Estamos tão habituados que já nem levamos a sério
Passos Coelho afirmou ainda em campanha que iríamos ter de fazer sacrifícios ainda maiores antes de se poder ver uma luz ao fundo do túnel. As coisas iriam piorar antes de melhorar.
Não era fácil endireitar as contas públicas com o estado miserável em que elas se encontravam.
Assumiu o compromisso de cortar na despesa do Estado.
Quando chegou ao Governo deparou-se com as contas de 2011 a derrapar. O Governo que tinha acabado de se comprometer com o plano imposto pelos nossos credores tinha deixado as contas numa situação que tornava impossível cumprir o objectivo que tinha acabado de assinar - 5.9%
Lá veio um plano de emergência sob a forma dum imposto extraordinário a incidir sobre o 13º mês.
Começou logo toda a gente a berrar como se num mês o governo pudesse fazer alguma coisa para salvar o doente. A única solução foi a amputação. O anterior estilhaçou o membro e pedia-se agora a este que o conseguisse salvar. Aparentemente impossível.
Começou depois um longo mês de palermas a bradar pela despesa. Os do costume e ainda outros insuspeitos que como devem ter poderes sobrenaturais devem pensar que num mês se consegue fazer um plano minimamente coerente de corte numa despesa que descarrilou há dezenas de anos e subiu a níveis nunca vistos nos últimos 6.
Vêm as medidas. Cortes no estado. E na fatia onde o Estado gasta mais - Saúde e Educação.
De novo brado porque estes cortes também não estão bem. Como se porventura acabar com os organismos redundantes e com uma certa camada de gordura estatal fosse uma solução completa. Com o nível que é preciso cortar não há mais remédio do que cortar nas parcelas significativas. O próprio PS clama agora contra o facto de o Governo querer ir mais longe que o compromisso.
O PS sempre gostou de andar no limite. A noção de prevenir, de em vez de 3% ter 0%, podendo ter crescimento mais rápido é algo que não concebe.
Aliás, não concebe sequer cumprir o prometido, já que se comprometeu com a redução da TSU e depois o seu nefasto líder num debate disse que se tinha comprometido a fazer "estudos".
Maior falta de boa fé negocial e maior descaramento mentiroso é muito difícil de encontrar, mas o PS é sempre uma aposta segura.
E nem sequer se coibiu de entrar na onda psicótica anti riqueza do PCP e do BE. Logo eles que foram responsáveis pelo maior desnível entre os mais ricos e os mais pobres de que há memória neste país. Ajudaram "empresários" a criar fortunas do nada. Em vez de lhes pedirem para contribuir, puseram-lhes o dinheiro na mão. Agora são uns moralistas que até já querem sacar umas massas às empresas que fazem mais lucros. Curioso que nas PPP garantiam a essas empresas margens de 12%-14%, mais ou menos o quádruplo das melhores taxas de juro. Menos arriscado que investir em fundos de capital garantido.
Foi esse partido que foi contra a taxação dos dividendos antecipados. Não esteve sozinho mas votou contra.
Enquanto tudo isto acontece parece que a realidade anda afastada dos portugueses. Todos choram uma lagriminha porque sem dinheiro não podem ter isto ou não podem ter aquilo. Parecem miúdos a quem negaram um brinquedo porque os pais não o podem pagar.
Abram os olhos de uma vez por todas e percebam que o Estado mal teve dinheiro para pagar os salários de Junho!!!!
Percebam de uma vez por todas que quando as medidas dizem congelamento salarial, é quase do domínio do delírio pedir 4% de aumento para a função pública. Porra!
Quando é que esta gente percebe que a subsidio dependência e a mama já não podem continuar? Quando é que a construção civil que se lamenta que tem desemprego percebe que construiram coisas demais? Que há meio milhão de casas para vender (novas) e os bancos não emprestam dinheiro para as comprar porque não o TÊM!!
Caiam na realidade de uma vez por todas. Trabalhem, sejam competentes e diligentes, simpáticos e eficazes e por amor de Deus percebem que vivemos daquilo que não tínhamos e agora vamos ter de pagar TUDO. Com juros.
Pelos vistos pensavam que bastava por o Sócrates na rua para ficar tudo porreiro. Não era assim. O legado dessa besta perdurará muito depois de ele ter perdido as eleições. Mas ao contrário de outros o legado dele é o sofrimento de 10 milhões.
Só tenho pena que não se possa impor o sacrifício exclusivamente aos mentecaptos que votaram nele. Não uma, mas duas ou três vezes.
Isso sim era justiça.