Much ado about nothing

Há um par de semanas atrás o Secretário de Estado do Desporto e da Juventude proferiu afirmações que têm sido caricaturadas, empoladas e ridicularizadas até à exaustão.
Como se o ridículo da situação não bastasse, o PCP queria ouvir o Ministro em audição parlamentar acerca das mesmas.

Quando não se tem nada que fazer inventa-se. Criam-se casos.

A demagogia bacoca e inconsequente desta gente é algo de bradar aos céus. Querer ouvir o ministro por causa destas declarações não é só demagógico. É imbecil e uma perfeita perda de tempo.

Acredito que os partidozecos de esquerda adorassem a audição. Estão sempre na linha da frente quando se trata de perder tempo com merdices. Já que só defendem utopias pelo menos chateiam.
Mas francamente, querer uma audição parlamentar de um ministro, nos dias que correm, com um país em estado de emergência insolvente porque um Secretário de Estado apelou ao arrojo dos jovens que estão no desemprego é no mínimo digno de um chapadão de mão cheia.

Acontece que eu não poderia estar mais de acordo com o Sec. de Estado até no que a mim diz respeito. Não foi uma nem duas vezes que disse aos meus filhos que a opção de ir trabalhar para o estrangeiro traz duas coisas: A visão de outros mundos e culturas e uma valorização óbvia neste país de pacóvios.

Pode ser-se bom cá, mas um medíocre que venha de fora parece ser sempre melhor aos olhos de muito boa gente.

De facto um jovem sem laços familiares (casamento, filhos) que permaneça no desemprego neste país quando podem existir excelentes oportunidades fora ou está acomodado ou pura e simplesmente não tem qualificações que sejam aceites fora do país.

Conheço diversos casos de jovens com formação superior que optou por sair do pais e não se arrepende nem um pouco. Mas não estamos a falar de cursinhos da treta que nem sequer deviam ser reconhecidos neste país, quanto mais no estrangeiro.
Estou a falar de um engenheiro mecânico, um de tecnologias de informação, e um dentista.
Os engenheiros foram para os EUA e o dentista foi para Inglaterra.

Em todos estes casos chegou uma altura em que se fartaram do emprego eventual e mal pago. Todos eles saíram há mais de 2 anos do país.
Conseguiram progredir profissionalmente lá fora e todos eles têm o reconhecimento dos seus pares como excelentes profissionais e fazem exactamente aquilo de que gostam com condições que cá não teriam.
Não assentaram praça em General, e partilhar casa e fazer alguns sacrifícios foi algo por que todos eles passaram.

Mas saíram da zona de conforto, incentivados pelos pais a dar um passo que podia ser decisivo nas suas vidas.

Não me parece nada de chocante, numa Europa em que existe livre circulação de pessoas e bens. Só parece chocar os palermitas do costume que se põem à saída da "escola" a gozar e apontar o dedo aos que passam.

Se o país em que estamos é escasso de oportunidades e miseravelmente gerido, como o foi durante as trampa de governos que foram os de Sócrates, a solução é ir para onde se é apreciado pelo CV, pelo mérito e pelo profissionalismo. Não onde se contrata baseado na simpatia partidária de um qualquer palerma numa empresa nacional.

Eu próprio , que já não sou  novo, estava 100% disposto a emigrar se o PS voltasse a ganhar as eleições. Pesquisei oportunidades e enviei CV's. Tinha duas hipóteses de escolha e estava determinado a fazê-lo.
Um país que elege a mesma porcaria 3 vezes é um país onde eu não estava disposto a viver mais.

Assim, percebo e apoio as declarações do Sec de Estado. é de longe preferível isso a termos uma geração de enrascados, sempre a lamentar-se e à espera que saia o novo iPhone ou o novo iPad para com o dinheirinho dos pais. Da geração que acha que a vida são concertos e festivais de Verão e que nada investiu no seu saber e conhecimento. Que tirou cursos inúteis porque foi preguiçoso demais para estudar no secundário acabando a licenciar-se em algo que há 30 anos nem se podia considerar um curso médio.

Saiam da zona de conforto. Mexam-se. Não há empregos cá? A alemanha está a recrutar técnicos superiores. Os EUA dão o Green Card a quem tenha habilitações numa série de áreas. O Canadá aceita emigrantes com formação superior.
Ou é melhor ficar em casa, sustentado pelos pais a lamentar-se que ninguém dá emprego porque isto está muito mau? Na esmagadora maioria dos casos eu sei qual é a resposta...