O "tom excessivo"

Judite de Sousa retrata-se parcialmente admitindo que pode ter tido um "tom excessivo" na entrevista a Lorenzo Carvalho.

Mas defende que a entrevista é perfeitamente justificada...
"Se o meu tom foi considerado excessivo é porque as pessoas têm razão. Dou a mão à palmatória." Foi assim que Judite Sousa reagiu às críticas que lhe foram feitas pela forma como conduziu uma entrevista a Lorenzo Carvalho. A jornalista e subdiretora de Informação da TVI recebeu o jovem de 22 anos no Jornal das 8 de sexta-feira e foi de imediato acusada nas redes sociais de ter julgado o estilo de vida ostensivo do piloto brasileiro da Ferrari que, há cerca de três semanas, trouxe a Portugal a atriz Pamela Anderson. "Não foi minha intenção crucificar ninguém nem tão-pouco um jovem extraordinariamente simpático e acessível. Lamento se, realmente, o meu tom foi desajustado à pessoa que tinha à frente", disse a pivô ao nosso jornal.
A jornalista da estação de Queluz de Baixo sublinhou ainda que as críticas relativamente à escolha do entrevistado para um noticiário em horário nobre são justificadas. "Todos os jornais dos canais generalistas, nomeadamente aqueles que têm uma duração longa, como o Jornal das 8 da TVI, têm de ter uma linha editorial ligeiramente diferente da habitual em período de silly season. A verdade é que este jovem saltou para as primeiras páginas da atualidade por causa da festa de aniversário que deu e para a qual convidou a Pamela Anderson. A entrevista é perfeitamente justificada à luz deste contexto", aponta.
Ainda assim, Judite Sousa admite que "a entrevista terá sido demasiado longa, considerando o perfil de pessoa que é este rapaz".
Fonte: DN
"A verdade é que este jovem saltou para as primeiras páginas da atualidade por causa da festa de aniversário que deu e para a qual convidou a Pamela Anderson."
A verdade, Judite, é que o jovem saltou para as primeiras páginas da actualidade porque a TVI fez isto. As referências a Lorenzo Carvalho anteriores a esta entrevista são mais que escassas.
E curiosamente uma delas tem a ver com a intenção de abrir uma escola de pilotagem da Ferrari em Portugal (no Autódromo do Estoril).
É divertido ver o tom do artigo de Dezembro de 2012 e comparar com a atitude de Judite de Sousa no malfadado dia da entrevista.
Piloto Lorenzo Carvalho quer abrir escola Ferrari no Autódromo do Estoril.
O título sobre a imagem diz "Pessoas que sabem o que fazem".

Todas as notícias que encontrei sobre ele estão relacionadas com o facto de ele ser piloto de GT3 e correr com um Ferrari (este é o link da página da Ferrari para os clientes de "competição"- Veja aqui).

Os critérios jornalísticos de Judite de Sousa e da TVI foram completamente diferentes de qualquer abordagem que pudesse soar minimamente lógica.
Em vez de seguir a história pelo lado das "corridas", coisa que até me parecia mais adequado ao espírito da silly season, Judite optou por fazer o rapaz passar por um calvário absurdo e despropositado. De tal forma que só posso achar que o rapaz tem alguns princípios e muitíssimo fair play. Outro sairia a meio daquela disparatada entrevista.

Tentou aproveitar-se da situação e apelar aos mais baixos sentimentos de um povo numa situação de crise. Tentou funcionar como agitadora. Tentou funcionar como alguém com consciência social, chocada com tanto desbarato de dinheiro enquanto há famílias que não conseguem por na mesa os alimentos necessários no dia a dia.

Mas nem ela é o veículo ideal para esta mensagem, nem o rapaz é um déspota ao qual podemos assacar as culpas da nossa desgraça.
Ter Judite de Sousa a tentar isto é como ter Maria Antonieta preocupada com a falta de pão dos franceses.

Há linhas que não se podem cruzar. A da ética é uma delas. E fosse com o seu acordo (só pode ter sido) ou por sua iniciativa, o que ela fez conspurca completamente os deveres de um jornalista.

Judite se Sousa conseguiu uma proeza sem paralelo. Consegue reunir a antipatia de quase todos os sectores da sociedade pelo que fez.
Nada vai acontecer. Nem Judite se pode dar ao luxo de perder o seu "ganha pão" por causa de uma coisa destas, nem a TVI lhe pediria que o fizesse. Este foi só um tropeção sem consequências numa carreira jornalística sem brilho nem glória.

Carreira pontuada por momentos em que fez favores ao poder (ajudando a limpar a sujíssima imagem de Sócrates) não fazendo as perguntas que se impunham, ou comportando-se como uma incompetente ao mostrar a total superficialidade dos conhecimentos e do trabalho de investigação devido para abordar certos temas. O seu comportamento no programa com Medina Carreira é o de uma colegial preconceituosa sem nenhum domínio do tema a ser constantemente corrigida (delicadamente) por um decano das finanças do nosso país.

Nunca percebi o estatuto que lhe foi sendo conferido ao longo dos anos. Nunca a achei nada de extraordinário, mas agora que tentou subir a outro patamar ilustra claramente o princípio de Peter
The principle holds that in a hierarchy, members are promoted so long as they work competently. Eventually they are promoted to a position at which they are no longer competent (their "level of incompetence"), and there they remain, being unable to earn further promotions. Peter's Corollary states that "[i]n time, every post tends to be occupied by an employee who is incompetent to carry out its duties" and adds that "work is accomplished by those employees who have not yet reached their level of incompetence." "Managing upward" is the concept of a subordinate finding ways to subtly manipulate his or her superiors in order to prevent them from interfering with the subordinate's productive activity or to generally limit the damage done by the superiors' incompetence.
Qualquer desculpa que Judite de Sousa possa apresentar falha o alvo. Lorenzo já a deve ter desculpado. O mais provável é  que nem dê muita importância a isso. O que ela não vai conseguir é que o público a desculpe por mais que tente.
Os comentários na sua página do Facebook falam por si. Vão desde o mais ordinário ao mais refinado mas todos têm em comum um profundo repúdio pela atitude da qual só ela é responsável.

Judite tem o melhor quinhão da TVI. Foi-lhe dado para ela brilhar e conseguir audiências fáceis. Marcelo, Medina, o jornal de prime time. Foi-lhe dado tudo para justificar a sua simpática remuneração com a qual deveria poder fazer "alguma coisa pelos outros".

Mas consegue brilhar pela negativa ou ser apenas referida nas revistas cor de rosa (o tal jornalismo de qualidade que ela parece querer seguir) por andar de candeias às avessas com o marido ou por passar vários dias num resort de luxo no Algarve.

Lorenzo é afinal o símbolo máximo daquilo que Judite tem lutado para conseguir. As festas, o glamour, la belle vie.

Dona Judite de Sousa: O rapaz não tinha saltado para as primeiras páginas dos jornais. A senhora sim, saltou. E com um chapão da prancha dos 10 metros.
É daquelas coisas que tem mesmo de doer.