Um país em histeria completa

O anúncio foi feito na sexta-feira e não se fala noutra coisa até hoje - terça.

Já se ouviu de tudo. Desde a inconstitucionalidade das medidas até ao pedido de impeachment ou um processo em Setúbal por Passos ser mentiroso.

Vivemos numa irritação colectiva, desorganizada, alienada e completamente improdutiva.
De nada serve andar a comentar cenários, especular se a troika deu um brinde ou não. De nada serve andar a falar de constitucionalidade se neste momento nem a verificação preventiva se pode fazer.

As medidas anunciadas são para o orçamento de 2013. São uma desgraça. Mas isso não chegou para os media que prontamente se puseram a prometer-nos mais desgraças depois de terem feito as "contas".
Diziam que falta dinheiro.

Ah pois falta. Faltam biliões. Falta por a mão nos cornos dos gestores públicos habituados a ser reizinhos incompetentes, a fazer empréstimos em nome do estado português sem que o ministério das Finanças saiba o que se passa.

Falta acabar com a mama estatal que sustenta empresas que não existiriam se a mama não existisse.

A redução da TSU para as empresas dificilmente criará emprego. Mais facilmente evitará desemprego, o que é bem diferente.

Mas são os mesmos especialistas que sabem que a Segurança Social está em colapso que parecem confortáveis com isso e esperam que por um passe de mágica ela se endireite. Devem ser apologistas dos métodos do camarada do PS que dizia que tinha "endireitado" a SS. Vê-se.

Portugal era um país atado por arames. Desatado um, tudo começou a ruir. Governos anteriores fizeram bem o trabalho de esconder o estado mais que precário em que o país se encontrava. Calhou a este desgraçado a ingrata tarefa de evitar o desmoronamento.

Podem agora vir dizer que ele não devia ter falado naquele dia, ou que não devia dizer que tinha tomado uma decisão que não queria. Podem perder-se na forma.
Mas o conteúdo e o que é preciso fazer é mesmo muito difícil. Ninguém gosta de dar notícias assim. Para o fazer é preciso estar num ponto de emergência total. Nenhum político gosta de se suicidar politicamente.
Nenhum político com uma réstia de humanidade gosta de ver o sofrimento pelo que as pessoas estão a passar. E quanto a Passos Coelho sei que é assim.

O que me custa é que enquanto estávamos a afundar-nos alegremente houve quem avisasse. Chamaram-lhes velhos do Restelo, catastrofistas, retrógrados.
Gozou-se até à exaustão com Ferreira Leite desacreditando-a pessoalmente porque não se concordava com os seus avisos.
A Esquerda louca pedia ainda mais subsídios e benesses. Pedia ainda mais gastos do Estado. Ainda hoje persiste em querer que o modelo que tanto odiava se perpetue.

Chegamos ao ponto de ver o Bloco e o PCP a falar do consumo. Precisamente aquilo que nos enterrou e que eles tanto odeiam por simbolizar o sistema capitalista. Perdeu-se toda a seriedade na discussão.

Vê-se um Zorrinho a gaguejar e a debitar disparates quando lhe lêem o MoM que o seu partido assinou. Com condições que negociou. Põe culpas na crise Internacional, no PSD, na conjuntura. O PS que estava no governo andou ao sabor da crise, negou-a e escondeu-a. Teixeira dos Santos assinou um "papel" a preconizar uma redução de 5 biliões em 3 anos. E agora mostram-se surpreendidos porque isso causou uma recessão na economia?

Não gosto das medidas que Passos anunciou. Ninguém gosta. Só falou praticamente daquilo que afecta os trabalhadores por conta de outrem.

Vitor Gaspar foi mais detalhado nas explicações.
Gaspar é calmo, ponderado e apaziguador. Nunca o veremos esbracejar em pânico. nunca o veremos  gritar como Jerónimo, regurgitar como Seguro ou gaguejar como Zorrinho.
Fala com rigor e emana confiança de saber o que está a fazer. É um incrível contraste com toda a turba histérica que não se cala desde sexta-feira. É um bruto contraste.

Conseguiu-se mais um ano para o ajuste. É bom ou mau? Não sei. Já não sei nada. A minha opinião de nada vale, mas pelos vistos a opinião de todos vale tanto como a minha.

Não faltarão aqueles que agora critiquem o adiamento dizendo que mais valia acabar já com isto.

Seguro já pediu uma audiência de emergência ao PR. Anda doido. Anda histérico. Deve ser para que Passos saia por dissolução da AR como fez o seu camarada Sampaio. Deve estar cheio de vontade de ir para lá ajudar a enterrar este país até ao fim. Antes que Costa lhe roube o sonho de ser 1º ministro.


O par de imbecilóides Adão e Silva e Marques Lopes já dissertaram abundantemente na TSF acerca dos "disparates" de Gaspar. Logo a seguir à conferência de imprensa.
Como se pudessem apresentar algo em sua defesa que não seja a actividade de comentador. Um encalacrado com o PS até à raíz dos cabelos e imbecil como já não se fabricam. O outro apenas imbecil.
O discurso é daqueles que dá vontade de lhes bater só para não ter de os ouvir.
"E que com um ano a mais também não conseguem, que com a revisão dos escalões de IRS vai haver aumento de impostos, que com os imóveis acima de 1 milhão não apanham ninguém, que com os dividendos não cobram nada porque não há dividendos etc etc etc ".
Muito pior que políticos são idiotas com aspirações a políticos. Muito piores que maus técnicos são ignorantes armados em técnicos. Nenhum dos dois se pode arrogar de ser um especialista em economia. Nenhum dos dois pode afirmar saber em detalhe o estado das nossas contas. Nenhum dos dois se cala.

Já não há pachorra para tanta gritaria, para tanto teatro, para tanta indignação. Já não há pachorra para tanto treinador de bancada que se manteve calado enquanto todos os pulhas do PS, liderados pelo maior crápula que a política portuguesa já conheceu, roubaram, destruiram e empenharam o país.

Espero bem que doa no bolso desses CABRÕES como me dói a mim. No entanto sei que assim não é porque enquanto eles roubaram o suficiente para passarem incólumes por tudo isto, eu não. E vou ser eu e outros como eu a pagar toda a roubalheira que uns cometeram e que aconteceu com o silêncio de toda esta tropa fandanga de comentadores.

Não fazem, não deixam fazer e sobretudo não se calam. Não há mais pachorra.

O que é que esta gente quer? Acabar com tudo com um enorme estrondo? Apresentar soluções? Não. Só querem mesmo ouvir-se a falar.

Nenhum destes palhaços teria os tomates para tentar endireitar o país. Nenhum. E mesmo que os tivesse, coisa que duvido, é bem provável que não o conseguisse fazer de maneira nenhuma.

Limitam-se a ficar de fora traçando cenários de catástrofe.