RFID ou a maneira simples de etiquetar carneiros

Os chips de matrícula...

Convenientes e avançados. Mas para quem?
Quando a Via Verde apareceu e se massificou foi talvez o exemplo mais evidente do prático que poderia ser a identificação automática de um veículo para o pagamento de portagens. O não ter de esperar na fila do portageiro com os consequentes ganhos de tempo valiam o controlo.
Claro que a adesão foi importante, sobretudo para quem todos os dias tem de fazer trajectos que envolvam portagens.

O controlo electrónico e a consequente instalação de câmaras na Via Verde (e outras portagens) levou a que além do conveniente pagamento se pudesse controlar, para o bem ou para o mal, quem passava aonde e quando.
Passou por exemplo a ser possível fazer um cálculo da média horária entre duas portagens e chegou a falar-se na possibilidade de aplicar multas por excesso de velocidade fundamentadas no controlo feito à entrada e à saída de um troço.
Esse foi talvez o momento em que muitos se aperceberam do grau de vigilância que se tinha sobre os seus movimentos.
Claro que hoje um operador de telemóvel sabe onde eu estou com um grau de precisão muito respeitável (por triangulação de antenas) ou "alguém" também pode fazer um mapa dos movimentos de uma pessoa analisando os sítios onde usa os POS ou caixas ATM. Duma forma ou doutra somos controlados.
As operadoras de telecomunicações móveis chegaram a vender o serviço de localização a contas com múltiplos serviços (sobretudo na área dos transportes e logística) para que se pudesse controlar com um elevado grau de precisão onde andavam os seus funcionários.
Não estou 100% seguro se esse serviço ainda é vendido mas garanto-vos que é muito fácil saber onde anda um telefone. E como os telefones não têm pernas.... onde anda alguém com ele. O mais provável é que seja o dono e o subscritor do serviço.

Mas o chip da matrícula é um pequeno passo além e a possibilidade de extensão deste controlo a qualquer estrada ou rua deste país.



O chip é um dispositivo passivo. Isto é, a uma interrogação de rádio com uma determinada frequência produz uma corrente eléctrica induzida no chip e envia uma resposta - com uma identificação.


Imagens de Robshakir

Assim a colocação de uma antena num ponto qualquer e a obrigatoriedade da colocação de um chip na matrícula (pago pelo vigiado ainda por cima) permitirá a "alguém" saber exactamente por onde andamos e até fazer um cálculo das velocidades médias a que nos deslocamos entre cada par de antenas. Isto como é óbvio pressupondo que sabem as coordenadas geográficas das antenas que fazem a "interrogação".
É a extensão do modelo Via Verde a tudo. Mesmo aquilo que não sabemos e que não está lá por uma questão de conveniência.
Passaremos a ser mais uma "pallete" num grande armazém (uso frequente desta tecnologia) que um qualquer sistema central controla com todo o rigor.
A tecnologia em si é extremamente útil. Desde a logística até a uma linha de montagem de automóveis, o RFID é usado hoje com enormes ganhos de eficiência e qualidade.
O problema é que esta tecnologia nas mãos erradas e ainda por cima financiada por quem está a ser controlado se pode tornar num Big Brother inaceitável a todos os títulos.
Após o "rapto" da Maddie Mcann houve uma venda destes dispositivos para os pais fazerem implantes nos seus filhos, à semelhança do que hoje se faz com um cão !!
Mas haverá sempre gente estúpida que adere as estas coisas pelas razões mais loucas.
A questão é que nós nada pedimos. É-nos imposto e ainda por cima pagamos.

Imagino que para já o negócio está só na venda dos belos chips e de algumas antenas, muito à maneira Nacional.
E porque é que eu acho isto? Porque acho toda esta gente muito preocupada com as nossas liberdades? Claro que não!!
Acho-os demasiado incompetentes para criar um sistema que integre as quantidades maciças de informação que uma coisa destas gera. Ou que tenha o dinheiro para criar as infraestruturas necessárias a suportar uma coisa destas.
Imaginem os milhões de eventos que uma coisas destas teria de registar se houvesse antenas um pouco por todo o lado. Teras e Teras de informação. Análise de dados, arquivo etc etc. Como já se provou com o Ministério da Justiça, temos um Estado demasiado incompetente para gerir isto. Caramba, eles perderam os crimes feitos com armas!!!
O exemplo mais flagrante da total incompetência destes organismos foi o da colocação dos radares em Lisboa. Colocaram-nos e passaram a responsabilidade para a polícia Municipal. Mas... esqueceram-se de reforçar o orçamento. Para quê mais orçamento? São só radares. O problema foi que as multas começaram a cair com tal cadência que a Polícia Municipal não tinha nem efectivos nem dinheiro para processar as multas ou pagar as franquias das notificações. Estou seguro que no dia em que avariarem (se não tiverem avariado já) não vai haver orçamento para os reparar. E se não vão multar ninguém, vão repará-los para quê?


Mas o facto de eles serem demasiado incompetentes hoje não significa que o serão amanhã (daqui a 10 anos, vá...) e meus amigos, eles que vão controlar a p**** da mãe deles.

Para por este plano em prática foi convenientemente criada uma entidade (SIEV) que trataria destes controlo. O mais curioso é que no decreto lei onde se define o que é o SIEV também se diz que esta entidade pode passar essa responsabilidade a terceiros. A terceiros? A uma entidade privada? Assim pelas boas?

Até me vou abster de tecer mais considerações acerca desta entidade ou da estranha coincidência de datas entre o anúncio e a criação da "empresa" que teria desenhado a solução. Mas se estiverem mesmo curiosos vejam este post onde estão alguns links interessantes acerca disto.

Agora que vão por portagens nas SCUTS isto é ouro sobre azul. Só que os cretinos esqueceram-se que a intenção da Brisa ou dos outros concessionários de não ter portageiros vai ser algo de quase impossível. Então e os estrangeiros? Não há carros de matrícula estrangeira a passar nas nossas SCUTs?
Se vão cobrar a Via do Infante quem é que paga as contas de portagem dos carros alugados aos turistas de fora de Portugal? As empresas de aluguer de automóveis?
Mais uma medida em cima do joelho, paga pelos contribuintes e absolutamente cheia de falhas.
A reacção em pânico nem os deixa pensar como deve ser. Uns estão doidos para despedir pessoas e os outros para controlar outras e dar um negócio aos amigalhaços. No meio, ninguém pensa nas consequências ou no facto de ser impraticável e correm a toda a velocidade contra uma parede.

A simples revogação desta parvoíce vai ser proposta na assembleia da República pela oposição e espero bem que esta lei seja deitada no caixote do lixo, queimada e espezinhada até não restar nada dela.
Um disparate destes além de ser extremamente duvidoso do ponto de vista da liberdade individual, não parece mais do que uma forma de dar um negócio a alguém, com um financiamento por parte dos automobilistas (uma vez mais).

Posso sugerir que façam implantes nos membros do governo e directores gerais para sabermos onde eles andam. E nem precisam de ser implantes muito miniaturizados, porque o sitio que eu estou a pensar para colocar o dito implante ainda tem algum espaço.