação do programa eleitoral (e em grande medida programa de governo) do PSD, em que foi revelada a intenção de baixar a TSU (Taxa Social Única), logo apareceu Assis a dizer que isso corresponderia a um buraco nas "contas" (e pelos vistos aprenderam agora a fazer contas) que equivaleria a uma subida de IVA em 3%.

Não deixa de ser curioso que Assis não se lembre que a subida de 2% do IVA não teve como causadora nenhum abaixamento de outras contribuições. Foi necessária por pura e simples incompetência do seu colega inútil (Sócrates) e dos seus ministros em controlar aquilo que lhes competia.

Se porventura fosse preciso compensar em IVA um abaixamento de TSU isso equivaleria a uma alteração de carga fiscal 0, coisa que em nenhum dos governos de Sócrates aconteceu. A carga fiscal subiu sempre.

Não acredito que o PS seja muito bom a fazer contas deste tipo. Há noutro tipo em que eles são fabulosos - como sacar do Estado para si e para os seus amigos. Nesse tipo de contas nunca falham ou se falham é sempre por defeito.

A reputação de Sócrates é tão boa que ontem no FT, um colunista habitual (Wolfgang Munchau) qualifica a actuação de Sócrates e o seu apalermado discurso de anuncio das medidas como o "ponto alto do lado tragicómico da crise".

Se alguém tem alguma dúvida de que Sócrates goza de uma péssima reputação junto dos nossos parceiros, este artigo pode ser um claro indício de que a forma como Sócrates é olhado pela EU é muito pior do que nos fazem crer.

Provavelmente terão descoberto muito mais depressa do que os Portugueses a peça com que têm lidado estes últimos 6 anos. Da mesma forma como encontraram as falhas estruturais mais graves deste país num espaço de 3 semanas. Se foram espertos para uma coisa, é de imaginar que tenham sido espertos para a outra.

O próprio programa do PS é uma espécie de coisa nenhuma. Um chorrilho de vulgaridades que apesar de vagas e genéricas conseguem colidir com pontos do memorando que o próprio governo assinou dias depois.

A finalidade de tal programa é óbvia - não cumprimento.
Quase nada existe no programa do PS que possa ser transformado em medidas concretas.
Mesmo que diga que querem tornar mais robusto o SNS, a seguir com o fecho que unidades hospitalares poderiam dizer que era precisamente isso que estavam a fazer, concentrando "qualidade" apenas em alguns pontos do país.

Mesmo com algumas dúvidas acerca da forma como o PSD vai passar este programa a um roteiro de actuação do governo, há muito mais a que nos agarrarmos do que à porcaria de programa que o PS apresentou.
Pode ir muito ao detalhe em certos aspectos. Mas pelo menos há uma intenção e um compromisso de forma pela primeira vez desde há muitos anos.

A ver vamos. Mas por favor que alguém leve o inútil e já agora o desagradável. Se bem que tenho uma convicção de que se fizerem desaparecer o primeiro, o segundo volta para debaixo da pedra de onde veio.