Impossível agradar a todos

TGV: Portugal entrega projeto nas próximas semanas 

Era esta uma notícia no Expresso Online de hoje. Lido assim às pressas e sem ler o resto do artigo lá vem a ladaínha do "são todos iguais" "só as moscas é que mudam" etc etc.

Na verdade o Ministro da Economia tinha declarado que o TGV só fazia sentido se fosse repensado. Se assentasse a sua razão de ser na aproximação dos portos portugueses, especialmente Sines que é um dos que tem maior potencial por explorar, das mercadorias de e para a Europa.

E a 1ª coisa que ouvi de alguém que leu esta notícia era a ideia de que tudo afinal seria igual.
Só que parece que não é e se revela bastante coerente com as palavras de Álvaro Pereira.

O Eixo Porto -Vigo deixou de ser contemplado. E a aposta na ligação com os nossos portos parece fazer parte do plano
Os participantes do seminário puderam perceber como a aposta de Alta Velocidade portuguesa irá servir os portos de Sines, Setúbal e Lisboa, e Aveiro via Salamanca, deixando, pelo menos para já, fora desta rede europeia Leixões e Viana.
Afinal a tal aposta nos portos sempre se confirma. O reajuste do plano para poder usar os fundos comunitários numa rede que transporte mercadorias e certamente passageiros em vez de apenas passageiros parece estar na calha para ser aprovada.

Por uma questão de sensatez era óbivo que a opção de TGV só para passageiros iria ser altamente deficitária. Imagino que seria muito pouco possível concorrer em preço com o avião no trajecto Lisboa Madrid. Tal como aconteceu em Espanha em que foram encerradas linhas de TGV no Verão, cá iríamos ter comboios às moscas e não estamos em condições de suportar mais serviços deficitários quando os serviços públicos que temos já estão em risco.

O que me surpreende é que se queira comparar isto com as manias de novo rico dos governos de Sócrates. Uma ligação de mercadorias a Espanha pode ser fundamental para potenciar os nossos portos de mar. Imagino que possa ser rentável fazer passar mercadorias espanholas para exportação pelos nossos portos de Sines, Setúbal ou Lisboa em vez de optar pelos portos espanhões do Mediterrâneo ou do Cantábrico. Ou mesmo do Atlantico.

Uma coisa é certa: Esta notícia é absolutamente coerente com as afirmações de A. Pereira de há uns meses.
Pode discordar-se de todo da existência do TGV seja para mercadorias seja para passageiros. Mas sem ele, potenciar os portos torna-se difícil e, tanto quanto sei, o facto de sermos um país virado ao mar com portos em excelentes condições pode ser um factor importante para o nosso desenvolvimento económico e para a criação de uns "quantos" postos de trabalho.

Quanto a outros grandes empreendimentos já não estou tão seguro. O caso do novo aeroporto já é bem mais difícil de defender. Não só temos um ainda não saturado (apesar das vozes insistentes de iminente saturação) e cuja esperança de vida se afigura longa. Ou não tivesse a crise e o preço do petróleo um impacto directo no transporte aéreo.