Esta campanha...
O pretendente a primeiro ministro faz os seus comícios apresentando propostas do seu programa, como é aliás o normal numa campanha eleitoral, enquanto o partido no poder limita-se, comício após comício, a atacar as propostas do outro.
Esta estratégia de campanha pode dar resultado no meio daqueles que já sabem que votam no PS, mas é muito insuficiente para aqueles que precisam de ser convencidos.
Se por acaso Sócrates tivesse sido o expoente máximo de um Estado Social robusto seria normal que ele referisse a intenção dos outros de o destruir.
Mas acontece que ele foi quem mais cortou nos benefícios sociais do povo português. O aumento da idade da reforma, a redução das prestações sociais (desemprego, baixa por doença, abono de família) e a eliminação de determinados serviços de apoio à populações (escolas, hospitais, maternidades).
Temos alguém que pode ser considerado o maior destruidor do Estado Social desde o 25 de Abril a fazer uma campanha à volta daquilo que os outros querem fazer. E com um enorme conteúdo de demagogia.
A credibilidade de Sócrates é por esta altura nula.
E só posso crer que esta estratégia de campanha seja mais uma vez baseada naquilo que ele é exímio em fazer - mentir.
Ao chamar a atenção para as questões dos outros pretende afastar de si algumas questões incómodas que terá de responder porque se comprometeu com elas junto dos nossos mais recentes credores.
Sócrates comprometeu-se a baixar a TSU, comprometeu-se a reduzir a despesa na Saúde e a reduzir os gastos do Estado na vertente "social".
Ele sabe disto e de cada vez que é interrogado tenta afastar esse compromisso dizendo que se comprometeu a "estudar".
Os nossos credores não querem estudos.
Essa foi a estratégia Sócrates para justificar o injustificável e para adiar o que não queria fazer.
Com estas entidades ele não pode fazer isso.
E ele sabe que se colocar as suas acções num patamar comum (Memorando de Entendimento) então muito pouco lhe resta para se diferenciar do PSD ou do CDS.
Se todos tiverem de implementar as mesmas medidas com que se comprometeram, qual é o factor diferenciador entre eles?
Há um muito importante. Sócrates teve 6 anos para evitar a derrocada e só a agravou. Os outros não. O PSD em particular deu-lhe apoio 3 vezes acudindo ao apelo do interesse Nacional. 3 vezes.
3 vezes Sócrates falhou. E pedia ainda uma 4ª tentativa.
Na verdade Sócrates e o PS não têm programa. O que têm é um texto pontuado por páginas em branco em que não há um único compromisso de medidas concretas ou de objectivos estratégicos.
Nunca foi uma característica de Sócrates pensar a médio prazo. As decisões eram tomadas por razões bem diferentes do interesse estratégico.
Mais grave ainda foi o facto de as medidas serem apenas anunciadas e não levadas acabo. Os exemplos mais recentes são a extinção de 50 organismos estatais e a criação de uma comissão de avaliação das PPP's. Essa foi a moeda de troca para o PSD deixar passar o orçamento. E essas dois pontos do acordo nunca foram cumpridos.
Sócrates tem apenas "lábia" para se tentar safar. Mas não é com lábia que ele vai lá desta vez.
Resultou antes porque os outros não lutavam com as mesmas armas. Partiam de trás um jogo viciado pelos media.
Desta vez as coisas são bem diferentes. Ficou evidente no último debate que Sócrates não tem muita substância nem conhecimentos. A um dado ponto enveredou pela demagogia mais barata ao dizer que PPC só sabia dizer mal ou que não era patriota.
Acho curioso como isto só agora foi aparente para muitas pessoas. Não vejo hoje um Sócrates diferente daquilo que foi em 2005 ou em 2009.
Pergunto-me porque é que hoje o discurso gasto e fácil se tornou tão óbvio para tantos quando este sempre foi o discurso de Sócrates.
Um discurso de espertalhoco de aldeia, de vendedor de má pinta. Foi sempre assim e foi assim que ele subiu na escala social. Ele é o exemplo perfeito do chico esperto.
Não hesita em mentir denegrindo os adversários se isso lhe trouxer vantagens. Sócrates é mesmo o pior que a política tem para dar.
Um dia figurará numa enciclopédia para ilustrar o conceito de demagogia e populismo barato.