Os defensores do erário público

Médicos internos são assediados por empresas privadas de prestação de serviços ainda durante a formação

De vez em quando, infelizmente com demasiada frequência deparamo-nos com a estupidez nacional concentrada numa pessoa.
Ao ler esta notícia dei com o seguinte comentário:

Se os médicos querem ter direito a irem para o privado que vão estudar para o privado, paguem as repectivas propinas (caríssimas) e paguem do seu bolso os custos da associados à sua especialização!... Não usem o é o erário público quando lhes interessa (para obter benefícios) e depois quando se trata de tirar dividendos invoquem o direito de ser privados!... Se querem um sistema liberal selvagem então que seja para os direitos e deveres!

Fico cada vez mais triste em perceber que o miserável sistema de educação português veio produzindo ao longo dos anos uma horda de ignorantes e com sistemas de valores completamente distorcidos

Este individuo defende uma segregação no ensino dependendo do exercício da profissão se realizar no sector privado ou no sector público.
Claro que depois vem à baila a ideia de que são eles e ELES apenas que contribuem para os cofres do Estado.
Na verdade se a burrice pagasse imposto seriam seguramente eles a representar uma parte significativa da receita fiscal, mas infelizmente não é assim.

Um médico que precisa de 18.5 para entrar, que passa 6 anos a "marrar" e mais uns quanto a fazer a especialidade teria, segundo este indivíduo, de ficar permanentemente ligado ao sector público para pagar a sua formação. E como? Recebendo menos do que poderia receber no sector privado. Assim o diferencial de salário de toda uma vida, acabaria por pagar o FAVOR que o estado lhe fez em o deixar ser médico. O favor de o deixar entrar para o curso com apenas 18.5 e o favor de o obrigar a fazer uma formação de 20 anos ou mais para ser um profissional competente.

De facto eu nasci num país de idiotas. E não era assim quando eu era moço. Dantes as pessoas tinham vergonha de emitir opiniões que as fizessem passar por estúpidos. Mas agora parece que não.

O inacreditável disto é que todos os dias ouvimos perfeitas nulidades a apontar o que devia ser proibido e não devia, como se devia fazer isto ou aquilo sem fazerem a mais pálida ideia de como as coisas funcionam ou de como é complicado fazê-lo.

Não sou médico nem tenho ninguém na familia directa que o seja. Mas tenho amigos que fiz ao longo da vida e especialmente enquanto estudava e sei a diferença de dedicação e esforço que era necessário para que tivessem boas notas no curso. Para poderem aceder à especialidade que queriam. Vi-os fazer o internato e os bancos de urgência, vi-os fazer a especialidade e a dedicação necessária para isso.
E agora que estão nos 40 e tal, finalmente puderam ter alternativas válidas na medicina privada com substanciais ganhos de salário. Seria absolutamente inacreditável estar agora a dizer, e AGORA porque aparece uma notícia, que por se terem formado no ensino público nunca poderiam ir para o privado.
Depois de tudo o que tiveram de fazer para acabar o seu curso e ter uma carreira, tinham agora que limitar-se à escolha que os frustrados e os idiotas destes país pensaram em 5 minutos enquanto liam um artigo de jornal.

O que é realmente aterrador é que dentro de pouco tempo teremos uma esmagadora maioria de gente assim. Amarga com o que os outros têm, preferindo mandar os outros abaixo em vez de tentar subir.
E vão ser eles a gerir os destinos deste país.
Acham que é por acaso que não há um plano estratégico para este país?
Acham que é por acaso que os nossos governantes tomam estas decisões isoladas e sem perceber dos efeitos colaterais que possam causar?

O George Carlin estava forrado de razão...