Canavilhas, Magalhães e todos os políticos mal pagos
Penso no drama que é ter excelentes profissionais, que por espírito de missão se contentam com o magro salário de Ministro ou de Secretário de Estado.
Soube-se pelo Correio da Manhã que os cartões de crédito considerados "suplementos remuneratórios" dos detentores de cargos políticos tinham uns simpáticos 5.000 Euros de plafond por mês no caso de Canavilhas e 4.000 no caso de José de Magalhães. No artigo revelam-se ainda outras quantias de Secretários de Estado e Ministros todos a rondar este valor.
Estes abnegados cidadãos, possuidores de carreiras profissionais que nas quais "certamente" ganhariam muito mais, conseguiam só com os cartões de crédito qualquer coisa entre 48.000 a 60.000 Euros por ano livres de impostos.
Se tivermos em conta todas as alcavalas, subsídios e serviços pagos pelo Estado, rapidamente deduzimos que os rendimentos destas pessoas (repugna-me um pouco chamar-lhes isto mas tem de ser) rondaria 10 mil Euros por mês se não fosse mais. Não esqueçamos que mesmo que pagassem 42% de IRS pelo salário declarado isso seriam 42% de 3500 Euros ou parecido.
Não deve haver muito lugar neste país em que se levem 6000-7000 Euros de salário liquido por mês para casa. O que transforma estes profissionais de alto quilate em alguns dos "gestores" pertencentes ao pequeno grupo dos mais bem pagos do país.
Foi em resposta a um pedido da Associação Sindical dos Juizes que esta informação chegou a público.
Depois da guerra declarada à magistratura, justificando cortes salariais bem acima daquilo que seria o corte do funcionalismo público, insinuando que seria uma classe excessivamente bem paga, a Associação pediu que fossem tornadas públicas as despesas dos membros do Governo. O PS recusou, como seria de esperar. Mas sempre se soube.
E isto que se soube é repugnante. Porque percebemos que profissionais sem carreira ou sem estatuto como sejam Alberto Martins ou José de Magalhães vivem regaladamente com aquilo que tanto nos custa a pagar e a sobreviver ao mesmo tempo - os impostos.
Façam umas pequenas contas aos membros do Governo anterior e seus secretários de Estado e multipliquem o valor dos ministros por 4500 e dos secretários de Estado por 3500. Chegarão a uma quantia absurda que parece vir dum "saco azul" sem fundo.
Nos 17 ministros e 38 secretários de Estado terão sido gastos 2.514.000 Euros só em cartões de crédito num ano. Resta saber se a coisa se estende a outras posições (e sabemos que sim).
Podem dizer que em 10 anos isto seriam 20 milhões e isso são "pentelhos" no grande esquema das coisas.
Mas é uma questão de princípio. É uma forma encapotada, desorçamentada e desonesta de dar a entender que os políticos são mal pagos quando para a craveira que estes têm seria impossível obterem este nível salarial em qualquer lugar. Sobretudo grande parte dele livre de impostos, o que é ainda mais chocante.
Gostaria de saber se Canavilhas como pianista de concerto conseguia cachets mensais desta ordem de grandeza. Obviamente que não. Por isso enveredou pela política há algum tempo. De pianista para os Açores e depois para o Continente.
José de Magalhães a quem se conhece como profissão anterior o ser comunista e ciber deputado da treta, dificilmente conseguiria conciliar as suas "convicções" com este tipo de atropelos. Se não estou enganado o salário dos deputados do PCP até vai para o partido. Isto para já não falar na "cabanita" clandestina na Arrábida que convenientemente estava em "nome da esposa". Suponho que seria interessante perceber se a esposa custeou a obra e se havia algum empréstimo contra+ido para mesma. Aposto que não. No fim levou o tratamento que levam clandestinos em zona protegida - demolição. Ordenada por um Juíz. Quando Magalhães era Secretário de Estado da Adm. Interna.
Depois "saltou" para a justiça. Sabem somar 2+2?
Quanto a Alberto Martins, tirando as suas aparições televisivas sorporíferas e enredadas emfloreados de linguagem vazia com sotaque do Norte, sempre foi um "advogado" político. É deputado desde a 5º legislatura. Vamos na 12ª. Cada uma são 4 anos. Grande carreira de advogado hein....
Não duvido que hoje possam existir abusos no Governo em funções. Não só não duvido, como estou absolutamente seguro disso. No entanto é este tipo de coisas que Passos Coelho afirmou que iriam acabar. Espero sinceramente que assim seja. Acredito que há alguns ministros que o fariam, mas há outros que imagino a gostar desta forma de ser "mal pago".
Seja como for, se estas despesas forem tornadas públicas como Passos afirmou, cá estaremos para confirmar.
E anda-se na AR a discutir a água da torneira ou água engarrafada. Uns idiotas a achar que não se deve beber água em garrafa e ou outros demonstrar que em jarros, pessoal para os encher e demais parvoíces ainda se gastava mais.
Enquanto isso todos aqueles inúteis sabem que este tipo de coisas acontece, pactua com elas e anseia por elas para si próprio. Mas discutem um garrafão de água a 60 cêntimos.
Nós cria-mo-los, votamos neles e temos esperança neles. Raios partam este país que parece ser mestre em produzir lixo.