Louçã, el bimbo

O Bloco vai perder o seu porta voz.

O bloco com a sua patética filosofia igualitária nem se atreve a chamar os nomes às coisas. O que seria um Secretário Geral ou um Presidente do partido é, para eles, o porta voz ou um coordenador.

E o porta voz vai-se embora. Louçã não precisa do Bloco para nada. Tem o seu emprego de professor universitário, os seus hábitos burgueses o seu PPR e os seus confortos. Já lutou que chegue pelos "trabalhadores". A luta já é suficiente. Irá agora descansar por uns tempos, esperar que o radicalismo bacoco que o afasta de mais altos voos se esbata, para regressar dentro de algum tempo, reabilitado, cheio de prestígio e de saber, num cargo qualquer de nomeação política.

Não sei se planeia sair do Parlamento, mas nada se perderia se assim fosse. A sua conversa vazia, o seu jeito insuportavelmente trocista não faz grande falta numa assembleia cheia de deputados que também não fazem falta nenhuma.

Mas em jeito das grandes ditaduras comunistas, Louçã propõe a sucessão. E dá nomes para ela. Junto com a ideia perfeitamente inovadora de uma liderança bicéfala.

Deve ser mais um dos tais casos em que Louçã se acha muito inovador. Como se o facto de se ter um homem e uma mulher como líderes do partido significasse que o partido pudesse chegar mais perto da população.

Patético, presunçoso e muito mas mesmo muito semelhante ao que se passa com a sucessão dinástica de grandes "democracias" comunistas.

Claro que outros bem colocados numa possível sucessão já começam a inquietar-se e a dizer que existem outras soluções para a liderança. Claro que há. É no mínimo estranho que um lider que sai aponte nomes para os que devem entrar e ao mesmo tempo se arrogue de um enorme sentido democrático.
Coisa que de facto o BE não é nem nunca será.
Estes deslizes radicais já eram raros por parte desta extrema esquerda reciclada com pele de cordeiro, mas pelos vistos os velhos hábitos nunca se perdem. Louçã não conseguiu resistir à tentação de apontar aqueles que levarão a chama do socialismo após a sua saída.

O Bloco desaparecerá. O Bloco chegou onde chegou porque a dada altura se começou a dar ouvidos ao integro "papa" da extrema esquerda e se começou a dar-lhe atenção. Muito mais atenção do que o seu peso eleitoral poderia merecer.


Quem não se lembra da forma como os media levaram ao colo o BE por oposição ao PCP? Quem não se lembra da tentativa de elevação do BE ao 3º lugar no ranking de forças políticas portuguesas, relegando para lugares menores o CDS e o PCP?

O discurso de Louçã enche o ouvido. É demagógico, utópico e irrealista. Promete o impossível e discute as questões alheando-se sempre da realidade. É o partido das soluções perfeitas para problemas inexistentes e das soluções ridículas para os problemas que existem.
É o partido que tudo quer financiar com impostos especiais sobre a bolsa, os bancos e os ricos. A santíssima trindade do dinheiro fácil.

Mas Louçã é um verme. Sempre o foi e sempre o será. Tem cara de verme, tem discurso de verme e tem comportamento de verme. O seu controlo total num partido que não era porra nenhuma (PSR) passou para um Bloco que não é porra nenhuma.
O Bloco, quer queiramos quer não vive pela forma como os media levam Louçã ao colo. Dá espectáculo, é espirituoso e meio insultuoso na AR e os media gostam disso. Não produz nada nem conseguirá nunca produzir nada, mas os media têm um pendor especial para gostar de inúteis que só sabem falar.

Concedo que a sua inteligência e o seu conhecimento de economia possam ser importantes. Mas é um académico. Que nunca trabalhou fora do meio académico com tudo de mau e pernicioso que o meio académico tem. Vive de modelos e teorias desfasado da realidade. Ou se não está desfasado da realidade assim o parece.

Mesmo descontando a imbecilidade de achar que o regime comunista da Albânia era a melhor coisa do mundo, tudo o que Louçã diz e faz é do mesmo nível.

Saindo Louçã ficarão apenas más imitações. Desde o imbecilíssimo Fazenda ao patético Semedo passando por uma série de figuras menores para quem as prioridades sociais se medem por quantos homossexuais se podem casar e por quantos abortos à borla se podem fazer. Um partido que prefere lutar pela legalização da erva e pelo dinheiro do estado para todos (obviamente conseguido  taxando a bolsa, os bancos e os ricos).

O Bloco é uma agremiação de gente que certamente não vive na miséria, a quem os pais puderam pagar um curso superior, que enveredou pelo mundo académico e que se considera uma elite intelectual capaz de ditar o que está certo às classes trabalhadoras incultas e incapazes de o fazerem por si.
Passou a ser chique ser radical, juntar-se em "jornadas" de luta pelos gays, lésbicas e assim assim, pela destruição do milho transgénico e pelo direito de abortar até partir.

Como modelo economico defendem a nacionalização de tudo. O controlo estatal de tudo. Desde os preços até à nossa vida privada.

O Bloco é um ajuntamento patético de revolucionários com prazo de validade expirado. A sua abrupta redução a metade nas últimas eleições só pode piorar. E assim será com a falta do seu líder espiritual.

O Bloco cedo se irá parecer com a discussão entre tribos em Lawrence da Arábia. Todos discutem, todos se detestam e o resultado é uma calamidade.

O discurso engraçadinho e "redondo" do bloco, desenhado para apanhar moscas com mel, deixará de servir para gerar entusiasmo revolucionário numa geração indignada, de formação mais que duvidosa e certamente bastante desocupada.
O único capaz de ter este discurso a roçar o insultuoso era Louçã. Rosas é simplesmente parvo, Fazenda um ignorante chapado, Portas foi-se, Semedo só sabe mesmo de saúde e o resto é um grupito de jovens não tão jovens que andam à pancada porque uns gostam de Trotsky e outros nem tanto.

Esta esquerda é de uma acefalia clamorosa. E eram eles que pretendiam dizer-nos qual o modelo de sociedade ideal?
Antes emigrar...