Persistência no engano
O secretário-geral do PCP desafiou na sexta-feira o PS a “rasgar” a assinatura do “Pacto de Agressão” (o programa de ajustamento financeiro) e acusou o Governo de manter um “exército de desempregados” como estratégia da política de direita.Jerónimo. O homem das "políticas concretas" que parece viver num mundo de fantasia em que as coisas acontecem como por artes mágicas.
A característica mais óbvia dos comunistas empedernidos é a mais completa falta de capacidade para lidar com a realidade.
Quando se lhes diz que uma determinada coisa é de uma determinada forma, respondem sempre que devia ser de outra forma. E isto levado ao absurdo pode significar a alteração radical da forma de pensar de toda uma sociedade que é, como sabemos, algo que não se muda da noite para o dia.
Mas sabemos também que a forma de os comunistas lidarem com a realidade que não gostam é a de alterar essa realidade pela força, doa a quem doer, em nome do bem comum.
São "tolerantes", mas eliminam os opositores, são consensuais desde que os outros pensem como eles. Vivem completamente desfasados da realidade e propoem muitas vezes soluções para problemas que não existem ou soluções impossíveis para problemas que existem.
Jerónimo é da linha dura. Da ortodoxia. A mesma que defende o culto da personalidade, que defende a vanguarda esclarecida a debitar soluções para um proletariado que não existe ou para camponeses à imagem e semelhança dos trabalhadores da terra russos do início do século XX.
Irá para a cova, convencido que o seu mundo utópico era possível, tal como foi Cunhal. Nem que tivesse de se matar meio mundo para o conseguir.
Vive num estado de negação permanente sem nunca querer entender que num país falido não há forma de manter empresas deficitárias a trabalhar e a aumentar a sua oferta à custa de prejuízo.
Apesar de a expressão do PCP ser incipiente, deixou marcas no Portugal pós 25 de Abril.
Muito do que vivemos hoje no mercado do arrendamento foi o resultado da mentalidade pós 25 de Abril de que os senhorios eram fascistas e os inquilinos nobres "trabalhadores" com "direitos".
A estatização de tudo o que seja estratégico pode ir, para Jerónimo, desde uma empresa de transportes urbanos até 500 hectares de terra no Alentejo.
Assim acontecei com as UCP's do Alentejo. Com a desculpa dos latifundiários, expropriaram-se proprietários que nada tinham de latifúndio. Essas ocupações eram quase sempre feitas mesmo antes da colheita. Assim os "camaradas" ficavam logo com um fundo de maneio para distribuir pelos "trabalhadores".
Hoje Jerónimo pede coisas impossíveis que soam bem na cabeça de muitos. A quem não agrada ouvir dizer que os transportes deviam ser de graça? Ou que a electricidade devia ainda baixar?
Tudo isto era possível em países de economia fechada e fictícia. URSS, RDA e Cuba. Quando uma colapsou, as outras também colapsaram. Só viviam com o afluxo de dinheiro e de ajuda "fraternal" da grande URSS. Sozinhas, com economias estatizadas e ineficientes colapsaram também.
O que aconteceu na Alemanha pós unificação é um bom exemplo disso. Muito pouco das estruturas industriais da ex RDA ficou de pé. O fosso tecnológico era de tal forma grande que tudo teve de ser deitado ao lixo. O desnível de rendimento nas duas Alemanhas era tão grande que depois da unificação havia claramente a uma pobre e uma rica. Uma era uma potência mundial e a outra um país devastado por anos de incúria e incompetência.
São este os modelos que um bom comunista defende. Atrevendo-se a dizer que esses modelos falharam (quando o dizem) porque os homens são falíveis e se desviaram dos ideais comunistas. Jerónimo é um destes. Jerónimo é um alienado que fala ao coração de saudosistas utópicos de muito baixa cultura política e muito mas muito sectários. Jerónimo é um anacronismo com pernas.
Dizer que o Governo mantém um exército de desempregados pressupõe que o Governo o faz de forma intencional. Que poderia acabar com esse exército de desempregados com um estalar de dedos.
Fala como se com uma medida governamental, toda esta gente pudesse estar a trabalhar amanhã.
Se calhar diz isto porque tem a visão estatizada de um país. Se calhar diz isto porque convém apelar a uma massa de gente sem emprego para conseguir os seus votos. Os comunistas nunca conseguiram dizer a verdade a ninguém. São mestres no eufemismo e na decepção. Só não são mestres em analisar a realidade. A fantasia é o seu mundo.
A solução que o PCP avança sempre para este país é a de usar o dinheiro do BPN.
Serviria para tudo. Parece que a juntar a todas as incapacidades do PCP se junta a incapacidade de fazer contas.
O PCP é um partido incapaz de construir o que quer que seja. Vive da contestação e sem contestação não é nada.
E ainda bem. É que se o PCP não contestasse isso queria dizer que muito boa gente estava metida num sarilho. Eles apenas aceitam a democracia como um mal necessário.
Estes eram os "camaradas" que falavam sem qualquer pudor na ditadura do proletariado. Como se um totalitarismo fosse bom apenas pelo facto de se comunista.
O PCP é, tal como o seu líder, um partido gasto, sobrevivendo com os eleitores de sempre. Dizem-me que há gente nova no PCP. Acredito que sim, mas muito ao contrário do que acontecia com a juventude comunista de outros tempos, que apesar de radical e totalitária ainda tinha algum conhecimento teórico sobre política, muitos dos que temos hoje são politicamente analfabetos.
De cada vez que o PCP se pronuncia pergunto-me sempre se é gente sob o efeito de substâncias alucinogénias ou se são apenas mentirosos compulsivos. Either way, não parecem viver neste país