A blatant disregard for the truth
Portugal tentará financiar-se no mercado de dívida em 2 mil milhões de Euros.
Isto significa que há uma antecipação em cerca de 6 meses em relação ao previsto para este acontecimento.
E é possível por várias razões.
Tem sido constante o elogia da comunidade internacional em relação ao esforço de consolidação feito pelo Governo Português.
Com esforço e sacrifício, é certo, mas conseguido de forma que os nossos parceiros e potenciais financiadores olham hoje para Portugal como um país cumpridor ao contrário da imagem Grega que é a de um país que mente, que adia reformas e que é fundamentalmente um país sem credibilidade.
Esta mudança de imagem não é uma novidade. E o silêncio do Governo (internamente) relativamente a este reconhecimento e ao trabalho de bastidor não é um acaso.
Ao demonstrar repetidamente o seu empenhamento e qualidade na gestão das destruídas finanças públicas, Portugal foi ganhando legitimidade para pedir uma série de coisas.
O momento de as pedir seria obviamente quando fossemos dignos de confiança. Nunca antes disso. E o Governo Português assim o fez.
Pediu agora o prolongamento de prazos de alguns empréstimos de maturidades mais altas sem dar um sinal aos mercados de que o faz porque não pode pagar. Tem agora a legitimidade de pedir isto cavalgando nas repetidas declarações de representantes de entidades internacionais sobre o perigo da austeridade excessiva. Agora pode dizer a estas mesmas entidades "vamos então apostar no renascimento da economia. Mas pera isso precisamos da vossa ajuda. Ponham lá o dinheiro onde andaram a por a boca..."
Curiosamente este pedido de prolongamento não teve efeitos perniciosos nas taxas de juro. Na verdade todas elas caíram hoje apesar do anúncio. Até a taxa de 10 anos desceu aos 5.888% como se pode ver por dados do Blooomberg.com.
PORTUGUESE GOVERNMENT BONDS 2YR NOTE PORTUGAL PL 3.274%
PORTUGUESE GOVERNMENT BONDS 5YR NOTE PORTUGAL PL 4.940%
PORTUGUESE GOVERNMENT BONDS 10YR NOTE PORTUGAL PL 5.888%
O que isto quer dizer, entre outras coisas, é que Portugal poderá pensar em financiar-se sem depender das tranches de ajuda do FMI, recuperando alguma da sua soberania económica e dando um sinal claro que o plano de ajuda deverá acabar quando estava planeado.
E é aqui que os sarnosos socialistas tentam capitalizar algum deste sucesso. Com uma campanha absolutamente mentirosa, afirmando que era isto que eles andavam a defender.
Ora não era. Era quase o oposto.
O que o PS defendia era que se negociasse com a Troika um prolongamento do plano de ajuda, fosse por abrandamento dos valores do deficit, fosse pelo empréstimo de mais dinheiro.
Either way, a Troika acabaria por ficar mais tempo a impor medidas de contrapartida. E isso adiaria anda mais a possibilidade de financiamento no mercado aberto.
A não ser que o PS pense que ao declarar a sua incapacidade para cumprir as metas teria como prémio um abaixamento das taxas de juro. Se o PS pensa isto ou é um partido constitído por burros ou por aldrabões. Tenho para mim que tem muito das duas coisas e no caso de Zorrinho e Seguro eles conseguem ser burros aldrabões. Fazem um lindo par.
Apesar de não ter dito que isto era um desastre (ir aos mercados antecipadamente) tentam pelo menos apropriar-se do mérito do acontecimento. Mérito que obviamente não lhes cabe nem sequer parcialmente. Eles pura e simplesmente não defendiam isto. Eles pura e simplesmente não acreditavam nisto.
A esquerda anacrónica ainda faz pior. Em vez de comentar o evento em si, preferem dizer que a política de austeridade vai continuar e como tal isto é um embuste.
Eu não consigo perceber se eles estão chateados porque os seus vaticínios catastrofistas têm caido por terra ou se é por perceberem que uma coisa destas pode dar um novo fôlego ao Governo que tanto detestam. A verdade é que eles adoram cenários de catástrofe. Passam a vida a predizer coisas que não acontecem. Entre outras as suas estrondosas vitórias eleitorais.
Mas deixemos estas pobres almas com a sua própria estupidez e falemos antes dos media.
O mais certo é que comece agora uma campanha organizada de minimização da importância deste dia.
Iremos assistir a mais um chorrilho de "peças" jornalísticas sobre todos os casos das vítimas da crise. Tem vindo a aumentar e é perfeitamente previsível que aumente ainda mais.
A par com os títulos manipulados a la Expresso em que um elogio de Hollande é transformado numa condenação, iremos ter de tudo. Estou desejando ver o Expresso da meia noite com o eminente "especialista" em economia Nicolau Santos. O que terá a luminária do lacinho para dizer? Que tal trazer o "falso homem da ONU" para comentar o evento?
De alguma forma isto é uma prova de que o sacrifício tem servido para alguma coisa. Quase se bateu no fundo mas há um reconhecimento que Portugal é um país confiável. E ao contrário da visão que se tinha do país nas mãos do PS, aparentemente com este executivo recuperamos alguma da nossa credibilidade.
Vamos ver é se a linha descendente começa a transformar-se numa linha ascendente, ainda que de pequeno declive. Um sinal de rebound faria mais pela nossa confiança e auto estima do que qualquer outra coisa que possamos imaginar. Deus queira que assim seja.
Quanto à oposição que rabeia como um lacrau no fogo, que lhes doa. Que lhes doa mesmo muito.