Ser desonesto em 85 palavras

"Como não sabe, pretende ser um bom aluno dos mandantes da Europa, esperando deles, compreensão e consideração. Genuína ingenuidade! Com tudo isto, passou de bom aluno, para lacaio da senhora Merkel e do senhor Sarkhozy, quando precisávamos, não de um bom aluno, mas de um Mestre, de um Líder, com uma Ideia e um Projecto para Portugal. O Senhor, ao desistir da Economia, desistiu de Portugal! Foi o coveiro da nossa independência. Hoje, é, apenas, o Gauleiter de Berlim.
Demita-se, senhor primeiro-ministro, antes que seja o Povo a demiti-lo."
Nicolau Santos em Expresso
Aborrece-me quando alguém tenta distorcer ou omitir informação para afirmar os seus pontos de vista. E isso aborrece-me independentemente da cor política ou clubística (que cada vez mais penso que é exactamente a mesma coisa)
Não suporto aquelas coisas típicas manipuladas para defender um determinado ponto de vista.
recentemente vi duas. Uma delas um suposto screen capture da FoxNews usada para fazer os Americanos parecer estúpidos. Toulouse estava escrito como Toolooz nas Balcãs, o 1º ministro francês estava trocado pelo ministro do Interior e o assassino de Toulouse era Budista.
Uma pesquisa minimamente aturada revelaria que era uma montagem. Era o primeiro resultado no Google se procurássemos por Toolooz.

A outra era uma comparação entre custos de portagem de um Land Rover Defender com reboque (que seria classe 4) e um Porsche Cayenne com um reboque de um barco que supostamente seria classe 2. Assim o pobre do "agricultor" é agravado com custos insanos de portagem enquanto o "rico" do Porsche passeia o seu barco a custo reduzido.
Isto lixa-me de sobremaneira e faz-me perder completamente o respeito por quem afixa estas coisas sem sequer se dar ao trabalho de verificar da sua veracidade. Uma consulta ao site da Brisa revelaria imediatamente que os dois carros são classe 2 sem reboque e os dois são classe 4 com reboque.

O objectivo é obviamente acicatar o leitor incauto e sem sentido critico contra os "ricos" que andam de Porsche rebocando barcos de recreio com o conluio das "grandes empresas" e dos governos.
Em suma uma atitude de merda para quem critica os outros de fazer o mesmo.

O mesmo se passa com o excerto do artigo em cima da autoria do inenarrável Nicolau Santos. E eminência parda de lacinho ou é parvo ou é desonesto. Ou as duas coisas.

Se custa a perceber a alguém que a situação que se criou nos últimos 15 anos e em especial desde 2005, levará anos a reverter então é porque esse alguém é uma besta.
Não é possível virar o rumo do desaire económico de um país em banca rota num espaço de 12 meses. Se fosse o plano de ajuda não seria a 3 anos. Seria a 1.

É óbvio também que os efeitos perniciosos na economia se fazem sentir diferidos no tempo, tal como a retoma leva algum tempo a acontecer. Isto é básico para quem quer analisar com honestidade os fenómenos económicos.

É óbvio também que se um país está a pedir uma esmola para não morrer à fome, terá de seguir detalhadamente as condições de quem empresta. Não é por acaso que o dinheiro vem em tranches depois de avaliações periódicas de desempenho. Talvez para evitar que gente da laia dum Sócrates se apanhe com a "massa" nas mãos e falte completamente ao prometido.

Assim, a subordinação às condições do emprestador é inevitável. Pouco importa andar a proclamar orgulho nacional e auto determinação nas decisões se a grilheta da dívida não nos deixa respirar. Chamar Gauleiter a quem, debaixo destas condições completamente indesejáveis, se vê forçado a cumprir o que prometeu é desonesto e completamente demagógico.

O Sr. Nicolau Santos e muitos milhões de portugueses deviam estar reconhecidamente agradecidos à Alemanha e aos outros parceiros por haver alguém que ainda nos empreste dinheiro e não nos deixe num estado Albanês pré queda do muro de Berlim. Nós recebemos uma esmola para poder pagar salários da função pública e para poder manter o país em funcionamento sem cair no caos absoluto.

