O bom jornalismo

Finalmente os nossos jornais agarraram uma notícia sobre algo de inédito.
Um político que fez uma licenciatura fulgurante em Relações Internacionais.

É o 1º caso confirmado da promiscuidade entre o mundo da academia "privada" e o mundo da política. É a prova de que este tipo de favores é depois pago com cargos políticos dados a professores, assistentes e outros que tais.

Nunca tinha acontecido e deverá ser algo muito "raro" na política. Isto é em tudo diferente do caso Sócrates ou do caso Vara.

Sócrates é diferente porque até fez cadeiras demais. Tiveram de o mandar parar porque senão acabava com duas ou três licenciaturas de Engenharia. É diferente porque apesar de os colegas não o verem na faculdade, ele estava lá. Diz muito da dedicação à causa.
Assim, não surpreende a classificação de Sócrates em cadeiras importantíssimas como o inglês técnico. Ele domina a lingua.
Tanto que a domina que disse uma das frases mais emblemáticas que um 1º ministro pode dizer. Disse-a na India aquando duma visita de Estado acompanhado por Manuel Pinho.

A frase foi: "With your allowance I'm going to continue in Portuguese". Isto está ao nível de "In the meeting it was awaken that a conclusion document would be done by..."

Como se pode comparar a qualidade da formação de Relvas com a qualidade da formação académica de Sócrates?  Ou de Vara? O homem que consegue ter o diploma de Relaccionado Internacionalmente a dois dias de uma nomeação para a Administração da CGD.

Estou Seguro que se investigarem todas as licenciaturas obscuras e tardias de todos estes jovens "partidários" só vão encontrar um caso como o de Relvas. O caso dele próprio.

Todos os outros terão seguramente feito as suas licenciaturas penando nos exames, sem favoritismo, com a dedicação que a formação destas universidades privadas exige.

Os jornalistas do Expresso e do Público, pelas mais diversas razões estão claramente a prestar um serviço ao país. Sim, porque no caso de Relvas é necessária uma licenciatura séria. Ele é um ministro numa posição em que se exige competência técnica. Atrever-me-ia a dizer que essa competência é tão necessária como a que um Engenheiro Civil tem de ter para assinar projectos de estabilidade (Guarda, rezem para que não haja terramotos por aí).

O cargo de Relvas é um cargo técnico. Todos o sabemos. Precisa de saber contar como o fez admiravelmente com a despesas da RTP e a dos hospitais centrais de Lisboa e Porto. Sem uma licenciatura ou mesmo um grau de mestre isto não é possível.

Sabemos também que na Lusíada não pagou as propinas. Caloteiro. Não pediu nenhum certificado de cadeiras feitas. Negligente!!

Relvas tem uma formação fraudulenta. Mas nenhum dos outros tem. É o 1º caso e vai ser seguramente o último porque como todos sabemos não há mais ninguém na política que tenha um título da treta para ganhar respeitabilidade.

Não quero com isto desculpar Relvas. Muito pelo contrário. Sempre abominei estas formações de favor conseguidas à força da influência, do estatuto e do pagamento de favores futuros.

Toda esta podridão aconteceu debaixo dos narizes dos jornais, dos jornalistas e de todos nós, votantes.
O que me chateia é que escolham selectivamente alguns alvos enquanto mesmo ao lado há dezenas deles na mesma situação.

Esta caso da formação até se pode considerar um caso menor quando há toda uma multidão de pecados e pecadilhos que envolvem a classe política. A sua despudorada "colaboração" com interesses privados, as acusações de corrupção a pessoas detentoras dos mais altos cargos governamentais, o enriquecimento inexplicável de políticos em pouquissimo tempo.

A venda de favores e influências no próprio parlamento. Desde a esquerda à direita. E já que falamos nisso, a "compra" da simpatia dos media em troca de qualquer coisa que não sabemos bem o que é.

Somos basicamente um país prostituído. Em troca de dinheiro, favores ou posição uma enorme quantidade de portugueses vende-se. Os poucos que não o fazem são os "tolos". Não chegam alto na vida, não andam em carros "pipis" nem passam férias em resorts de sonho. Vivem provavelmente do seu trabalho, pagam impostos para sustentar este país e nunca têm retorno daquilo que pagam uma vida inteira.