A uma semana do fim

Não fosse uma sondagem o que é, pensaríamos que este país ficou louco.

Numa semana a diferença é de 6%, na outra a diferença esfuma-se e na seguinte parra de novo para 5%.

Nos outros partidos há alterações relativamente pequenas, sobretudo quando temos em conta o tamanho da amostragem e a margem de erro. .2% ou .5% num universo de 1000 pessoas são 2 ou 5 individuos com tudo o que isso representa.

As sondagens em excesso são sem dúvida causadoras de um desnorte para muita gente. Não são indutoras de serenidade nem de ponderação. São sim, criadoras de instabilidade e certamente responsáveis (entre outras coisas) de um extremar de posições.

Nota-se um agravar do discurso em certas intervenções de campanha. Sócrates está a um passo de começar a usar linguagem vernácula no que a Passos Coelho diz respeito. Foi-se agudizando desde um ataque cerrado à propostas do PSD, logo a seguir ao debate, até chegar hoje ao ponto de chamar "patético" o apelo ao voto de votantes Socialistas noutras eleições.

Sócrates parece esquecer-se dos outros partidos, e sobretudo e muito convenientemente do CDS. Esquece-se também por completo de falar do seu programa invocando apenas "experiência".

É caso para perguntar de que é que ele tem experiência. Em anunciar medidas que nunca concretiza? Em fazer negócios ruinosos em nome do Estado apenas para apresentar "obra feita" (e no entretanto encher uns bolsos amigos)? Tem experiência em criar um clima de antagonismo com classes profissionais inteiras apenas com intuitos economicistas ou para conseguir limitar os poderes das mesmas?

A experiência de Sócrates foi para nós uma experiência que correu MUITO MAL. Há 6 anos atrás era óbvia a falta de uma estratégia nacional e o fim anunciado duma loucura despesista sem suporte produtivo. Mas há 6 anos atrás podia ter-se feito algo para inverter a situação. Pelo contrário intensificou-se essa tendência ao ponto de a dívida ter disparado como o fez.
Em 6 anos retirou-se da população para engordar o Estado. Asfixiou-se a iniciativa privada para colocar nas mãos de empresas do regime uma série de negociatas "arranjadas" com cadernos de encargos feitos à medida. Ajustes directos com empresas envolvidas em "casos" com o fisco.
Em 6 anos nada se fez e tudo se desfez.
É esta experiência que Sócrates tem. Programa? Bem, mais do mesmo que é o mesmo que dizer que é coisa nenhuma.

A única estratégia possível perante um cenário destes é só uma: Denegrir ainda mais os outros. Extremar as posições arrogando-se de defender uma ideologia há muito esquecida por ele, por Guterres ou por Blair. O socialismo deu lugar à coexistência com o capital na sua vertente mais chocante.

Não é por acaso que os saltitões da política acabam nas empresas que "ajudaram". E já nem se passa por um período de recato. Salta-se de uma para a outra. Passa-se de devedor a credor numa semana e sem se pagar nada. Basta mudar de empresa.

O despudor socialista chegou a um ponto de não retorno. O partido foi anulado pela vontade do líder e vemos figuras de outrora a fazer o odioso papel de terem de defender um partido sem gostarem do líder. Imagino a vergonha de alguns ao terem de se manifestar a favor do líder sem se sentirem enjoados. Seja por lealdade ao partido, seja pela expectativa de favores.

Ver hoje Ferro Rodrigues (o tal que se estava a cagar para o segredo de justiça), mais ou menos reabilitado a lutar por um tacho no parlamento diz bem do nível a que se chegou dentro do PS. Ver Soares afirmar que está ali pelo partido chega a ser triste.

Deve ainda existir uma réstia de esperança dentro do PS. Mas não em Sócrates. O seu discurso mais violento e caceteiro deixa perceber uma clara preocupação com o resultado. Transportar "apoiantes" para comícios que outrora enchiam praças com populações locais diz bem da tentativa de criar uma realidade paralela que os media parecem incapazes de apontar. Apenas no caso mais chocante do sikhs se falou nisso. Não se falou de Coimbra e dos autocarros de Lisboa ou de outras cidades do país.
No entanto em Vila Real lá se falou do PSD por fazer a mesma coisa.

O tratamento nos media é claramente desigual. Se já o é no caso do PSD, então com os outros 3 partidos chega a ser chocante. Sócrates acredita que se dominar os media consegue criar uma visão da realidade que joga a seu favor.

Mas mesmo com sondagens bizarras e flutuações de voto só possíveis num país de loucos a verdade é que o tom de campanha de Sócrates é o indício mais forte do grau de desespero a que está a chegar.
E tendo em conta as sondagens de hoje no Expresso e no Público que indiciam uma descolagem do PSD creio bem que o discurso até ao fim de semana vai piorar consideravelmente.
Sócrates é um mau carácter e um mentiroso e vai chafurdar na lama se for preciso para conseguir mais um balão de oxigénio. O que ele diz dos outros nem de perto se compara com o que os outros dizem da sua governação.
Aborrece-se por lhe chamarem mentiroso. Mas aparentemente não se preocupa nada em evitar mentir. Não consegue. Sócrates viveu enredado numa teia de mentira toda a sua vida adulta. Só lhe resta continuar a toda a força. Essa estratégia safou-o duas vezes e é a única que ele conhece.

Creio que vai ser em vão. E ainda bem que assim é. Estamos fartos da sua voz, das suas mentiras e da sua incompetência.