Foot "in" mouth disease

Não, não é a febre afetosa.

É a doença da qual padecem muitos mas muitos políticos neste país.

Quando um destes dias ouvi um eminente comunista qualificar de arrogante a postura do ministro das finanças alemão, fiquei algo surpreendido. Ainda que a sua postura fosse austera e até paternalista, não iria tão longe a ponto de a qualificar de arrogante.
Também não vi subserviência da parte de Vitor Gaspar. Vi sim educação e uma postura de estado digna.

Mas voltemos ao ministro alemão.
Porque é que o dito sr. o qualificava de arrogante? Porque não se levantou e porque se manteve a olhar para a frente enquanto Vitor Gaspar falava com ele e o ouvia.
Wolfgang Schaube, the Interior minister 2005-9, was shot by a deranged man in 1990 and is confined to a wheel chair.
Wolfgang Schube tem deficiência física. Está confinado a uma cadeira de rodas desde 1990. 
Se ele se levantasse não só seria um sinal de respeito, como seria para muitos a prova de um milagre. Desde 1990 que ele não se levanta para ninguém.

Aquela "arrogância" de não se levantar, tão prontamente detectada por toda a esquerda que destila ódio para com os "ricos", não é mais do que a manifestação de uma fatalidade.
Aquela inclinação de Vitor Gaspar que num comentário se perguntava se era devida a ter um ou os dois joelhos no chão, não era mais do que um interlocutor a adequar-se à situação.

Todos os epítetos com que foram presenteados os dois não passam de mais um exemplo de algo que deve ser entendido e aceite na nossa sociedade numa perspectiva inclusiva - o drama da deficiência mental. Da qual padecem inúmeros políticos neste país.

O que é chocante é a forma como estes políticos medíocres são vítimas do imediatismo que tanto gostam de servir à população. Os sound bytes do "piegas" que depois aparecem em cartazes numa manif, ou a "pensão" de Cavaco, ou os "pasteis de nata" de A. Pereira.
Eles criam-nos, os media amplificam-nos e os próprios políticos fazem figura de estúpidos ao acreditar ele próprios nas "primeiras impressões" em vez da realidade.
Não esperava muito da esquerda. Afinal sempre viveu das aparências sempre escondendo a realidade.

O mínimo que Rúben Carvalho devia fazer  no próximo frente a frente era pedir desculpa pelo lapso e repensar toda a sua "primeira impressão" que se baseou essencialmente no facto de um ministro não se levantar e o outro estar inclinado por causa disso.
Mas como um bom comunista, Rúben de Carvalho não vai fazer nada disso. Um comunista é sempre fiel ao que disse mesmo que se demonstre que esteja errado.
Não foi assim que a União Soviética se comportou durante décadas? Não foi por isso que se eliminaram aos milhões os que achavam que o regime estava errado?

Rúben é um bom comunista. E como tal nunca fará o que devia fazer nesta situação. Rúben é apenas um daqueles tolos de conversa de café, bem falante e cheio de visões próprias da realidade. Mas é sobretudo muito mal informado, o que convenhamos é uma das coisas que um político NÃO deve ser.