Achismo Nacional

É certo e sabido que em cada português há um treinador de futebol, um médico e desce há algum tempo para cá, um especialista em Economia.

O que esquecemos por vezes é que em cada jovem há um programador e isso vem à tona quando se fala de qualquer coisa que tenha a ver com software, especialmente o da Microsoft.


No dia 29 foi anunciado que o Ministério da Educação não iria renovar as licenças de software MS nas máquinas mais antigas do ministério e que precisam de ter a licença paga todos os anos. A substituição natural será feita por Open Source.

Não querendo discutir os méritos da solução, se se pouparem alguns milhões em licenciamento, creio que não é mau. Mas para isso é preciso que se perceba que o mundo Open Source peca por uma coisa essencial - contenção.

Só distribuições de Linux há aos pontapés e apesar de hoje a instalação não ser nada do outro mundo, ainda há alguns casos bicudos que não estão ao alcance de todos para ser resolvidos. Este mundo voluntarioso que alguém descrevia como um mundo "livre" porque alguém está a pagar, só não se sabe quem, ao ser relativamente desregulado pode tornar-se um pesadelo.
Não é por acaso que algumas empresas de renome oferecem soluções com este software, mas agarrado a um custo de serviços que acaba de uma forma ou doutra por custar alguma coisa. As maior parte das empresas não aceitariam ter um sistema baseado em Open Source que pelo qual ninguém se responsabilizasse. E isso custa dinheiro, quer seja recorrendo a mão de obra externa ou interna.
E essa mão de obra não é tão abundante como no mundo Windows.

Mas este voluntarismo da juventude leva a algumas afirmações dignas de exame psiquiátrico. Os comentários abaixo foram tirados (como de costume) do Público e revelam bem até que ponto a juventude e a ignorância podem ser atrevidas. Até bem para lá do atrevido. Mostram um desconhecimento da realidade que é assustador.

Office 2007, uma fraude.
O Office 2007 é uma fraude. O Access na versão portuguesa tem um erro no construtor de campos que nunca foi corrigido e além disso ao converter as bases de dados de modelos anteriores gera erros. O segundo subformulário não funciona. Que eu saiba nunca ninguém foi indemenizado pelos prejuízos causados.
 Este jovem que com uma elevadíssima probabilidade usa uma cópia pirata parece pretender que lhe paguem prejuízos. Aparentemente escolheu mal a ferramenta para o trabalho e agora berra porque a Micrsoft o enganou. Se isto não é o exemplo perfeito do cretino, porventura limitado intelectualmente a julgar pelo contexto em que escreve um comentário destes, então não sei o que será.

RE: RE: Finalmente
O emacs agora já não necessita das combinações de teclas de antigamente. É muito mais fácil do que antes. Não compreendo a necessidade da maioria de software de "office". É mais rápido escrever um programa em C++ do que usar as "folhas de cálculo". E porque não o Docbook ou Lout para os trabalhos? Ou no mínimo o Lyx.
Este é um misto entre o cagão e o idiota. Acha mais fácil escrever um programa em C++ do que usar uma folha de cálculo. Ou está sob o efeito de substancias que alteram a percepção da realidade ou nunca viu uma folha de cálculo a sério. Ou , o mais provável, a única coisa que fez em C++ foi o "Hello World". Mas se pusesse Java era uma coisa muito vista. Já agora podia ter recorrido ao Perl como lhe respondeu alguém noutro comentário. Isso sim era de homem.
Seja como for, a probabilidade de alguém assim ser capaz de fazer alguma coisa útil é extremamente remota.

Hoje já não é tanto assim, mas há uns 7-8 anos era isto que se apanhava em entrevistas de emprego a pedir 3.000 euros e carro como entrada no mundo do trabalho. Revela bem até que ponto temos uma juventude completamente desfasada da realidade, totalmente alienada e sem modéstia.

Mas não se iludam. Mesmo gente com anos de "experiência" sabe menos que o básico na utilização de um Word ou de um Excel que são as suas ferramentas primárias de trabalho. Acho incrível como nem sequer têm a curiosidade de abrir a Ajuda destas aplicações para tentar entender se não há uma forma melhor de fazer o que fazem. Se profissionais do "ramo" são perfeitamente miseráveis a usar as suas ferramentas de trabalho, não é de espantar que um qualquer puto de 20 anos ache que o mundo é o seu umbigo, e a realidade é o World of Warcraft ou o Facebook.

Espero sinceramente que a iniciativa seja bem sucedida, mas espero também que o Ministério não confunda o Open Source com a balda generalizada e tente pelo menos coordenar o roll out deste software e aplicações de forma correcta. Se não o fizer acabará como mais uma iniciativa que acaba a meio e em que apenas uma percentagem ínfima dos PC's em causa terá alguma utilidade.
O Ministério tem gente que pode preparar esta transição e disseminação de software. Esperemos que daqui a algum tempo não tenha de estar a dar explicações à Microsoft por causa de licenças que devia ter renovado e não renovou apesar de o software continuar a ser usado.