A maldita greve, a maldita mania da negação

Amanhã lá vamos nós gramar com mais uma greve paralisante para o país. Especialmente nas grandes cidades, onde o transporte público desloca largos milhares de pessoas por dia, o serviço vai estar reduzido a uns meros 20% ou menos.

Não consigo compreender isto. Nem consigo compreender as razões que levam esta gente, com empregos em empresas falidas há anos e mantidas a balões de oxigénio dos nossos impostos, a impor a todos nós faltas forçadas ao trabalho com o consequente prejuízo para todos.
São alunos que não vão chegar às escolas, doentes e médicos e enfermeiros que não vão chegar aos hospitais, trabalhadores do sector privado que não vão conseguir deslocar-se para o trabalho etc etc.
É todo um mar de gente que acrescenta mais 8 horas de tempo não produtivo à já escassa productividade deste país.

A greve é contra a subida dos preços?
Então deviam ser os lesado a rebelar-se - os utentes. Não aqueles que irão beneficiar mantendo os postos de trabalho com o equilíbrio financeiro das empresas onde estão empregados.
Os alimentos subiram e ninguém viu os donos de restaurante fazer greve. A electricidade subiu e ninguém viu os trabalhadores da EDP fazer greve.

Só estes iluminados fazem greve pelas mais incríveis razões. Desde o arquivamento de processos disciplinares até "à agressão das forças liberais e capitalistas".
Há qualquer coisas nas suas cabeças que os leva a manter-se em permanente estado de negação quando se diz que trabalham em empresas falidas, inviáveis e completamente perdulárias.
Há algo que lhes diz que o contribuinte, mesmo o não utilizador, vai pagar parcialmente os seu salários e os seus devaneios.

Eu também estou contra o aumento dos preços. Duma forma mais genérica sou contra a inflacção. Mas é uma fatalidade. E se o aumento dos preços não acompanhou nem de perto a inflacção então é no mínimo plausível que se acertem as coisas. Sob pena do colapso total.

Mas se me dizem que para ter transportes públicos e reavivar empresas falidas é preciso aumentar sos preços eu prefiro isso do que não ter transportes públicos de todo.
Claro que me chateia que aqueles que falam do conceito de utilizador pagador me façam pagar num passe transportes que eu não uso, em nome da simplificação da oferta absurda de combinações de passes. Mas porra... não faço greve por isso. Corto noutras despesas para poder manter as coisas em equilíbrio.
Que não é mais do que faz a maioria que tem de se ajustar em tempos de sacrifício como os que vivemos. Não vou ao banco gritar por mais crédito de borla.

Este estado de negação levado a cabo pelas forças mais à esquerda parece assumir que há ricos suficientes para pagar tudo isto. Parece assumir que se 45% de imposto não chegam, se deve partir para o confisco total.
Estupidamente acham que de alguma forma podem despojar os "ricos" de tudo o que têm para manter os "seus direitos". Porque certamente eles têm uma legitimidade que só a esquerda tem. O problema é que para esta gente o conceito de rico parece começar nos 1500 Euros por mês. Quando muitos destes tipos ganham isso ou mais. Especialmente os tribunos inúteis e como tal demasiadamente bem pagos que pululam nas bancadas da esquerda e extrema esquerda do parlamento.
Ora vão-se lixar. Ou não sabem fazer contas ou são pura e simplesmente um grupo de agitadores que quer ganhar nas ruas aquilo que nunca foi capaz de ganhar nas urnas.
Quer-me parecer que o PCP e o BE estão a precisar da receita que lhes foi aplicada no fim do Verão quente. Aos níveis de bandalheira a que se chegou, imposta por uma minoria, segue-se normalmente uma reacção. E essa reacção não é aquela que parecem esperar mas muito provavelmente a contrária.

A maior parte do cidadão quer viver em paz, desligado da maldita política sectária dos partidos, sem grande atribulações no seu dia a dia. Já lhes basta vida pessoal e profissional sem terem de fazer grandes cálculos sobre como chegar ao trabalho. Trabalho de que precisam como do pão para a boca.

Estou a ficar farto desta gente que se acha isenta do dever de fazer sacrifícios mantendo tudo aquilo que tem enquanto que todos os outros não têm mais remédio do que comer e calar pelo simples facto de não poderem fazer uma greve que paralisa o país.

Se os meus impostos fossem descontados do dinheiro que enterram nestas empresas eu seria o primeiro a sair à rua defender a sua privatização.
Gostaria de ver qual seria o poder da CGTP e do PCP nas empresas privatizadas. Creio bem que nunca mais saberíamos o que é uma greve de transportes.
Estão a fazer tudo por merecer esse tipo de tratamento.


Não sei qual é o prejuízo que vão causar directamente nas suas empresas e indirectamente no país, mas vão de certeza deitar à rua milhões de euros só para satisfazer as ânsias de mobilização do utópico PCP e do seu braço armado laboral.

Quando é que este tipos entendem que este tipo de acção é totalmente contraproducente? E se olhassem para o exemplo da comissão de trabalhadores da Auto Europa? E que tal hein?