Prudência precisa-se

Há de facto coisas que eu não percebo.
Este governo nomeia Franquelim Alves para Secretário de Estado.

E quem é este senhor? Nada mais nada menos que um ex-administrador da SLN. Vem dos tempos de Oliveira e Costa e "sobrevive" até ao tempo de Miguel Cadilhe. Apenas porque Cadilhe quando pensou em o afastar achou que a indemnização era tão disparatada que o deixou ficar.

Acontece que este senhor esteve no olho da tempestade quando se roubava à direita e à esquerda no BPN. Segundo ele sabia o que se passava. E não fez nada? Com um cargo da responsabilidade que exercia não fez nada?
Pode não ter beneficiado directamente com a "brincadeira", mas só o facto de se manter em silêncio ao longo da orgia de roubo que ocorreu no BPN é razão mais que suficiente para se pensar que não é homem que exerça cargos ao mais alto nível executivo no país.

Do lado do Governo é um bruto "faux pas". Em primeiro lugar porque estar ligado ao BPN num cargo como aquele é, nos dias que correm, pretexto mais que suficiente para todos lhe começarem a chamar ladrão. Pode não se ter provado nada em tribunal, ou mesmo nem ter sido acusado de nada. Mas como se dizia no PSD "à mulher de César não basta ser séria. Tem de parecer séria"-

E convenhamos que "no parecer sério" um administrador do BPN nunca se vai safar.

A outra asneira monumental e que indicia algum mal estar na nomeação é o facto de se omitir a sua passagem pela SLN no curriculo tornado público- Esta sim é uma calinada das boas. Mesmo que o homem fosse um santo, só isto deixa logo antever que alguém quis esconder alguma coisa.

Com este tipo de podres no passado seria de esperar que toda a oposição se "indignasse". Até Seguro, líder dos corruptos mais corruptos deste país, entre os quais se encontram muitos que meterem a mão no saco BPN.

O Bloco está indignado também. E querem demissões, e querem impugnação da nomeação etc etc. Querem tudo. Mas o problema é que não se podem agarrar a nada de substancial para invocar a não nomeação do homem. Se nada se provou contra ele, não há nenhuma razão para não o fazer.
Objectivamente é assim. É um argumento tão válido como dizer que ele era amigo de Oliveira e Costa ou Dias Loureiro. Isso só por si não pode ser fundamento para evitar que o homem seja nomeado.

Mas isto é a visão de um ponto de vista estritamente legalista. Outra coisa é visto do ponto de vista da prudência politica. E convenhamos que este governo não teve nenhuma ao por o homem nesta posição.

É de uma amadorismo completamente escusado.
E não me venham com a treta de que ele era o homem para o lugar. Deve haver milhares deles que nunca estiveram ligados ao BPN e a quem a oposição nunca poderia apontar o dedo.

Começo a achar que há uma certa teimosia de Passos Coelho em querer demonstrar que por muito que a oposição berre, nada consegue com estas campanhas espalhafatosas.
Mas eu preferia que ele contrariasse a oposição ao colocar as contas públicas em ordem, acabara com a mama de muitos dos rapazes da oposição em Universidades, Fundações, Institutos etc etc. Aí sim, era pô-los aos gritos por boas razões.

Dar o flanco assim, é uma perfeita patetice.
É tão pouco prudente como andar com um fósforo aceso na refinaria de Sines. Vai acabar numa explosão dos diabos.