Mas o que é que foi isto?

Se não tivesse visto não acreditava.

Esperava um PPC inseguro, na defensiva e enredado em contradições. E saiu o contrário.

O que me levou a pensar se o empolamento das contradições não é um pratinho já pronto servido pelos media de serviço.
Não houve uma contradição. Estivemos perante alguém que tem um programa, que tem metas e que não se refugia apenas nas estratégias dos "estudos" e da chicana de pior qualidade a que Sócrates nos tem habituado.

Sócrates pareceu verdadeiramente afectado em uma ou duas ocasiões. Parecia querer conduzir o debate (moderador muito fraquinho diga-se de passagem) e esbarra com uma parede a cada tentativa.

PPC deixava-o falar sem interromper e de cada vez vinha mais acutilante e mais assertivo. Na verdade devíamos lembrar-nos que não estamos a lidar com um newcomer da política. Pedro Passos Coelho anda por cá há muitos anos. Soube cativar gente na JSD e conseguiu chegar a deputado pelo PSD.

Mesmo que a sua preparação em Economia não seja a de um doutorado, deixa Sócrates a milhas. Nesses temas que dominaram quase todo o debate, Sócrates parecia alguém que aprendeu de ouvido e que perante uma argumentação mais sólida só conseguia recorrer ao "por favor" e ao "por Amor de Deus".

Curiosamente Sócrates parecia mesmo muito mais afectado do que no debate com Paulo Portas. Talvez porque soubesse que se o PSD ganhar ele nunca terá uma hipótese de voltar a por os pés no Governo mas com Paulo Portas seria a força predominante.

Acho muito triste falar em vitória ou derrota como se fosse um jogo de bola, mas o que eu vi foi alguém que parecia um individuo culto e preparado e do outro lado um feirante de conversa gasta.

Estou espantado e agradavelmente espantado, diga-se. Sei que nos esperam tempos difíceis e que isto pode ser só o principio das desgraças. Mas sei que com Sócrates as mentiras e as estratégias de engano perdurariam e teríamos uma vida muito mais difícil.

Deus queira que tenha havido gente indecisa a formar a sua opinião hoje. Dos fanáticos já nós sabemos o que esperar mas são os indecisos que vão fazer a diferença e isso vai ser fundamental.

Pode ser que este país tenha alguma viabilidade.