Os anjinhos...

No seguimento da auditoria feita pelo Min da Justiça ao sistema de Apoio Judiciário foram revelados fortes indícios de declarações fraudulentas de serviços prestados.

Isto quer dizer, a provar-se as incorrecções detectadas,  que houve advogados a receber ou pretender receber verbas do Estado por serviços que não fizeram.

Houve uma altura em que esses honorários eram definidos pelo magistrado que em primeira mão assistia á performance do advogado oficioso em tribunal.
Muitas das vezes não passava de um mero "peço justiça" quer pela impreparação quer pela forma ligeira com que vêm muitas dessas "defesas". Se existe uma justiça para pobres e para ricos é precisamente porque muito pouco se pode esperar de um advogado oficioso. E precisa de um advogado oficioso quem não tem meios de pagar um advogado "a sério".

Desde há algum tempo que os valores pagos saíram de fora da alçada do tribunal. Pasosu a ser uma coisa entre o Ministério e os advogados.

E asssiste-se ao ridículo  de um advogado ser muito melhor pago do que qualquer interveniente num processo, mesmo que não tenha feito praticamente nada.
Como todos os portugueses, os advogados têm no seu seio  gente desonesta e gente que não o é. E os que o são, cedo devem ter percebido que o controlo exercido sobre as suas "declarações" deveria ser próximo do zero.
Assim, descobriram uma maneira de juntar uns cobres ao seu rendimento declarando actos que nem sequer realizaram. Não são todos, mas são alguns a fazê-lo seguramente.

Como classe profissional, os advogados, deveriam pugnar para que fossem removidos do seu seio os desonestos. Não só dão mau nome à classe como um todo, como são desonestos.
Ser desonesto é ,neste caso particular, receber dinheiro público por serviços não prestados.

Acontece que a reacção aos resultados desta auditoria foi imediato. E o pior possível.
Pedem a demissão da ministra. Se o ridiculo matasse a manifestação que estão a planear para sexta feira não teria ninguém.
Num documento que vão entregar no Ministério da Justiça e a que o PÚBLICO teve acesso, os advogados consideram grave a actuação da actual ministra e pedem a sua substituição “por uma pessoa com perfil mais adequado para o cargo”.
O que é que entendem por "perfil mais adequado"? Alguém que não mande averiguar da justeza dos pagamentos ou alguém que perante indícios de fraude se cale? É este o perfil que desejam? Ou alguém como o bastonário em que muitos terão votado? Que passa a vida a falar das "corporações" e que tem uma atitude totalmente "corporativista" perante indícios que o deveriam fazer pensar se não é altura de limpar a classe em vez de se limitar a evitar que muitos acedam a ela?

Das duas uma. Ou são alguns que têm rabos de palha, ou são estúpidos como pedras e estão a servir os interesses dos que são desonestos e nunca deveriam ser desculpados antes de o processo de "explicações" chegar ao fim.

Isto só vem acrescentar mais desconfiança acerca da forma como durante anos têm usado o sistema para nalguns casos se aproveitarem das suas lacunas.

Chamar aos resultados de uma auditoria difamação é chegar ao ponto mais baixo de defesa de alguém que não a tem. É exactamente aquilo que os criminosos invocam quando alguém os denuncia - Isaltino, Valentim Loureiro, Duarte Lima etc etc.

Pelos vistos em vez de tentar resolver os problemas que têm preferem manter os status quo e apontar as baterias a quem encontra coisas a corrigir.
Os meus parabéns Srs. Advogados.
Quando se arrastaram os magistrados pela lama, com acusações e desinformação constante, potenciada pelas declarações dementes do Bastonário, sempre os magistrados se mostraram dispostos a resolver os problemas existentes e a lutar por uma magistratura de maior qualidade.
O dever de reserva impediu-os de fazer espalhafato mas sobretudo de se defender.

Agora que acontece isto com os advogados, berram "difamação" pedem a cabeça da ministra e portam-se como uma corja acéfala que mais parece determinada em proteger "esta forma de fazer as coisas " do que em resolver os problemas existentes na classe.

O prestígio da classe já não é brilhante. Mais ainda para aqueles que tiveram o azar de ter advogados incompetentes nos seus processos que fizeram com que os tivessem perdido. Alguns deles por pura e grosseira incompetência.
Juntem a isso uma berraria por terem sido descobertas fraudes cometidas por alguns.
Fica o retrato completo.