Agora é que é. O País vai extinguir-se

Hoje 1º dia do Verão e inicio do período de fogos, é anunciada a demissão de pelo menos 6 governadores civis.

De 18 vão-se já embora 6. E um deles, o de Lisboa, deixou bem claro que sem a sua presença, ou de um sucessor vai ser o caos. Entre outras coisas os Governadores Civis (ou será que são os Governos Civis) fazem, nas palavras do demissionário, as seguintes coisas:
“apresentam uma sustentabilidade financeira invejável, com capacidade de gerar receitas próprias para o funcionamento dos serviços prestados aos cidadãos, para apoiar as forças de segurança e contribuir para o equipamento dos bombeiros voluntários de cada distrito”
Geram receitas próprias! Fascinante. Se calhar é melhor ler o decreto lei em que 40% das coimas revertem para o Governo Civil e 60% para a adm. central. Sugeria que repensasse melhor esse conceito de "gerar receitas próprias". Deve ser o único serviço público do país que gasta apenas o que "factura". E eu que não sabia que havia tanta gente a pedir passaportes...

Para o sr. Governador Civil fica um pequeno exercício. Se as coimas continuarem a existir e 100 por cento da receita reverter para a administração central poupando o seu salário, mais as despesas de representação mais o subsidio de deslocação mais o subsidio de reintegração talvez se poupe algum dinheirinho para pagar a um funcionário público (ou mais) que trabalhe de facto 8 horas e que faz falta numa qualquer repartição de finanças, ou para um médico do SNS numa localidade que não tem um.
O que lhe parece este exercício? Eu diria que esta hipótese está mais em linha com o Estado Social que tão briosamente o PS defendeu na campanha eleitoral.
Para lhe ser franco prefiro um médico do SNS do que um tipo que planeia o que fazer em caso de sismo. Sobretudo porque doentes há às carradas e o ultimo sismo sério que houve em Lisboa foi em 1755 e um outro em 1969 mas mais pequenino.

Apoia as forças de segurança e os bombeiros voluntários dos respectivos distritos.

Quanto aos bombeiros não devem ajudar que chegue porque os pobres passam a vida a fazer peditórios e angariações de fundos. Quanto ás forças de segurança o papel de apoio também não deve ser grande coisa porque nem podem fazer uma perseguição policial sob pena de baterem com o carro e terem de pagar o arranjo. Quanto ás receitas próprias gostava de saber quais são as dotações orçamentais do Estado para sustentar os Governos Civis, só para confirmar que afinal quem gera as receitas somos nós... como em tudo o que é publico e deficitário neste país.
Mas a pérola é mesmo isto
“Acresce que, no caso do distrito de Lisboa, os cidadãos estão confrontados com um risco sísmico, por vezes negligenciado, que exige um trabalho de planeamento, de preparação e de criação de rotinas de acção com uma dimensão supra-municipal”.
Eu que não dormia descansado com o risco sísmico fico muito mais sossegado por saber que temos este homem a planear de forma supra municipal a forma de mitigar os problemas de um sismo em Lisboa.

Com isto e o risco de bombas em eventuais pontes que liguem Lisboa a um Aeroporto na margem Sul (imbecilidade épica de Almeida Santos), percebemos agora que há toda uma elite neste país a pensar na nossa segurança. Mesmo que pareça que beberam uns copos a mais e estejam claramente a alucinar.
Eles estão apenas a planear os cenários mais loucos de catástrofe. Não sei como raio de safa o Japão ou a Turquia sem eles.

Noutro caso, o de Viseu, o Governo Civil estabelece "pontes" entre outras entidades do distrito. Talvez se partilhasse os números de telefone dessas entidades, a coisa se resolvesse sem a sua presença. Ou então ponha apenas umas tábuas para as entidades passarem sem molhar os pés.

A necessidade de pontes na cidade parece ser um problema da Câmara Municipal que devia mandar limpar as sarjetas. E só deve acontecer no Inverno, digo eu...

Mas grave mesmo é que vai haver incêndios e nós bem sabemos o papel fulcral que os Governos Civis têm tido ao conter o fenómeno a níveis quase insignificantes.
Caso por exemplo do Governo Civil de Castelo Branco ou de Faro. Não fosse isso, o Algarve a a Beira Baixa não teriam uma árvore por arder.

Porque é que numa era em que a comunicação é imediata e um organismo num distrito qualquer pode receber do governo central uma qualquer comunicação à velocidade da luz ainda existem estruturas inúteis que pouco mais serviço prestam do que emitir passaportes e receber pedidos para fazer "manifs"?

Se a única argumentação que têm para apresentar é esta, é caso para dizer que não só são inúteis como não são lá muito dotados intelectualmente. Esta é a argumentação de um simplório de bairro.
Parecem completamente à rasca para justificar a sua própria existência.

A pergunta pertinente é: Se forem extintos os governos Civis, o que é que os cidadãos do distrito vão notar? Na minha opinião nada.
Eu nem sequer sabia quem era o Governador Civil de Lisboa nem faço ideia do que é que ele faz.

Representa o Estado no distrito? Na cidade onde o governo tem sede?

Fica aqui o meu apelo aos outros 12: Hei pessoal, estão à espera de quê?

Com estas atribuições (Governos Civis - Atribuições, constituição etc etc) eu diria que um Governo Civil é verdadeiramente um peso morto. Gostei particularmente do ponto em que se atribui 20% de subsidio sobre o salário se o Governador Civil residir a mais de 30Km do Governo Civil. As atribuições pouco mais são que uma página mas tudo o resto são 4.
O receber requerimentos para os mandar para a administração central deve estar um bocado em causa com esta "novidade" da Internet, não?

O detalhe do Facebook também é curioso...
Exmo. Senhor
Ministro da Administração Interna
Dr.Miguel Macedo

Lisboa, 20 de Junho de 2011
 Sr. Governador Civil... O ministro tomou posse a 21 (hoje) e até à tomada de posse  o ministro era o seu camarada Rui Pereira. Se estava a contar com o atraso dos CTT, por o post no Facebook é no mínimo prematuro...