Foi Passos Coelho que o fez mas Sócrates ou outro qualquer teria de o fazer na mesma. Se não o fizesse o incumprimento de metas parciais ditaria o fechar da torneira. Com a consequente desconfiança dos mercados internacionais e um agravamento dos yelds da dívida soberana. Colapso.
Basta ver o que aconteceu com a Grécia e com o 1º plano.

Apesar de todo os os indicadores (desemprego, recessão, inflação) sofrerem com isto é hoje possível a Portugal colocar dívida soberana no mercado a um juro muito semelhante ao da Espanha durante esta semana. A confiança na boa orientação do país tem este resultado prático. E nestes casos a percepção conta muitíssimo. E nós estamos debaixo de um plano de ajuda e a Espanha não está.
Tal como a percepção conta no caso do Nicolau que apesar de para alguns ser um jornalista medíocre é percebido por outros como sendo um personagem de alguma qualidade. Não aparece na televisão porque é famoso. É famoso porque aparece na televisão, tal como os concorrentes do Big Brother ou da Casa dos Segredos. E não sei se não prefiro ver um desses concorrentes a fazer figura de parvo do que ver o Nicolau a tentar fazer figura de inteligente.

Há sempre gente que acha que faria melhor. Mas o facto é que essa gente ou não tem tomates ou estatura para se lançar a essas tarefas ou no caso de muitos já as desempenhou e fez um trabalhinho de limpar as mãos à parede.

Talvez Nicolau não tenha reparado que a base de apoio deste Governo é surpreendentemente alta. Surpreendentemente porque ouvimos nos media um constante matraquear (muito semelhante às sondagens antes das legislativas) que pintam um retrato radicalmente diferente daquele que é a opinião de muitos portugueses.

E o problema está precisamente nas pessoas por detrás desse ruído de fundo. Têm acesso aos media e têm uma agenda muito pessoal com contas a ajustar.
Nicolau e o seu parceiro Costa, Marques Lopes e o seu anti Passismo, Clara Ferreira Alves e o seu constante saltitar de lugares de confiança mais ou menos política, Daniel Oliveira e a sua lobotomia trotskista etc etc etc.
São muitos, são todos iguais e são todos intelectualmente desonestos.

Querer assacar responsabilidades de um desemprego de 15% a um governo que recebe um país em ruptura e com o desemprego nos 12% é desonesto. Assacar responsabilidades de uma recessão de 3.3% a um governo que se vê confrontado a reduzir um deficit de mais de 9% para menos de 4.5% num ano é desonesto.
A não ser que pensassem que a vidinha continuava toda igual e que alguém is pagar o esforço desse brutal ajustamento.
Eu lembro-me bem do que Passos disse. Íamos passar mal. A sério. Não enganou ninguém.

O problema é que o tuga acha que se não estamos na merda então devíamos estar lindamente.  Mas o problema das expectativas de cada um devia ficar consigo em vez de se tornar numa espécie de verdade insofismável. O tal "fazer" opinião. Que ao ser na maior parte das vezes uma opinião de merda vale o que vale.

Muitas coisas nunca serão como dantes.
A loucura da compra das casas, dos carros, das férias e semelhantes, acabou.
Nunca devia ter começado. Meteu milhares de famílias num buraco donde vão levar anos a sair. Meteram-se por deslumbramento, má gestão financeira ou por pura ânsia de parecer aquilo que não são.
Vai continuar a haver ricos e vai continuar a existir uma série de gente que gosta de "privar" com eles.

Mas há uma coisa que não vai ser igual. Nunca mais este povo olhará para Sócrates com os olhos com que o viu em 2005. Nunca mais se vai olhar para Constâncio como um economista capaz, ou para Teixeira dos Santos como um académico de nome.
Enquanto um será visto por muitos como um mero chico esperto com laivos de criminoso, os outros serão vistos como capachos do 1º.
O que tudo isto revela também é a forma despudorada como muitos jornalistas e opinadores, outrora supostamente imparciais, são vistos nos dias que correm.
Lacaios de uma certa cor, críticos gratuitos de tudo o que não seja feito pelos "seus amigos" e muito pouco éticos.
Lá tinham de juntar à falta de qualidade no que dizem e no que escrevem mais uma falhazinha de carácter. Ser uns merdas.