Cortina de fumo

Desde o dia em que se percebeu que os contratos de swap "comprados" durante a gestão socialista podiam causar perdas medonhas para o Estado que a imprensa apostou numa estratégia de ocultação do problema.
Marionetas diligentes como são, rapidamente ensaiaram uma série de estratégias para afastar dos responsáveis a atenção pública.

A 1º técnica foi a de contestar a forma como o governo resolveu o assunto - Terminar contratos através da negociação antes que as perdas aumentassem e pagando os valores devidos.

Começou uma tímida campanha questionando a opção.
E porque é que o Governo tinha pago alguma coisa?
A mesma abordagem de quem contrai dívida e questiona depois a razão de a pagar.
Porque é que não tinham simplesmente dito que não pagavam?
Fácil de dizer, difícil de fazer. Os tribunais não vivem no mundo de faz de conta da esquerda ignorante. Esses fazem valer os contratos e penalizam a parte que não cumpre.

Mas se nessa altura já era óbvio quem tinha feito as asneiras, essa revelação andava estranhamente arredada dos media. Não parecia interessar a ninguém a origem do problema.
Perdiam-se em discutir porque é que se tinha demorado "tanto tempo" a resolver o problema.

E foi aí que a questão da informação passada ao governo quando entrou em funções saltou para ribalta.
Em vez de se preocuparem com a questão de fundo, a tal que valia 3 mil milhões de perdas provocadas por alguém, andavam de volta de declarações da ministra chamando-a de mentirosa a cada parágrafo.
Se a informação que foi passada era irrelevante parecia não importar a ninguém. Interessava era chafurdar na porcaria e arrastar a ministra e outros responsáveis pelo ministério para uma luta suja com características de acusação estalinista. O expoente máximo desta técnica ocorreu numa comissão de inquérito com Ana Drago e um palerma do PCP a questionar a ministra na forma clássica como decorriam os julgamentos fantoche da URSS nos anos 30.

Chegou finalmente o caso do secretário de Estado. Imagine-se que o homem tinha andado a tentar vender este tipo de produtos ao Estado português. Coisa estranha para quem trabalhava num banco e recebia o seu salário (e provavelmente bónus) para proteger os interesses do banco.

Os pundits saltaram à praça pedindo períodos de nojo para estes "indesejáveis". Até personagens do PSD defendiam o mérito dos "académicos" para estes lugares. Seguramente académicos como Teixeira dos Santos que por falta de experiência prática ou pela simples falta de tomates deixava as decisões nas mãos de subalternos. É esse o valor acrescentado dos académicos. É sempre bom ter alguns a "decorar" o executivo. Dão credibilidade e ficam tão agradecidos pelo reconhecimento que nem se lembram de ter espinha dorsal.

E eis que no meio de tudo isto se descobre que entre os interlocutores do lado do Governo estava um senhor que é nem mais nem menos que um assessor de Seguro. E que ainda por cima via com interesse a compra destes produtos para "dar uma maquilhadela" nos valores do deficit.

Pelos vistos, para a imprensa, o dolo está do lado de quem vende e nunca do lado de quem compra com o objectivo de maquilhar as contas.
E estavam todos interessados. Os assessores achavam a opção "interessante". Teixeira dos Santos "viu com interesse" e toda uma cadeia de irresponsáveis determinados em esconder do Eurostat e do povo português o verdadeiro estado das contas públicas achava perfeitamente bem que se comprasse a "capa de invisibilidade do deficit" (muito Harry Potter...)
O processo só não singrou porque um senhor chamado Franquelim Alves terminou liminarmente com a brincadeira. Senhor esse que foi insultado abaixo de cão por ter passado pela SLN. E que afinal foi o guardião da seriedade quando o assessor de Seguro e outros estavam todos contentes com a possibilidade de aldrabar as contas nacionais.

Esperar-se-ia que o nome deste assessor viesse à baila. Apontado como alguém capaz de aceitar este tipo de expedientes sem hesitar.
Mas não. À voz do patético Seguro que classificou a revelação de "baixa política", toda a imprensa faz um silêncio total à volta do caso. Ou, de forma completamente deseonesta tenta repartir culpas entre os dois partidos no poder. Como se por acaso algum dos contratos de swap ruinosos fosse autoria ou responsabilidade de alguém que não o Governo do PS em funções.

Se a imprensa tenta destruir o carácter de alguém que não é de esquerda, isso é direito de informar e exercício da democracia. Se o mesmo tiver de acontecer com um tipo completamente engajado com o PS passa a ser baixa política.
E todas estas tácticas servem apenas para lançar uma cortina de fumo sobre o verdadeiro problema: A forma como os governos PS lidaram com as contas do país durante um longuíssimo período.
Brincaram às empresas, causando perdas imensas e afastando qualquer responsabilidade sem o menor pudor e sem um mínimo escrutínio por parte dos media que apenas servem um lado do espectro político.
Até Judite de Sousa tenta a mesma estratégia quando Marcelo fala do assunto. Por medo ou por convicção, estes briosos jornalistas parecem estar a preparar-se para um dia em que o PS suba ao poder. Assim não poderão ser confrontados com declarações polémicas que lhes possam valer o emprego bem pago e pessimamente desempenhado.

Há um ditado que diz : "Nunca tentes lutar na lama com um porco. Ele tem demasiada experiência tu ficas coberto de porcaria e o porco gosta"

O porco é bem entendido o PS, para quem a sujidade e a intriga nojenta é um modo de vida.
Há qualquer coisa que impede os outros de descer tão baixo.