Mas que povo é este?
De facto a única coisa com que os Portugueses parecem pensar é com o bolso. Se o sr. A lhe dá alguma coisa (paga com o dinheiro deles) o sr. A é um gajo porreiro. Se o sr. B tem de repor o que o sr. A gastou, então o sr. B é um monstro.
E tudo está bem para esta gente desde que sejam os outros a sofrer. Pode ser o vizinho, o colega ou alguém que não se conhece, de preferência um administrador de qualquer coisa. Desde que os sacrifícios sejam feitos por outros, estamos bem.
Quando nos toca a nós, já tudo são direitos, já todo o subsídio tem justificação. Já tudo é merecido.
Infelizmente na maior parte dos casos não o é. E infelizmente muito poucos percebem que o que Sócrates "deu" foi uma migalha do que lhes tirou.
Nem sequer dão ouvidos aos pormenores. A maior parte dos anúncios de grandes medidas não foi mais que uma farsa. Nem sequer se dão conta que desde o fim do primeiro governo que a "máquina" entrou em roda livre. Gastou-se por ajuste directo, renegociaram-se contratos com empresas "amigas" que foram ruinosos para o país. Não percebem que todos os PECs eram consumidos a maior velocidade do que eram implementados.
As pessoas esquecem-se e com a sua natural mania de olhar apenas para o que os afecta, acham agora que tudo é culpa de quem tenta compor as coisas.
Andaram anos a cavalgar uma situação impossível. Será que ninguém se lembrou de pensar como é que um país era viável, destruindo todos os seus sectores produtivos e importando tudo o que consome? Alguém se perguntou de onde raio vinha o dinheiro?
Será que alguém percebeu que esta espiral de crédito louco, em que muitos comprometeram todos os seus rendimentos, tinha de ter um fim?
A julgar pelo que vejo escrito em comentários e blogs, parece que ninguém entendeu. E agora que muitos se vêm a braços com a impossibilidade de pagar a casa, o carro e as férias, voltam-se enraivecidos para um 1º ministro e para um governo que é OBRIGADO e por o deficit em 4.5% em 2012 porque o anterior assim assinou o documento que lhe permitiu pagar salários no mês de Junho a toda a função pública.
Desbastar todos os vícios que se criaram na administração pública com Sócrates e Guterres não se consegue fazer num ano. Todos os dias veem à baila "empresas" que se criaram para gerir o Estado como se de uma coutada privada se tratasse. Salários, mordomias e gastos impensáveis, todos assegurados pela coisa pública. Aquilo que nos tiram do salário e de muitos outros impostos mês após mês.
Esta gente não vai querer abandonar este modo de vida com toda a facilidade. Vai lutar, berrar e agarrar-se à ombreira da porta com unhas e dentes. Vão descobrir-se buracos de milhões, quase como se descobriu a opulência de ditadores quando eles foram postos fora do poder.
Se o nosso queixo caiu, ainda vai cair mais.
Mas com isto tudo há uma coisa que não suporto: aqueles que votam em quem mais dinheiro lhes põe no bolso.
Isso para mim não passa de uma venda daquele que é um direito que devia ser exercido de forma consciente. Quanto a isso estamos falados.
Agradeço a todos os que votaram para tirar Sócrates do poder só porque estavam zangados por ele ter destruído a economia. Mas por favor acordem. É que não sabiam da missa a metade. Se ele precisou de pedir 78 mil milhões emprestados, quem pensavam que ia pagar a factura? Ele?
Não meus amigos, somos nós. E isso significa que vamos ficar mais pobres, que vamos ter de fazer os sacrifícios que queríamos que fossem os outros a fazer.
Para quem trabalha no privado e pensa que a incompetência só existe no público e deve ser castigada, desenganem-se. Incompetência, ligeireza e faz de conta é coisa que não falta no privado.
Uma esmagadora parte dos "gestores" deste país são apenas competentes em tentar manter o lugar. Não chegaram lá por mérito ou qualidade. Chegaram lá porque era uma forma de serem aumentados por um chefe que gostava deles.
Na verdade é como um cargo de confiança política. Só se chega se o chefe gostar de nós e sobretudo se não se fizer falta a fazer nada mais. As avaliações? Bem essas são e sempre foram uma farsa digna de riso, não fora o número de vidas que toca e o número de frustrações que causa.
O privado está cheio de péssimos elementos. Estranhamente quem é "dispensado" são os outros. É que uma das vantagens de ser chefinho é que se tem a possibilidade de dizer quem sai e quem fica.
Para os que estão no público e estão muito chateados com isto, lembrem-se que por muito calões, incompetentes e com falta de brio que possam ser, têm sempre o lugar garantido. E não duvidem, que há muito calão muito incompetente e muita falta de brio no público.
Mas agora podem descansar, porque desde que lambam as botas ao chefe ou sejam da mesma cor política, a "avaliação" assegurará um futuro menos negro.
Sabem a quem agradecer tudo isto. A um engenheiro de faz de conta que está no exílio a fingir que se torna num homem de cultura.